O José Manuel Lopes e a Maria Luisa Valente, promovendo os seus vinhos na Porto & Douro Winhe Show 2010, que decorreu no Convento do Beato, em Lisboa, de 27 a 28 de Novembro de 2010.
No Wine Master Challenge 2009 / XI Word Wine Contest, que decorreu de 26 a 29 de Março de 2010, os seus dois grandes vinhos tintos, criação do enólogo Vasco Lopes, filho de ambos, o Penedo do Barco 2005 e o Pedro Mil Anos 2006 ganharam a medalha de prata e de bronze, respectivamente....Não é a primeira vez, nem será a última, que têm uma distinção que é motivo de orgulho para qualquer vitinicultor, e para mais pequeno, de 3 hectares... Eles (falamos de um equipa!), pelo seu trabalho, dedicação, competência, paixão e amor ao seu Douro, Património Mundial da Humanidade, bem merecem esta distinção (e esta humildade nota no nosso blogue, mesmo correndo o risco de o editor ser mal interpretado).
Parabéns, Zé Manel, Luísa, Vasco! A nossa Tabanca Grande fica orgulhosa de vocês. O meu jantar de Natal, na Madalena, Vila Nova de Gaia (se a crise da ciática me deixar fazer a viagem de Lisboa até lá...) vai ser regada com os vossos néctares mas, para que ninguém pense que o editor do blogue anda a fazer publicidade descarada ou encapotada a um produto comercial camarigo, ele faz questão de aqui dizer, alto e bom som, que os vinhinhos da Quinta da Sra da Graça (*) foram, são e serão sempre pagos com o seu (dele) patacão !... (Além disso, não estão no mercado, só podendo ser adquiridos em venda directa, o que faz este poste com seja mais confortável, para mim, podendo fazer deles sem quebrar as nossas regras de ética!).
Porque o vinho é cultura (e dupla!!!), e já que estamos na quadra natalícia eu fui repescar ao poemário do nosso José Manuel, o nosso Josema, dois ou três poemas já publicados em tempos no blogue (lembram-se ? daqueles que foram salvos da fúria autodestruidora do poeta...) mas para se (re)ler agora, OBRIGATORIAMENTE, EM VOZ ALTA (!), nesta noite de consoada.... COM EMOÇÃO, COM ENTOAÇÃO, para os netos, os filhos, os amigos (**):
(i) Enviado em 8 de Março de 2008:
O calor húmido nos envolve,
abraça-nos a escuridão
e a noite se faz dia,
c'o ribombar do trovão
cai a água em catadupa,
numa suave carícia
fecho os olhos,
que delícia,
até sinto um arrepio,
sinto-me bem afinal,
até chego a sentir frio
e penso que é Natal...
Guiné 1972
josema
josema
(ii) Enviado em 8 de Abril de 2008
Até ao nosso regresso...
Porque choram as mães,
mártires, de coração partido,
desta guerra sem sentido,
porque choram elas?
heroínas anónimas,
sem louvores
nem medalhas,
eternamente esquecidas,
choram porque sofrem,
choram porque temem
as notícias do correio de amanhã,
choram enquanto aguardam
o regresso desejado.
Mampatá
Natal de 1972
josema
Até ao nosso regresso...
Porque choram as mães,
mártires, de coração partido,
desta guerra sem sentido,
porque choram elas?
heroínas anónimas,
sem louvores
nem medalhas,
eternamente esquecidas,
choram porque sofrem,
choram porque temem
as notícias do correio de amanhã,
choram enquanto aguardam
o regresso desejado.
Mampatá
Natal de 1972
josema
(iii) enviado a 22 de Março de 2008
Calor, cansaço, suor,
saudades de tudo
e de um rio...
mas podia ser pior
pois há ali o Corubal
com sombras e água boa;
nem tudo é mau afinal,
não é o Douro, eu sei,
nem o Tejo de Lisboa,
são outros os horizontes,
falta o xisto e o granito,
as encostas e os montes,
mas diga-se na verdade
há o Carvalho, há o Rosa,
há um hino à amizade,
há o Gomes e o Vieira
a sonhar com a Madeira,
há o Farinha e o Polónia,
gestos e solidariedade,
há o Esteves e o Pinheiro,
amigos e sinceridade,
há o Nina e até amor,
também sofrimento e dor,
há o desejo de voltar
e um apelo à liberdade.
Josema
Mampatá 1974
[ Revisão / fixação de texto / pontuação: L.G.]
saudades de tudo
e de um rio...
mas podia ser pior
pois há ali o Corubal
com sombras e água boa;
nem tudo é mau afinal,
não é o Douro, eu sei,
nem o Tejo de Lisboa,
são outros os horizontes,
falta o xisto e o granito,
as encostas e os montes,
mas diga-se na verdade
há o Carvalho, há o Rosa,
há um hino à amizade,
há o Gomes e o Vieira
a sonhar com a Madeira,
há o Farinha e o Polónia,
gestos e solidariedade,
há o Esteves e o Pinheiro,
amigos e sinceridade,
há o Nina e até amor,
também sofrimento e dor,
há o desejo de voltar
e um apelo à liberdade.
Josema
Mampatá 1974
[ Revisão / fixação de texto / pontuação: L.G.]
Poemas e fotos: © José Manuel Lopes (2008). / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
________________
Notas de L.G.,:
(*) Último poste da série > 19 de Dezembro de 2010
(**) Vd. poste de 3 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3165: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (6): Com o José Manuel, in su situ, um pé no Douro e uma mão no Marão (Luís Graça)
Notas de L.G.,:
(*) Último poste da série > 19 de Dezembro de 2010
(**) Vd. poste de 3 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3165: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (6): Com o José Manuel, in su situ, um pé no Douro e uma mão no Marão (Luís Graça)
8 comentários:
Luís Graça & Camaradas da Guiné
Blogue colectivo, criado e editado por Luís Graça, com o objectivo de ajudar os ex-combatentes, de um lado e de outro, a reconstituir o puzzle da memória da guerra colonial, na Guiné e a promover ideias e produtos dos amigos bem como opiniões avulsas de emigrantes remotos, nas referências, nas ideias e nas paragens de onde peroram.
Caros editores,
as opiniões ponderosas ou meramente narcísicas ou 'divagantes' de ex-combatentes ou os testemunhos que publicam e com que se reconfiguram entendem-se, aceitam-se e até se podem acalentar -exceptuando, claro, as evocações pseudo-inocentes de actos de traição- mas acessórios como o vinho do douro ou as dúvidas voláteis de quem nada teve a ver com a nossa guerra na Guiné deveriam ser entendidas como destinadas a outro espaço e desencorajado aqui o seu acolhimento.
SNogueira
Obrigado pelo reparo e pela sugestão... Temos uma série, Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres, que é fundamentalmente orientada para as actividades, os interesses, os hobbies... dos membros da nossa Tabanca Grande... Temos sido discretos e criteriosos nesse capítulo, de modo a evitar o risco de publicitarmos o demasiado trivial... Também temos uma série, História de Vida, com recolha de acontecimentos, factos e vivências que ajudem a perceber melhor o que é e quem foi a geração dos homens (e de algumas mulheres) que fizeram a guerra colonial... Também dedicamos algum espaço (quiçá demasiado) às actividades conviviais... E se calhar, não devíamos dar tanta importância á Agenda Cultural, ao lançamento de livros, às exposições, etc..., a aceitar críticas de alguns leitores. Até temos, imaginem, coisas como a Fauna e a Fora da Guiné, as memórias militares dos pais (em Cabo Verde) e os avozinhos (na guerra da Flandres), para não falar da Historiografia da Presença Portuguesa na Guiné do tempo do Capitão Diabo, e por aí fora...
Sei que o nosso "core business" é a guerra da Guiné(1963/74)... Mas já começo a ter dúvidas sobre os seus limites temporais e até espaciais.... Tenho, por outro lado, uma tendência, por )(de)formação profissional, a ver as coisas de uma perspectiva mais contextualizada e sócio-antropológica... Por exemplo, um homem que nasceu e brincou junto ao ao Rio Douro, gajo que esteve em Mampatá, e que todos os dias escrevia um poema enquanto abria mais uns metros de estrada para o sul, para o corredor de Guileje, interessa-me, e sou capaz de ir saber o que é que faz hoje: se é padeiro, se faz vinho, se se dedica à fotografia, se é poeta, se é empresário, de é político, e por aí fora... Para mim, um soldado é um soldado, mas preciso de perceber o seu texto e o seu contexto...
Por mim, nunca escondi que este blogue é um espaço de memórias e... de afectos... Tenho pena que os militares do quadro, como o SNogueira(com uma brilhante folha de serviços, logo com uma rica experiência profissional e humana em África, incluindo a Guiné) tenham relutância em partilhar uma coisa e outra...
Saudações bloguísticas e festivas. Luís Graça
PS - Também faço vinho verde... Nunca me passaria pela cabeça utilizar esta espaço para promovê-lo. Não faço disso uma actividade comercial. E o que escrevi sobre o Zé Manel é pura ternura, que é coisa que nunca misturo com negócios... Mas agradeço, com todo o respeito e consideração, eventuais críticas dos nossos queridos leitores, camaradas de armas ou não, sobre eventuais desvios da missão do blogue bem cmo infracções ao seu código de ética... Vou submeter estes dois comentários ao nosso conselho editorial (que ainda não tem existência formal) mas que nos têm ajudado a balizar o caminho a sobretudo a caminhar....
Obrigado, Snogueiro, espero para o ano termos oportunidade de nos conhecermos pessoalmente, talvez nuam roda de antigos pára-quedistas.
Caríssimos camarigos:
Este blog serve para tudo...desde que não ponha em causa o respeito que devemos ter por todos.Falar de um livro que alguém escreveu, de uma árvore que alguém plantou, de um abraço que alguém deu, de um vinho que alguém produziu é sempre um importante contributo que se dá em favor da nobreza e qualidade intelectual deste espaço de revivências e reencontros. Neste caso, há aqui uma motivação excepcional pois sendo inúmeros os tabanqueiros que se nutrem do vinho do Zé da Régua é importante que saibam que estão a beber vinho medalhado.Ou não interessa nada porque somos uns bêbados que só queremos muito?
Um abraço e Bom Natal
Carvalho de Mampatá
Luis Graça, tu que sabes muitos ditados ouve mais este:
"Quem atura um povo, atura o mundo todo"
Caro António Rosinha
Na minha terra dizem:
"Quem vê o seu povo, vê o mundo todo"
Um abraço, Bom Natal
José Corceiro
António Rosinha, há alturas no blogue em que eu, mas também os meus pobres co-editortes (que foram arrastados para esta aventura, muito em especial o Carlos Vinhal que é uma autêntica "besta de carga", sem nunca ter sido da arma de cavalaria), ouvíamos até à náusea a história do velho, do burro e do menino... Por caso, sou um gajo civilizado, nunca me treinaram para dar coices, e adoro fábulas...
E enquanto, eu, mouro, me preparo para ir, por voltas das 16h, no banco de trás do carro, de viagem até ao Porto para partilhar as pencas e o bacalhau com os meus queridos "morcões" daquela "Naçom", devo acrescentar-te, António, a seguinte nota médica:
- Posso blogar, mas com algumas condicionantes... Com o Vinhal de baixa, pelo menos até ao fim do ano, vou ter que me ver "grego" (ou melhor, "português"), com o velho, o burro e o menino... E mesmo se quisesse, nem coices poderia dar, por proibição expressa do meu neurocirurgião...
António, desejo-te um bom chabéu de bacalhau no Natal... debaixo do teu imaginário e acolhedor poilão!
E já que gostas de provérbios, como eu, toma mais este (nem sequer qualquer conotação de anticlericalismo nem misoginia):
"Freiras e frieiras, é coçá-las e deixá-las"...
Gostem ou não desta postagem, por mim só agradeço ao Luís tê-lo feito. Sou suspeito porque laços de forte amizade me unem ao Zé Manel e Família, mas cabe perfeitamente neste espaço o que lhe dedicas. Para completar e como sempre é mais uma acha para a fogueira à minha moda, informo os interessados que a Quinta da Senhora da Graça produz um Vinho do Porto Reserva de 20 anos com rótulo Tabanca Pequena de Matosinhos. Isto é mesmo de camarigo...Gostem ou não
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