quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6919: Memória dos lugares (95): Tavira, CISMI, 1968: Foto de família depois das salinas (Carlos Cordeiro)




Tavira > CISMI > 1968 > Foto do 6º Pelotão da 4ª Companhia  da recruta do 1º turno de 1968


1. Texto e foto de Carlos Cordeiro


 Caros Luís, Carlos e Eduardo:

Passados quase 42 anos da minha entrada no serviço militar, deu-me para ir ver o meu álbum de fotografias. Vi-o sem nostalgia, mas com curiosidade. Uma das fotos prendeu-me mais a atenção e que vos envio: a do 6.º pelotão da 4.ª Companhia da recruta do 1.º turno de 1968, no CISMI [ . Centro de Instrução de Sargentos Milicianos]. "Tantas Vidas" (V. Briote) ali estão. Que será feito daqueles camaradas? Por onde andarão? A vida tem-lhes sido risonha? Quase todos serão já avós e estarão a gozar a reforma.

Hoje, se os visse, tenho a infeliz certeza de que não os reconheceria, excepto o açoriano que está ao meu lado (sou o terceiro da 2.ª fila a contar da direita, com óculos). Não sendo desconhecidos para mim, o facto é que não me lembro dos seus nomes, mas só dos rostos daquela altura. Por incrível que pareça, nem do nome do cabo miliciano me lembro, quando era uma excelente pessoa. Do aspirante, lembro-me que era duro, sarcástico e que talvez se chamasse Sanches. Sem certezas, penso que o primeiro da fila de cima, a contar da esquerda, era da família Vassalo e Silva. Mas tudo está numa espécie de nebulosa.

Era um pelotão muito solidário, disso lembro-me bem. Havia sempre alguém para emprestar qualquer coisa que nos faltava à última da hora. Na pista de obstáculos (era assim que se designava?) os incentivos para os saltos do galho, da ponte interrompida ou da vala eram uma constante.

Como se pode notar pela foto, tínhamos regressado das "famosas" salinas. Ficámos com as calças da farda de trabalho e botas enlameadas e mandaram-nos vestir o blusão, camisa e gravata da n.º 2. Pensando agora bem, parece que chegámos tarde para a foto, pois o aspirante terá "exagerado a dose" nas salinas. Ficámos, assim, com uma foto esquisita para os padrões militares vigentes.

Ora, este "em busca de..." talvez traga algum destes camaradas a terreiro. Quem sabe se algum membro ou habitual "visitante" do blogue está nesta foto? Seria uma grande alegria poder enviar um abraço. Aguardemos, pois "o Mundo é pequeno e o nosso blogue é... grande". (*)

Um abraço amigo do

Carlos Cordeiro
__________________

Nota de L.G.:

(*) Último poste da série> 21 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6878: Memória dos lugares (86): No DFE 21, em Cacheu, nunca existiu num posto da PIDE nem nunca nenhum agente da PIDE lá pôs os pés, pelo menos no meu tempo (Zeca Macedo)

7 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro Carlos Cordeiro

Fizeste bem em ir buscar essa foto, até também pelo insólito do 'atavio'...
Essas tuas 'certezas' são também as minhas. Lembro-me de alguns nomes, de algumas faces da época, mas ligá-los agora.... tarefa impossível!
Ainda me vale o Luís Borrêga, que esteve comigo em Santarém e que às vezes 'gasta-se' a dar-me indicações a ver se esta 'cabeça dura' atina com algumas das suas memórias...
Sempre é uma ajuda!

Abraço
Hélder S.

manuelmaia disse...

CARO CARLOS CORDEIRO,

TRÊS ANOS DEPOIS CALHOU-NOS A DOSE "REFORÇADA" DE QUEDA NA SALINA...
cURIOSAMENTE O ALFERES DO MEU PELOTÃO,DIOGO,FOI MAIS TARDE MEU COLEGA DE TRABALHO(VENDEDOR NA MESMA FIRMA ONDE EXERCI ESSA ACTIVIDADE...)
pRÁTICAMENTE SÓ DE UM DOS QUE LÁ ESTIVERAM COMIGO,RECORDO O NOME:
MANUEL RITA FRANCISCO,QUE CREIO ERA DA LUZ DE TAVIRA,E DO JÁ CABO MIL EUSÉBIO.
ABRAÇO
MANUEL MAIA

manuelmaia disse...

CARO CARLOS CORDEIRO,

TRÊS ANOS DEPOIS CALHOU-NOS A DOSE "REFORÇADA" DE QUEDA NA SALINA...
cURIOSAMENTE O ALFERES DO MEU PELOTÃO,DIOGO,FOI MAIS TARDE MEU COLEGA DE TRABALHO(VENDEDOR NA MESMA FIRMA ONDE EXERCI ESSA ACTIVIDADE...)
pRÁTICAMENTE SÓ DE UM DOS QUE LÁ ESTIVERAM COMIGO,RECORDO O NOME:
MANUEL RITA FRANCISCO,QUE CREIO ERA DA LUZ DE TAVIRA,E DO JÁ CABO MIL EUSÉBIO.
ABRAÇO
MANUEL MAIA

Pereira da Costa disse...

Caro Carlos Cordeiro, também estive no 1.º turno de 1968 no CISMI mas a tirar a especialidade de Reconhecimento e Informação. Também andei nas salinas e só este ano quando fui ao Algarve tive coragem de ir ao CISMI, que está igual , mas agora com milatres femininas de sentinela e falando com elas, recordando que tinha lá estado há 42 anos, um sorriso de indiferença foi o que ganhei. São outros tempos, sem ver o Ten Robles a saltar do 1.º andar depois de gritarem : -. Robles vem atender o telefone.
Tenho uma fotografia com alguns camaradas fazeendo de Policia da Unidade.
Também me interrogo do que foi feito deles!?. Depois daqui fomos para Lamego para o CIOE e ainda encontrei um ou outro. Que lhes aconteceu. Estive na Guiné no Leste e não foi nada bom. Os amigos Helder e Luis Borrega foram-me render. Já nos juntamos e comemoramos. A vida é assim de surpresas. Um grande abraço de amizade e solidariedade. Pereira da Costa

Anónimo disse...

Antes da passagem do poste para a 2.ª página, um abraço aos amigos que fizeram o favor de comentar. Infelizmente, não apareceu ninguém daquele pelotão. Mas como o poste fica arquivado, pode ser que um dia... O Manuel Maia foi "visitante" como eu e muitos milhares de jovens das salinas, assim como o Pereira da Costa. Nunca mais voltei ao CISMI. Não por qualquer ressentimento, mas por não se ter proporcionado a ocasião. E tu, Manuel, voltaste lá?
Lembro-me bem do Robles (acho que o chamávamos de Tenente Trotil, não é verdade?)e depois, julgo que já na especialidade, do capitão Robles. Ambos fui depois encontrar no CIC.
O que era pior no CISMI era o rancho e os cheiros do refeitório, bem como a falta de água. E também o frio de manhã e à noite.
Na instrução nocturna de orientação, de tão solidários que éramos, todos a quererem ajudar... a minha secção regressou ao quartel já de madrugada, quando o aspirante (ou o oficial de dia, não me lembro) já estava à rasca sem saber o que tinha acontecido.
Lembro-me também de ter ido, com camaradas açorianos, aos bailes de Carnaval no Clube de Tavira, julgo que era assim que se designava. Até à meia-noite podia estar-se de máscara; a partir daí ou se tirava a máscara ou se saía. Perdi o meu par...
Bailes bem à moda tradicional, com as mães e avós sentadas (de vigia) à volta da sala e os pais, certamente, no bar.
Um abraço amigo,
Carlos Cordeiro

Silverio, trms disse...

Caro Carlos,
Sou mais um dos muitos que passaram pelo CISMI, Tavira e também pelas salinas, atravessar o canal de lama na zona da actual Pedras del Rei, etc.
Pertenci à mesma companhia, a 2ª, a das especialidades, do Pereira da Costa, mas na especialidade de transmissões. Lembro-me bem do tenenente Robles, creio que era da compª da especialidade dos atiradores. A mim coube-me o tenente Pessoa Nunes, grande maluco, mas boa pessoa. Claro, como quase 100% do pessoal que passou por ali, fui para o ultramar, Moçambique numa compª independente, a 2450/RI 15.
Voltei a Tavira bastantes anos mais tarde, depois do trauma. Desta vez gostei de Tavira.
Um abraço
Silvério

Unknown disse...

Caro Carlos Cordeiro

Revisitando a internet, resolvi pesquisar o google através da indicação CISMI 1968, depois de estar trocando alguma conversa com um outro companheiro aqui do Entroncamento, que esteve igualmente comigo em Tavira – ele doutra companhia – no período de janeiro a Março daquele ano.

De repente localizo uma foto onde me encontro – o quarto a contar da esquerda para a direita da primeira fila (de pé), a seguir ao meu amigo Caetano de Ferreira do Alentejo.

Naturalmente que me dou a conhecer, esperando ter mais novidades de todos os nossos camaradas de então.

Um abraço amigo

Vitor Manuel André Rodrigues Bertelo