1. Mensagem do Pedro Mesquita, com data de 9 de Janeiro de 2008
Permitam-me que me apresente, sou um jovem de 29 anos, chamo-me Pedro e sou um frequentador assíduo do vosso blog.
Como é óbvio não vivi de perto o conflito do Ultramar, pois nessa altura ainda não era nascido, o meu pai, esse, sim, tal como vocês, foi militar português, mas na ex-província portuguesa de Moçambique.
Segundo posso constatar pelas vossas histórias, acabou por ter mais sorte, uma vez que era Primeiro Cabo Escriturário e nunca passou do Quartel General das Forças Armadas na cidade de Nampula, onde cumpriu a sua comissão.
Eu sou um interessado por esta parte da nossa história, também fui militar português já lá vão 10 anos, cumpri o meu serviço militar obrigatório, primeiro na Escola de Fuzileiros em Vale Zebro, onde fiz a recruta/especialidade (Curso Formação Básica Praças) e depois passei uns meses na Base Naval do Alfeite.
Nunca vivi obviamente o que vocês viveram, mas em alguns aspectos compartilhei dos mesmos sentimentos que vos uniam, como a camaradagem, as grandes amizades que fiz, o espírito de grupo e ainda hoje guardo enormes saudades desses tempos.
Como já disse anteriormente, sou um interessado por esta parte da nossa história, que tanto marcou as gerações passadas e que na minha opinião nunca deverá cair no esquecimento das gerações vindouras, uma vez que faz parte da nossa história nacional.
Bom... mas esta conversa toda, só para vos dar os parabéns pelo excelente blogue que organizaram, por tornarem possível a quem não viveu de perto o conflito, ter uma noção do que passaram, do que sentiram e do que viveram naqueles tempos difícies.
Com os melhores cumprimentos
PEDRO
2. Comentário do co-editor CV:
É com algum orgulho que sabemos que somos lidos por alguém da sua geração.
O nosso orgulho não está naquilo que fizemos e descrevemos, porque, vivendo em ditadura, não tínhamos alternativa, mas sim, por conseguirmos fazer chegar aos mais novos o eco do esforço de uma geração que ao longo de 13 anos participou numa guerra que, como todas, nunca deveria ter começado.
A alternativa que nos restava era deixar tudo (estudos, emprego e família) e fugir.
Saberá como militar que foi, que a guerra é o último recurso, quando se esgotam as possibilidades de negociação ou diálogo. No caso português, praticamente nem diálogo houve.
Para si será incompreensível, como o regime de então, não se tinha apercebido de que a solução para o fim da guerra seria a descolonização. Inevitável, quanto mais não fosse, por analogia ao acontecido com outros países europeus em relação às suas ex-Colónias de África.
Quando finalmente se fez o 25 de Abril, as gerações seguintes livraram-se deste pesadelo.
Caro Pedro, muito obrigado pelo seu contacto, que muito nos honrou.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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