Caro amigo Luís Graça,
O título desta carta, ficava melhor assim: Carta aberta ao meu amigo Guineense (Cherno) Cufar... (Baldé), porque não creio que ela seja endereçada a mim, pois o mais provével é ter o AGA [, António Graça de Abreu], o grande vencedor, ter feito esta carta para se exorcizar ou melhor reconciliar-se com os seus fantasmas de Cufar que, pelos vistos, continuam a incomodá-lo.
Primeiro, porque eu não sou propriamente um militante anti-colonialista visto que, feliz ou infelizmente, tanto eu como os meus familiares próximos e longínquos, não aderimos a luta anticolonial, bem ao contrário.
Em segundo lugar, não sou dos que vêm a história e o mundo a preto e branco pois, ainda criança, desafiei tudo e todos ao quebrar, por iniciativa própria, todas as barreiras sociais e culturais levantadas pela nossa gente para de seguida atravessar os arames farpados levantados à volta dos soldados portugueses e partilhar com eles momentos de alegria, tristeza, medo e angústias ,próprios de uma guerra sem rosto que não poupava a ninguém.
Parece-me que entre o lúcido e comedido AGA que escreveu o Diário da Guiné e o ultranacionalista e super-herói "vencedor" AGA que agora se nos apresenta neste Blogue, há uma grande diferença.
Parece-me que entre o lúcido e comedido AGA que escreveu o Diário da Guiné e o ultranacionalista e super-herói "vencedor" AGA que agora se nos apresenta neste Blogue, há uma grande diferença.
De resto, não estou interessado em alimentar controvérsias a volta de manifestações de um patriotismo tardio, ainda que tenha, também, por ele todo o respeito deste mundo.
No post da tua autoria (*), o sentido das minhas palavras ficou incompleto sem a inclusão da última parte do meu comentário, pois embora tenha reconhecido que nem sempre concordei com a linguagem utilizada pelo historiador [, René Pélissier,] , no fim acrescento que factos são factos e que não adiantava tentar tapar o sol com as mãos, o que significa que posso concordar com o conteúdo e não estar, necessariamente, com a forma.
Mas, é como dizem: uma vez jornalista, é-se jornalista para sempre.
Um grande abraço,
Cherno Baldé
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No post da tua autoria (*), o sentido das minhas palavras ficou incompleto sem a inclusão da última parte do meu comentário, pois embora tenha reconhecido que nem sempre concordei com a linguagem utilizada pelo historiador [, René Pélissier,] , no fim acrescento que factos são factos e que não adiantava tentar tapar o sol com as mãos, o que significa que posso concordar com o conteúdo e não estar, necessariamente, com a forma.
Mas, é como dizem: uma vez jornalista, é-se jornalista para sempre.
Um grande abraço,
Cherno Baldé
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Nota do editor:
(*) Vd. poste de 28 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10448: Carta aberta a... (3): Meu amigo guineense Cherno Baldé: O(s) nosso(s) esclavagismo(s) e a arrogância do sr. René Pélissier (António Graça de Abreu)
22 comentários:
Deixo os meus aplausos à lucidez da apreciação à problemática feita pelo Cherno Baldé.
Um Ab do
António J. P. Costa
Um abraço Caro Cherno Baldé.
O problema do nosso amigo AGA, valente guerreiro, é outro. Tão forte, tão forte que, por vezes, a razão fica-lhe enevoada.Um dia vai passar-lhe .
Ab T.
,
CHERNO
Um aplauso e um abraço.
Alberto Branquinho
Amigo Cherno:
Resposta sensata, sem agressividade e que te coloca num patamar superior.
Como se costuma dizer "foi uma bofetada de luva branca".
O meu aplauso e a minha admiração.
Um abraço.
Manuel Reis
Dizes, um caro Cherno:
“Parece-me que entre o lúcido e comedido AGA que escreveu o Diário da Guiné e o ultranacionalista e super-herói "vencedor" AGA que agora se nos apresenta neste Blogue, há uma grande diferença.”
Eu, “ultranacionalista, super herói, vencedor?”
Neste teu texto não existe um único argumento, uma análise, uma contestação fundamentada do que escrevi, chamas-me apenas “ultranacionalista, super herói, vencedor?”, coisas que nunca fui, nem quero ser.
Não me conheces, meu caro Cherno, como há muita gente no blogue que por claras opções ideológicas, também não me quer conhecer. Recomendo-te a leitura de uma carta também aberta que enderecei ao Salazar e ao Marcelo Caetano, escrita e publicada no blogue há uns três anos atrás. Está lá tudo, é só procurar.
Quanto a mudarmos com a passagem dos anos, é inevitável, meu caro, só os burros não mudam.
Quanto ao conhecimento do mundo, se permanecemos no mesmo conhecimento, deixamos de conhecer.
O meu diário de guerra, 72/74 é um relato do real a enquadrar históricamente, sem arremedos de patriotismo, sem ódios nem paixões, sem a pseudo-catarse do sofrimento, sem a tão portuguesa assunção de culpas, quando nenhuma culpa nos cabe de termos tido por berço a ditosa terra lusitana e vocês, gente boa da Guiné, essa terra quente, verde, rubra e e amarela.
Sabes, ainda há pessoas que se regem por valores, que procuram ser honestas e sérias.
Infelizmente o mundo é como é, e eu não tenho grandes esperanças nos homens. Aí mudei, em relação a 72/74.
Abraço,
António Graça de Abreu
Pois, a bofetada de luva branca! Será que eu crio assim tantos anticorpos em alguns camaradas do blogue?
Já agora e por causa das tais esperanças nos homens, transcrevo um pedaço do meu Diário, em Teixeira Pinto, a 27 de Julho de 1972:
"Converso com os meus soldados, problemas, alegrias, frustrações. Falo também muito com o “Peka”, o nosso empregado negro, só catorze anos mas já um mocetão, humilde, servil e bastante maltratado por quase toda a gente."
Em nota de rodapé, escrevi:
"Dez anos depois de regressar da Guiné, ainda recebia cartas do “Peka”. De Bissau, a 4 de Junho de 1984 escrevia-me, com erros de português que corrigi:"
"Abreu, a minha carta nas suas mãos. Não se pode admirar porque todos os velhos eram novos. Eu sou da minha vontade para sempre, sinto-me para aqueles que me fizeram ser Homem, como você é um dos quais. Desta forma pretendo dar a minha contribuição para você também. Se precisar de certos produtos do mercado negro podes escrever, posso enviar o referido se for da minha possibilidade.
Eu era uma criança que o senhor tratava muito bem quando era militar em Guiné e vivias como alferes na cidade de Teixeira Pinto - Canchungo no CAOP 1. Naquela altura eu tratava do jardim e limpava a secretaria e continuava o estudo no ensino primário, hoje sou técnico de transmissões e operador de telex. Trabalho nos correios de Bissau e no aeroporto Internacional de Bissalanca, no domínio do telex, um período de trabalho para cada Ministério, de manhã no aeroporto e de tarde nos correios.
Portanto, Abreu eu pretendia enviar uma encomenda dos produtos que se vendem no mercado negro para você. Cá em Bissau estão os engenheiros da Rádio Marconi de Lisboa pela missão do serviço nos correios e são bons portadores da encomenda. Eles podem levar qualquer coisa para você se a resposta for rápida.
Obrigado, até próxima. Sou Narcil F. Gouveia, Peka."
Abraço a todos.
António Graça de Abreu
Permitam-me caros camaradas, defender,salvo seja, o "diabo"..A.G.A.
Caro Cherno,julgo que te excedeste na apreciação do A.G.A.,quando o adjectivas como "ultranacionalista e super-herói".
Aquilo que percebi em todos os comentários do A.G.A., foi apenas e só a defesa da dignidade dele e de todos nós...quando afirma que não houve "derrota militar", o que é verdade.
Isto nada tem a ver com o objectivo da "guerra de libertação" que nos foi movida pelo PAIGC,e que tinha como finalidade a independência, o que foi conseguido, logo,obtiveram uma vitória política,aliás,já estava assegurada desde o início.
Fomos todos para a Guiné,obrigados ou não, para combater o PAIGC,todos ou quase todos, julgo que cumpriram o seu dever, logo foram dignos.
Quando é que nos rendemos ?
Quantos fomos aprisionados ?
Quando aqui,alguns,afirmam que perdemos a guerra militarmente,sinto-me indignado..só isso.
O A.G.A,apenas tem transmitido essa indignação.
C.Martins
Meu Caro Graça de Abreu. Li com interesse a tua resposta a alguns dos comentários.És,sem quaisquer dúvidas,alguém que defende a sua verdade com agressividades frontais.O que é pouco vulgar,(infelizmente),nos tempos que correm.Daí,talvez,algumas das reacöes.Mas repara que escrevo "a sua verdade",com tudo o que isso possa acarretar.Espero que comigo concordes existirem fronteiras a näo serem ultrapassadas,mesmo nos mais elevados momentos de qualquer argumentacäo,seja esta quanto a Patrióticas vitórias ou, patrioteiras divergências políticas.Creio que dentro dessas fronteiras näo deverão,por exemplo, ser atribuídas a terceiros "citacöes" que suportam perspectivas nossas... quando estas nunca foram feitas pelos mesmos,e,a poucas horas do falecimento da figura política "citada".Será,talvez,este "coracäo ao pé da boca",tão útil a poetas,que, quando näo "refreado"........ (Este é o comentário sincero de quem gostou do teu livro sobre a Guiné,lê os teus poemas com agrado,e discorda totalmente das tuas análises,e conclusões,quanto à nossa História recente.E porque näo?).Um abraco.
Não existem boas nem más colonizações..
Não fui colono,fui militar do Exército Português.
Li o Senhor Pélissier há muitos anos,porque o livro me foi oferecido.Gosto mais de romances policiais..
Não sou, nem quero ser,um nostálgico obcessivo,nem um compulsivo teórico da temática da Guerra ou da Guiné.
Dos meus quase 68 anos,apenas estive dois na Guiné.Importantes sem dúvida,mas só um pequeníssimo
capítulo da minha vida.
Passei trinta e oito anos a ensinar
que a Dignidade da Pessoa Humana,constitui o Direito-Matriz, do qual decorrem todos os outros.
Penso que a Guerra não foi militarmente perdida.Serei um ultranacionalista?
Abraços!
J.Cabral
"Em Portugal sabemos que estamos a fazer as coisas bem qunado alguém nos insulta com afecto."
Nuno Markl
Caros amigos,
Eu nao procurei esta polémica e penso que o AGA também nao.
Queiram verificar que na parte final deste texto, eu me insurgi contra os Editores, melhor dizendo contra o nosso esforcado amigo Luis Graca, referindo-me a velha pratica jornalistica de procura de titulos polémicos em jeito de chamariz.
Se calhar devo ter exagerado em alguns adjectivos que o AGA, provavelmente, nao merece e se é o caso, entao, apresento as minhas desculpas.
Ele aconselha-me a ler a sua carta aberta as S. Excias Srs Salazar e Caetano, ja o tinha feito, donde anotei a frase do nosso ilustre Camoes: "forte gente" com "fracos reis". Da minha comprensao da historia portuguesa, pareceu ser, exactamente, o que o R. Pélissier também quis dizer, com outras palavras. No Pélissier conhecia um pouco do seu livro sobre a Guiné e nao as entrevistas posteriores.
Ainda sobre a guerra perdida/guerra ganha a que se refere o amigo J. Cabral, acho que o Post do amigo Juvenal amado de 11 de Agosto é bastante esclarecedor e admira-me que antigos combatentes possam por em duvida afirmacoes vindas de senhores de guerra como Antonio Martins de Matos.
Aqueles que foram embora e nao assistiram a derrocada final ainda podem ter duvidas, mas os que estavam no terreno sabem que na Guiné a vitoria do PAIGC foi completa, politica e militar e vice versa, ou a guerra nao seria a continuacao da politica por outros meios.
Esta conclusao nao me agrada, doi, porque também faco parte dos derrotados e por cima tive que engolir sapos e, ainda hoje, rumino as suas amarguras sem saber porqué.
Vamos ultrapassar esta mini-polémica, afinal "A vida tem multiplas cores...(estou a citar o AGA).
Um abraco a todos,
Cherno Baldé
PS: Recentemente, em Buruntuma uma mulher pisou uma mina A/P. Nao custa muito adivinhar quem a plantou, mas também é bom que se diga que nao lhe deram tempo para proceder ao seu levantamento, deram aos portugueses um prazo, salvo erro de 2 horas (?) para evacuar (ver Comandante Bobo Queita), é duro para quem nao perdeu a guerra.
Seja-me permitido pelo nosso Camarada e meu Amigo C. Martins, que subscreva e faça minhas as palavras e a ideia que plasmou no comentário supra deixou.
O Camarada AGA, na minha opinião, é um indivíduo lúcido, frontal e também inteligente, pois se assim não fosse, não saberia reconhecer quando erra, coisa que eu, presencialmente, já vi acontecer.
Dito isto, não posso deixar de saudar, com amizade "Tabanqueira", o "nosso" Cherno.
Mas sendo certo que fui dos últimos a deixar a Guiné, de igual modo não posso deixar de dizer, em boa verdade, que as coisas não se passaram conforme ele escreve, pois como já referi em outras minhas intervenções, ninguém, sob o ponto de vista militar, derrotou ninguém.O Contingente Militar Português simplesmente cumpriu as ordens que lhe foram superiormente dadas, nada mais.
Já referi e repito, quando a delegação do paigc se instalou em Bissau, em Junho ou Julho de 74, todos os dias recebiam instruções nossas de como deveriam proceder durante esse dia, sem nunca terem tido acesso a nenhuma das instalações militares das Forças Armadas Portuguesas.
Um grande e fraterno Abraço para todos os Distintos Tabanqueiros e para aqueles que não o sendo, frequentemente visitam este nosso espaço.
Joaquim Sabido
Évora
Mas a guerra já terminou?
É melhor não se falar em guerras perdidas e guerras ganhas pois só se deve falar depois de "a guerra terminar".
Parece que há poucos territórios africanos em que a guerra colonial (e neo-colonial) já terminou.
Claro que eu vi os 13 anos de guerra, as vésperas da guerra e o after day daquela guerra, e aqueles 13 anos não foram nem o princípio nem o fim da guerra colonial.
Sou eu a dizer, nenhum político nem general o diz.
Os 13 anos foram o princípio e o fim da "guerra do ultramar" mas não da guerra colonial.
Amigo Cherno, vamos fazer votos que a mina colonial(?) na fronteira leste em Buruntuma seja a última e não apareçam outras novas na fronteira norte.
Cumprimentos
Sensato e muito interessante comentário Amigo António Rosinha.Demonstra bem que "os anos",e näo menos, as experiências da vida,boas e más, algo nos ensinam. Um abraco.
Cherno:
Não ando procura de "títulos" sensacionalistas, polémicos, provocadores... Muitas vezes temos que arranjar um bom título, é essa a tarefa do editor...
Não, não é "deformação" jornalistíca, atividade que exerci durante 3 anos na minha juventude... E hoje, e desde 2007, sou diretor de uma revista científica, indexada, a Revista Portuguesa de Saúde Pública. Tenho alguma traquejo como editor...
Aliás, foi essa, a profissão de jornalista, que consta da minha caderneta militar...
Procuro respeitar os sentimentos e o pensamento dos nossos camaradas que aqui escrevem... No dia 28 de setembro mandei ao AGA a seguinte mensagem:
"António: O título é da minha responsabilidade, pode ser abusivo e atraiçoar o teu pensamento... E é polémico, posso alterará-lo em qualquer momento, se assim o entenderes. Um abração. Luis".
Ele não me disse nada... Presumi, se calhar erradamente, que sancionava a minha escolha.
Um Alfa Bravo do tamanho do Rio Geba Para os dois. Luis Graça
PS - Já foste a casa do Pepito, ao bairro do Quelelé, buscar o livro, autografado, sobre Gandembel, que te mandou o Idálio Reis ?
Palavras sábias e sensatas, sem margem para dúvidas, as do nosso Camarigo "Mais Velho" António Rosinha, assim como as do J. Belo.
No entanto, quando um dia esta "vexata quaestio" da guerra ganha ou perdida, assim como a da retirada de Guileje e mais uma ou outra questão controversa, se mostrarem resolvidas ou até mesmo que venham a suscitar o consenso (??) e se tornem questões pacíficas, tenho cá para mim, que os nossos editores, nomeadamente o Editor Chefe e Camarigo Luís Graça, terão (teriam) que procurar outro modo de vida, pois neste sítio não se governarão mais.
Mas como essa tarefa me parece titânica e de resto impossível de solucionar enquanto algum de nós por cá estiver entre os vivos, podem todos os Dignos Editores e Jornalistas deste nosso blog ficar descansados, pois, apesar destas crises, não perderão clientela nem terão que apresentar o blog à insolvência, e assim manterão os postos de trabalho.
Grande Abraço para todos
Joaquim Sabido
Évora
Caro amigo e irmao Luis Graca,
Ainda nao consegui pegar o livro porque nao tenho o contato do Eng. Pepito, mas o mais importante ja esta feito, estou imensamente agradecido pelo gesto.
Queira desculpar as minhas palavras que, no fundo, nao sao ofensivas, simplesmente queria encontrar uma escapatoria e acabar com a polémica ja que o nosso bombeiro, o Helder Sousa, nao estava hoje de servico para moderar os mais furiosos.
Um grande abraco e "Djarama" para si e aproveita para descansar um pouco;
Até amanha
Cherno Baldé
Queridos amigos, queridos camaradas:
Sinal de maturidade deste blogue (ou das gentes que nele escrevem e comentam)é o facto de virmos aqui contar o que nos vai na alma, descrever as emoções associadas a grandes momentos da nossa história de vida ou da nossa história colectiva, trazer as nossas reflexões sobre os acontecimentos do passado, expor as nossas memórias, seguramente reconstruídas...
Já o tenho dito, mas é bom repeti-lo: o nosso blogue, enquanto tal, não tem uma orientação político-ideológica, não é monárquico nem republicano, não é colonialista nem anti-colonialista, não é pró nen contra, enfim, recusa ter "adesivos"...
O que importa é a capacidade (logística, metodológica, técnica, ética...) de reunir à volta do poilão da Tabanca Grande gente que fez a guerra colonial (do ultramar para uns, de libertação, para outros...) e que pensa pela sua cabeça. E sem tabus.
De há muito que combatemos o "politicamente correcto", o "seguidismo", o "conformismo", mas também o "bota-abaixismo", o "revanchismo", e demais imos... E claro, o estilo "caceteiro"...
O nosso único limite é o do "bom senso e bom gosto" e a tolerância, o respeito uns pelos outros: não tenho que GRITAR as minhas convicções à frente dos outros, muito menos os meus ódios de estimação, por exemplo...
Não é preciso recordar, a quem não quer aceitar as nossas regras, que para isso há outros espaços que não este...
Aqui fazemos um esforço, todos os dias, por cultivar a liberdade, o espírito crítico, o rigor, a busca da verdade, mas também praticamos a tolerância, o pluralismo, a partilha de ideias, a socialização da informação e do conhecimento...
Confesso que gosto de uma "boa" polémica e sou frontalmente contra "unanimidades".
Enquanto este blog seguir este caminho julgo que é interessante,senão vai morrer de morte "matada".
Estive na entrega, ou melhor nas conversações de transmissão de poderes para o PAIGC em Gadamael.
Nunca da parte dos seus elementos senti qualquer arrogância ou pior ainda qualquer coacção,pessoalmente não o permitiria.
Quem tomou a iniciativa das conversações foram eles e durante estas sempre se agiu de forma correcta e urbana e estrito cumprimento das normas militares.
Se alguém se arroga de vitória seja ela qual for, não passa de uma vitória de "PIRRO", infelizmente para o Povo da Guiné.
C.Martins
Ponto final
Para o Luís, para o Cherno
Nenhum problema quanto ao título do poste.E procurar a verdade, claro, porque isto de verdades não é para cada um a sua verdade.Pode ser, sim, para cada um a sua opinião.
Porque aqui estamos a falar da História comum da Guiné-Bissau e de Portugal, de factos reais, do que aconteceu, da verdade histórica que se fundamenta em factos e não nas opiniões de cada um.
Creio que já percebi a guerra perdida do Cherno. Ele diz:
"Aqueles que foram embora e nao assistiram a derrocada final ainda podem ter duvidas, mas os que estavam no terreno sabem que na Guiné a vitoria do PAIGC foi completa, politica e militar e vice versa, ou a guerra nao seria a continuacao da politica por outros meios."
Estou de acordo, meu caro Cherno. Mas a derrocada final e a vitória final acontecem
depois de 25 de Abril, quando tudo muda na política portuguesa e aí acabou a guerra, porque a parte portuguesa abandonou a luta, ofereceu a vitória ao PAIGC e o que todos queriam era regressar a Portugal o mais depressa possível.
Foi quase uma debandada, tal como em Angola.
Agora, factos são factos. Saí da Guiné a 20 de Abril de 1974 e garanto-te que a 24 de Abril as Forças Armadas Portuguesas, mais os comandos africanos e as mílícias controlavam a esmagadora maioria do território da Guiné.E não sofreram nenhuma derrota militar. O PAIGC não tinha capacidade militar para nos derrotar.São factos, é a nossa Hitória.
Então nós portugueses, ganhámos, ou íamos ganhar? Claro que não. Aquela guerra podia
continuar por mais alguns anos, sem
vitórias ou derrotas para ninguém, infelizmente.Foi muito bom para os dois países acabar com aquela guerra.Estávamos ambos exaustos e cansados.
A questão era política e aí Portugal estava inevitavelmente condenado a perder aquela guerra.
Ultranacionalista, eu?
Será que ainda não me fiz entender?
Acabei.
Abraço,
António Graça de Abreu
Aqui podem fazer tudo,mas atenção
ao Império.Portugal do Minho a
Timor,gritava o Alfero,empunhando
um cartaz-"Todos os Soldados para
as Colónias".Infelizmente as
notícias eram péssimas.
Escorraçados da Guiné,os Soldados
Portugueses perdiam-se pelo mar
dentro e a guerrilha em S.Tomé,
estava quase a tomar o Poder.Tantas
derrotas..Durante estes quarenta
anos,bem tem tentado o Alfero,a
reconquista.Dilatar a Fé e o
Império,pois então...
Ainda ontem o vi,estudando um mapa.
É que descobriu uma ilha deserta
no Pacífico.Vai ocupá-la.Já tem
bandeira.Falta-lhe dinheiro para
o Padrão...Querem contribuir?
J.Cabral
Uma "boa polémica" ? Pois com certeza... Leia-se: "Disputa amigável mas acalorada"...
Unanimidade ? "Conformidade geral de opiniões, de pareceres, de votos, etc." ? Unanimismo ? Fusão ?... Nunca... Não somos uma igreja, um partido, um sindicato, uma associação, nem sequer um clube...
A razão por que temos vivido e sobrevivido estes anos todos ?... É proque sabemos concordar e discordar, sabemos conviver com a diferença... E por isso não confundimos a crítica com o insulto.
Acho que temos motivos de orgulho por sermos grã-tabanqueiros... ou partilharmos deste espírito da Tabanca Grande, como é o caso do nosso leitor (e camarada) C. Martins, cuja reaparição saúdo.
Luís Graça
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