sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5491: O Nosso Livro de Visitas (76): Um blogue que é uma lição de vida (Pedro Castanheira, 39 anos, ex-pára-quedista, que serviu na antiga Jugoslávia)


1 Mensagem de  Pedro Castanheira

Assunto: Os páras, o BCP 12  e o blogue

Caro Sr. Luís Graça,

Venho por este meio exprimir a minha admiração e respeito, por este vosso blogue, sobre as vossas vivências na Guiné. Além de estar muito bem escrita e narradas [essas vivências], mostraram-me que a guerra não é só feita de combates e emboscadas, mas também de histórias humanas, de camaradagem e de respeito pelo próximo.

Passo desde já a apresentar-me: sou o Pedro Castanheira, sou um jovem de 39 anos, e servi durante 9 anos com muita honra e orgulho nas tropas pára-quedistas portuguesas e fiz uma comissão de serviço na ex-Jugoslávia, sou estudioso ou  um curioso da guerra colonial portuguesa, em especial do conflito da Guiné, talvez o mais difícil e complexo.

Não pensem com isto que sou um admirador da guerra, mas admiro, sim, os homens que foram obrigados a fazê-la e hoje ninguém os reconhece.

Sr. Luís Graça,  sou um seguidor do blogue, todos os dias o espreito, na ânsia de consumir histórias novas, mas os meus primeiros contactos com a guerra da Guiné foi pelo livro, que tenho do BCP 12 e por ter servido sob o comando de oficiais e sargentos, que fizeram a guerra da Guiné, o meu comandante,  Sr Cor Pára Terras Marques, Sr Cor Pára Saraiva,  meu comandante de batalhão na ex-Jugoslávia e que penso ter sido ferido em combate na Guiné, Sr.Cor Pára Bação Lemos, Sr Sarg Grilo Cardoso.

Mas também [conheci] na antiga base dos páras, em Monsanto, um jardineiro natural da Guiné , de seu nome Pedro Có, que já trabalhava para os páras na Guiné.

Sou um pára-quedista que dá muito valor à vida e que respeita muito o próximo, peço-lhe sr. Luís graça, que continue com este blogue, que é uma lição de vida.

Um Feliz Natal para todos, E QUE NUNCA POR VENCIDOS SE CONHEÇAM.

Pedro Castanheiro

2. Comentário de L.G.:

Os indivíduos, as famílias, as comunidades, as organizações, as empresas, as instituições, os povos e as sociedades (humanas...e não só) precisam de "memória"... Mal de nós se não a cultivarmos, preservarmos, exercitarmos, transmitirmos... A "amnésia", perda de memória e identidade,  leva-nos ao disfuncionamento, à desordem, à desorganização máxima, è entropia, e 'in limine' à morte...  Individual e colectiva...

Este blogue é, também, modestamente um exercício de memória(s) e, nessa medida, é (ou pretende ser) um "lição de vida", como tu próprio afirmas e acentuas... Lição de vida, mas também de liberdade, responsabilidade, verdade e tolerância...

Sem dúvida que o melhor que recebeste da tua formação como pára-quedista foram os valores,  que fazem com que unidades como o BCP 12, na Guiné, não fossem apenas uma simples "máquina de guerra"...

Obrigado pelas tuas referências elogiosas ao nosso blogue, e por seres nosso leitor diário. Ficas convidado a escrever e a publicar uma história que se tenha passado na ex-Jugoslávia, numa das tuas missões de paz.

Agradeço e retribuo os votos de Feliz Natal. Luís Graça

 _________
Nota de L.G.:




2 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia Pedro Castanheira
Subscrevo tudo o que diz o nosso Comandante Luís Graça.
Desculpa o "tu" mas se já descobriste o blogue sendo tão jovem és um sortudo.E o blogue precisa de gente jovem e especial...
E afinal foste de "tropas especias"!
Venham daí as tuas memórias. Conheço da tua "área" o Major Guerra da Silva, que mora perto de Alcobaça, que me contou algumas "estórias" da Bósnia bem complicadas que não passaram para a opinião pública.A partir daqui a "bola" está do teu lado. Portanto...até breve.
Um abraço.JERO
C.Caç. 675 (Guiné-1964-66)

Anónimo disse...

Este blog é enorme!

Surpreende qualquer um.

Pedro Castanheira reflete a grandeza deste blog.

O Luis Graça, bem luta para que não haja auto-excluidos.

Ao Pedro Castanheira, tenho a dizer que na Guiné, fui colega de vários Jugoslavos nas Obras Públicas (sérvios, montenegrinos e bósnios e croatas), e que me testemunhavam a incongruência de os tugas fazerem tão mal aos guineenses.

E, assisti com alguns jugoslavos e antigos estudantes guineenses da jugoslávia, ao rebentar daquela guerra no centro da europa.

Nem eu nem eles imaginavamos que ainda iamos ver tugas na jugoslávia.

O mundo dá voltas!!!

Antº Rosinha