1. Mensagem do nosso camarada Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, Os Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74, dirigida ao nosso Blogue:
BANALIDADES DA FOZ DO MONDEGO - XV
QUE A ÂNSIA DE NÚMEROS E O BATER DE “RECORDS” NÃO MALTRATE AS PESSOAS!
Havia prometido a mim mesmo nunca mais intervir neste Blogue, não por motivos de doença, que é desculpa que facilmente se invoca para o afastamento e no meu caso até é verdade, mas pelo desagrado de algumas intervenções e comentários que fogem dos parâmetros da sã convivência e da camaradagem que devem reinar nestes espaços.
Depois, porque é minha norma de conduta não ofender ninguém, o que não me impede de expressar com inteira liberdade, que bebi do meu pai muito antes do 25 de Abril, a minha modesta opinião! Até o expressar de opinião sincera me causou dissabor pessoal ao ver que a máxima “se não és por mim és contra mim” também é propriedade de camaradas de alto gabarito intelectual que cortam da lista dos que se diziam muito amigos, os que não querem ser “meninos do coro“!
Mas por vezes o silêncio, que é o mais alto de todos os gritos, não é suficiente!
Tenho o maior respeito pela obra que o nosso Camarada Luís Graça foi capaz de saber fazer, pelo bem que o Blogue me fez, pelo que nele aprendi, pelos amigos que aqui conheci, pelo manancial de riqueza de informação que o Blogue proporciona, onde mestrandos e doutorandos vêm beber mas, e perdoa-me a franqueza, Luís Graça, sinto de há algum tempo a esta parte, que a quantidade passou a ser “demasiado” importante e então, quando os assuntos sobre a Guiné escasseiam, fotocopiem-se livros e revistas e publiquem-se…
A chama do Blogue está a apagar-se (?) então respigue-se o caso do Guileje, copie-se na íntegra para a Tabanca Grande um outro blogue nem que o mesmo tenha apenas e só um poste escrito há quase três anos, e vá de publicar isto por capítulos!
Não vou perder muito tempo com a análise do conteúdo de O Blogue Guileje 3325 - Vamos Falar verdade!!, pois nunca estive no aquartelamento do Guileje e, embora ignorante, não sou atrevido apesar de, e porque fui quase vizinho, ouvir no meu Cumbijã os embrulhanços a que os meus camaradas estavam a ser sujeitos!
Para quem como eu pertenceu a uma Companhia que embrulhou tantas vezes, sofreu dois ataques ao arame, ainda vivíamos em barracas de lona, sofreu uma série de emboscadas, teve de assaltar Nhacobá, participou na construção da estrada até Nhacobá, prestou segurança na nova estrada de Buba, teve de levantar um aquartelamento de um deserto minado, tinha de fazer uma coluna diária a Aldeia Formosa para abastecimento, tem três mortos em combate bem como mais de duas dezenas de feridos, possuo, tal como a minha companhia, curriculum para emitir uma opinião vivida e verdadeira!
Não gostei por isso de ler o referido Blogue!
Apenas alguns exemplos:
1 - …tenho obrigatoriamente que corrigir os factos, e as afirmações de pessoas que, no desempenho das suas funções, e tendo abandonado (fugido) o nosso Aquartelamento, vieram mais tarde afirmar que tinham sido obrigados a fazê-lo por estarem a ser atacados por todos os lados. NÃO É VERDADE!
2 - A verdade é que os combatentes do PAIGC, como não vissem qualquer reacção às suas flagelações ao quartel começaram a aproximar-se lentamente.
3 - O aproveitamento pessoal de situações que o povo desconhece e a deturpação dos factos por vergonha da verdade.
Etc, etc, etc,
Para quem já se encontrava na metrópole quando tudo isto aconteceu, é obra!
Como é possível fazer estas e outras afirmações que mancham o bom nome de todos os meus Camaradas de Guileje?
Criticar-se o responsável pelo abandono? Porque não? Tomaria eu a mesma decisão no seu lugar? Porventura não! Tivesse existido outro apoio e seria a solução diferente? Porventura sim!
Serei, eventualmente de todos os camaradas que fazem parte deste Blogue, o que mais tempo lidou com a CCav 8350, já que a preparação da minha CCav 8351 aconteceu em Estremoz no mesmo horizonte temporal dos “Piratas de Guilege” e quis o destino que os meus Camaradas de Guileje se juntassem a nós no Cumbijã a 29 de Novembro de 1973.
Tendo a minha Companhia saído do aquartelamento em 25 e 26 de Junho com destino a Bissau, via Buba, os nossos camaradas da CCav 8350 lá se mantiveram, tendo pois convivido connosco durante cerca de sete meses!
Nestes sete meses nem foram melhores nem piores do que os meus soldados, foram apenas, e só, iguais! Todos eles, desde o Comandante ao básico!
Quarenta anos após estes acontecimentos, enquanto os Combatentes lá vão sobrevivendo com os seus achaques, maltratados pelos governos, esquecidos pela população, alguns expulsos do seio da sua própria família, muitos deles doentes e abandonados, pergunto para quê, neste espaço que eu cria e queria de são convívio, vir dar realce a um assunto tão estafado, que tantas mossas já provocou nesta Tabanca, ainda por cima com assinatura de um elemento não pertencente à Tabanca Grande!
Só se for para cumprir números!
Ao meu querido Amigo e Camarada da Guiné, Manuel Augusto Reis, homem bom, tolerante e solidário, que na sua honestidade intelectual dá sempre, ainda que sozinho, o peito às balas, dizer-lhe que é por ti que aqui estou a quebrar o meu silêncio, pese embora a nossa diferença de opinião sobre tão diversos assuntos!
Vasco Augusto Rodrigues da Gama
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8068: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XIV): Nunca fui ao 10 de Junho, mas se um dia for, será no 10 de Junho de todos os combatentes
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
29 comentários:
Gostei, o Vasco é de uma escola que devia-mos seguir.
Um abraço.
Colaço.
Caro Vasco, não sei de que falas nem de quem falas. Mas estamos na mesma onda. Infelizmente o estilo actual da Tabanca está deveras modificado. Não acho que a culpa seja do "patrão" ou dos editores. No lugar deles também ficaria na dúvida em usar ou não o lápis azul.
Acho que a culpa é "nossa" em meter a foice em seara alheia. Esquecemos que durante 12 ou 13 anos houve imensas alterações. E no mesmo período, os teatros de operação eram tão diversos que só quem lá esteve é que pode dizer alguma coisa.
Acabo por acreditar que muita da malta fála para dar um certo exibicionismo. E por isso, tens toda a razão, Caro Comandante, quando colocas o dedo sem medo.
Cuida-te meu amigo, que ainda vais "sofrer" muito e por isso tens de estar em forma.
Um abraço para ti e para a Tabanca
Caro Vasco
Gostei deste teu texto, é um abanão dado em tempo adequado.
Um sereno e lúcido olhar sobre o blogue, com questões muito oportunas que devem ser por nós lidas com a máxima atenção, e nas quais eu estou de acordo contigo.
Estou à vontade pois já dei opinião similar quando achei que devia, e no caso presente basta ver os conteúdos que são publicados para perceber isso.
Compete aos editores avaliarem as razões ou não, deste caminho que segue o blogue.
Para ti um grande abraço, continua assim.
Manuel Marinho
Esta blog seguirá o caminho que nós quisermos. A intervenção do Vasco da Gama é notável e cheia de oportunidade.
Não é preciso dizer mais nada.
Um abração
Carvalho de Mampatá
Caros amigos
Este post do amigo Vasco da Gama não pode deixar de ser comentado.
Em primeiro lugar para saudá-lo, em si mesmo, pelo facto de ter sido produzido. E isto porque isso significa que o Vasco está melhor, o Vasco existe, o Vasco está atento e o Vasco reage.
Depois para realçar a oportunidade do seu conteúdo (pelo menos da maior parte dele), da acuidade das suas observações.
O Vasco tem mágoas, e referiu-as. E eu concordo com ele. Mas, tanto quanto entendo, não é com o Blogue, em si mesmo, com a esmagadora maioria dos seus membros, daqueles que genuinamente vêm aqui deixar as suas memórias, as suas recordações, que aqui vêm beber as lembranças da sua juventude, que aqui vêm comungar as alegrias e tristezas de vidas passadas e até de algumas bem presentes. Não, não é com esses, é com uma ou outra 'proeminência', é com aquele tipo de situações que ele refere do 'se não és por mim és contra mim', coisas típicas de "camaradas de alto gabarito intelectual que cortam da lista dos que se diziam muito amigos, os que não querem ser “meninos do coro“". E eu concordo com o Vasco, esse tipo de situações é reprovável, é pouco consentâneo com o que deveria ser o cerne do comportamento deste espaço.
No entanto, amigo Vasco, atitudes semelhantes encontras (encontrarás, se vires bem) noutros locais onde também te associas, caso de variadíssimos grupos do Facebook, à volta do mesmo tema ou assunto e satisfazendo projectos pessoais vários, e também em outros grupos mais 'amigáveis', mais 'confraternizantes'. Se vires bem, foi-se gerando um clima, devagarinho, progressivamente, vertendo alguma 'animosidade' ao Blogue do qual resultou, na prática, um 'afastamento' (de artigos, de comentários, de colaboração) de um bom número de elementos e na base dessa 'animosidade' está também (entre algumas coisas justas) a ideia que o Blogue 'é contra mim', no sentido de ser 'contra a minha maneira de ver as coisas'.
Concordo também com o Vasco quando afirma que "por vezes o silêncio é o mais alto de todos os gritos" mas já não concordo tanto quando considera que se procura "quantidade" em vez de "qualidade" e que "quando os assuntos sobre a Guiné escasseiam, fotocopiem-se livros e revistas e publiquem-se…". As referências a livros e suas observações (resumos, recenções, etc.) são, quanto a mim, uma "coisa boa".
Se se fizer bem as contas, são já várias dezenas os livros que o Blogue ajudou a divulgar. A esmagadora maioria dessas apresentações são de facto do Beja Santos e, obviamente, as considerações e observações são dele, suscitando apoios, desapoios, críticas, repúdios e até 'ódios de estimação', verdadeiros casos patológicos, mas sempre serão 'um guia' para o conhecimento da existência desses trabalhos e as próprias recenções servem de 'triagem' para a leitura, ou não, dos vários livros indicados.
Como o texto vai longo, fica aqui partido e o resto segue depois.
Hélder S.
Continuação.....
Já quanto a esta 'remake' de Guileje, não posso deixar de estar mais de acordo contigo, amigo Vasco. Opiniões, há muitas, são como os chapéus, mas esta péssima postura de tentar fazer valer um ponto de vista, tomando como válida para todo o tempo e circunstância a experiência de uma época, é altamente errada, com a agravante que serve, umas vezes explicitamente outras vezes insidiosamente, para 'condenar', para 'julgar' os comportamentos e as acções de camaradas que lhes sucederam. E, curiosamente, as vozes que pressurosamente sempre se levantam indignadas com a falsa questão da 'guerra perdida' com o pretexto de que estão a achincalhar todo o militar que 'esteve lá', que foram 'vencidos', que foram traídos, esses defensores da "guerra danoninho" (faltava um bocadinho assim....) não 'tugem nem mugem' nestas alturas. Enfim, critérios!
Para terminar, deixa-me dizer-te, Vasco, que a defesa que fazes com todo o vigor e com toda a razão dos teus homens, das circunstâncias então vividas, bem como do Manuel Reis e dos seus homens é uma atitude bem digna, mais notável porque já vai rareando hoje em dia.
Obrigado por esta tua intervenção e, como escreveu o Colaço, oxalá faça 'escola a seguir'.
Abraço
Hélder S.
So quem esteve em Guileje e que sabe o que se passou la,se abandonaram eles la sabem porque, o que passaram,falar de fora e facil,força e respeito a quem la esteve
Um membro da c.caç.3373,guine 71/43
Ser solidário.
É isso que se passa com quem lá esteve, lá viveu ou andou e sentiu mesmo sem ter vivido algumas das situações.
Há excepções claro, não somos todos iguais, mas só devemos reconhecer ou dar importância a quem merece e ao que merece.
Quanto aos editores estou de acordo que não utilizem o lápis azul, somos todos grandinhos e devemos ser responsáveis pelo que escrevemos ou dizemos,contudo, percebo e corroboro muito do que foi escrito pelo Vasco.
Para o Manuel Reis em representação de todos aqueles que lá estiveram e viveram os acontecimentos o meu abraço.
BS
Esclarecimento
O meu amigo e camarada Hélder terá interpretado mal, ou eu não terei sido suficientemente claro na minha exposição e crê, pois assim o expressa,que eu me referi a resumos e recensões do ilustre camarada de armas Beja Santos.
Venho aqui dizer que considero, para que fique bem claro, o trabalho do referido recensor de alta qualidade e uma mais valia para o Blogue!
E quem me conhece sabe perfeitamente que ao longo da vida NUNCA mudei de opinião acerca da qualidade objectiva do trabalho de cada um, movido por eventuais mágoas pessoais!
Vasco Augusto Rodigues da Gama
Camaradas,
Ontem deixei um comentário num post anterior sobre Guileje, e hoje dei-lhe um esclarecimento.
Venho agora saudar o Vasco, homem sensível, e amigo do amigo na melhor acessão à camaradagem, pela subscrição integral do comentário feito pelo Helder.
Um grande abraço para o Tabancal
JD
Apenas o meu total apoio ao texto do Vasco da Gama!
Joaquim Mexia Alves
A situação na Guiné, em tempo da Guerra Colonial (aceito que a designem "Guerra do Ultramar", mas, por favor, não queiram obrigar-me a chamá-la assim), na zona X e quartel Z em 1968 não foi (quase nunca) a mesma que em 1970 ou em 1972 ou em 1974 ou no decorrer de outros anos intermédios. A força da guerrilha, seus efectivos e prioridades iam mudando de acordo com os seus planos, como é óbvio.
Qualquer juizo sobre uma zona só poderá ser correcto quanto a um determinado e certo período de tempo que tenhamos conhecido.
Um abraço ao Vasco da Gama, enaltecendo a sua sinceridade, bom senso, cultura e respeito pelos outros.
Outro abraço ao Manuel Reis, realçando a sua discrição e modéstia.
Agradecido aos que vierem a ler este texto.
Estando muito ocupado a contar as pernas das minhas renas para,dividindo por quatro chegar ao número certo, näo tenho tido oportunidade de acompanhar o blog.Felizmente que tive conhecimento do texto do Vasco que, li com atencäo.Faz-me sentir orgulho de o ter por AMIGO. Um abraço.
Com certeza, também entendo o texto do Vasco da Gama, um camarada honesto, sensível e bom.
Quanto à guerra perdida, ganha, nem uma coisa nem outra, antes pelo contrário, danoninho, água chilra
ou pus que fede, meu caro Hélder,tens todo o direito de enviar directas-indirectas, mas
fica-te pelo que conheces, Bissau.
Quanto ao famoso relatório de 15 de Maio de 1973, cada vez mais badalado por uns tantos no blogue como "marco fundamental" para entender (?) o débacle, o que jamais aconteceu na Guiné, 73/74, o relatório é o que é, muito mentiroso para mim, mas terá naturalmente diferentes leituras de acordo com a cor política de cada um.
O que se nota muito.
Quanto a Guileje, já tudo ou quase tudo foi escalpelizado no blogue.
Recomendo apenas que vejam o video
que está lá para trás no blogue, com os nove minutos da intervenção do coronel
Coutinho e Lima, em Bissau, diante do então
presidente Nino Vieira, em 2008,
quando do Colóquio de Guileje.
Está lá o retrato do homem, militar e comandante do COP 5, está lá a nossa História.
Abraço a todos.
António Graça de Abreu
Embora esteja totalmente de acordo com vários comentários que aqui estão tenho que me centrar no que o Vasco diz;
“Havia prometido a mim mesmo nunca mais intervir neste Blogue, não por motivos de doença, que é desculpa que facilmente se invoca para o afastamento e no meu caso até é verdade, mas pelo desagrado de algumas intervenções e comentários que fogem dos parâmetros da sã convivência e da camaradagem que devem reinar nestes espaços”.
Não falo só ao Vasco, mas também quero falar para alguns camaradas que fizeram voto de silêncio no blogue e pergunto, o que é que se ganha com esse silêncio?
Espera-se que os "responsáveis" emendem a mão e também eles deixem de escrever para o blogue?
Passaremos a ser um blogue de surdos-mudos e como supremo interesse, lá estarão as festas de Verão os encontros das companhias, que não deixando de ter também aqui o seu lugar não chega para um blogue que se quer vivo, activo e actuante.
“ O blogue já não é o que era” ou “ O blogue está muito fraquinho” “Aquele assunto não era para ser tratado no blogue há outros fóruns para disso se falar” Eu não escrevo mais, não comento mais, porque o blogue não é o que eu quero” Etc etc…… mas é natural que assim seja. Já se apanharam quase todas as minas, já se contou praticamente como foi aquela ou outra emboscada, os ataques ao arame e as flagelações, dos problemas com comes e bebes e dos petiscos, começa a rarear as estórias verdadeiro combustível do blogue. Fazemos-lhe o enterro e que descanse em paz?
Já não é de agora que se vem criticando a linha seguida pelo o blogue, a meu ver sem qualquer razão, pois ele somos todos nós e nós fazemos dele, uma coisa boa ou má conforme a opinião.
Porque razão devo eu exigir aos outros que façam o que me agrada? Porque não tomam nas suas mãos para o encaminharem a linha do blogue para as suas “praias” e deixarem de criticar os outros por o não fazer?
Votos de silêncio não lhe vejo qualquer utilidade, antes pelo o contrário pois na dúvida muita boa gente, não diz o que pensa. Cada um come do gosta.
Eu sempre entendi o blogue como um meio de transição entre o que eramos antes de pisarmos aquele chão, a guerra, em que ela nos transformou, que transformações socias e politicas a ela se deveram, e o que contribuiu o facto traumático para a construção do que somos hoje.
Quanto à razão da intervenção do Vasco estou plenamente de acordo com ele e aproveito para enviar um abraço solidário aos camaradas de Guilege na pessoa do Manuel Reis.
Cito aqui o Zé Brás quando fez aquela pergunta” Se não posso falar com os meu amigos, com quem é que vou falar?”
Concordando plenamente com o conteúdo deste actualíssimo texto do Vasco, aqui lhe envio um abraço amigo, que estendo igualmente ao nosso camarada Manuel Reis.
Miguel Pessoa
Olá Camaradas
Faço um apelo à calma e relembro que a situação táctica em cada sector variou ao longo dos 11 anos de guerra. Quer queiramos, quer não, a tendência foi sempre para piorar. Sei, por exemplo, que a companhia sediada em Cacine chegou a ir à água a Campeane. Em 1968, Campeane situava-se no Quitafine, (uma área "libertada") onde, tanto quanto sei as NT não iam - a minha companhia - e nunca mais foram.
Seria curioso fazermos um encontro de "contas" que nos permitisse responder a uma questão simples: a situação táctica do sector que passei aos piriquitos era melhor ou pior do que a recebi dos velhos?
No que respeita a Guileje deixo mais uma pergunta: se os que abandonaram estavam com medo, será que não houve nem um pequeno grupo que tentou opor-se à ordem de abandono? Terão existido situações em que a ordem de ficar ou avançar foi... ignorada ou incumprida, mas não terão existido muitas em que a ordem de retirar tenha sido desobedecida.
Portanto, comparemos, o que é comparável...
Um Ab. do
António J. P. Costa
Estou em total acordo com o Manuel Reis e com Vasco Gama.Especialmente por virem a público defender os seus camaradas.
Só não entendo alguns comentários de apoio utilizando termos agrecivos e até veladamente insultuosos.Como será possível sermos todos camaradas de uma guerra que nos foi imposta e só porque não estamos de acordo uns com os outros,há que reagir com agrecevidade.
Poderá não haver muito mais assuntos a contar,poderemos até nos repetir nas estórias ,sermos mais ao menos imprecisos(ou inventivos).Mas que diabo ESTIVEMOS LÁ,em Bissorã,Guilege,Farim,Pixe,Bissau,...ESTIVEMOS LÁ.Somos todos camaradas e o inimigo era outro...
Por favôr malta este cantinho fáz mesmo muita falta.
Um abraço de apoio ao Vasco e ao Reis e de igual modo a todos os camaradas tertulianos.
Henrique Cerqueira
Caros amigos
Volto a este post e seus comentários porque há que colocar alguns pingos nos iii.
Antes do mais, e porque tudo o que tem vindo a ser escrito é motivado pelo artigo do Vasco (excepto, é claro, por aqueles comentários que dão prioridade a questões 'laterais'), devo referir-me ao esclarecimento que ele, o Vasco, entendeu por bem fazer. E para concordar com ele, que sim, que de facto no seu artigo não faz qualquer referência explícita ao trabalho (de recenções) do Beja Santos, eu é que aproveitei o ensejo para falar disso já que é um dos aspectos que em conversa com diferentes camaradas é mais vezes referido como sendo, nas suas opiniões, uma das situações em que o Blogue é 'useiro e vezeiro', falando de livros e mais livros e que se afasta dos relatos vividos. São pontos de vista que respeito mas que discordo e aproveitei para dar a minha opinião sobre o assunto, sem reparar que a estava a 'colar' à apreciação do Vasco a qual, se referia apenas ao caso de ao escassearem textos sobre a Guiné "fotocopiem-se livros e revistas e publiquem-se…"
Feita a reparação, aproveito para comentar algo mais.
É notório que o Vasco 'colocou o dedo na ferida', nalguma ferida que o Blogue porventura terá, pois é no sentido de procurar melhores caminhos que a maioria das intervenções se desenvolve.
E é também verdade que ele coloca muitas mais questões, para além da inicial que foi a da sua recente pouca participação e das suas razões para tal. Quanto a este aspecto acho muito apropriadas as palavras do Juvenal. Se achamos que o rumo não é o mais certo, podemos e devemos intervir para o colocar no que pensamos ser.
Para não alongar, apenas me resta dizer ao meu caro António que não fica bem essa azia de estar sempre a tentar zurzir naqueles e naquilo que não lhe diz 'amén'.
E a que propósito me mandas calar? Bissau? Bem, é verdade que raramente falei do 'meu major X', do 'meu coronel Y' mas esse teu feitiosinho de achares que só tu é que sabes, que só tu é que podes, que só tu é que tens direito a ter e dar opinião é assim um bocado a roçar....
Pela tua lógica tu só poderias falar do ambiente das secretarias dos CAOPs, não é? Há cada uma!
Oh António, assim não vale!
Abraços.
Hélder S.
Meu caro Hélder
Li e registei no teu primeiro comentário, as tuas palavras:
"E, curiosamente, as vozes que pressurosamente sempre se levantam indignadas com a falsa questão da 'guerra perdida' com o pretexto de que estão a achincalhar todo o militar que 'esteve lá', que foram 'vencidos', que foram traídos, esses defensores da "guerra danoninho" (faltava um bocadinho assim....) não 'tugem nem mugem' nestas alturas. Enfim, critérios!"
Pois, critérios...
Diz o nosso povo "Com capa de letrado anda muito asno disfarçado." É com toda a certeza o meu caso, tenho sido burro tantas vezes na vida! Enfio saudavelmente a carapuça, as orelhas de burro.
Tu escreves ainda, sobre mim.
"Bem, é verdade que raramente falei do 'meu major X', do 'meu coronel Y' mas esse teu feitiosinho de achares que só tu é que sabes, que só tu é que podes, que só tu é que tens direito a ter e dar opinião é assim um bocado a roçar.... "
A roçar para a execrável vaidade, para a burrice, digo eu.
Para mim estas pequenas tricas não têm muita importância. Somos todos camaradas de armas na Guiné, se necessário todos amigos e irmãos.
Importante para mim é ter concluído hoje mais um livrinho, o 17º,
da minha pena de letrado menos burro. Chama-se "China-Poemas do Erotismo Suave", 120 poemas clássicos chineses por mim traduzidos e reinventados. Uma maravilha, um encantamento para nos embalarmos no antiquíssimo "jogo do quarto de dormir" com mulheres de jade, de seda, de carne sempre, de todas as sensibilidades e cores, de todos os prazeres.
Abraço amigo,
António Graça de Abreu
Apenas para esclarecer que o meu total apoio ao texto do Vasco, envolve obviamente o meu abraço muito amigo ao Manuel Reis.
Joaquim Mexia Alves
Camarada e amigo Vasco:
Gostei do teu texto, que vem, em determinada momento, em minha defesa.
Obrigado por seres meu amigo.
Desejo de uma boa viagem e um tranquilizador período de férias, que te permita recuperar totalmente das maleitas que,felizmente, vão desaparecendo.
Um abraço para ti e um beijinho para a Celeste.
Manuel Reis.
P.S. O camarada António J. P. Costa coloca algumas questões,cujo alcance não atingi, mas que gostaria de o esclarecer, se é esse o caso, isto é, como foi tomada a decisão e as respectivas reacções. Este espaço (Poste do Vasco) não me parece adequado para o fazer.
Manuel Reis
Para além do respeito mútuo e das diferenças ideológicas (e´não só), devemos evitar falar do:
"EU como tema de mim"
Alberto Branquinho
Tudo isto é Triste,tudo isto é Tabanca! Humildade!Humildade!Humildade! A nível individual e a nível colectivo,é Urgente!
O Micro-Tabanqueiro,
J.Cabral
Controvérsias A. Graça Abreu versus Hélder Valério, A. Graça Abreu é intelectual, poeta, escritor, viajado com uns conhecimentos que qualquer ser humano gostaria de albergar no seu curriculum.
Há dias um menino salvo o erro de oito anos de idade ao ser entrevistado para um programa de televisão a falar sobre dinossauros mais parecia o professor Galopim de Carvalho, mas quando lhe perguntaram a idade do irmão mais novo não sabia a idade do irmão.
Em Setembro de 2008 comentei o
poste 3188 do A. Graça Abreu em que o comentário terminava assim: Graça Abreu e filho,devem que rever quem são os "Gajos" de ideias feitas.
Comentário que gerou alguma polémica.
Um abraço
Colaço.
Não sei se é da idade, da PDI ou do Alzheimer, cada vez vamos ficando mais intolerantes, rezingões e radicais.
Por outro lado parece que deixámos de conseguir compreender o que outros escrevem, interpretando "à nossa maneira" o que outros disseram ... "à maneira deles".
Tudo isto tem a ver com o texto do amigo Vasco da Gama que eu partilho, ainda que com algumas ressalvas.
Concordo que " a ânsia de números e o bater de recordes não maltrate as pessoas", mas criticar a publicação de um texto que mostra o comportamento exemplar de uma Companhia em terras da Guiné parece-me demasiado castrador, para não querer dizer outra palavra dos tempos do Estado Novo.
Foi o texto publicado num outro Blogue (não fazia a mínima ideia), num futuro próximo os que se interessam pela História têm toda a informação num único local.
O Manuel Reis, peito aberto às balas, defendendo todos os que continuam comodamente instalados nos abrigos, tem toda a nossa consideração, não merecia ter entrado naquela história.
E deixem-se de quezílias, parecem os velhos dos Marretas.
Abraços
AMM
AMM, viva!
"deixem-se de quezílias!", mas depois de uma provocaçãozinha a "todos os que continuam comodamente nos abrigos... (o Manuel Reis, ao contrário, tem a nossa consideração)...não merecia ter entrado naquela história".
Apreciei.
Abraços
JD
Amigo e camarada Vasco, considero muito oportuno o teu texto, com o qual concordo, já que vivi, de perto, a mesma situação.
Considero que este espaço tem sido um elo de ligação de muitos combatentes de diversas gerações e que tem prestado um enorme serviço em prol da nossa identidade coletiva.
Um abraço
Luis Marcelino
Um abraço a todos os Tabanqueiros!
Efetivamente, tenho que começar a habituar-me de que o NOSSO Blogue já não é o que era. Não ouso sequer dizer que está melhor ou pior. O que é certo é que está diferente!
Há uns anos atrás falava (leia-se, escrevia) quem tinha sentido na pele uma brisa do mar da Guiné, um calor húmido de uma bolanha ou tórrido de uma mata impenetrável, ou, simplesmente uma brisa da 5ª REP junto ao Porto de Mar.
Hoje não. Hoje escreve quem tem tempo, quem "ouviu dizer", quem leu sem saber as origens, quem teve conhecimento pelos outros, quem gostaria de lá ter estado ou simplesmente porque lhe apetece...
A nossa CCAV 8351, não obstante em ter estado envolvida em imensas atividades naquele teatro de guerra que não terão que ser aqui relembradas porque em outros lugares já foram suficientemente narradas, não foi com certeza pior nem muito melhor que as demais. No entanto, sempre enfrentou frontalmente todas as ações para as quais foi chamada. Também por isso deixou derramada naquela terra sangue de três dos seus filhos que não resisto em relembrar os nomes - Fausto Costa, António Bento Boa e Victor Coelho - ainda na semana passada os relembrei (visitando) as lápides que orlam o Monumento aos Combatentes do Ultramar.
Faço daqui um apelo do fundo do meu coração - ainda forte, graças a Deus - e parafraseando uma passagem que caiu em desuso nas cerimónias matrimoniais que mais não era que: "Quem tiver algo a dizer, fale agora ou cale-se para sempre" onde algo a dizer nada mais é que ter sentido na pele...
Um abraço fraterno a todos os ex-combatentes da "nossa" Guiné!
João de Melo
Enviar um comentário