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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27267: PAIGC: quem foi quem ? (15): Leopoldo Alfama (Duke Djassi) (1945-2025), comissário político em 1974, governador da região do Cacheu até 1980; o pai era era o dono da Ponta Alfama, perto de Bula


 PAIGC > s/l > s/d > O "comandante Duke Djassi", algures, em conversa com um simples guerrilheiro. De seu nome civil, completo, Leopoldo António Luís Alfama, nascido em 1945, no antigo território da Guiné Portuguesa, de pai cabo-verdianmo, dono da Ponta Alfama, nos arredores de Bula. Foto original do Arquivo Amílcar Cabral / Portal Casa Comum, com a devida vénia

Citação: (1963-1973), "Leopoldo Alfama em conversa com outro combatente do PAIGC", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43548 (2025-9-29)



PAIGC > s/l > s/df > "Comandante" Duke Djassi, nome de guerra de Leopoldo António Luís Alfama (guineense, de origem cabo-verdiana, nascido em 1945; foi comissário político e, depois da independência, governador da região do Cacheu até 1980; deve ter "caído em desgraça" depois do golpe de Estado de "Nino" Vieira, dada a sua origem cabo-verdiana, pelo lado do pai... (Recorde-se que Amílcar Cabral, "Abel Dajssi", nome de guerra, também era  guineense, com origem cabo-verdiana, pelo lado do pai.)

Leopoldo Alfama, em 2014, aos 69 anos. Morreu em 2025, aos 79.
Casado com Fátima Alfama, tinha três filhos.

Fonte: Cortesia de  Barros Brito


1. Através do nosso camarada José Macedo (Zeca, para os amigos, nascido na Praia, ex-ten fuzileiro especial, DFE nº 21, Cacheu 1972/74, e que vive nos EUA), soubemos da morte do Leopoldo António Luís Alfama, antigo "comandante do PAIGC" (nome de guerra, "Duke Djassi" ou "Duke Djassy").


O falecimento ocorreu em 15 do corrente. Em Lisboa, num hospital do SNS. A notícia também a li no Facebook. Mas não chegou aos jornais de referência de Cabo Verde (Expresso das Ilhas, A Nação, A Semana, este último mais próximo do PAICV, agora na oposição)...

Duke Djassi não foi propriamente um dirigente do PAIGC de 1ª linha (*). Embora o elogio fúnebre que passou nas redes sociais, da parte de militantes ou simpatizantes do PAIGC, vai no sentido de destacar o seu papel na guerrilha (como "comandante" e, depois da independência, cvomo governador da região do Cacheu, cargo que exerceu até 1980, "continuando sempre fiel aos ideais de justiça, liberdade e unidade nacional" (Página do facebook de Henrique Monteiro, de 15 de setembro de 2025).

2. No portal de Barros Brito (Genealogia dos cabo-verdianos com ligações de parentesco a Jorge e Garda Brito...), ficamos a saber algo mais sobre o Leopoldo Alfama:

(i) nasceu em 23 de setembro de 1945, na antiga Guiné Portuguesa, muito provavelmente na Ponta Alfama, perto de Bula, e que era propriedade do pai;

(ii) o pai era Luís António Alfama (1886-1947), natural da cidade da Praia, e falecido em Bissau, aos 60 anos; a mãe, Maria Irene da Costa, nascida na Guiné;

(iii) o Luís Alfama instalou-se na região de Bula; foi ponteiro, na "Ponta Alfama (que ainda hoje pertence à família) plantava,  entre outras frutas, abecaxis".


Este pormenor biográfico é interessante: como outros "históricos" do PAIGC (onde passou a militar "muito jovem"), o Leopoldo era filho de pai cabo-verdiano,  ponteiro, cidadão português; pertencia, portanto, a uma pequena burguesia, neste caso rural. com acesso à catequese e à escola. Na região de Bula havia inúmeras pontas: identifiquei mais de uma dúzia, ao longo do curso dos rios Dingal, Bula, Binar, afluentes do rio Mansoa (vd,. infografia, a seguir):

Quem vinha para estas terras inóspitas, palúdicas, inseguras ?... Só os cabo-verdianos, fugidos da seca e da fome... Deviam, naturalmente, usar nas suas pontas, mão de obra local, indígena, com destaque para os desgraçados dos balantas, que era pau para toda a colher... Os seus filhos, os dos ponteiros, os Semedos, os Brandões, os Alfamas, etc.,  irão ser "comandantes" e "comissários políticos" e os seus "balantas" carne de canhão do PAIGC... 

Afinal, Rosinha, tal como que o que aconteceu na tua "terra", Angola, foi o luso-tropicalismo que "nos tramou"... na Guiné. Os filhos dos "ponteiros": ora cá está uma pista para se perceber melhor a história do PAIGC...

"Duke Djassi" era "comissário político-militar" (sic), Corpos do Exército 199 e 70 (sic), em 1 de junho de 1974  (**).



Guiné > Região do Cacheu > Sector de Bula  > Carta de Bula (1953) / Escala: 1/50 mil > Posição relativa de Bula, Ponta Alfama e mais de um dúzia de outras pontas, bem como os rios Dingal, Bula, Binar e Mansoa.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)



Casa Comum > Arquivo Amílcar Cabral > "Mensagem de Duke Djassi comunicando as perdas de soldados coloniais nas minas colocadas pelo PAIGC na estrada de São Domingos. Data: Domingo, 1 de Agosto de 1971"... Cortesia da Casa Comum / Fundação Mário Soares.

Campada  [Frente São Domingos-Sambuia e Frente Nhacra-Morés]

SG [Secretário Geral:] Informa-se que dia 27/7  um contingente inimigo caiu em duas minas infantaria reforçada sofrendo 5 mortos 12 feridos confirmados [. ] Minas montadas na estrada S. Domingods  [- ] Fronteira por Raul Nhaga. Stop Duke Djassi. 1-8-71.


Como os demais comandantes e comissários políticos do PAIGC, o "Duke Djassi" gostava de impressionar o chefe, em Conacri, a 700 km de distância, com notícias deliberadamente fabricadas como esta... que depois da "Maria Turra" transmitia na "Rádio Libertação"... Acontece que em 27 de julho de 1971 não morreu nenhum militar português (ou guineense, milícia ou do recrutamento local), vítima de mina A/C ou AP/ ou emboscada IN ou por outro motivo.


Citação:

(1971), "Comunicado - Campada", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40630 (2025-9-29)

Guiné 61/74 - P27266: Manuscrito(s) (Luís Graça) (273): Vindimas, ainda são o que eram ? - Em Candoz, sim, no essencial - Parte I


 Foto nº 1 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > As uvas estavam no ponto; nestas vindimas (as segundas e últimas, sendo a colheita destinada à Casa Aveleda; as primeiras, a 11, foram para fazer o "nosso vinho",  Nita, Doc, Escolha, 2025)... O grau atingiu o recorde histórico de 13,8 graus de álcool provável...Muita gente, no Sul, não sabe que o vinho branco verde faz-se com uvas maduras, bem maduras, como se pode ver pelas fotos a seguir...

 Foto nº 2 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > A 250/300 metros de altitude, em encostas roubadas à antiga floresta de carvalhos, sobreiros e castanheiros, com muros de pedra seculares ou reconstruídos, alguns de 2, 3, 4 metros de altura, é difícil a mecanização.  Sobretudo em pequenas quintas como a de Candoz... Aqui fazer a vitivinicultura ainda é  arte, não indústria... É um ato de amor, em que cada cacho é colhido como uma flor...

 Foto nº 3 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > Uvas da casta Pedernã... Ao fundo,  a Linha do Douro, o viaduto da Pala, entre as estações do Juncal (Marco de Canaveses) e a Pala (Baião), já na albufeira da barragem do Carrapatelo... É a partir daqui que a Linha do Douro passa a acompanhar de perto as margens do rio Douro, o que a torna uma das linhas férreas mais cénicas do mundo. Fazer uma viagem de Mosteiró ao Pocinho é uma experiência que vale a fazer, pelo menos uma vez na vida!

Foto nº 4 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > A propriedade confina, a nascente, com a estrada municipal nº 642 (Paredes de Viadores, Marco de Canaveses). A vinha, que se estende para poente, pela encosta acima, em cinco parcelas, todas suportadas por muros de pedra ("socalcos", como se diz aqui), pertence à subregião de Amarante, da Região Demarcada dos Vinhos Verdes. Principais castas: Pedernã (ou Arinto) e Azal; e, em menor quantidade, Trajadura, Avesso, Loureiro, Alvarinho...

Foto nº 5 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  A parcela principal, a que chamamos o "campo": há meio século era um campo de milho, e a vinha era de bordadura... Do lado esquerdo, junto à estrada (CM nº 642), no início da propriedade, há dois soberbos sobreiros (que aqui crescem, tal como os carvalhos e os castanheiros, a "olhos vistos").


Foto nº 6 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 


Foto nº 7 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >


Foto nº 8  > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (1): a Madalena (Lisboa), a Zezinha (Matosinhos)... Numa sexta feira, alguns tiraram férias...


Foto nº 9 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (2): a Susana (Porto)...


Foto nº 10 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (3):  a Zezinha (Matosinhos) e a Susana (Porto), num momento de descontração...e de pose (para a fotografia); em segundo plano, o vizinho e amigo da casa, o  Zé do Chelo e o Adriano (Matosinhos)...


Foto nº 11 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (4): o Adriano, o Eduardo, ambos de Matosinhos..



Foto nº 12 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (5): o Eduardo...



Foto nº 13 
 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (6): a Joana (Lisboa)...


Foto nº 14  > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (7): a Berta (Madalena / V. N. Gaia)...


Foto nº 15 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (8):  Miguel (Matosinhos), Xico (Matosinhos), Adriano (Matosinhos), Gusto (V. N. Gaia)...Mas  o pior são as bordaduras, é preciso escadote (1)...



Foto nº 16 
 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (9):  mas o pior são as bordaduras, é preciso escadote (2)...


Foto nº 17 
> Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (10): mas o pior são as bordaduras, é preciso escadote (3)




Foto nº 18  > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (11): o  Xico (Matosinhos), o Miguel (Matosinhos), o Luís F'lipe (Porto), o Gusto (Madalena / Vila Nova de Gaia)...O transporte dos cestos de uvas... Antigamente, era tudo às costas...Uma canseira, com aqueles desníveis todos...


Fotos (e legendas): © Luís Graça 2025). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. E as vindimas no Norte ainda são o que eram ?, perguntam-te cá no Sul.

Há dias vi, no Facebook,  uma máquina de vindimar, gigantesca, marca New Holand (passe a publicidade) a operar numa empresa de vinhos, conhecida, da Península de Setúbal (tem mais de 500 hectares de vinha, mas só usa a vindima mecânica num terço das vinhas, já adaptadas para esse efeito)... Agora imagino o que serão as vindimas em grandes explorações, com milhares e mlhares  hectares, em  países como os EUA, a Austrália, a França, a Espanha, a Itália... 

As nossas maiores empresas (Sogrape, Ermelinda, Aveleda...) produzem entre 50 a 20 milhões de litros de vinho).  São empresas de pequena dimensão à escala global, onde as maiores produzem entre os 300 milhões e  os 3 mil milhões de litros...

Não fiquei nem deslumbrado nem invejoso com o solitário vindimador mecânico, confortável na sua cabine climatizada... Despacha aquilo em meia dúzia de dias... Claro que o vindimador mecânico (amanhã um robô...) vem aumentar a produtividade das vindimas, baixar custos, "democrtatizar" o consumo do vinho, etc. Mas também vem acabar com o encanto, a magia, a alegria, a festa, o romantismo, a poesia, a convivialidade, a solidariedade, etc., que tinha a colheita da uva nosso tempo de meninos e moços... E que ainda tem hoje.  Aqui, em Candoz... Passei lá quase 4 semanas, desde fins de agosto...

No passado, havia as "serviçadas", um termo que desgraçadamente nem vem nos nossos dicionários... Os especialistas da língua ainda não grafaram o termo que aqui se usa (ou usava) para designar o sistema de troca de serviços ou ajuda mútua entre vizinhos e membros da comunidade, especialmente em tarefas agrícolas sazonais, de grande esforço, como as vindimas,  a malha do centeio, a desfolhada do milho, a espadelada do linho, a 
a limpeza dos "montes" (pinhais e carvalhais), a manutenção das levadas (a "água de Covas"), etc., e até a matança do porco e o fabrico dos enchidos...  

A mão de obra era rotativa, não havia "jornaleiros", "ganhões", como no Sul: quando uma família tinha uma tarefa agrícola urgente e pesada (como a vindima), os vizinhos iam ajudar, oferecendo a sua mão de obra gratuitamente. A remuneração não era em dinheiro, mas  em troca de serviços.

 Numa agricultura de quase subsistência, numa economia fracamente monetarizada, e ainda no tempo de fortes laços comunitárias, em regiões de povoamento disperso, e com elevada percentagem de "rendeiros" (antes do 25 de Abril), não havia o "vil metal"... (Até as "rendas", pagas ao "fidalgo", eram em géneros!)... 

Nas "serviçadas", o "patacão" era (é), em Candoz,  a boa vizinhança, a solidariedade, o dom, a convivialidade, a festa.  

O trabalho era duro, mas transformava-se  em  momentos de amziade, convívio, canto e alegria. O dono da terra que  que beneficiava da "serviçada"  esmerava-se em oferecer  uma refeição abundante e  vinho com fartura. As mulheres animavam a vindima com os seus fabulosos "cantaréus"... A família (de fora, os parentes do Porto) também vinham, nesses dias, reforçar a mão de obra... Alguns faltavam ao trabalho na fábrica para ir ajudar a família nas vindimas...

Outros tempos: nos anos 50, na Lourinhã, no meu tempo de escola primária,  já não apanhei nada disso. As vindimas eram já feitas pelos "ratinhos"... 

Os chamados "ratinhos" ou "malteses" era trabalhadores rurais sazonais, sobretudo das Beiras, que vinham em bandos (às vezes famílias inteiras!),  em especial para as vindimas na Estremadura, as mondas no Ribatejo, as ceifas no Alentejo.

Eram mão-de-obra barata, muitas vezes maltratada, mal alojada e mal alimentada, mas indispensável ao funcionamento das médias e grandes quintas agrícolas no sul. Mas também das pequenas, quando a mão de obra familiar não bastava.  (H0je , os "ratinhos" vêm da Ásia, da África..., para os morangos, a pera rocha, a abóbora, as hortícolas...)

Esse fenómeno (o dos "rationhos") insere-se numa tradição de migração interna que antecedeu as grandes vagas de emigração externa. Com o passar do tempo, sobretudo a partir dos anos 60, a miséria do campo, a guerra colonial, a falta de oportunidades e a repressão política levaram muitos a procurar futuro nas cidades de Lisbao e Porto e sobretiudo fora de Portugal: primeiro em França, Alemanha, Luxemburgo, depois espalhados um pouco por toda a Europa (e antes pelo Brasil, EUA, Canadá)...

Sou desse tempo, conheci os "ratinhos" que faziam as vindimas na Quinta do Bolardo, Nadrupe (de meus tios), e as quintas todas à volta... E  tive vizinhos   que começaram a ir para a Índia..., para a Angola, para a guerra...E depois tive colegas de escola e de rua que iam com os pais, de mala aviada,  para as Américas... Até que começaram a desatar a fugir,  muitos outros, "a salto", para França... E depois fui eu para a Guiné...E quando voltei o mundo estava a mudar... E tive dificuldade a reconhecer a minha terra... Acabei por ir para Lisboa...Regressei só agora...

Vindimas ? Já nada é como dantes... Aliás, na minha terra, arrancaram as vinhas todas. Mas hoje é a Região Demarcada da Aguardente da Lourinhã... Só há mais duas no mundo: Cognac e Armagnac... Já me perguntaram, no Norte, como é que a "a gente fazia aguardente sem vinho"... Claro, não tomei a pergunta como uma provocação, mas como simples ignorância... 

Com paciência expliquei que há dois produtores, a Adega Cooperativa da Lourinhã e a Quinta do Rol... E que fazem excelentes aguardentes vinícas, regularmente premiadas, capazes de rivalizar com as outras duas, que há no mundo, o Cognac e o Armagnac... A única diferença é a tradição, o mareketing e a escala... A região de Cognac pode produzir 200 milhões de garrafas por ano... A de Armagnac 7 milhões... E a Lourinhã 200... mil. 

É como Candoz e a Aveleda: mandamos para lá as melhores uvas, mas somos apenas um "quintal"... A Aveleda tem uma quinta, aliás tem várias, e centenas de fornecedores de uvas... e exporta para todo o mundo o nosso "binhinho berde", incluindo alguns milhares de litros de Candoz... A Aveleda produz 20 milhões de garrafas de vinho, tem uma máquina que engarrafa 6 mil por hora... Em Candoz, engarrafamos mil, à mão, e só estão prontas daqui a um ano, depois de estagiarem nas nossas minas (de água), à temperatura do interior da terra... 

Mas ainda se diz, aqui no Norte, em tom de brincadeira: "Mas tu julgas que eu sou da Lourinhã ?!"...Em Penafiel, sede da Aveleda, devem perguntar o mesmo: "Mas tu julgas que eu sou de Candoz ?!"... 

Em suma, felizmente que ainda há algumas coisas boas na vida que não têm preço. Mas o nosso "engenheiro", que é economista, lembra-nos que têm um custo... Tudo afinal tem um custo, direto, indireto, oculto... A começar pelo feroz individualismo, o mercantilismo, o imediatismo consumista, incompatíveis, no passado, com as "serviçadas"...

Respondendo à pergunta "as vindimas ainda são o que eram ?" Hoje, já não, na maior parte dos sítios. Não, felizmente, por muitas razões. Não, infelizmente por outras... Mas em Candoz, sim, no essencial... (*)

(Contimua)


PS - Declaração de conflito de interesses: a Quinta de Candoz (passe a publicidade: tem um "site" próprio, visitável por quem tem  mais mais de 18 anos...) é apenas um dos cerca de quatrocentos produtores-engarrafadores da região demarcada do Vinho Verde, num universo de mais de 13 mil produtores e de 24 mil hectares de vinha... 

A vindima também já não é como era  "antigamente", se bem que ainda seja (e será) manual, dada a pequena dimensão da propriedade.  A dimensão média das explorações na Região Demarcada dos Vinhos Verdes é inferior a dois hectares (1,832 ha), sabendo-se que a área total é de 24 mil hectares, mesmo assim uma das maiores da Europa, e que o nº de produtores é de 13,1 mil. 

A feitura do vinho, essa, modernizou-se, com a introdução das cubas de aço, o controlo de frio, o serviço de enólogo, etc. (**)


(**) Vd. outros postes  relacionados com as vindimas em Candoz:

24 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25975: Manuscrito(s) (Luís Graça) (255): Tabanca de Candoz. Vindimas de 2024 - Parte I: menos quantidade, mas ainda de melhor qualidade do que em anos anteriores

25 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25979: Manuscrito(s) (Luís Graça) (255A): Tabanca de Candoz. Vindimas de 2024 - Parte II: à mesa, para 2 dezenas de "bicos", o prato forte foi dobrada à moda da "chef" Alice, uma variante mourica, com coentros, das tripas à moda do Porto

24 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21388: Manuscrito(s) (Luís Graça) (191): Quinta de Candoz: vindimas, a tradição que já não é o que era... (Augusto Pinto Soares) - Parte I

Guiné 61/74 - P27265: Parabéns a você (2420): António Bastos, ex-1.º Cabo At Inf do Pel Caç Ind 953 (Cacheu, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66)

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Nota do editor

Último post da série de 23 de Setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27243: Parabéns a você (2419): Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto da CMD AGR 16 (Mansoa, 1964/66)

domingo, 28 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27264: Ser solidário (289): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (16): Mercatino em Merano (Itália) no dia 04 de outubro de 2025 (Renato Brito)

1. Mensagem com data de 30 de Agosto de 2025 do nosso amigo Renato Brito, voluntário, que na Guiné-Bissau integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa, trazendo até nós a Cartolina número 16:

Boa tarde Carlos Vinhal,
Com a presente venho por este meio partilhar a “cartolina” que prossegue com a campanha de angariação de fundos para construir uma escola na aldeia de Sintcham Arafam – Guiné-Bissau.

Desta feita mais um mercatino em Merano no dia 04 de outubro.

Sobre a migração das aves interessante este documentário: https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=w8e5bBIeL3s

Envio também o catálogo dos objetos do projeto África Sacra_tecidos que tem por objetivo comprar material didático no início de cada ano letivo.

Cumprimentos,
Renato













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Notas do editor:

Vd. post anterior de 2 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27177: Ser solidário (287): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (15): Cancoran II, e Convite para a apresentação do projecto de construção de uma escola na Guiné-Bissau e jantar com prova de produtos da Guiné-Bissau, a levar a efeito no próximo dia 13 de Setembro, a partir das 16h30, na Associação Macaréu, Rua João das Regras, 151 - Porto (Renato Brito)

Último post da série de 24 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27252: Ser solidário (288): No Dia Nacional da Guiné-Bissau, a ONGD Afectos com Letras comemora o 16.º ano da sua criação

Guiné 61/74 - P27263: Casos: a verdade sobre... (56): Os dois militares mortos por um só tiro de metralhadora, em Bissalanca, em 2 de março de 1963, quando um mecânico da FAP procedia à manutenção de um avião (Armando Fonseca, o "Alenquer", sold cond, Pel Rec Fox 42, 1962/64)


Armando Fonseca, ex-soldado condutor, Pel Rec Fox 42, Bissau, Mansoa, Porto Gole, Buba, Bedanda, Guileje e Aldeia Formosa, 1962/64; também conhecido como o "Alenquer", integra a nossa Tabanca Grande desde 22 de setembro de 2010; tem 18 referências no nosso blogue.

1. Formulário de Contacto do Blogger

Data - sexta, 26/09/2025, 12:04  

Assunto - Mortos em acidente em Bissalanca em 1963

Em tempos enviei uma mensagem de um caso que assisti no hangar do aeroporto de Bissau que nunca foi publicada, talvez por não se encontrar registado nos casos da guerra, como tantos outros, só eram registados os que lhes convinham e, por vezes, com algumas aldrabices à mistura, desde aí nunca mais teve interesse no bogue.

Cumprimentos,
Armando Faria da Fonseca | arfafon40@hotmail.com

2. Nota do editor LG:

Armando, tens razão, por lapso (ninguém é perfeito), a tua mensagem de 4/12/2011 (já vão vão quase 14 anos!) não foi publicada. 

Tu, entretanto, mudaste de endereço de email. Sejas bem aparecido, fazendo prova de vida. Reproduz-se a seguir a mensagem, que ainda lá estava, na caixa de correio...

Quanto à identidade dos mortos e à data precisa em que se deu o infeliz acidente (2 de março de 1963,  dizes tu, fazendo apelo à tua excelente memória), vejamos:

(i) segundo uma rápida pesquisa minha, esses infortunados camaradas deviam pertencer à FAP, os seus nomes não constam na lista dos mortos sepultados no cemitério de Bissau (a lista da CECA só inclui os mortos do Exército, tanto quanto sei); 

(ii) pode ser que algum dos camaradas da FAP, e nomedamente membros do blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74, nos possa dar alguma ajuda (*)

(iii) julgo que nessa altura ainda não havia a BA 12: inicialmente Bissalanca foi ativado como Aeródromo-Base n.º 2 (AB2), a 25 de maio de 1961, data da publicação da primeira Ordem de Serviço (fonte: ab4especialistas.blogspot.com); em 1965 a AB2 foi transformada formalmente em Base Aérea nº 12 da FAP.


3. Mensagem de Armando Fonseca (antigo endereço de email: armandofonsecaff@hotmail.com)

Data - domingo, 4/12/2011, 19:0

Assunto -  Mortos em acidente

Caros camarigos, ao consultar o dicionário, o das minhas recordações, encontrei um caso que me parece por bem divulgar se os digníssimos editores, se assim o acharem por bem.

Aconteceu que, no dia 2 de março de 1963, salvo erro,  quando um mecânico da força aérea procedia à manutenção de um avião no hangar do aeroporto de Bissalanca, fez disparar, involuntariamente, uma metralhadora que com um só tiro atingiu dois camaradas,  causando-lhes morte imediata.

Os funerais realizaram-se no dia seguinte para o cemitério de Bissau.

Nesse dia eu estava de serviço no aeroporto e assisti ao acidente, mais um entre muitos do género, mas com um só tiro causar tanto mal não tenho memória, e não sei se ocorreu mais algum.

Despeço-me com um abraço amigo para toda a Tabanca e em especial para os editores da mesma que tão bom trabalho vêm realizando.

Armando Fonseca (o "Alenquer")


4. Temos de recordar, em próximos postes, as andanças do "Alenquer" com a sua Fox, de que era condutor...

Chegou a Bissau a 28 de maio de 1962 no navio António Carlos (nunca até agora ouviram falar deste navio)... 

Durante os primeiros meses em que o Pel Rex Fox 42, permaneceu em Bissau fez a segurança ao aeroporto, e uma vez uma por outra ao Pilão...

Depois veio a guerra e os seus horrores: o "Alenquer" percorreu grande parte da Guiné, de Mansoa a Porto Gole, de Bedanda a Guileje...

Para já fez prova de vida. Folgamos em saber notícias dele... 

Um alfabravo. 
Luís Graça.
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Nota do editor LG:

sábado, 27 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27262: A Nossa Poemateca (11): "Aforismos", de Teixeira de Pascoaes (1877-1952)



Teixeira de Pascoaes (1877-1952) 



1. Mário Cesariny (1923-2006), expoente máximo do surrealismo português, editou um livrinho, "Aforismos, de Teixeira de Pascoaes". São umas escassas duas centenas e picos. Foram selecionados de 9 livros do poeta amarantino.  Apenas uma amostra. Tratava-se explicitamente de uma homenagem do Cesariny que, nos últimos anos de vida do peota, foi visita da Casa de Pascoaes

Para esta série, "A Nossa Poemateca" (*), eu próprio selecionei uns 20% do "corpus" do Cesariny, os mais lapidares, e que eu achei obras-primas do nosso poeta-filósofo da saudade. Naturalmente, com a devida vénia aos dois grandes nomes da cultura portuguesa... 

A "minha lista" está organizada por ordem alfabética (entre parênteses, o número da página do livro citado). 

São aforismos poético-filosóficos (**), "diamantes" do melhor quilate, como, por exemplo, este: "Só a nudez é luminosa". Não há nada aqui de panfletário: "O riso brota dos dentes que mordem"...E alguns são formulados na interrogativa: "A bondade não será crueldade reduzida ao mínimo ?"... Como se houvesse uma escala de intervalo para medir a crueldade, de 1 a 10, em que a bondade seria o pouco ou nada cruel  (1) e o 10 o máximo da crueldade...


A alegria dos mortos floresce a terra (p13)

A  bondade não será a crueldade reduzida ao mínimo ? (p32)

A ciência desenha a onda; a poesia enche-a de  água (p29)

A corrupção favorece as ideias novas (p18)

A esperança, a fé, a caridade, vivem do Matadouro Municipal, onde bois e vitelas, santos e anjos, são assassinados às centenas e repartidos, em bifes, pela macacaria darwinista (p34)

A ideia de água antece todas as fontes (p11)

A imagem das vacas tem maior nitidez que a das pessoas (p16)

A inocência é a auréola do crime (p22)

A luz dos olhos devora tudo. Ser visto é quase morrer. (p24)

A mentira insere-se na verdade (...) (p29)

A miséria ri-se das barrigas fartas e preside a todos os banquetes (p36)

A Natureza odeia a linha reta (p32)

A probabilidade perfeita ou absoluta representa-a um sim sobre um não (p34)

A vaidade é a sinceridade em pessoa (p20)

Agir é construir, destruindo (p32)

Andamos e não chegamos. O andar é tudo: princípio e fim. (p179

As coisas são possibilidades realizadas contendo inúmeras possibilidades realizáveis (p16)

Basta a miséria de um desgraçado, para que todos nós sejamos miseráveis (p14)

Como  é que um animal que fuma pode crer na imortalidade ? (p39)

De que serve ressuscitar ? Toda a gente continua a ver o morto.(p18)

Deus não sabe como se chama ! (p14)

Eliminem a palavra Humanidade e ficaremos cobertos de pêlo num instante (p31)

Em vida, o cárcere sem um postigo. No túmulo, a morte sem uma fresta. (p21)

Existir não é pensar: é ser lembrado (p19

Joaquim, eis o meu epitáfio! (p19)

Morrerás da tua beleza! (p25

Nascer, é pôr a máscara (p23)

O andar é uma hesitação que se desloca  (p23)

O berço e o túmulo não são para os olhos de quem neles está deitado (p15)

O cão ladra e uiva, é já sábio e poeta (p33)

O homem não vive; nasce e morre (p13)

O ideal da nuvem é o rochedo (p38)

O ladrar é literatura (p22)

O mar é a carne do planeta (p23)

O nome desfigura as coisas (p19)

O ódio brame como os tigres, o amor geme como os cães, a tristeza canta de sapo, e a alegria é uma bêbeda, ó Santa Mónica! (p35)

O pecado é mais fecundo do que a virtude (p20)

O português é indeciso e inquieto, como as nuvens em que as suas montanhas se continuam e as ondas emq ue as suas campinas se prolongam (p26)

O riso brota dos dentes que mordem (p28)

Os penedos não são felizes (...)  (p33)

Os velhos riem-se da velhice (...) (p22)

Quanto mais estranhos, mais íntimos (p23)

Sem a estupidez dos penedos, que seria do nosso espírito ? (p12)

Ser uma coisa evidente é ficar reduzido a quase nada (p31)

Só a nudez é luminosa (p21)

Todas as almas são perfeitas (p24)

Todo o enigma da vida está fechado na cabeça duma formiga (p29)

Um homem é ele e o mundo. Um boi é ele sozinho, armado de cornos contra os lobos (p14)


Fonte: Excertos de: Aforismos,  Teixeira de Pascoaes: seleção e organização de Mário Cesariny, Lisboa: Assírio & Alvim, 1998,  39, pp  (Gato Maltês, 36).

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Notas do editor LG:


(*) Último poste da série > 12 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27007: A Nossa Poemateca (10): Ovídio Martins (Mindelo, 1928 - Lisboa, 1999), um grande poeta cabo-verdiano bilingue

(**) A palavra portuguesa  aforismo vem do grego ἀφορισμός (aphorismós), que deriva do verbo ἀφορίζειν (aphorízein), significando “delimitar, definir, distinguir”:

(i) o prefixo ἀπό- (apó) = “separar de, afastar”;

(ii) a  raiz ὁρίζειν (horízein) = “traçar limites, definir” (a mesma origem da palavra “horizonte”=linha aparente, em que o céu e a terra ou o mar parecem encontrar-se)

Em grego,  aforismós significava originalmente  “definição” ou “enunciado que delimita com clareza”.

Recorde-se que é do grego Hipócrates (séc. V a.C.) a obra Aforismos, um conjunto de sentenças breves sobre a saúde, a doença e a arte de curar e de cuidar (a medicina). A palavra passou a designar uma sentença curta e precisa que condensa um princípio ou verdade.

Em poesia reduz-se muitas vezes a uma metáfora ou a um curto pensamento sincrético. Os aforismos aqui selecionados não são enunciados filosóficos,  não expressam um axioma, uma verdade, um conceito... Valem pela  sua capacidade de operar como uma metáfora, fundindo  uma ideia abstrata e uma imagem do real: "O nome desfigura as coisas" ou "Deus não sabe como se chama" ou "O mara é a carne do planeta".

Guiné 61/74 - P27261: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (6): O Cândido Alves, da CCAÇ 1416 / BCAÇ 1856 gostava de voltar ao Gabu como turista... será que existem condições para viajar com confiança para passar uns dias para reviver das recordações daqueles lugares?




À descoberta da Guiné-Bissau : guia turístico / Joana Benzinho, Marta Rosa ; il. Jorge Mateus, Nuno Tavares. - 2ª ed. rev. e atualiz. - [S.l.] : Afectos com Letras, 2018. - 167, [5] p. : il. ; 21 cm + [1] mapa desdobr.. - ISBN 978-989-20-6252-5. 

Disponível aqui em pdf:
https://www.eeas.europa.eu/sites/default/files/guia_turistico_guine-bissau_ue_acl2018_pt_web.pdf



"À descoberta da Guiné-Bissau : guia turístico" > Vd. região de Gabu, pp. 97/104



Crachá da CCAÇ 1416 / BCVAÇ 1856 (



1. Mensagem enviada pelo Cândido Alves através do Formulário de Contacto do Blogger (*):

Data - 23 de setembro de 2035 17:38

Estive na Guiné Bissau desde 26 de julho de 65 a 17 de abril de 67. 

A minha companhia, CCAÇ 1416,  foi colocada em Nova Lamego (Gabu),  ficando a CCS em Bissau. Mais algum tempo, também ela se sediou em Nova Lamego, durante o resto da comissão. 

Na ação da  CCAÇ 1416 percorremos uma vasta area da Guiné desde Bojucunda a Madina do Boé, passando por Canquelifá, Buruntuma, Cheche, e obrigatoriamente Piche e outros locais de passagem ,como Paunca, Pirada,  Cabuca, Beli, Canjadude entre outras tabancas, naquela vasta area. 

Mas foi no Cheche, onde passei com uma secção 2 meses de proteção à jangada. Depois esta secção foi para junto da companhia em Madina, ficando um pelotão em Béli. 

A História desses tempos já é conhecida como o local mais flagelado da zona do Boé.

 Ao Gabú gostava de voltar, como turista. Será que existem condições para viajar com confiança para passar uns dias para reviver as recordações daqueles lugares?

Cumprimentos,
Cândido Alves | candidomarcosalves@gmail.com

2. Resposta do editor LG:

Cândido, obrigado pelo teu contacto.  Infelizmente não temos aqui ninguém da tua companhia que possa dar uma ajuda. (Nem sequer do teu batalhão, a não ser o Manuel Domingues, que foi alf mil op esp/ranger,  comandante do Pel Rec Info, CCS/BCAÇ 1856, Nova Lamego, 1965/67; nem seuqer das outras subunidades de quadrícula, a CCAÇ 1416 e a CCAÇ 1417.)

Mas temos outros camaradas que conhecem bem a Guine-Bissau. Inclusive há alguns  que vão lá com frequência. Esperemos que eles te deem algumas dicas. Divulgamos o teu endereço de email também para poderem comunicar contigo. Mas gostaríamos que partilhassem aqui também a sua experiência. Para que esse conhecimento chegue a todos.

Quanto ao resto encontras na Net o essencial dos conselhos que é costume dar-se a quem viaja para o estrangeiro, e nomeadamente para África. Alguns são "chapa um".

Mas, no essencial, podemos garantir-te pela nossa experiência passada, nossa e dos nossos camaradas que lá têm ido,   que:

(i) a Guiné-Bissau é um destino seguro;

(ii) os guineenses mantêm, com os portugueses, e nomeadamente com os "antigos combatentes", uma relação amigável, amistosa, cordial, hospitaleira;

(iii) tu, que conheceste a região de Gabu, o "chão fula", só vais estranhar as mudanças (sobretudo físicas) que se operaram ao longo destes 50/60 anos: há coisas para melhor, outras para pior; nada de levar expetativas nem demasiado altas nem baixas;

(iv) aconselho-te a que contactes o Hotel Coimbra (que fica na zona histórica de Bissau, frente à Catedral): além de alojamento, eles oferecem-te outros serviços:  (a) aluguer de viaturas climatizadas com motorista; (b) organização de passeios; (c)  turismo de saudade - passeios todo-o-terreno em veículos climatizados pelo interior da Guiné-Bissau, etc.

(v) tens aqui os contactos do Hotel: Avenida Amilcar Cabral, Bissau, Guine Bissau | email: zulupreto2015@gmail.com | telem +245 966 670 836 ;

(v) não somos nenhuma agência de viagens nem representamos nenhum operador turístico da Guiné-Bissau; esta é apenas uma sugestão nossa, o Hotel Coimbra tem tido boas referências dos nossos camaradas que, como  tu, querem fazer uma viagem de "turismo de saudade";

(vi) ir ao Gabu (antiga Nova Lamego), capital da região do Gabu,  não é problema, tens estrada alcatroada, direitinha, de Bissau até lá; a cidade de Gabu está hoje melhor do que a de Bafatá; podes fazer um desvio, em Bambadinca, e ir até ao Saltinho (Região de Bafatá);

(vii) claro que deves lá ir na época seca (a partir de janeiro até maio...);

(viii) e, de preferência, com mais um ou outro casal (partindo do princípio que não vais sozinho).

Quanto ao resto, podes e deves marcar um consulta do viajante. Há requisitos de entrada, como vacina contra febre amarela (vão-te exigir o certificado internacional de vacinação, como me exigiram, a mim, quando lá fui em 2008).

Vais ser aconselhado a tomar precauções contra a malária/paludismo: profilaxia antimalárica, repelente, rede mosquiteira (se dormires no mato, sem ar condicionado),  roupas longas ao entardecer, etc,

Por outro lado, vão-te lembrar que a Guiné-Bissau também tem alguns "senãos":

 (a) em 50 anos tem havdo bastante instabilidade política; (b) há também, sobretudo em Bissau, alguma pequena criiminalidade; (c)  limitação dos serviços de emergência; (d)  oferta de cuidados médicos e hospitalares muita limitada no interior do país; (e) rede de comunicações telefónicas ainda deficiente; (f) rede de transportantes públicos muito deficiente também; (g) estradas, idem aspas...

 Nada como planeares a viagem com o Hotel Coimbra ou outro operador turístico de confiança.

E, por fim, não é por  demais lembrar que em África deves preocupar-.te com a sua segurança pessoal (e dos teus acompanhantes). Não esquecer: 

  • tratar do passaporte válido;   
  • registar-se  no serviço consular / embaixada de Portugal em Bissu;
  • fazer um seguro de viagem (com evacução médica);
  • evitar ostentar objetos de valor durante as deslocações;
  • vestir-se de maneira apropriada para um país tropical; 
  • beber muita água (engarrafada);  
  • andar com cópias dos documentos (incluindo passaporte, apólice do seguro, contactos); 
  • não andar com o  dinheiro todo no bolso (mas ter em conta as limitações do uso de cartões); 
  • levar alguns medicamentos essenciais (antimalária, analgésicos, etc, conforme conselho do médico da medicina do viajante); 
  • levar um pequeno kit de primeiros socorros;
  • informar família/contatos dos itinerários diários, etc.


Entretanhto, aguardo que outros teus/nossos camaradas te façam chegar mais dicas. Por certo vais gostar de voltar à Guiné... E vai correr tudo bem, se começares já  a planear as coisas...E já agora não fiques limitado ao Gabu. Tens o sul, tens o norte, tens Bissaus, tens outars regiões (Quínara, Cacheu, Baftá, Tombali...), tens os Bijagós, tens belíssimos fabulosos parques nacionais , tens gente boa... Ah!, e póe em ordem o teu crioulo, lê o guia turístico cuja capa  acima reproduzimos... E lá fores, "bravo até ao fim", conta-nos depois como foi...

Mantenhas. Um alfabravo. Luís.

PS - Cândido, diz-me se vives em Bragança. E se é a tua página do Facebook. De qualquer modo, ficas desde já convidado para ingressares na Tabanca Grande, a tertúlia e blogue dos amigos e camaradas da Guiné. Já somos 907 (entre vivos e mortos). O último a entrar foi o Júlio Vieira Marques, da CCAÇ 1418, do teu batalhão.  Só preciso de 2 fotos tuas, e a uma curta apresentação em três linhas. Serás bem vindo.

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Nota do editor LG:


(*) Vd. postes anteriores da série >

28 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26085: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (5): Lamine Bah escreve-nos, em francês, a pedir referências sobre o nosso camarada, o maj pilav António Lobato, recentemente falecido

3 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23945: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (4): Mensagens recebidas nos últimos dois meses de 2022

14 de dezenbro de 2022 > Guiné 61/74 - P23881: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (3): Mensagens recebidas entre janeiro e outubro de 2022, através do Formulário de Contactos do Blogger

5 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23763: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (2): amostra de mensagens recebidas entre setembro e dezembro de 2021

7 de agosto 2021 > Guiné 61/74 - P22439: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (1): Mensagens recebidas entre 12 de julho e 6 de agosto de 2021