terça-feira, 15 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22284: Consultório militar do José Martins (66): Implementação do Estatuto do Antigo Combatente - Actualizações


O nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), em mensagem de 14 de Junho de 2021, enviou-nos as actualizações sobre a Isenção de Taxas Moderadoras no acesso ao SNS, consagrada no Estatuto dos Antigos Combatentes.


Actualizações:

Há precisamente um mês, foi publicada no blog um texto sobre as actualizações, à data, das medidas já concretizadas e previstas no Estatuto do Antigo Combatente (https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/04/guine-6174-p22103-consultorio-militar.html), sendo um dos pontos a isenção de taxas moderadoras.

3 - Isenção de Taxas Moderadoras

Em 6 de Abril último, foi assinado o protocolo entre e MDN e o Ministério da Saúde. Já obtive a confirmação de que esse benefício já se encontra em vigor, uma vez que o SPMS – Serviço Partilhado do Ministério da Saúde, já fez a anotação nas fichas pessoais dos utentes. Como é válido para todos o SNS, presumo que a utilização dos actos nesse sistema, já estejam validados.

Pessoalmente já recolhi a informação, junto da Unidade de Saúde Familiar que me dá assistência que, na minha ficha médica, já se encontra a indicação de que estou isento, não só na assistência a doenças crónicas, mas em todas as consultas solicitadas.

Por outro lado pode ler-se, em:
https://www.portugal.gov.pt/pt/gc22/comunicacao/noticia?i=antigos-combatentes-isentos-do-pagamento-de-taxas-moderadoras

O que se transcreve:

Antigos Combatentes isentos do pagamento de taxas moderadoras

Já se encontra em vigor a isenção do pagamento de taxas moderadoras no acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) para os antigos combatentes, bastando apenas a apresentação do cartão de utente ou do cartão de cidadão, em qualquer deslocação a uma unidade de saúde.

Esta isenção, inserida num conjunto de outras medidas de natureza social e económica, consagradas no Estatuto do Antigo Combatente na Lei n.º 46/2020, de 20 de agosto, estende-se a viúvas ou viúvos dos antigos combatentes, bem como àqueles que se encontrassem a residir em união de facto reconhecida judicialmente, à data do falecimento do antigo combatente.

Num trabalho de articulação entre o Ministério da Defesa Nacional e o Ministério da Saúde para operacionalizar esta medida, foi recentemente assinado um protocolo, entre a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), a Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. (ACSS) e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, E. P.E (SPMS), que permite garantir a isenção de pagamento de taxas moderadoras nas consultas, exames complementares de diagnóstico e nos serviços de urgência do SNS, bastando aos beneficiários, de forma simplificada, apresentar o cartão de utente do SNS ou o Cartão de Cidadão, onde consta o número de utente de Saúde.


Porém, caso algum Combatente verifique que, tendo direito à isenção, a mesma não se encontre averbada deverá, de acordo com informação veiculada pela Liga das Combatentes e com origem do MDM, informar rapidamente o endereço electrónico dgrdn.expediente@defesa.pt, para esclarecimento do caso.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 1 DE MAIO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22162: Consultório militar do José Martins (65): Ao Povo de Moscavide reconhecido à tropa do RI 7 no 28 de Maio de 1926

Guiné 61/74 - P22283: (De)Caras (172): Pepito, o amigo sportinguista (Carlos Fortunato, ex-fur mil trms CCAÇ 13, "Os Leões Negros", Bissorã, 1969/71, e presidente da direção da ONGD Ajuda Amiga)


1. Mensagem do nosso camarada Carlos Fortunato, (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 13, "Os Leões Negros", Bissorã, 1969/71, e presidente da direcção da ONG Ajuda Amiga):

Luís
Tenho-me lembrado mais frequentemente do nosso falecido amigo, o Pepito, porque o Sporting esta época arrasou e isso seria uma grande alegria para ele.

Quando do seu falecimento escrevi o texto que envio em anexo, que era para integrar um livro de memórias, mas que não se concretizou e que poderiamos publicá-lo no blog. Juntem uma foto minha com ele se acharem bem.

A primeira fase do projeto da construção da escola em Nhenque pela Ajuda Amiga, está nos seus acabamentos finais, terminando este mês, depois farei um pequeno texto e enviarei fotos da mesma, mas fica ja aqui mais uma vez o nosso agradecimento pelo apoio dado a esta obra, que também é vossa.

Esperemos que a consignação do 0,5% do IRS nos ajude a concluir a mesma, relembramos que o nosso NIF é o 508617910. As fotos do andamento da construção estão no site da Ajuda Amiga http://www.ajudaamiga.com

Um grande obrigado a todos pelo empenho e dedicação que têm dado ao blog e um alfa bravo romeo alfa charlie oscar.

Carlos Fortunato
Ex-Furriel da CCaç 13 (1969-1971)
Presidente da Direção da Ajuda Amiga


Guiné-Bissau > Bissau > C. 2006 > Pepito (1949-2012) e Carlos Fortunato

Foto: © Carlos Fortunato (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Pepito, o amigo sportinguista

A minha amizade com o Pepito foi algo que me honrou e me marcou, porque são raros os homens com as suas qualidades, e não digo isto apenas por dizer, a sua obra na AD fala por si, relembro apenas um episódio que se passou entre nós, para mostrar a sua grandeza e amizade.

Um dia ofereci-lhe uma carrinha de caixa aberta que comprei na Guiné-Bissau, para me poder deslocar durante as curtas estadias que ali faço (3 semanas uma vez por ano ou de 2 em 2 anos), ele poderia fazer dela o que quisesse, era dele, o que lhe pedia era que, enquanto estivesse na sua posse e operacional, me disponibilizasse a mesma quando eu ali me deslocasse, pois era difícil alugar carrinhas.

A carrinha estava legalizada, o seu estado era impecável, tinha tido uma grande reparação, parecia nova, ficar proprietário dela seria, para qualquer um, uma tentação, no entanto a resposta do Pepito foi negativa, não aceitou, e apesar de ter muito trabalho ofereceu-se para ficar responsável pelo seu aluguer, e por assegurar a sua manutenção, colocando o dinheiro deste aluguer no banco em meu nome.

Não aceitei a sua oferta amiga, porque não era minha intenção sobrecarregá-lo com trabalho, mas não pude deixar de admirar o seu desprendimento pelos bens materiais.

O Sporting era o nosso tema de brincadeira e quando lhe disse que não tinha clube, "batizou-me" de sportinguista, e confessou-me que quando via o Sporting jogar se exaltava e vivia aqueles momentos com uma estranha intensidade.

Um dia uns amigos animistas,  na fé de o protegerem, convidaram-no a ir ao anoitecer fazer uma cerimónia secreta, junto a um poilão sagrado, o Pepito aceitou, curioso em conhecer esse ritual.

A cerimónia envolveu um banho, mas nesse dia jogava o Sporting e, atrasado para o jogo, o Pepito vestiu-se à pressa sem se enxugar, ficando a camisa toda molhada.

A esposa, Isabel, ao ouvir a sua entrada em casa, foi à sala saber dele, e conhecedora da sua paixão pelo Sporting, quando o viu assim todo molhado a olhar para a televisão, pensou que era devido ao jogo, e admirada por o ver já naquele estado, exclamou:
- Já começou! - e saiu da sala, porque,  se já estava assim, as coisas não estavam a correr bem, e o melhor era deixá-lo sozinho.

O Pepito contou-me esta história a rir, comentando:
- Não sei explicar o porquê de ficar assim. No resto das coisas, no dia a dia, isso nunca acontece.

Por isso Pepito, aqui fica um "VIVA O SPORTING!".

J. Carlos M. Fortunato
____________

Nota do editor

Último poste da série de 14 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22280: (De)Caras (137): Manuel Maurício, fur mil, chefe da equipa do BENG 447, que fez a construção das instalações do aquartelamento de Dulombi, ao tempo da CCAÇ 2700 (1970/72)

Guiné 61/74 - P22282: Manuscrito(s) (Luís Graça) (203): Museu de pedra








Marco de Canaveses >Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz, 19 de maio de 2021 > Vinha de vinho verde > Muro de suporte







Marco de Canvaveses > Vila Boa de Quires > Obra do Fidalgo >
 "Apesar de nunca ter sido terminada, e de estar em ruínas, a imponente fachada da casa de Vila Boa de Quires é suficiente para determinar a imponência e monumentalidade do projecto, iniciado por António de Vasconcelos Carvalho e Meneses. Não é certa a data do início da construção, que deverá ser balizada entre 1740 e 1760, muito embora a gramática decorativa do alçado principal, já rocaille, se inscreva na segunda metade da centúria" (Fonte: Património Cultural)


Museu de pedra


Tens um fascínio pela pedra, 

não pelas pedras.

Do latim, "petra".

Não rima com nada a pedra,

nem é coisa que medra.

Não cresce não mingua a pedra.



Não, não gostas  da pedra da pedreira em estado bruto.

É preciso saber extraí-la, renomeá-la e reordená-la.

Não resistes à beleza da pedra "in su situ",

o muro da vinha ou a fachada da Obra do Fidalgo.

Fascinam-te as ruinas, cobertas de musgo e líquenes

mas não de heras que escondem a pedra.

As ruínas escondidas 

por detrás dos grossos carvalhos e castanheiros.



A pedreira ou a mina a céu aberto deprime-te.

Não suportarias o buraco do ozono depois da implosão da terra.

Não há beleza petrificada.

Há apenas a beleza da pedra humanizada,

há apenas a pedra trabalhada, talhada, cortada, recortada.

há apenas a pedra lascada, aparada, esculpida.



Não percebes nada de minas e pedreiras.

Mas já estiveste a 700 metros de profundidade no interior da terra

numa mina "underground".

O que esmaga é o silêncio, seguido das explosões

dessa substância explosiva formada pela nitroglicerina e areia

e a que os mineiros chamam dinamite.



Não, não é o fogo adormecido que te encanta na pedra,

mas a pureza rugosa e fria  da sua superfície.

Gostas de todas as pedras, 

e em especial do granito de Alpendurada,

a pedra com que há séculos suportamos os socalcos da terra de Candoz.

E que sustenta o carvalho, o castanheiro, o sobreiro,  a vinha, a vida.



Não amas o mármore,

muito menos o dos cemitérios.

Os humanos gostam de descobir na pedra as marcas do tempo,

a patine do tempo,

a pedra que fala,

a pedra que canta,

a pedra que chora,

a água a cair na pedra,

o fio de água da mina a burilar a pedra.



Por detrás de um muro de pedra há lendas e narrativas.

Há mouros e mouras, 

encantados, desencantados ou ainda  por desencantar.

Há trabalhos (es)forçados. 

Sangue de batalhas antigas.

De Tongóbriga à ponte do Arco sobre o rio Ovelha.



E sobre a pedra põe-se a toalha de linho,

o pão e o vinho sobre a mesa.

E a cebolinha do talho comida com sal,

no tampo da mesa de  pedra.

Acompanhe-se com vinho tinto verde,

bebido em caneca de porcelana.



A pedra, é preciso pô-la a falar,

com o escopro.

com o martelo.

com o cinzel.

Os velhos canteiros da Rota do Românico sabiam fazê-lo.



Gostarias de saber um dia  construir um muro de granito,

outrora a 60 euros o metro cúbico.

Mas nada sabes desta arte antiga,

só sabes que gostas das pedras dos muros de Candoz, 

sobrepostas, calafetadas, calçadas.

Gostarias de saber calçar uma pedra de mais de uma tonelada,

com mais de vinte vezes o peso do teu corpo.

 

Não invejas a eternidade da pedra, 

limitas-te a fotográ-la,

para  a poderes rever antes de  morrer.

 
Luís Graça

Candoz, 23 de maio de 2021. Revisto em 21 de julho de 2023.

___________

Nota do editor:

Último poste da série > 30 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22238: Manuscrito(s) (Luís Graça) (202): Parabéns, régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Joaquim Pinto Carvalho, muita saúde e longa vida porque tu mereces tudo!

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22281: Recortes de imprensa (118): "Mísseis uniram Enfermeira 'Pára' e Piloto-Aviador" - Especial Guerra Colonial - Revista de Domingo do Correio da Manhã de 13 de Junho de 2021

Com a devida vénia ao jornal Correio da Manhã, publicamos o artigo (texto) da jornalista Manuela Guerreiro com o título "Mísseis uniram Enfermeira 'Pára' e Piloto-Aviador", que tem como sub-título "Giselda Antunes e Miguel Pessoa sobreviveram a incidentes distintos após os aviões serem atingidos. Casaram quando a guerra acabou", publicado na Revista de Domingo do dia 13 de Junho de 2021.

____________

Nota do editor

Último poste da série de 26 DE ABRIL DE 2021 > Guiné 61/74 - P22143: Recortes de imprensa (117): A RTP evoca os 60 anos da guerra colonial / guerra do ultramar

Guiné 61/74 - P22280: (De)Caras (171): Manuel Maurício, fur mil, chefe da equipa do BENG 447, que fez a construção das instalações do aquartelamento de Dulombi, ao tempo da CCAÇ 2700 (1970/72)


Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  "O pessoal nativo contratado para as obras. Nesta foto podem ver-se 22 elementos trabalhadores nativos, uns pedreiros e outros serventes. Ainda se visualizam 2 elementos brancos, talvez o soldado Franco e o 1º cabo Domingos Pires."
 


Foto nº 2 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72)  >  Os serventes, recolhendo areia para um Unimog."

Foto nº 3 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > Os pedreiros, rebocando as paredes de uma caserna, com a supervisão do Maurício. Em 1.º plano encontra-se o Vítor Rodrigues."



Foto nº 4 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  10 de dezembro de 1970 > "Em primeiro palno o furriel Maurício. Ao fundo, a construção do edifício dos Comandos. Os pedreiros já levantaram as paredes e os carpinteiros trabalham na construção do telhado"



Foto nº 5 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Uma caserna em construção"... Não há guindaste, e os andaimes são improvisados...



Foto nº  6 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > Construção da messe. O soldado Franco e o furriel Maurício.


Foto nº 7 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "O Maurício, agarrado ao 'aguadeiro' da obra,  e tendo a seu lao, de pé, o condutor Calado. Veem-se também blocos da obra e um aspecto da tabanca ao fundo”.


Foto nº 8 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "O Maurício sobre um abrigo,  vendo-se ao fundo a construção de uma caserna".... O teto era feito de troncos de cibe, assentes sobre bidões cheios de terra...


Foto nº 9 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Acidente no trabalho: a equipa de enfermagem, constituída pelos enfermeiros Santos e Cunha, entram em acção. O condutor Rodrigues assiste ao tratamento. A vítma: o furrile Maurício".



Foto nº 10 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  Descascando batatas: da esquerda para a direita, cozinheiro Machado, "Bolinhas", cozinheiro Torre, cozinheiro Euclides, desconhecido, furriel Maurício, Terraço e Miguel Teixeira"



Foto nº 11 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "O Maurício colocando carta ou aerograma ma caixa do correio".


Foto nº 12 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Maurício e Leandro"



Foto nº 13 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) > "Os furriéis Maurício e Barbosa em ameno passeio de jipe".



Foto nº 13 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Dulombi > CCAÇ 2700 (1970/72) >  29 de janeiro de 1971 > Local: instalações sanitárias... Em dia deanos , o Maurício, à esquerda com o comdutor Luís Maria; do lado direito, o Vieira e "Fafe" assistem...

Fotos (e legendas). © Manuel Maurício (2014). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Fernando Barata / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O Fernando Barata, ex-alf mil inf,  CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72), nosso grã.tabanqueiro da primeira hora, coimbrão, criou em 2007 (e tem mantido até hoje, sempre ativo e produtivo) o blogue CCAÇ 2700 - Dulombi (1970/72). Está associado ao nosso blogue, que acompanha diariamente.

Foto à esquerda: 2013, aos 65 anos. De seu nome completo, Fernando Manuel Madeira Mendes Barata, foi o comandante do 2.º Pelotão. Natural de Canas de Senhorim (concelho de Nelas, ainda...), vive em Coimbram, desde que passou à "peluda".  Trabalhou na Rank Xerox, Quintino Velho - Desp. Oficiais, Comissão de Coordenação da Região Centro. É licenciado pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.  ]
  
 
É um caso extraordinário de dedicação, persistência e camaradagem. São raros os exemplos, na Net, de longevidade de páginas e blogues, nas redes sociais, dedicados a uma unidade ou subunidade que tenha passado pelo CTIG... Houve um "boom" de criação de blogues, a seguir ao aparecimento do nosso (em 2004)... Mas, passados uns tempos, o entusiasmo e a curiosidade vão definhando, a maior parte das vezes por falta de colaboração (em textos, fotos e outros documentos) do pessoal. 

Em 15 anos, o Fernando Barata (com o seu coeditor  Ricardo Lemos, ex-fur mil mec) publicou até 839  postes. No ano em curso, foram 35, Considerando osúltimos 14 anos dá  uma média anual de 57,4 postes (Mínimo, 37 em 2016: máximo, 136, em 2012). Em suma, são cerca de 5 postes por mês. Só é pena que o blogue não tem uma lista de descritores ou marcadores, de modo a facilitar a pesquisa.



Manuel S. Maurício, ex.fur mil, BENG 447 (1970/72).
Professor do ensino básico reformado. Vive na Ericeira, Mafra.
É da colheita de 1948,faz anos a 29 de janeiro, É um "dulombiano",
por adoção.
  
2. Há dias chamou-nos a atenção a história da construção do aquartelamento de Dulombi, ao tempo da CCAÇ 2700. Com a devida vénia aos editores e ao autor das fotos  (Manuel Maurício, ex-fur mil, BENG 447, Bissau  Dulombi, 1970/72), vamos reproduzir parte do poste P473, de 18 de agosto de 2013, editado pelo Fernando Barato (*), dado o seu interessante documental, mas também em homenagem aos nossos anónimos 'engenheiros' que fizeram o seu melhor para nos dar algum conforto e segurança nos nossos 'resorts turísticos'...


O Maurício chegou a Dulombi no dia 17 de Junho de 1970 com a missão de construir o aquartelamento de Dulombi, projectado com duas casernas, um edifício de comando, um depósito de géneros, um refeitório, uma messe, uma central eléctrica, quatro postos de sentinela mais conhecidos por torreões, assim como o saneamento básico,  incluindo fossa séptica com três compartimentos. 

Quando chegou a Dulombi já lá se encontrava o soldado Franco,  pertencente ao Batalhão de Engenharia, o BENG 447, o qual já tinha dado início às construções, visto que uma cópia do projecto do aquartelamento já se encontrava na nossa Companhia, a CCAÇ 2700.

O soldado Franco era um militar oriundo do Algarve e estava a cumprir a 2.ª Comissão devido a problemas disciplinares por ter tido um grave acidente com uma viatura do exército. Tendo sido condenado a prisão militar, esta foi substituída por uma segunda Comissão. Na altura deveria ter cerca de 27 anos e era pedreiro, como profissão militar.

 Chegado a Dulombi, o Maurício deu início efectivo a todo o projecto, recrutando pessoal nativo. Este pelotão de pessoal nativo era constituído por cerca de 20 a 40 indivíduos, dependendo das necessidades temporais. Havia duas classes de contratados: os serventes e os pedreiros

Os serventes tinham como missão retirar areia e cascalho das proximidades de Dulombi, fazer os blocos para a construção de edifícios e ajudar os pedreiros nas suas tarefas. Era um trabalho árduo e mal pago. Ganhavam cerca de 30 pesos por dia (equivalente a 27 escudos da metrópole, a preços de hoje, cerca de 8 euros).

Os pedreiros eram os operários melhor remunerados. Tinham como missão construir os edifícios erguendo as paredes, fazer o chão, executar a rebocagem com massa das casernas e outros edifícios, entre outras funções especializadas. Ganhavam entre 40 (=36 escudos) a 60 (=54 escudos) pesos por  dia (10,6 e 15,9 euros, respetivamente), conforme a sua experiência. Os valores mensais pagos aos nativos eram definidos pelo Maurício. 

De salientar que o Maurício dependia directa e hierarquicamente do Batalhão de Engenharia 447, através do alferes da Zona. O batalhão de Engenharia foi criado em 1 de Julho de 1964, como unidade da guarnição normal da Guiné, tendo integrado todos os elementos de engenharia existentes na Guiné, nomeadamente a Companhia de Engenharia 447, mobilizada no Regimento de Engenharia 1 (Pontinha – Lisboa), que era constituída por, além do Comando, 1 Pelotão de Equipamento Mecânico, 2 Pelotões de Sapadores e 1 Pelotão de Pontoneiros, sendo este pelotão que garantia a ligação fluvial por barco em diversos pontos. 

O BENG 447 destacou elementos para colaborar na execução e/ou reparação das estruturas de aquartelamentos (edifícios, electrificação, depósitos de água), construção de estradas e formação de pessoal local nas especialidades de pedreiro, carpinteiro, canalizador, electricista e operador de máquinas de terraplanagem. Foi extinto em 14 de Outubro de 1974 com a entrega das instalações e equipamento. 

O Manuel Maurício tinha como funções: 
  • Requisitar pessoal
  • Estipular vencimentos, que eram pagos através da secretaria de Dulombi
  • Coordenar todo o trabalho inerente às obras
  • Requisitar materiais e ferramentas
 O furriel Maurício era coadjuvado pelo 1.º cabo Domingos Manuel Pires que, além desta função, exercia as funções de carpinteiro. O Manuel Maurício desembarcou em Bissau no dia 14 de Junho de 1970, seguindo para Dulombi passados três dias. Permaneceu em Dulombi até finais de Outubro de 1971, regressando à base, o Batalhão de Engenharia, aquartelado em Bissau. Regressou à Metrópole no dia 12 de Julho de 1972. (**)

[ Seleção, revisão e fixação de texto, para efeitos de edição deste poste P22280:  LG]
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. Blogue CCAÇ 2700 - Dulombi (1970/72) > 18 de agosto de 2013 >  P473: Relíquias fotográficas do Manuel Maurício

Guiné 61/74 - P22279: Notas de leitura (1361): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", de Adriano Miranda Lima; Março de 2020, Edição de Autor (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Maio de 2021:

Queridos amigos,
Este livro chegou-me através de um jornal de Tomar onde colaboro, é uma narrativa marcada pela ternura, pelos bons afetos gerados por aqueles jovens que no auge da II Guerra Mundial arribaram numa cultura que os deve ter surpreendido pelas afinidades existentes com a nossa como pelo abismo das diferenças. Face ao contexto em que operaram estas Forças Expedicionárias, o autor é meticuloso a despeito de dizer sempre que não está a fazer historiografia, socorre-se de um acervo fotográfico impressionante, e aí entra o nosso blogue, o Luís Graça mimoseou-o com o acervo que dedicou à memória do seu pai, um dos atores presentes num dos períodos de calamidade mais devastadores que o arquipélago conheceu. E conta-se como as unidades militares e o corpo de profissionais de saúde tanto ajudou aquelas populações em calvário. Uma terna narrativa de cuja leitura só temos a ganhar.

Um abraço do
Mário



Forças expedicionárias em Cabo Verde (1941-1944):
Guerra não houve, a solidariedade foi grande com as horríveis secas, devastadoras


Mário Beja Santos


Adriano Miranda Lima, Coronel Reformado do Exército Português, nascido em S. Vicente de Cabo Verde, publicou em edição de autor, março de 2020, uma obra dedicada às Forças Expedicionárias que de 1941 a 1944 cumpriram missão em Cabo Verde, sob o espetro de uma invasão num ponto geoestratégico de grande importância para o Eixo e para os Aliados. (*)

O seu trabalho é dedicado à memória dos 24.473 cabo-verdianos que morreram por fome no arquipélago nos anos 1941, 1942 e 1943; e também à memória dos 68 militares das Forças Expedicionárias que morreram por doença e acidente, no período da II Guerra Mundial. Cabo Verde e Tomar estão no coração do autor. 

Até alguns anos atrás, principalmente soldados, cabos e furriéis tomarenses promoviam convívios para recordar aqueles tempos da sua mocidade. O Regimento de Infantaria 15 foi uma das unidades-mãe de forças militares integrantes daquela missão. 

Sendo cabo-verdiano de origem, Adriano Miranda Lima foi designado como elemento de ligação com as comissões de convívio dos antigos militares expedicionários. Não esconde a carga afetiva e emocional que envolveu o seu trabalho, dedicará parágrafos muito belos à solidariedade com os cabo-verdianos flagelados por temíveis secas. Meticuloso, exprime gratidão com quem lhe estendeu a mão para fornecer elementos. Concretamente, manifesta-se devedor ao Luís Graça e ao blogue (escreve: “Considero-o o mais completo e mais conseguido reportório nacional das memórias e experiências pessoais sobre a guerra colonial”), sobretudo graças às memórias sobre Luís Henriques, antigo expedicionário a Cabo Verde integrado no 1.º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria 5.

Começa por nos dar o quadro da decisão de Salazar e o seu governo, naquele contexto de neutralidade colaborante em mostrar às potências em conflito, tendo também presente que a Batalha do Atlântico tinha como cenário as ilhas atlânticas portuguesas, de enviar efetivos para os Açores, a Madeira e Cabo Verde. As forças mobilizadas para a Madeira foram pouco expressivas, 30 mil homens para a defesa dos Açores e mais de 5 mil homens para Cabo Verde. Estava dado o sinal de qualquer antecipação a apetências germânicas ou aos avisos norte-americanos de que aquelas ilhas de Cabo Verde podiam ter um papel crucial no desfecho da guerra.

Comprou-se material no Reino Unido (peças de artilharia, jogos para plataformas e munições respeitantes à artilharia de costa). Em 1941, foi criada na cidade de Mindelo uma Bataria de Artilharia de Costa e em fins de agosto do mesmo ano foi transferida para a mesma cidade a Sede da Repartição Militar. Mobilizaram-se várias unidades, e é assim que aparece o 1.º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria 15, foi nomeado comandante do Comando Militar de Cabo Verde o Brigadeiro Nogueira Soares, que estará no arquipélago em funções deste agosto de 1941 até dezembro de 1944. 

O autor dá-nos a relação das diferentes unidades (batalhões expedicionários, batarias de artilharia e um bom conjunto de unidades de apoio) que irão estacionar no Mindelo, em Santo Antão e na Ilha do Sal. O Batalhão Expedicionário de Infantaria 15 parte fracionado em três contingentes entre outubro de 1941 e janeiro de 1942, ficarão em Santo Antão e no Mindelo. É bem curiosa a imagem do transporte dos contingentes entre o navio Colonial e o cais de desembarque, não havia cais acostável, houve que se recorrer às enormes lanchas que eram normalmente usadas nas descargas de carvão das companhias carvoeiras.

O comandante que partiu de Tomar era o Major Nicolau de Luizi, que falecerá no ano seguinte, por doença. O material usado era predominantemente constituído por: metralhadoras de origem alemã, dinamarquesa e italiana, espingardas Mauser (de origem alemã), peças antiaéreas suecas, morteiros franceses. As Forças Expedicionárias arribam no arquipélago quando este está a ser assolado por uma prolongada estiagem, uma seca mortífera que matou aqueles milhares de pessoas, ficando por classificar os que se salvaram pelo humanitarismo de militares e unidades de saúde vindas de Portugal. Houve que instalar oficiais e sargentos em casas particulares e pensões e criar abarracamentos para as praças. No meio daquele deserto árido apareceram as habitações com arruamentos onde não faltou a graça de pôr nomes tomarenses, como Rua Direita ou Rua da Calça Perra ou Rua dos Estaus e mesmo no centro do aquartelamento a Praça da República. Importa nunca esquecer que o Coronel Adriano Miranda Lima é cabo-verdiano de nascimento, mas sente-se agora medularmente tomarense.

Adriano Miranda Lima insere um conjunto apreciável de imagens com cenas do quotidiano, mostrando instalações de artilharia, as diferentes atividades militares, o tipo de relacionamento entre militares e civis, mostra episódios de aparecimento de submarinos e até mesmo temos direito a conhecer uma cena de espionagem feita a favor dos Serviços Secretos Britânicos, os radiotelegrafistas tinham intercetado interferências, veio-se a descobrir uma antena estendida no telhado de uma casa, foram detidos um comerciante e a sua mulher, encontrou-se um moderno recetor/transmissor instalado numa mala.

Como é evidente, o armamento disponível pelas Forças Expedicionárias não daria para resistir a um ataque vindo de cruzadores de batalha ou couraçados, completamente desigual o armamento utilizado pelas forças navais alemães, pelo menos até 1942. Descreve-se o plano de defesa para as diferentes unidades estabelecido pelo subsecretário de Estado Santos Costa e posto em prática pelo comando das Forças Expedicionárias. Dá-se realce ao papel desempenhado pelas transmissões e fica-se a saber que no final da guerra alguns dos radiotelegrafistas formados no Exército ficaram na corporação, mas a grande maioria foi para a Marinha Mercante Portuguesa ou para países como os EUA, o Canadá, o Reino Unido e a França.

Relevam-se efemérides, cerimónias e atividades festivas, não faltaram torneios de futebol e lembra-se que foi a comunidade inglesa de S. Vicente (pertencente às companhias carvoeiras e à exploração de Western Telegraph Company) que introduziu o futebol em S. Vicente e daqui para as outras ilhas. Lembra-se o desempenho dos profissionais de saúde, e numera-se os que faleceram por doença, caso do já referido Major Nicolau de Luizi. O autor visitou o cemitério do Mindelo onde estão campas dos seus familiares e depois dirigiu-se ao talhão militar português, junta-se imagem da homenagem feita pelos Presidentes da República e Primeiros-Ministros de Portugal em 10 de junho de 2019.

Inevitavelmente, fala-se dos anos terríveis da seca e faz-se uma citação de um vendaval na Ilha do Fogo extraída do romance de Teixeira de Sousa Ilhéu de Contenda: “Quando clareou o dia, a lestada já havia amainado. Eusébio saiu a averiguar os estragos. A verdura que na véspera cobria as achadas, os cutelos, as ribeiras, transformou-se da noite para o amanhecer num emaranhado de hastes e folhas ardidas. O milheiral que tanto prometia, as faquetas arremangadas prometendo fartura, encontravam-se agora alastrados no chão, de mistura com as cordas de abobreira e caules de feijoeiro. As árvores pareciam aves depenadas, os galhos contorcendo-se de desespero. O vento leste queimara tudo. Nada, positivamente nada, restava com o viço da véspera”.

E dá-se conta do modo como se procurava ajudar os esfaimados e os doentes e se fala do comportamento exemplar do médico Baptista de Sousa, um caso excecional de solidariedade que lhe valeu um cortejo de despedida como talvez não tivesse havido igual em Cabo Verde. Com ternura se lembra os convívios dos tomarenses a que não faltou um octogenário muito dinâmico, Francisco Lopes, o Chico da Concertina. E o autor despede-se de todos estes militares cuja memória da estadia em Cabo Verde perdurou até ao fim. Uma bela narrativa de que os tomarenses se devem orgulhar, também.

O leitor interessado encontrará um apreciável número de imagens do nosso blogue, amavelmente cedidas pelo filho do primeiro cabo Luís Henriques que tão carinhosamente aqui homenageou o seu pai.

10 de junho de 2019, Homenagem aos Militares das Forças Expedicionárias Portuguesas em Cabo Verde na Segunda Guerra Mundial, Presidentes da República de Portugal e Cabo Verde e respetivos primeiros-ministros

Peças antiaéreas em Alto Bomba, São Vicente (fotografia de 1943, publicada no blogue "Luis Graça e Camaradas da Guiné")
____________

Notas do editor

(*) - Vd poste de 8 DE SETEMBRO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21336: Agenda cultural (756): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", de Adriano Miranda Lima: o livro pode ser adquirido a 12 € por exemplar, incluindo portes de correio

O livro pode ser adquirido através do email do Coronel Adriano Lima: limadri64@gmail.com

Último poste da série de 7 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22262: Notas de leitura (1360): "Impérios ao Sol, a luta pelo domínio de África”, por Lawrence James; Edições Saída de Emergência, 2018 (4) (Mário Beja Santos)

domingo, 13 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22278: Blogpoesia (741): "As alegrias da vida"; A fantasia"; "Tradições" e "Sementeira, da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Publicação semanal de poesia da autoria do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66):


As alegrias da vida

Nenhuma maior que a alegria de viver.
Mesmo que, de vez em quando, haja um sofrimento.
Acordar de manhã e ver o sol raiar,
espalhando a vida sobre a terra.
Adormecer à noite com a consciência tranquila do dever cumprido.
Não dever nada a ninguém.
Às vezes também é preciso.
É bom sinal.
Emprestar ou pedir emprestado estreita os laços da solidariedade.
E isso é bom para a convivência.
É destas alegrias que nasce a nossa felicidade...


Berlim, 13 de Junho de 2021
18h6m
Jlmg


********************

A fantasia

A configuração duma realidade que não existe.
Fruto duma inspiração momentânea.
Baila dentro da nossa mente como uma nuvem nos céus ao vento.
Suas formas são variáveis.
São capricho de cada momento.
Por vezes são granizo.
Outras neve cristalizada,
Cobrindo em manta a terra negra.
Quem me dera voltar à minha infância
para construir duendes caiados de fantasia...


Berlim, 10 de Junho de 2021
11h39m
Jlmg


********************

Tradições

São a história duma aldeia.
Seu passado de glórias ou de infortúnios.
As lembram todas com saudade ou com tristeza.
Os bons anos de colhritas.
Se encheram os lagares e os celeiros.
Boas espigas e de bom vinho.
Aquele verão cego de granizo
Que dizimou numa tarde todo o vinho bem promissor.
Aquela festa do São Pedro que, num repente, esventrou as tendas cheias de vinho à caneca e de bons petiscos.
Regos de água escorriam furibundo pelas valetas,
Pela Santa abaixo.
Já se clamava clemência aos céus pelo fim da tempestade...


Berlim, 8 de Junho de 2021
17h10m
Jlmg


********************

Sementeira

Só com uma sementeira à hora apropriada
é que a terra negra reverdece e frutifica.
É preciso lavrar a terra
para depois colher do que semeou.
Se assim não for virá a secura dos celeiros e lagares
E se morrerá de fome e de sede.
A vida tem de se viver atentamente.
Quem o não faz perderá todos recursos
e cairá no parasitismo impróprio e desumano.
Depressa o caminho se abrirá ao roubo
e a todas as suas necessárias consequências...


Ouvindo Schubert

Berlim, 12 de Junho de 2021m
Jlmg

____________

Nota do editor

Último poste da série de 10 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22272: Blogpoesia (740): "Guiné-Bissau - Canchungo", por Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70)

Guiné 61/74 - P22277: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte III: alf cav Álvaro Damião Dias (Lisboa, 1887 - Angola, 1915)

Álvaro Damião Dias (1887-1915)


Nome:  Álvaro Damião Dias

Posto: Alferes de Cavalaria

Naturalidade: Lisboa

Data de nascimento: 5 de Dezembro de 1887

Incorporação:  1908 na Escola do Exército (nº 279 do Corpo de Alunos)

Unidade: Regimento de Cavalaria n.º 11

Condecorações:  Medalha da Cruz de Guerra de 3ª classe (a título póstumo)

Promoção por distinção a Tenente de Cavalaria (a título póstumo)

TO da morte em combate:  Angola

Data de Embarque: 15 de Janeiro de 1915

Data da morte:  18 de Agosto de 1915

Sepultura

Circunstâncias da morte: Em 18 de Agosto de 1915 na região de Môngua atacou com o seu pelotão o gentio que cercava o Destacamento do Cuanhama onde o seu Esquadrão de Cavalaria estava integrado. Nesta acção levada a cabo com valentia e espírito de sacrifício, foi mortalmente atingido com cinco dos seus homens. O seu corpo só foi encontrado no dia seguinte, no local da carga, completamente trucidado.




António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem


1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola, Moçambique e França (*).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.
___________

Nota do editor: