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Fotos (e legenda) : © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
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1. Segunda (e última) parte do texto sobre as vindimas, originalmente publicado no blogue A Nossa Quinta de Candoz, em 30 de outubro de 2005. (*)
por Augusto Pinto Soares (Gusto)
(Continuação)
II. A vindima é agora, nos tempos que correm, um ritual mais técnico, sem o sabor bucólico e festivo doutros tempos, sem o mesmo esforço, a mesma "freima". (*)
A marcação da vindima é já feita em função do grau de maturação das uvas, da disponibilidade do pessoal da casa (poucos chegam) aos fins-de-semana. Já não há festa – também já não há os convidados citadinos para assistir e tudo se processa de uma forma mais racional.
Porque as videiras estão armadas em bardos baixos – portanto mais expostas ao sol –, porque as operações da poda verde (espoldra ou desladroamento, desponta, desparra ou desfolha) permitem uma melhor exposição dos cachos de uvas, a colheita é mais fácil e célere. Rapidamente os cestos (agora de plástico) ficam cheios e o seu transporte para a adega é de imediato feito através do tractor.
Agora – os tempos são outros! – a plantação é de videiras de uvas brancas originando vinho branco de bica aberta. O verde tinto é mais complicado de trabalhar, mais complexo, mais demorado e com menos aceitação e saída, a não ser localmente.
Na adega as uvas são imediatamente esmagadas com a desengaçadora, jorrando o mosto assim obtido para uma dorna e de imediato para as cubas de aço, onde é feita a sulfitação apropriada, aí repousará até à sua defecação nas próximas 24 a 48 horas para depois iniciar a sua fermentação.
A prensagem, um pouco mais demorada, pois a prensa hidráulica – que até uma criança pode facilmente accionar – precisa de algum tempo para esmagar o mais possível o cangaço. Contudo ao fim de algumas horas – ao início da manhã seguinte – já estará pronta para ou levar mais uma carga ou ser limpa.
Os repastos (pequeno almoço, almoço, jantar e merendas) são mais triviais, mais avantajados. Já incluem sobremesa, café e digestivos.
O mosto já está nas cubas à espera de um novo ciclo – agora o ciclo do vinho – as alfaias estão limpas e arrumadas, os cestos já estão lavados.
Terminou a vindima! O ciclo da videira chegou ao seu fim.
A nossa vida já começa a contemplar muitos ciclos completos da videira.
Amanhã começará outro.
Texto: © Augusto Pinto Soares (2005)
[Revisão / fixação de texto para efeitos de edição neste blogue: LG]
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Nota do editor:
(*) Último poste da série > 24 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21388: Manuscrito(s) (Luís Graça) (191): Quinta de Candoz: vindimas, a tradição que já não é o que era... (Augusto Pinto Soares) - Parte I
4 comentários:
Quando a tradição era o que era, ou quando foi o que foi, consumir um jarrinho de verde tinto, 10 minutos após sair do barril de madeira, e a dez metros o máximo distante deste, ou seja dentro da própria adega, para não correr riscos de deterioração, esse vinho "comia-se" acompanhado ou com dois carapaus de escabeche, ou com um chicharro grelhado, ou apenas com 3 azeitonas e broa...e ficava-se com vontade de repetir, repetir...!
Qual Alvarinho ou qualquer rótulo de verde moderno, afamado!
Por isso agora há menos bêbados e menos tabernas? Ou porque não era exportável, era totalmente biológico, e tinhamos que sozinhos o consumir todo?
Era um esforço danado e eramos incentivados a "come-lo".
Ai verdinho meu verdinho!
Rosinha, adoro o verde tinto bebido em caneca de porcelana, acompanhanda as famosas "celolinhas do talho" (a celolinha do canteiro, que mondada), com azeite e presunto ou salpicão....
Os "brasileiros" de Minho e Douro Litoral levavam com eles o sabor e a cor inconfundíveis do "berdasco"... O meu sogro chegou, noa anos 60, a exportar vinho verde tinto em pipas para o Brasil... (O branco era só para a missa, para o abade e para os dias da festa...)
Mas dizia-se que o vinho verde tinto se estragava ao atravessar os trópicos... Infelizmente a Quinta de Candoz já não faz tinto... Mas é um vinho ótimo para acompanhar pratos como o arroz de anho assado no forno ou a lampreia... E para acompahar com queijos cabreiros... Adoro um bom vinho tinto verde, do Alto Minho...
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Ai! Verdinho, Meu Verdinho
Roberto Leal
Canções do Meu País
Ai! Verdinho, meu verdinho
Já saíste da videira (bis)
Escorrega devagarinho
Apaga-me esta fogueira (bis)
Que importa o verde ser verde
Se nos faz cantar na rua
Ai! Verdinho, meu verdinho
Não há cor igual à tua (bis)
Ai! Verdinho, meu verdinho
Ouve bem o que te digo (bis)
Não há pedras no caminho
Quando tu andas comigo
Que importa o verde ser verde
Se nos faz cantar na rua
Ai! Verdinho, meu verdinho
Não há cor igual à tua (bis)
Ai! Verdinho, meu verdinho
Só tu és o meu amor (bis)
Só o verde bem verdinho
Vai à mesa do senhor (bis)
Que importa o verde ser verde
Se nos faz cantar na…
Fonte: https://www.letras.com/roberto-leal/1845553/
Também sou fã do verde tinto, mas cada vez está mais complicado encontrar do bom, feito com várias castas nas devidas percentagens como antigamente.O tratamento deste vinho fica muito caro e cada vez há menos apreciadores a malta nova vai dando preferência a outras bebidas.
Quanto aos acompanhamentos todos esses de que falaram são bons e eu junto um naco de toucinho salgado ou até um simples caldo de nabos.
Um abraço
Manuel Carvalho
Luís
E então rabo de porco cozido, broa e azeitonas com berde tinto numa malguinha?
Ou mesmo só com sabola crua, corte em cruz e temperada com sal?
O berde tinto daba-se às crianças para não ficarem a augadas, coitadinhas.
O berde tinto ou branco não se daba muito com o ar do mar, só lá bem no interior, do branco até parece ser um achado de petróleo como foi o alvarinho arranjado prós lados de Melgaxo.
Boa vindima, nunca esquecendo que teria de haver alguém a filmar e tirar belas fotografias. Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz
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