"O coronel João Malaca foi um dos comandantes da guerrilha na zona de Morés e Bissorá [na região do Óio]. Foi ele quem comandou a célebre batalha de Morés na zona de Farim, em 21 de Dezembro de 1971, onde as tropas portuguesas deixaram no terreno 61 mortos confirmados pelo PAIGC.
Foto tirada do lado sul do rio Cacheu, pelo Humberto Reis, em 24 de Março de 1996 > "À espera da lancha para atravessar para Farim que se vê do lado de lá".
Foto: © Humberto Reis (2005).
Ia uma companhia de africanos à frente. Tínhamos um rádio para captar todas as informações. A operação chamava-se Estrela Solitária. Quando os apanhamos na zona para onde os canhões e morteiros estavam apontados, começámos a descarregar a artilharia e fechámos-lhes a saída. Morreu muita gente. Era a guerra, ninguém ficou contente com isso".
A tentativa da tomada [da base do PAIGC] de Farim demorou mais dias. Os guerrilheiros tinham informadores dentro do próprio exército português. O comandante Malaca confessou-me:
- Era gente que vivia dentro dos quartéis e convivia diariamente com os militares. Vieram os Comandos e fomos avisados de que Marcelino da Mata tinha garantido que, com as tropas dele, nos conquistava o terreno. Armámos-lhe uma cilada da qual não poderia fugir. Mas ele parece ter adivinhado a situação e mandou o seu adjunto comandar a operação. Acabou por morrer. Mas nós queríamos era o Marcelino da Mata.
João Malaca disse-nos que Marcelino da Mata “era um soldado sanguinário. Ele não era um verdadeiro guerreiro. Só surgia no alvo quando tudo estava praticamente conquistado. A sua fama veio, apenas, das barbaridades que cometeu”.
Foram contados 61 mortos que as tropas portuguesas abandonaram no terreno. O coronel Malaca garantiu-nos que os próprios guerrilheiros do PAIGC abriram valas para os enterrar depois de os identificarem:
- Revistámos todos os corpos e recolhemos os documentos possíveis, para além de lhes tirarmos a chapa de identificação. Elaborámos um arquivo que ainda está na posse do PAIGC. Mas havia dificuldades porque a maior parte dos nossos guerrilheiros eram analfabetos. Posso é garantir que todos os soldados mortos nesses combates foram enterrados com respeito.
"O PAIGC tinha a certeza de que a guerra estava ganha:
- O 25 de Abril só veio abreviar a situação. O nosso problema estava na aviação, mas na altura da independência já estávamos a receber os mísseis Estrela-2 e isso seria fatal para a aviação portuguesa”.
2. O Vitor Junqueiro, que era na altura alferes miliciano da CCAÇ 2743 (Mansambá, 1970/72), veio de imediato protestar:
Amigo Sousa de Castro: Esta história do Sr. João Malaca é completamente falsa. Direi mesmo absurda. Eu estive lá nessa época ... Um abraço do Junqueira.
3. O Sousa de Castro justificou-se:
É uma história publicada no Notícias Magazine em 24 de Abril 1974 e assinada pelo jornalista Marinho Neves. Ele mesmo finaliza a entrevista dizendo isto: "Após quase uma hora de conversa, jornalista e guerrilheiro acabaram por chegar á conclusão que estiveram frente a frente em vários combates. Recordaram-se situações nada agradáveis, mas sem ressentimentos. A guerra tinha acabado".
A minha opinião é de que terá sido possível ter acontecido o que o Comandante Malaca contou, até prova em contrário. Ainda não li nada, desmentindo esta notícia. Esta revista sai semanalmente com o Jornal de Notícias e Diário de Notícias . É seguramente das mais lidas do País. Mas, apareça alguém da tertúlia que possa rebater este ponto de vista.
4. Eu, Luís Graça, sugeri ao Castro e ao Vitor o seguinte:
Amigos: Seria bom apurar a verdade…O Vitor estava lá nessa altura e diz que é tudo mentira… Seria bom ouvir o depoimento dele, com mais detalhes, mais factos… Eu já não estava na Guiné em 21 de Dezembro de 1971 nem nunca fui à Região do Cacheu nem do Óio. O máximo que estive foi a sul do mítico Morés…
Que operação foi essa, a Estrela Solitária ? Envolveu os comandos africanos: só ou também com outras unidades ? Para conquistar Farim ? Mas Farim nunca caiu, que eu saiba, até ao 25 de Abril de 1974, contrariamente a Madina do Boé ou outros aquartelamentos abandonados pela NT... [Confusão minha: o comandante João Malaca deveria querer referir-se à base de Farim, do PAIGC, no Morès. Será isso ? ].
Outra questão: os alegados 61 mortos em combate foram reconhecidos pelas NT ? Não se tratará de fantasia ou delírio do comandante João Malaca ? 61 mortos é um massacre! Ora isso nem no sul aconteceu. Nem mesmo no Como, em 1964, segundo creio saber…
Não tenho ideia de ter havido uma batalha na Guiné, com tantos mortos, só da nossa parte… É claro que nós também fantasiávamos quando se tratava de fazer as contas às baixas do IN em combate...
Um jornalista não pode ouvir só uma das partes. Nesta peça não há nenhuma referência às fontes portuguesas. A avaliar por esta amostra do artigo ou reportagem, não dou crédito nenhum ao autor do texto, o Marinho Neves, que ainda por cima diz que foi combatente na Guiné, na mesma altura (1971)…
Em suma, temos de averiguar melhor esta estória, que me parece estar mal contada… É certo que não temos a peça completa, mas apenas um extracto…
O melhor é ouvir a opinião do A. Marques Lopes, cuja experiência e conhecimento do terreno têm sido preciosos, para todos nós, ajudando-nos a reconstituir o puzzle da guerra da Guiné. A verdade da guerra era como a nota de 100 pesos: também ela tinha um verso e um reverso...
5. O Afonso Sousa (furriel miliciano de transmissões,que conheceu bem a região do Cacheu, entre 1968 e 1970), veio trazer-nos o ponto de vista das NT.
"Notícias captadas da radiodifusão pelas transmissões da Presse Lusitânia > Dia 29 de Dezembro de 1971.
"Do País > Bissau - Comunicado especial do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné:
"Numa das mais importantes operações militares realizadas no Teatro de Operações da Guiné, as forças guerrilheiras acabam de sofrer um expressivo revés. Desde Outubro, final da época da chuvas que o Comando, através dos seus orgãos de pesquisa vinha acompanhando os movimentos de infiltração do inimigo nas florestas da área do Morés, situada no norte da Província, tendo lançado algumas operações de diversão com vista a criar no inimigo uma falsa sensação de segurança que o levasse a continuar a concentrar meios na referida área o que efectivanente se verificou.
"A crescente adesão das populações à causa nacional permitiu que através de informações seguras e detalhadas, colhidas no seio do próprio dispositivo inimigo, se localizassem exactamente as posições inimigas e se completasse o conhecimento do esquema da sua denominada Ofensiva do Natal e definida nos seguintes termos constantes em documentos apreendidos: Oposição a todo o custo ao asfaltamento das estradas Mansoa - Bissorã e Bula- Bissorã - Olossato; desencadeamento dum conjunto de acções ofensivas na quadra do Fim de Ano sobre as povoações mais importantes da área, nomeadamente Bissorã, Mansoa, Olossato, Mansabá e sobre todos os novos aldeamentos.
"De posse de todos os elementos foi planeado, no maior sigilo, uma grande operação visando envolver, cercar e aniquilar as forças de guerrilha concentradas na referida área fulcral do Morés. Montada a operação, denominada Safira Solitária, foi esta levada a efeito por unidades da força africana e teve início ao alvorecer do dia 20 prolongando-se até à tarde do dia 26 tendo as nossas forças sido guiadas na floresta por elementos das populações da área pertencentes à nossa rede de informações que conhecia a localização precisa das posições inimigas.
"Apesar de colhido de surpresa, o inimigo estimado em 6 bigrupos, 2 grupos armados de armas pesadas instalados em posições fortificadas e cerca de 333 elementos armados da milícia popular, opôs durante os três primeiros dias tenaz resistência acabando todavia por ser desarticulado e aniquilado, tendo sofrido 215 mortos confirmados, entre os quais três cubanos, e alguns mercenários estrangeiros africanos, 28 capturados, além de apreciável número de feridos.
"Segundo declarações dos capturados, encontravam-se na área pelo menos mais 4 elementos cubanos. Verificou-se que o inimigo estava implantando no Morés um sistema de fortificação de campanha do qual se destacavam espaldões para armas pesadas e abrigos subterrâneos para pessoal. Os grupos de guerrilha, pela resistência que ofereceram revelaram uma sensível melhoria de enquadramento e uma técnica mais avançada de guerra de posição.
"No decurso da operação foi capturado o seguinte material: 1 canhão sem recúo B-10, 2 morteiros de 82 mm, 2 morteiros de 60mm, 3 metralhadoras pesadas Goryonov, 7 lança-granadas RPG-7, 14 espingardas automáticas Kalashnikov, 38 espingardas semi-automáticas Simonov, 8 espingardas Mosin Nagant, 14 pistolas metralhadoras PPSH, além de avultado número de armas de repetição, de cunhetes de munições, fitas e carregadores, destruídos no local por desnecessários. As nossas forças sofreram 8 mortos, 12 feridos graves e 41 feridos ligeiros".
6. O A. Marques Lopes, o nosso coronel, protesta, mas por outras razões:
Não me chegou esse artigo. Peço ao Sousa de Castro que mo envie. De qualquer modo, nunca ouvi falar nessa operação nem que alguma vez tivesse havido tamanha mortandade por parte do PAIGC. Se houve, acho estranho que, como noutras situações, nenhum dos intervenientes da nossa parte tivesse ainda contado sobre ela. E é claro que Farim nunca foi abandonada [pelas NT] ou tomada pelo PAIGC. E do Marinho Neves, jornalista, só ouvi falar daquele que escreveu Golpe de Estádio [um livro de ficção sobre a corrupção no futebol, edição da Terramar, 1996]...
E numa outra mensagem a seguir, acrescenta:
Quanto á Estrela Solitária do coronel João Malaca, não terá sido, então, a operação Safira Solitária ? Se calhar há confusão do coronel João Malaca. De qualquer modo, os relatos não conferem um com o outro, o que acho natural, se foram da mesma operação, pois sabemos como é que era essa coisa de fazer relatos de operações: cada um procurava fazer chegar a brasa à sua sardinha... tanto mais nos relatos de um inimigo e os do outro inimigo. De qualquer modo, continuo a pensar que é um exagero os 61 mortos da nossa parte - os relatores das nossas operações também davam números de mortos que não correspondiam à realidade (ver Op Jigajoga, por exemplo).
7. O Sousa de Castro mandou-nos, ainda a propósito desta estória que promete fazer correr muita tinta (ou melhor: muitos KB), a seguinte mensagem:
Encontrei num livro que disponho (A guerra Colonial: Angola - Guiné - Moçambique) editado pelo Diário de Notícias e de que são autores Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, a seguinte referência, na parte da cronologia:
"1971.12.20 - Início de uma operação na zona de Morés, no Norte da Guiné, para reocupar posições pelas tropas portuguesas".
Vou fotocopiar as páginas da revista Notícias Magazine e enviás-las pelo correio para o Luís Graça. Convém desmistificar a notícia afim de repôr a verdade. Pode de facto ser uma fanfarronice do CMDT João Malaca. Convinha também descobrir o autor do texto, esse tal Marinho Neves.
A tentativa da tomada [da base do PAIGC] de Farim demorou mais dias. Os guerrilheiros tinham informadores dentro do próprio exército português. O comandante Malaca confessou-me:
- Era gente que vivia dentro dos quartéis e convivia diariamente com os militares. Vieram os Comandos e fomos avisados de que Marcelino da Mata tinha garantido que, com as tropas dele, nos conquistava o terreno. Armámos-lhe uma cilada da qual não poderia fugir. Mas ele parece ter adivinhado a situação e mandou o seu adjunto comandar a operação. Acabou por morrer. Mas nós queríamos era o Marcelino da Mata.
João Malaca disse-nos que Marcelino da Mata “era um soldado sanguinário. Ele não era um verdadeiro guerreiro. Só surgia no alvo quando tudo estava praticamente conquistado. A sua fama veio, apenas, das barbaridades que cometeu”.
Foram contados 61 mortos que as tropas portuguesas abandonaram no terreno. O coronel Malaca garantiu-nos que os próprios guerrilheiros do PAIGC abriram valas para os enterrar depois de os identificarem:
- Revistámos todos os corpos e recolhemos os documentos possíveis, para além de lhes tirarmos a chapa de identificação. Elaborámos um arquivo que ainda está na posse do PAIGC. Mas havia dificuldades porque a maior parte dos nossos guerrilheiros eram analfabetos. Posso é garantir que todos os soldados mortos nesses combates foram enterrados com respeito.
"O PAIGC tinha a certeza de que a guerra estava ganha:
- O 25 de Abril só veio abreviar a situação. O nosso problema estava na aviação, mas na altura da independência já estávamos a receber os mísseis Estrela-2 e isso seria fatal para a aviação portuguesa”.
2. O Vitor Junqueiro, que era na altura alferes miliciano da CCAÇ 2743 (Mansambá, 1970/72), veio de imediato protestar:
Amigo Sousa de Castro: Esta história do Sr. João Malaca é completamente falsa. Direi mesmo absurda. Eu estive lá nessa época ... Um abraço do Junqueira.
3. O Sousa de Castro justificou-se:
É uma história publicada no Notícias Magazine em 24 de Abril 1974 e assinada pelo jornalista Marinho Neves. Ele mesmo finaliza a entrevista dizendo isto: "Após quase uma hora de conversa, jornalista e guerrilheiro acabaram por chegar á conclusão que estiveram frente a frente em vários combates. Recordaram-se situações nada agradáveis, mas sem ressentimentos. A guerra tinha acabado".
A minha opinião é de que terá sido possível ter acontecido o que o Comandante Malaca contou, até prova em contrário. Ainda não li nada, desmentindo esta notícia. Esta revista sai semanalmente com o Jornal de Notícias e Diário de Notícias . É seguramente das mais lidas do País. Mas, apareça alguém da tertúlia que possa rebater este ponto de vista.
4. Eu, Luís Graça, sugeri ao Castro e ao Vitor o seguinte:
Amigos: Seria bom apurar a verdade…O Vitor estava lá nessa altura e diz que é tudo mentira… Seria bom ouvir o depoimento dele, com mais detalhes, mais factos… Eu já não estava na Guiné em 21 de Dezembro de 1971 nem nunca fui à Região do Cacheu nem do Óio. O máximo que estive foi a sul do mítico Morés…
Que operação foi essa, a Estrela Solitária ? Envolveu os comandos africanos: só ou também com outras unidades ? Para conquistar Farim ? Mas Farim nunca caiu, que eu saiba, até ao 25 de Abril de 1974, contrariamente a Madina do Boé ou outros aquartelamentos abandonados pela NT... [Confusão minha: o comandante João Malaca deveria querer referir-se à base de Farim, do PAIGC, no Morès. Será isso ? ].
Outra questão: os alegados 61 mortos em combate foram reconhecidos pelas NT ? Não se tratará de fantasia ou delírio do comandante João Malaca ? 61 mortos é um massacre! Ora isso nem no sul aconteceu. Nem mesmo no Como, em 1964, segundo creio saber…
Não tenho ideia de ter havido uma batalha na Guiné, com tantos mortos, só da nossa parte… É claro que nós também fantasiávamos quando se tratava de fazer as contas às baixas do IN em combate...
Um jornalista não pode ouvir só uma das partes. Nesta peça não há nenhuma referência às fontes portuguesas. A avaliar por esta amostra do artigo ou reportagem, não dou crédito nenhum ao autor do texto, o Marinho Neves, que ainda por cima diz que foi combatente na Guiné, na mesma altura (1971)…
Em suma, temos de averiguar melhor esta estória, que me parece estar mal contada… É certo que não temos a peça completa, mas apenas um extracto…
O melhor é ouvir a opinião do A. Marques Lopes, cuja experiência e conhecimento do terreno têm sido preciosos, para todos nós, ajudando-nos a reconstituir o puzzle da guerra da Guiné. A verdade da guerra era como a nota de 100 pesos: também ela tinha um verso e um reverso...
5. O Afonso Sousa (furriel miliciano de transmissões,que conheceu bem a região do Cacheu, entre 1968 e 1970), veio trazer-nos o ponto de vista das NT.
"Notícias captadas da radiodifusão pelas transmissões da Presse Lusitânia > Dia 29 de Dezembro de 1971.
"Do País > Bissau - Comunicado especial do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné:
"Numa das mais importantes operações militares realizadas no Teatro de Operações da Guiné, as forças guerrilheiras acabam de sofrer um expressivo revés. Desde Outubro, final da época da chuvas que o Comando, através dos seus orgãos de pesquisa vinha acompanhando os movimentos de infiltração do inimigo nas florestas da área do Morés, situada no norte da Província, tendo lançado algumas operações de diversão com vista a criar no inimigo uma falsa sensação de segurança que o levasse a continuar a concentrar meios na referida área o que efectivanente se verificou.
"A crescente adesão das populações à causa nacional permitiu que através de informações seguras e detalhadas, colhidas no seio do próprio dispositivo inimigo, se localizassem exactamente as posições inimigas e se completasse o conhecimento do esquema da sua denominada Ofensiva do Natal e definida nos seguintes termos constantes em documentos apreendidos: Oposição a todo o custo ao asfaltamento das estradas Mansoa - Bissorã e Bula- Bissorã - Olossato; desencadeamento dum conjunto de acções ofensivas na quadra do Fim de Ano sobre as povoações mais importantes da área, nomeadamente Bissorã, Mansoa, Olossato, Mansabá e sobre todos os novos aldeamentos.
"De posse de todos os elementos foi planeado, no maior sigilo, uma grande operação visando envolver, cercar e aniquilar as forças de guerrilha concentradas na referida área fulcral do Morés. Montada a operação, denominada Safira Solitária, foi esta levada a efeito por unidades da força africana e teve início ao alvorecer do dia 20 prolongando-se até à tarde do dia 26 tendo as nossas forças sido guiadas na floresta por elementos das populações da área pertencentes à nossa rede de informações que conhecia a localização precisa das posições inimigas.
"Apesar de colhido de surpresa, o inimigo estimado em 6 bigrupos, 2 grupos armados de armas pesadas instalados em posições fortificadas e cerca de 333 elementos armados da milícia popular, opôs durante os três primeiros dias tenaz resistência acabando todavia por ser desarticulado e aniquilado, tendo sofrido 215 mortos confirmados, entre os quais três cubanos, e alguns mercenários estrangeiros africanos, 28 capturados, além de apreciável número de feridos.
"Segundo declarações dos capturados, encontravam-se na área pelo menos mais 4 elementos cubanos. Verificou-se que o inimigo estava implantando no Morés um sistema de fortificação de campanha do qual se destacavam espaldões para armas pesadas e abrigos subterrâneos para pessoal. Os grupos de guerrilha, pela resistência que ofereceram revelaram uma sensível melhoria de enquadramento e uma técnica mais avançada de guerra de posição.
"No decurso da operação foi capturado o seguinte material: 1 canhão sem recúo B-10, 2 morteiros de 82 mm, 2 morteiros de 60mm, 3 metralhadoras pesadas Goryonov, 7 lança-granadas RPG-7, 14 espingardas automáticas Kalashnikov, 38 espingardas semi-automáticas Simonov, 8 espingardas Mosin Nagant, 14 pistolas metralhadoras PPSH, além de avultado número de armas de repetição, de cunhetes de munições, fitas e carregadores, destruídos no local por desnecessários. As nossas forças sofreram 8 mortos, 12 feridos graves e 41 feridos ligeiros".
6. O A. Marques Lopes, o nosso coronel, protesta, mas por outras razões:
Não me chegou esse artigo. Peço ao Sousa de Castro que mo envie. De qualquer modo, nunca ouvi falar nessa operação nem que alguma vez tivesse havido tamanha mortandade por parte do PAIGC. Se houve, acho estranho que, como noutras situações, nenhum dos intervenientes da nossa parte tivesse ainda contado sobre ela. E é claro que Farim nunca foi abandonada [pelas NT] ou tomada pelo PAIGC. E do Marinho Neves, jornalista, só ouvi falar daquele que escreveu Golpe de Estádio [um livro de ficção sobre a corrupção no futebol, edição da Terramar, 1996]...
E numa outra mensagem a seguir, acrescenta:
Quanto á Estrela Solitária do coronel João Malaca, não terá sido, então, a operação Safira Solitária ? Se calhar há confusão do coronel João Malaca. De qualquer modo, os relatos não conferem um com o outro, o que acho natural, se foram da mesma operação, pois sabemos como é que era essa coisa de fazer relatos de operações: cada um procurava fazer chegar a brasa à sua sardinha... tanto mais nos relatos de um inimigo e os do outro inimigo. De qualquer modo, continuo a pensar que é um exagero os 61 mortos da nossa parte - os relatores das nossas operações também davam números de mortos que não correspondiam à realidade (ver Op Jigajoga, por exemplo).
7. O Sousa de Castro mandou-nos, ainda a propósito desta estória que promete fazer correr muita tinta (ou melhor: muitos KB), a seguinte mensagem:
Encontrei num livro que disponho (A guerra Colonial: Angola - Guiné - Moçambique) editado pelo Diário de Notícias e de que são autores Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, a seguinte referência, na parte da cronologia:
"1971.12.20 - Início de uma operação na zona de Morés, no Norte da Guiné, para reocupar posições pelas tropas portuguesas".
Vou fotocopiar as páginas da revista Notícias Magazine e enviás-las pelo correio para o Luís Graça. Convém desmistificar a notícia afim de repôr a verdade. Pode de facto ser uma fanfarronice do CMDT João Malaca. Convinha também descobrir o autor do texto, esse tal Marinho Neves.
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