(i) Muita coisa que aqui é dita (*), não é verdadeira. É mentira que se tenha hasteado qualquer bandeira, com foice e martelo. É verdade que na viagem para o cais, vindos do Cumeré, muitos vinham com panos vermelhos e lenços da mesma cor.
Que o comandante do batalhão[, ten cor cav Alfredo Alves Ferreira da Cunha,] tenha negociado, nunca tivemos conhecimento disso, manifestávamos a nossa indignação, pelo facto de [haver tropa] muito mais nova do que nós e que vinha nos TAM, nos aviões militares, e nós por lá estávamos...
"... História do Batalhão de Cavalaria nº 8320 do Tenente-Coronel Ferreira da Cunha, que se pôs a andar do CUMERÉ, depois da 3ª refeição, em direcção a Bissau, a pé, sob chuva inclemente. Minha actuação [...]. "
(...) Bissau, 23 de Agosto de 1974
"... Durante o dia, as 'resistências' do Batalhão indisciplinado vieram ao de cima [...] e não teve remédio (o Comandante Militar) senão [...] ceder!, fazendo embarcar o pessoal amanhã à tarde! Eu não desisti e chamei sempre à atenção para a gravidade da situação. ..."
(...) Bissau, 24 de Agosto de 1974
"... O UIGE com o Batalhão do Cunha, o 'famigerado' Batalhão de Cavalaria nº 8320 de Bula, partiu a princípio da madrugada para Lisboa. Estive atento no Cais a vê-los partir! Disseram-me que até hastearam uma bandeira vermelha com a foice e o martelo!..." (...).
(...) BCAV 8320/72: Mobilizado pelo RC 3, partiu para a Guiné em 21/7/1972 e regressou a 25/8/1974. Esteve sediado em Bula. Comandante: Ten Cor Cav Alfredo Alves Ferreira da Cunha. Constituído por 1ª Companhia (Bula, Pete, Nhamate, Bissau), 2ª Companhia (Bula, Nhamate) e 3ª Companhia (Bula, Bissorã, Catió, Pete). Todos os comandantes de companhia eram capitães milicianos. (...)
(**) Vd. poste de 5 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9317: O último Chefe do Estado-Maior do CTIG, Cor Cav Henrique Gonçalves Vaz (Jan 1973/ Out 74) (Parte IV): Agosto de 1974: ainda o caso do BCAV 8320/72 (Bula, 1972/74) (Luís Gonçalves Vaz)
Quando fomos para a Guiné, fomos uma companhia de cada vez, e o regresso tinha que ser de barco, daí não aceito que nos considerem indisciplinados. Por vezes é fácil falar, eu por mim, em minha defesa, fazia o que necessário fosse, mas não reconheço autoridade a ninguém para nos classificarem como o fazem, para mim injustamente. A História, o Exército pode fazer a que quiser, eu digo a verdade e só a verdade.
(iI) Não é verdade que tenhamos embarcado de madrugada, pois foi à meia noite, por isso não nos viram, certamente contaram mais essa história de muitas outras. O [ten-cor] Cunha, depois da 3ª refeição, não foi para Bissau, nós é que fomos, pois ele não nos queria deixar sair, mas nós desobedecemos e deu-se até um episódio que podia resultar em tragédia, pois nós caminhávamos em fila indiana, uns de cada lado da estrada, e uma Mercedes do tipo das Berliet, virou-se e, por sorte, não apanhou ninguém, e fomos nós que a colocamos novamente na estrada a pulso.
O comandante não teve nada a ver com a tal indignação, pois ele tentou impedir a nossa saída, do quartel, sem êxito. Ele quando teve conhecimento da nossa intenção disse que só saíamos por cima do seu cadáver, e nós respondemos que, se isso fosse o motivo para nos virmos embora, então passávamos.
_____________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 13 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9190: O último Chefe do Estado-Maior do CTIG, Cor Cav Henrique Gonçalves Vaz (Jan 1973/ Out 74) (Parte II): Agosto de 1974: rebelião da CCAÇ 21 (Bambadinca) e do BCAV 8320/72 (Bula)
(...) Bissau, 22 de Agosto de 1974
Como já disse noutro comentário, a tal História não diz que militares regressados da Guiné desembarcaram como civis, certamente não interessava para a História que o Exército quer contar. Eu sei que o Comandante era o Spínola, que foi substituído aquando da publicação do famigerado livro [Portugal e o Futuro,], pelo Bettencourt Rodrigues, e este por sua vez pelo Carlos Fabião.
Esta é uma de muitas situações vividas na Guiné, no próximo [sábado, dia 2, em Santiago do Bougado, Trofa], devamos festejar o XXVI encontro do tão falado batalhão, rei da insubordinação, muitos colegas meus já faleceram e por isso peço respeito pelo que lá sofremos
(iI) Não é verdade que tenhamos embarcado de madrugada, pois foi à meia noite, por isso não nos viram, certamente contaram mais essa história de muitas outras. O [ten-cor] Cunha, depois da 3ª refeição, não foi para Bissau, nós é que fomos, pois ele não nos queria deixar sair, mas nós desobedecemos e deu-se até um episódio que podia resultar em tragédia, pois nós caminhávamos em fila indiana, uns de cada lado da estrada, e uma Mercedes do tipo das Berliet, virou-se e, por sorte, não apanhou ninguém, e fomos nós que a colocamos novamente na estrada a pulso.
Mais uma vez digo que podia ter sido uma tragédia o que felizmente não aconteceu, esta é uma de muitas histórias pelas quais passei.
Abraços a todos e muita saúde mas não se diga BATALHÃO da indisciplina, haja respeito.
(iii) O referido Batalhão [, BCAV 8320/72,] do qual eu fazia parte, não se pode dizer que era indisciplinado, pois não o era... Mas com 26 meses e companhias com 13 e 14 meses a virem embora e nós a ficarmos por lá não se sabia a fazer o quê... foi essa a razão da indignação, não revolta.
(iii) O referido Batalhão [, BCAV 8320/72,] do qual eu fazia parte, não se pode dizer que era indisciplinado, pois não o era... Mas com 26 meses e companhias com 13 e 14 meses a virem embora e nós a ficarmos por lá não se sabia a fazer o quê... foi essa a razão da indignação, não revolta.
O comandante não teve nada a ver com a tal indignação, pois ele tentou impedir a nossa saída, do quartel, sem êxito. Ele quando teve conhecimento da nossa intenção disse que só saíamos por cima do seu cadáver, e nós respondemos que, se isso fosse o motivo para nos virmos embora, então passávamos.
E foi quando caminhamos para Bissau, e fomos parados por uma força militar, já não me lembro se foi em João Landim, sei que era um cruzamento para Bula, e estava uma companhia aí instalada que se solidarizou connosco, e disseram que se algo nos fizessem teriam que se haver com eles, pois nós tínhamos razão.
Depois de conversações vieram os carros dos Adidos, para nos levarem de regresso com a promessa de embarque, o que veio a acontecer. Nós fomos colocados dentro do barco e, como tinha sido uma semana muito chuvosa, quiseram reter-nos no cais em Bissau. Foi quando nós ameaçamos que tudo que estava no cais ia para a água, e o Carlos Fabião deu ordens, para partir.
Podem dizer que isto era indisciplina, eu digo INDIGNAÇÃO.
Quanto às ditas bandeiras, foi no transporte do Cumuré até ao cais de embarque. E falta dizer que em Lisboa desembarcámos à civil, pois o espólio foi feito ao largo de Lisboa dentro do barco.
Muitas mais estórias tenho para contar, mas fico-me por aqui com a certeza que esclareci uma estória que está (ou estava) mal contada.
Abraços a todos quantos por lá passaram.
2. Comentário do editor:
A honra e o bom nome dos nossos camaradas estão acima de todas as considerações. Uma coisa são os factos e outra a sua leitura ou interpretação. O nosso blogue não é tribunal de nada nem de ninguém. Interessa-nos apenas a partilha de histórias e memórias da guerra colonial na Guiné. O vosso embarque foi notícia. Até agora só tínhamos uma pequena versão dos acontecimentos. Obrigado pelos teus esclarecimentos. Gostaríamos de saber mais coisas sobre ti e sobre os teus camaradas. Fica aberta a porta da nossa Tabanca Grande (e do nosso blogue) para esse efeito. Desejamos a todos os camaradas do BCAV 8320 um feliz e alegre convívio no próximo sábado. Volta sempre.
_____________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 13 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9190: O último Chefe do Estado-Maior do CTIG, Cor Cav Henrique Gonçalves Vaz (Jan 1973/ Out 74) (Parte II): Agosto de 1974: rebelião da CCAÇ 21 (Bambadinca) e do BCAV 8320/72 (Bula)
"... História do Batalhão de Cavalaria nº 8320 do Tenente-Coronel Ferreira da Cunha, que se pôs a andar do CUMERÉ, depois da 3ª refeição, em direcção a Bissau, a pé, sob chuva inclemente. Minha actuação [...]. "
(...) Bissau, 23 de Agosto de 1974
"... Durante o dia, as 'resistências' do Batalhão indisciplinado vieram ao de cima [...] e não teve remédio (o Comandante Militar) senão [...] ceder!, fazendo embarcar o pessoal amanhã à tarde! Eu não desisti e chamei sempre à atenção para a gravidade da situação. ..."
(...) Bissau, 24 de Agosto de 1974
"... O UIGE com o Batalhão do Cunha, o 'famigerado' Batalhão de Cavalaria nº 8320 de Bula, partiu a princípio da madrugada para Lisboa. Estive atento no Cais a vê-los partir! Disseram-me que até hastearam uma bandeira vermelha com a foice e o martelo!..." (...).
(...) BCAV 8320/72: Mobilizado pelo RC 3, partiu para a Guiné em 21/7/1972 e regressou a 25/8/1974. Esteve sediado em Bula. Comandante: Ten Cor Cav Alfredo Alves Ferreira da Cunha. Constituído por 1ª Companhia (Bula, Pete, Nhamate, Bissau), 2ª Companhia (Bula, Nhamate) e 3ª Companhia (Bula, Bissorã, Catió, Pete). Todos os comandantes de companhia eram capitães milicianos. (...)
(**) Vd. poste de 5 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9317: O último Chefe do Estado-Maior do CTIG, Cor Cav Henrique Gonçalves Vaz (Jan 1973/ Out 74) (Parte IV): Agosto de 1974: ainda o caso do BCAV 8320/72 (Bula, 1972/74) (Luís Gonçalves Vaz)
27 comentários:
Caro Zeca Pinto
Estive presente nessa marcha saída do Cumeré e regressei no Uíge com o teu Batalhão, por isso vivi quase todos os acontecimentos narrados por ti e estou de acordo.
Só gostaria de acrescentar o seguinte.
Foi em Safim que fomos barrados por camaradas nossos e não em João Landim.
Em Lisboa defacto saímos á civil,mas deve-se ao facto de alguns militares terem atirado ao Tejo os sacos que teriam de ser entregues na Amadora e daí resultou negociações ficando tudo no barco.
Embora não fales no assunto, lembro de uma revolta ocorrida em pleno mar alto,por causa dos praças não terem acesso á messe e a coisa esteve feia.
Com isto não estou a dizer que foi á ou b, pois vinham além do teu Batalhão,vieram pelo menos mais três companhias e uma delas se a memória não me atraiçoa ficou no Funchal mas que aconteceu..aconteceu......
C. Caç 4540/72-74
Foi uma má aposta o regresso no Uíge.Mais uma semana e o regresso seria de avião como aconteceu com outras unidades militares que chegaram a Lisboa antes de 25/8/1974.
Vasco Ferreira
C. CAÇ 4540
eu nunca estive de acordo com o R D M, mas ordens militares erão para ser cumpridas, e vocês sairão projidicados, vierão de barco e os outros de Avião, a minha companhia estava aveira da mesma situação mas tivemos calma, e fisemos o espolio na Guiné e viemos de Avião á civil, o que lá vai lá vai, agora não faltão escritores, estão na reforma não têm que fazer, e dizem o que lhe vem á cabeça, um abraço e um bom comvivio J. Eduardo Alves da Cart 6250 72-74
Com que então batalhão rebelde!
Como dizia o guineense mim cá tem problema.
A minha companhia a C.caç 557 aqui no blogue já foi baptizada de esgrouviada.
Meus caros Eduardo (Campos) e Vasco (Ferreira):
Não sabia que a malta da vossa companhia, a CCAÇ 4540, também veio no Uíge, juntamente com o batalhão de Bula...
Essa história merece ser contada com mais detalhes.. Gostava/gostávamos - falo pelos nossos leitores - de conhecer a vossa versão... O que se passou em Safim ? Quem vos barrou e por ordem de quem ? Vocês vinham desarmados...
E, como sabem, podem ter a certeza de que, deste lado, não vão encontrar nenhuns carracundos e punitivos juízes do tribunal militar... Estamos apenas a contar, uns, e a ouvir, outros, velhas histórias do século passado...
É verdade que às vezes não medimos bem as palavras, escritas ao correr das teclas; outras vezes, escrevemos com alguma ligeireza; ou então não temos o cuidado de enquadrar devidamente o conteúdo dos postes... Continua a haver matérias muito delicadas, e às vezes um simples adjetivo podem provocar um "macaréu" de emoções negativas...
Tudo o que aqui se publica não deve nem pode ser interpretado ou lido em termos acusatórios, avaliativos, censórios, recriminatórios, etc. Julgo que não precisamos de repetir isto até á exaustão, mas há camaradas - como os do BCAV 8320/72 - que não conhecem as "regras do blogue" e podem sentir-se melindrados, como já aconteceu...
Estas "cenas", próprias do "fim de uma guerra", acontecem em todas as guerras, em todos os luagres, em todos os tempos... Eu não estava lá nessa época, no pós 25 de abril, mas sou de me por na pele dos camaradas que aguardavam, impacientes, a sua vez de tomar o lugar no avião dos TAM...Queremos regressar a casa o mais rápido possível, a cadeia hierárquica começa a fragilizar-se, a metrópole está em polvorosa, ninguém quer ser o último a fechar a porta...
Mas os últimos também não foram os menos importantes, os menos valorosos, os menos patrióticos... Todos desempenhámos o nosso papel, em diferentes épocas da guerra... LG
Diz o dicionário da língua portugesa:~
esgrouviado, adj.
Semelhante ao grou; esguio e alto.
Que tem o cabelo emaranhado ou revolto. (Sin.: esgrouvinhado.)
adj.
Magro e alto como o grou. Que tem o cabelo em desalinho.
... Zé Colaço: Não havia barbeiro no Cachil, na tua CCAÇ 557 ?
Vamos lá dissecar esta história com calma.
Tinham toda a razão..TINHAM
Não o deviam ter feito daquela forma..NÃO.
Que a hierarquia não esteve à altura..NÃO,pela simples razão de que devia ser esta a resolver, ou pelo menos tentar resolver a situação.
Que noutras circunstâncias,provavelmente não o teriam feito da forma como o fizeram..NÃO TERIAM,e que seriam todos bem "lixados",..SERIAM.
Que foi insubordinação..FOI.
Nessa altura muitos outros foram também "injustiçados"pelo mesmo motivo.
NOTA...
Não pretendo julgar ou criticar quem quer que seja.
Um grande alfa bravo para todos os elementos da BCAV 8320.
C.Martins
Caros Camaradas:
A minha companhia (CART 6250) saíu de Lisboa no dia 27 de Junho de 72 em avião TAM e regressou pela mesma via em 24 de Agosto de 74, um dia antes da partida do Uíge.Pelas minhas contas éramos mais velhos do que o BCAV 8320 quase um mês. Naquela altura, como sempre, todos queriam vir depressa embora e é verdade que, nalguns casos, o regresso não foi calendarizado de acordo com a antiguidade o que ocasionou atos de insubordinação individuais ou organizados. A questão da opção naval ou aérea é complexa porque todos os meios eram poucos para trazer de lá tanta gente, em tão pouco tempo.Na minha companhia também houve alguma insubordinação e eu não fui dos mais bem comportados. Era a pressa de vir, o sentimento de que mais novos já tinham vindo e ainda o caldo revolucionário...tudo junto.
Um abração
Carvalho de Mampatá
Portugal fez a guerra dentro dos nossos limites.
No princípio da guerra não tinhamos comandantes militares nem equipamento apropriados.
Mas tínhamos homens.
No fim da guerra, após Marcelo Caetano entrar no Chaimite de Salgueiro Maia, tambem se notou em todas frentes a má preparação dos comandantes.
Mas continuavamos a ter homens.
Neste momento também se nota muita dificuldade em vermos homens à altura para nos "comandarem".
Luis.
No P.5886 de 26 Fevereiro 2010, abordei estes acontecimentos, embora possa acrescentar algo mais.
Se quiseres voltar a publicar ou colocar nos comentários, a parte relacionada com este assunto força.
Em 16 de Agosto/74 quando cheguei ao Cumeré, fui encontrar o mesmo ambiente que tinha deixado em Nhacra - Cop 8:INDIGNAÇÃO/ABANDONADOS/ANARQUIA e porque não dizer TRAÍDOS.Outros camaradas com 12/13/14 meses, continuavam a embarcar para Lisboa, enquanto outros que já tinham no minimo perto de 24 meses, ficavam?.
Não sei quem nos comandou (se é que exitiu algum comando)o que sei é que fomos ordeiramente em fila indiana nas duas bermas da estrada e DESARMADOS, até sermos barrados em Safim.
Além dos militares existentes no destacamento de Safim, veio dos Adidos a C.Cav 4516 que com bidons de 200 litros aatravessados na estrada e armados não nos deixaram passar.
O que se passou em Safim foi que existiram negociações, com alguem vindo de Bissau (ver P 5886).
Quando a quem deu as ordens,não sei,mas é provável que tenham sido
aqueles, que deveriam ter resolvido
o problema, já que o descontentamento era latente á muito.
Luis dizes que a cadeia hierárquica começa a fragilizar-se, eu digo sem medo que em algumas unidades caiu mesmo e digo algumas porque já li neste espaço narrativas de camaradas nossos em que nada disto aconteceu e aguentaram.
Passados quase 38 anos destes acontecimentos, não sinto que tivesse sido um insubordinado, já que se não existe cadeia de comando, ou aqueles que deveriam tratar os seus homens com um minimo des respeito e o não o fizeram, as consequências serão sempre imprevisiveis.
Caros Camaradas:
Não me parece que se possam culpar os comandantes enquanto tais. Na verdade, por alguma razão se chama a uma companhia, uma unidade e os comandantes destas unidades não eram nem podiam ser imunes ao clima e ao momento histórico que então se vivia por todo o território nacional. Uma coisa é manter uma unidade coesa enquanto há um «motivo» para se combater, outra coisa é a perda de sentido para ali se estar, sob olhares de quem parece dizer-nos: vai-te embora tuga. Ora se a vontade de vir é já muita! e há aquela ideia de que se escapei até agora...o melhor é fugir daqui para fora depressa.
Era o fim da guerra.Os comandantes não perderam competência. As circunstâncias é que mudaram.
Um abração
Carvalho de Mampatá
... as derradeiras unidades do Exército Português, que em 14Out74 ainda se encontravam em território da Guiné e no final daquela noite saíram do cais de Bissau para embarcar – nos NTT "Niassa" e "Uíge" – de regresso à Metrópole, foram as seguintes:
BCac4510/73, BCac4610/73, BCac4612/74, BArt6521/74 e BCav8320/73 (com as respectivas subunidades orgânicas); e as subunidades de Polícia Militar, CPM8272/74 e PelPM8273/72.
Um contingente com cerca de 3500 homens, equivalente ao existente no Estado da Índia Portuguesa, aquando da invasão pela UI ocorrida em 17-18Dez61.
____
Eduardo Campos:
Pelo que me apercebo, pertencia ao V.CAV. 8320, já agora qual a companhia,e de onde é natural, e se têm ido aos respectivos convívios realizados, pois gostaria de saber, até para que em futuros encontros, pudesse-mos trocar,experiências sobre o que por lá foi vivido.
Pois eu gosto de recordar, principalmente, as grandes amizades que por lá se fizeram, para mim, é o melhor que tenho da vida militar.
Por essa razão se assim entender, por bem atender ao que peço, tudo bem. Abraços e muita saúde.
Não me parece que tenha sido insubordinação, mas respeito a opinião. Também não me parece que foi precipitação, pois noz, já não estava-mos em BULA, estava-mos no Cumuré, já não me lembro, se 2 se 3 semanas, a aguardar para quê e o quê, não sei se eram mais velhos, mas o que sei, é que era tempo demais,e o desejo era muito de regressar.
fui um elemento do BAT.8320 72/74 2ªcomp BULA, estive destacado em NHAMATE participei com todo o gosto nesta marcha de indignação.A nossa comissâo tinha acabado no dia 21 de Abril 1974 isto aconteceu em Agosto e pergunto: quem não estaria revoltado? Talvez aqueles que nunca tiveram paludismo,ou nunca comeram esparguete com marmelada para matar a fome. ABRAÇÕES A TODO O BAT.CAV.8320 72/74
Confirmo que não foi insubordinação.
Eu pertencia à CCS do batalhão 8320/72 mas não participei e entendi que o desagrado relacionava-se com o facto de "camaradas" com muito menos tempo de comissão (menos de metade do tempo) estarem a regressão à então "metrópole" e nós a "aguentarmos". Lembro-me de um "camarada" nosso a quem chamávamos "pira" (periquito) ter chegado a Bula, em rendição individual, quando o n/ batalhão se encontrava em fase de final de comissão.
Por vezes íamos à caça nas imediações e eu, encontrando-me na fase final e ele na inicial da comissão, só pensava em relação a ele:...."desgraçado, nem sabes o que te espera, quanto vais sofrer aqui".....
Pois este "periquito" acabou por regressar mais cedo que eu à metrópole.
O já referido ponto de intersecção devia ter sido Safim, no cruzamento da estrada que vem do Cumeré com a principal em que cortando para a direita vai dar a João Landim mas se optarmos pela esquerda a direcção é a de Bissau.
O comandante do batalhão era, de facto, o saudoso ten.cor. Alfredo Alves Ferreira da Cunha. EXCELENTE pessoa.
Aproveito para informar, ou relembrar que faz hoje, 4/11/2020, 48 anos que faleceram os dois primeiros elementos da n/ companhia. Os mecânicos Malheiro e Amorim, numa emboscada feita pelos "turras" quando se deslocavam para Binar.
Tenho imensa pena de não ter participado no almoço da Trofa. também porque gosto muito desta zona norte. Perdi o contacto com o pessoal e com a informação de tais eventos.
Saúde para todos.
João António Ferreira
Ex-furriel miliciano da CCS/Bat.Cavª 9320/72
Por lapso mencionei CCS/Bat.Cavª 9320/72 quando pretendia escrever CCS/Bat.Cavª 8320/72.
aproveito para reenviar a informação, a pedido de meu pai 1º Cabo Almeida, Fernando Duarte, BCAV 8320/72 2ª comp
"Manuel Jose Gonçalves
Camaradas do BCAV 8320. É sempre bom recordar os bons e os maus momentos. Principalmente é bom recordar a nossa juventude. Quero lembrar-vos que o nosso 34.º convívio será, se o Covid assim o permitir, no 1.º sábado de Junho de 2021, como acontecia todos os anos. Todos aqueles que não contactei, porque não estão "recenceados", agradeço que me contactem pelo tel. 99363744 ou pelo e-mail "inspectormjgoncalves@hotmail.com". Para o meu amigo Morgado, um grande abraço. Para todos os ex-combatentes, quer fossem ou não do BCAV 8320, vai também o meu abraço e os votos de boa saúde. Ao recordarmos os tempos passados, é sinal que estamos vivos e conscientes. Outros não têm já esse prazer."
aproveito para reenviar a informação, a pedido de meu pai 1º Cabo Almeida, Fernando Duarte, BCAV 8320/72 2ª comp
"Manuel Jose Gonçalves
Camaradas do BCAV 8320. É sempre bom recordar os bons e os maus momentos. Principalmente é bom recordar a nossa juventude. Quero lembrar-vos que o nosso 34.º convívio será, se o Covid assim o permitir, no 1.º sábado de Junho de 2021, como acontecia todos os anos. Todos aqueles que não contactei, porque não estão "recenceados", agradeço que me contactem pelo tel. 99363744 ou pelo e-mail "inspectormjgoncalves@hotmail.com". Para o meu amigo Morgado, um grande abraço. Para todos os ex-combatentes, quer fossem ou não do BCAV 8320, vai também o meu abraço e os votos de boa saúde. Ao recordarmos os tempos passados, é sinal que estamos vivos e conscientes. Outros não têm já esse prazer."
21/04/2023
Amigos, boa tarde
Eu pertenci à CCS do Bat Cavª 8320/72 que esteve na Guiné, em Bula, no período de 1972 a 1974. Compareci no nosso almoço anual de confraternização em 2002, que se realizou na zona do Cartaxo. Acontece que desde então nunca mais recebi qualquer convite e entretanto, devido a mudança de habitação, perdi os contactos que tinha do pessoal.
Sei, porque fui a muitos, que esses almoços acontecem todos os anos, no 1º sábado do mês de junho. Gostava de voltar a comparecer a esses encontros já a partir do próximo mês de junho mas para isso gostaria que me informassem do contacto de quem está incumbido do encontro ou que o informem do meu contacto, que menciono abaixo.
Obrigado
João António Ferreira
Tlm 91 937 86 02
E-mail: joaoantonioferreira260@gmail.com
Iremos realizar o 35 convívio que será em Viana do Castelo.
Amigo ZecaPinto, boa tarde
Obrigado pela tua atenção.
Já fui contactado pelo organizador do convívio, o Manuel Gonçalves, da 2ª Compª do nosso batalhão, o 8320/72.
Estarei presente no evento, no dia e hora previstos.
Abraço
João António Ferreira
Verifico que existem muitos comentadores que não se identificam, optam pelo anonimato.
Não acho isso correcto e, perdoem-me, para mim é um acto de cobardia.
"Quem não deve, não teme"....
Caro amigo, infelizmente ainda existe muita gente que atira a pedra e esconde a mão, até parece que voltamos ao antigamente, temos que conviver com estas situações.
Abraços e lá estarei.
Bom dia:
Está previsto mais um almoço convívio do B CAV 8320/72 que cumpriu a sua missão em Bula " GUINÉ "
Mais um convívio será o 36º e será em Estremoz, quartel da MOBILIZAÇÃO, comemorando 50 anos do regresso, tal como na comemoração dos 25que também foi em Estremoz.
Vou fazer os possíveis por estar presente, com algum reparo que o manifestarei presencialmente.
Abraços José Pinto ( BARCELOS )
Gostaria de lembrar, que faz amanha dia 5 / 5 / 2024, pois neste dia, em 1973, dia fatídico cinquenta e um anos volvidos, aconteceu que uma companhia independente, não me recordo o nome, saiu para uma operação no CHOQUE MONE, e tiveram 4 ou 5 mortes, com outros tantos milícias, a eles que descansem em PAZ, sei que um dia inteiro os obuses a bombardearem, assim como os FIATES, lá foram mandados para a morte, pessoal com pouca experiencia e logo enviados para a morte, e apesar de todos os bombardeamentos, no final do dia ainda fomos bombardeados com FOGUETOES.
Recordo esse dia, pois sou de Barcelos e realizam-se as FESTAS DAS CRUZES.
Abraços para todos.
José Pinto
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