Foto: © Paulo Salgado (2007). Direitos reservados.
Mensagem do António Rosinha, enviada há mais de um mês (António, desculpa o mau jeito, mas o teu pensamento não perde, infelizmente, actualidade).
Quem chegou foi o Beja Santos - Comentário ao Post P1479 (2)
Quem chegou foi o Beja Santos... - Foi assim que ouvi falar pela primeira vez em Beja Santos, em Bissau, a colegas meus portuguese que, pelos vistos, todos sabiam quem era, menos eu, pois havia mais de 30 anos que eu não vivia em Portugal.
Trabalhava eu num projecto do Banco Mundial, nas Obras Públicas, integrado numa equipa luso-francesa (reabilitação de infraestruturas), entre 1990 e 1993.
Esta mensagem não passa de um feed back ao P1479 de 31 de Janeiro - O que podemos (ou não) fazer pelo povo guineense (1). Até porque Beja Santos menciona que contactou a Chefia do projecto onde eu me integrava: E, digo eu, que teria contactado ou um brasileiro, João Pessoa, ou Vítor da Fonseca, sendo Ministro na altura Tino Lima Gomes.
Depois de praticamente ter lido tudo o que ele tem produzido para este blogue, em que destaco, no meu ponto de vista, a força com que ele dá relevo à principal arma dos portugueses naquela guerra, guerra que não durava nem um ano, sem essa arma - O relacionamento humano -, verifico que é com o mesmo sentimento, e talvez com semelhante incerteza daqueles tempos, que ele pensa na hipótese de outra guerra: Ajudar o povo da Guiné.
Mas, Beja Santos, neste momento a guerra da Guiné, bem como de certos países de África, é bem mais difícil do que aquela que nós travámos. Enquanto tu pensas no povo africano, os inimigos [de África] pensam na África apenas como território. Até que apareceu uma nova infecção na saúde da Guiné: Petrolite...
Todos os problemas que tu apontaste, de uma maneira muito amena, e de que de vez em quando fazes os teus lamentos, nos teus escritos, fazem-te prever coisas más: talvez velas acesas como foi para Timor? Penso, como tu, que tem que se fazer tudo para ajudar, mas é tão difícil conseguir entrar em certos países africanos, devido à quantidade de dadores, doadores, observadores, missionários de várias religiões, financiadores, estudiosos de etnografia, conselheiros dos países mais variados, que só à cotovelada é que se entra lá. Tantas ajudas, muitas nem tanto, foram cair mais foi nas ex-colónias portuguesas e belgas. Daí o estado desses países.
Mas penso que mais colaboração portuguesa, em certos domínios, ajuda mais que qualquer outra. Mas para ter efeito tem que ser com participaçaão e opinião de guineenses, e não como essas tribos que eu mencionei, que passam por lá como em viagem de safari africano.
Beja Santos , espero que mantenhas o mesmo entusiasmo que tens tido, e da maneira como o blogue está a crescer, conseguirás algo que tenhas em mente. Luís, se achares que é de publicar (3) ... Um abraço para os dois.
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Notas de L.G.
(1) Vd. post de 20 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1538: Bissau: O melhor Carnaval do Mundo (Paulo e São Salgado)
(2) Vd. post de 31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1479: Questões politicamente (in)correctas (23): O que podemos (ou não) fazer pelo povo guineense (Beja Santos)
(.-..) "Ao nível da nossa modesta intervenção e pensando em tertulianos como o Paulo Salgado, devíamos reflectir para onde deve ir a cooperação portuguesa para além da língua e da formação universitária: a criar verdadeiros empresários e industriais, quadros públicos, pessoal de saúde, agricultores e pescadores. E enquanto blogue podíamos dar o exemplo: criando uma bolsa de estudo para alguém que possa contribuir para trazer mais paz à Guiné" (...).
(3) Vd. último post desta série > 3 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1560: Questões politicamente (in)correctas (25): O ex-fuzileiro naval António Pinto, meu camarada desertor (João Tunes)
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