[ex-alf mil, CCAÇ 728,
Cachil, Catió e Bissau,
1964/66]
A minha bicicleta...
Minha bicicleta branca,
De mudanças de cubo,
Era uma flecha lestra
Que me pegava
E levava ao vento.
De Varziela à Longra,
Sem uma pedalada.
Com uma só condição,
De a trazer para casa,
Antes do sol posto.
Tinha medo da noite
E das estrelas
Que brilhavam no céu.
Quando via a lua,
Era cá uma festa...
De fazer chorar.
Punha-se a dormir,
Encostada à porta.
E sorridente,
Ao nascer do sol,
Queria voltar comigo,
Queria ir à vila
Ver suas amigas
Que lhe queriam bem...
As que ficaram na vitrina,
À espera dum dono...
Estavam prisioneiras,
À espera dum dono...
Estavam prisioneiras,
Que as fizesse livres.
Sem culpa formada,
Pagando pelos crimes,
Que nunca cometeram...
Havia tanta injustiça...
Eram só os ricos
Que as levavam por bem.
Na carteira dos pobres,
Não havia vintém...
Só usavam socas
E eram de pau...
O menino jesus as dava
A quem se portasse bem...
Mafra, 27 de Junho de 2013
Joaquim Luís Mendes Gomes
O meu netinho Tomás
Partiu com dois anitos...
Sem culpa formada,
Pagando pelos crimes,
Que nunca cometeram...
Havia tanta injustiça...
Eram só os ricos
Que as levavam por bem.
Na carteira dos pobres,
Não havia vintém...
Só usavam socas
E eram de pau...
O menino jesus as dava
A quem se portasse bem...
Mafra, 27 de Junho de 2013
Joaquim Luís Mendes Gomes
O meu netinho Tomás
Partiu com dois anitos...
Chamado por Deus.
Moeda de troca.
Ele canta no céu...
E eu choro na terra,
Rezando estes versos
Que me fazem sangrar.
Sorriso de luz,
Olhinhos brilhantes,
Bracitos de amor
Chamando pelos meus.
Moeda de troca.
Ele canta no céu...
E eu choro na terra,
Rezando estes versos
Que me fazem sangrar.
Sorriso de luz,
Olhinhos brilhantes,
Bracitos de amor
Chamando pelos meus.
Brincava às escondidas,
Sem se cansar.
Corria descalço,
Passarinho a fugir.
Se rojava no chão,
Cavalinho de corda.
Até ficar a dormir.
Te guardo em mim,
Meu pedacinho de avô.
Meu anjo da guarda
Que esperas no céu
Para continuares a brincar.
Te lembro meu velho,
Tamanha saudade,
Te peço beijinhos,
Para continuar a viver...
Berlim, 11 de Julho de 2013
22h22m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Contemplação da noite...
Em cima desta pedra ronda,
pela madrugada,
contemplo ao alto,
uma imensidão estrelada.
Tantos pontinhos brancos,
a brilhar de luz...
uma parcela apenas
do universo total.
Que será a terra,
onde vamos nós,
vista de lá?
Minúsculo pontinho,
onde não cabe nada...
uma faúlha azul
que Alguém acendeu...
Um baú doirado,
só o sabemos nós,
onde vais tu e eu...
Nenhum telescópio celeste
nos consegue ver...
Só nós temos alma e olhos
para os poder contar,
sem saber porquê!...
Berlim, 31 de Julho de 2013
Joaquim Luís Mendes Gomes
_________
Nota do editor:
Último poste da série > 29 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11882: Blogpoesia (351): "Conversas sem pressas", por Maria de Lourdes dos Anjos (Francisco Batista)
Sem se cansar.
Corria descalço,
Passarinho a fugir.
Se rojava no chão,
Cavalinho de corda.
Até ficar a dormir.
Te guardo em mim,
Meu pedacinho de avô.
Meu anjo da guarda
Que esperas no céu
Para continuares a brincar.
Te lembro meu velho,
Tamanha saudade,
Te peço beijinhos,
Para continuar a viver...
Berlim, 11 de Julho de 2013
22h22m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Contemplação da noite...
Em cima desta pedra ronda,
pela madrugada,
contemplo ao alto,
uma imensidão estrelada.
Tantos pontinhos brancos,
a brilhar de luz...
uma parcela apenas
do universo total.
Que será a terra,
onde vamos nós,
vista de lá?
Minúsculo pontinho,
onde não cabe nada...
uma faúlha azul
que Alguém acendeu...
Um baú doirado,
só o sabemos nós,
onde vais tu e eu...
Nenhum telescópio celeste
nos consegue ver...
Só nós temos alma e olhos
para os poder contar,
sem saber porquê!...
Berlim, 31 de Julho de 2013
Joaquim Luís Mendes Gomes
_________
Nota do editor:
Último poste da série > 29 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11882: Blogpoesia (351): "Conversas sem pressas", por Maria de Lourdes dos Anjos (Francisco Batista)