1. Mensagem, com data de 1 do corrente, do Joaquim Mexia Alves , ex-Alf Mil da CART 3492 (Xitole / Ponte dos Fulas), Pel Caç Nat 52 (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa),:
Caros camarigos editores
Não pretendo de forma nenhuma levantar uma polémica! Tenho mais que fazer! Abro na Segunda feira as Termas, finalmente depois das obras e por isso estou muito ocupado.
Deixo-vos no entanto um texto de 'resposta' ao comentário do meu amigo Eduardo Magalhães Ribeiro (*) que, na vossa douta opinião, publicarão ou não conforme entenderem.
Sou um homem de paz de de conciliação e pretendo na minha vida nunca fazer julgamentos de ninguém, embora por vezes falhe nesse meu desejo.
Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves
Meu caro camarigo Eduardo Magalhães Ribeiro (*)
Li o teu comentário, percebo-o e concordo com ele em parte. Tirando algumas palavras mais duras, julgo que os comentários indignados ao texto em causa, não têm a ver com reacções a quente, mas antes pelo contrário com reacções pensadas.
Pelo menos falo por mim.
Ao ler a primeira vez o texto a minha reacção foi de tentar nem sequer me incomodar com ele! Não me interessava, não queria saber, incomodava-me demais e eu não estava para isso!
Mas à medida que o ia lendo e relendo vinham-me à memória os tempos passados na Guiné, a camaradagem entre todos, esquerda e direita, centro, alto e baixo, defendendo as suas vidas e defendendo as vidas dos que estavam ao seu lado e imaginei o que seria, eu ou outro qualquer, depois de uma emboscada com mortos e feridos, saber que havia um de nós que andava a dar gasóleo ao inimigo para ele se deslocar para o serviço de nos atacar.
Já agora, para acabar com a guerra de vez, era dar ao PAIGC uns mísseis de cruzeiro e uma força aérea potente!
Meu caro camarigo é lógico, (pelo menos da minha parte), que ninguém quer crucificar ninguém, apenas queremos dar vazão à nossa indignação, mas mais do que isso tentar mostrar ao autor da acção que ele está redondamente enganado, e que não contribuiu coisíssima nenhuma para o fim da guerra, mas muito provavelmente para a deslocação de tropas do PAIGC para atacar quartéis e tropas portuguesas.
Como já disse num comentário, não está, digamos assim, tanto em causa a acção, (já passaram trinta e tal anos), mas o tom do relato da mesma.
Parece não haver a consciência de que o acto praticado teve com certeza consequências que, digo eu, felizmente agora não podem ser medidas e repito felizmente, porque se não o trauma seria bem maior.
Mas também entendi sempre que na leitura franca das opiniões dos outros, às vezes difíceis de aceitar, acontecia aquilo que todos ou pelo menos parte de nós desejávamos e que é entendermos melhor o que vivemos e o que fizemos, aceitando os nossos erros e partilhando os nossos êxitos, para assim podermos fazer a paz dentro de nós e a paz com os outros.
Não me admirava que a insistência do Amílcar Ventura em querer contar a sua história seja uma forma de fazer as pazes consigo mesmo e com os outros, (mesmo que no seu subconsciente), para, percebendo o que os outros pensam sobre o que fez, também ele finalmente perceber que afinal a sua acção, que ele pode ter pensado ser boa e meritória, não o foi, e antes pelo contrário foi um acto altamente condenável de consequências imprevisíveis para os seus camaradas de armas.
Resumindo, e sem me armar em melhor do que ninguém, seria importante que ele percebesse isso mesmo, e retratando-se fizesse finalmente as pazes consigo, com os seus camaradas de armas e com o passado que tantas vezes nos persegue.
Por mim, e perante essa assumpção do erro cometido, não tenho problema nenhum em lhe dar um abraço franco e compreensivo.
A ti, meu camarigo do coração e a todos os camarigos abraço com a emoção de sempre.
Joaquim Mexia Alves
2. Resposta (imediata, pessoal e bem-humorada...) do nosso Eduardo MR (que eu tomo a liberdade de publicar aqui, esperando que ele me perdoe o possível abuso, porque nem tudo o que circula pelas ruas e vielas da Tabanca Grande pode e deve aparecer na blogosfera):
Boa tarde Camarada, Amigo e RANGER J.M.A.,
És sempre o mesmo pá, mesmo doendo-te qualquer coisa, devido a ferimento grave estás sempre na linha da frente condescendente e fraterno. É de RANGER!
É claro que aquilo do A.V. foi ALTA traição. Eu só quis abrandar um pouco o fogachal sobre o desgraçado do A.V.
O meu velhote, sargento do exército (já falecido), mal soubesse, lá no mato, que o gajo tinha feito aquilo, primeiro dáva-lhe logo 2 ou 3 tiros e depois arranjava uma explicação.
Eu, na minha qualidade de entregar TUDO ao PAIGC - instalações, veículos, refeitórios, armas e munições excedentes, etc. - nem me sinto no direito de piar... muito menos fuzilar...
Agora se eu tivesse andado por lá aos tiros sujeito a ser abatido, ou a ver os meus camaradas a morrer ao meu lado...
Um abraço Amigo do teu Amigo MR
___________
Nota de L.G.:
(*) Vd. comentário do Eduardo MR, como anónimo, ao poste de 11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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6 comentários:
Caro camarada
Mexia Alves
Eu que comandei o pelotão de fuzilamento do AV, fez-me bem ler as tuas palavras de conciliação e em nome da paz do blog, retiro o pelotão de regresso ao aquartelamento.
Ao MR que me atura nos meus desalinhos repentinos um obrigada irmão.
Um abraço a todos
Mário Pinto
Bonito! Rapaziada!
É isto que torna esta Tabanca muito Grande!
Aos Camaradas Rangers um pedido.
Deixem-me assinar por baixo! Posso?
Ao meu homónimo Gualter, valente rapaz este teu comentário mostra que também tens o coração Grande.
Vida na Tabanca, toca a trabalhar, há muito para escrever.
Luís, Carlos, Briote, M. Ribeiro e Ciª.. Ausguenta minino irmon! É que isto já não é uma canoa nem tão pouco uma LDG Isto já é um Barco muito Grande, é uma "Vedeta".
Para todos do tamanho do rio que vem lá de cima de Cumbijã do Vasco da Gama, do José Brás e muitos mais, até cá muito por baixo de Cufar e do Cafal.
Mário Fitas
Amigo!
O que nos separa é na verdade infinitamente menor do que nos
uniu ontem e nos deve continuar
a unir hoje.
Grande Abraço.
Jorge Cabral
Caros Camaradas,
Leiam o texto do Mexia mais a resposta do Pira, juntem-lhe o que diz o Mário Pinto, absorvam os apartes sempre a propósito do nosso Mário Fitas acrescentem-lhe o Cabral,emocionem-se e digam :
VIVAM OS COMBATENTES DA GUINÉ!
Um abraço do Camarada e Amigo,
Vasco A.R.da Gama
VIVAM OS COMBATENTES DA GUINÉ.
VIVAM.
JERO
Ao imaginar o barril de 200 l a passar para as "boas mãos do PAIGC" vieram-me à memória os camaradas e os civis que vi morrer,sem lhes poder valer.Os feridos que enviei para o Hospital . . .
Felizmente estes acontecimentos foram antes . . .
Zé Teixeira
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