terça-feira, 20 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13169: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte XIIV): De regresso a casa, no avião da TAP. e, 18/1271970,. com um relógio Longines no pulso, comprado no Taufik Saad, com os últimos pesos...



Factura de compra de um relógio, da prestigiada marca suiça Longines, na loja libanesa Taufik Saad, Lda, no valor de 2950 escudos guineenses



Bilhete de avião de regresso a Lisboa, em 18 de dezembro de 1970


Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Publicação das últimas imagens de uma seleção do álbum fotográfico do Valdemar Queiroz [, foto atual à esquerda].

Treminada a comissão, o nosso camarada Valdemar Queiroz, que era de rendição individual como todos os outros graduados e praças esepcialistas da CART 11, passou por Bissau, onde gastou os últimos pesos e tomou o avião da TAP de regresso a casa, 18/12/1970, como se pode comprovar no documento acima reproduzido.  Tão quanto sei, nunca mais voltou à Guiné, agora República ds Guiné-Bissau.

PS - Sobre o comércio de Bissau e o que os militares compravam, no regresso a casa, veja-se aqui o marcador Patacão.

6 comentários:

Luís Graça disse...

Valdemar, parabéns, foste um rapaz poupadinho... Também é verdade que nos sítios por onde passaste não havia muito por onde gastar o patacão... a não ser talvez no bar! De qualquer modo, um relógio Longines era um luxo! Deves ter feito manga de ronco á chegada a Lisboa... Bons tempos! Pudera, tínhamos ,23, 24 anos, estávamos vivos e com esperança no0 futuro!

Vê se dás outra volta ao álbum fotográfico!... Gostei muito!

Luís

duarte.oiliba.abilio@gmail.com disse...

Já Agora conta, quem veio contigo nesse avião, e como fomos apanhados na Alfandega em Lisboa.

duarte.oiliba.abilio@gmail.com disse...

Já agora, vais ao almoço deste ano, em Nelas, o Cunha já me disse que ia. Diz alguma coisa. Um grande abraço.

Valdemar Silva disse...

Pois foi Duarte.
Como a viagem de regresso, de barco, estava marcada para meados de Janeiro/71 e como podíamos vir de avião pagando nós a diferença do preço que o Exército pagava na de barco para a de avião, resolvemos vir passar o Natal com a família.
Fomos quatro que viemos nesse voo em 18/12/1970: eu, tu e os ex-fur.mil. Pais de Sousa e Manuel Macias. Foi num sábado.
Chegamos a Lisboa antes do meio dia e fomos logo aos Adidos, na Calç. da Ajuda, para fecharmos as contas e resolver a 'peluda'. Chegamos quase em cima do fecho da Secretaria e um Tenente já não nos queria atender e dizia que estávamos apanhados pelo clima e nós dizíamos que o Pais era do Porto e o Macias do Alentejo e não podiam ficar em Lisboa. Exaltação, gritaria, troca de palavras de boas-vindas, 'apanhados', 'você aqui sentado e nós no mato'. Entretanto apareceu um Ten.Coronel meu conhecido, para quem eu trazia uma encomenda, e o assunto lá foi resolvido a nosso favor.
Depois voltamos ao Aeroporto para levantarmos a nossas bagagens e quando passamos na Alfândega é que foi o bom e o bonito. Então o que é que trazem nas malas? perguntou um Guarda Fiscal. Umas garrafitas de whisky, que juntamos na Comissão, respondemos nós. Quantas? perguntou o Guarda. Eu trago umas oito, eu umas dez, eu umas quinze e eu umas cinco, dissemos nós. O quê?, nem pensem que vão passar, abram já as malas.

Valdemar Silva disse...

Amanhã conto o resto

Valdemar Silva disse...

(continuação da chegada a Lisboa, 18/12/1970)
Abram já as malas, dizia o Guarda Fiscal. Ena, o que vem aqui, vai tudo ser apreendido, comentava o mesmo Guarda. Nem pense nisso, levamos uma Comissão inteira a guardar estas garrafas e agora não podem passar, partimos já esta porcaria toda, dizia-mos nós. Como a discussão aumentava de tom, apareceu um senhor à civil que o Guarda tratava por sr. Doutor. Então, o que é que se passa aqui? perguntou o Doutor. Já estou a ver tudo, as garrafas não podem passar, e não partem nada se não vão presos, ainda se fosse uma ou duas, afirmou o mesmo. Mas tudo isto vem da Guiné, afinal a Guiné também é Portugal, e algumas garrafas são especiais para as Forças Armadas, comentava-mos nós exaltados. Mas a Guiné tem outro esquema aduaneiro diferente de cá, comentava o Doutor embaraçado e já com outros passageiros a observar o sucedido.
Venham para o meu gabinete, disse o Doutor, e continuando a conversa, são muitas garrafas e eu não posso fechar os olhos. Bem vamos lá ver, as das Forças Armadas e as produto Portugal não contam, mas as outras vão pagar direitos alfandegários. Nem pensar, comentamos nós. Entretanto eu perguntei-lhe, o sr. Doutor é do Curso de fulano tal, que eu conhecia, ao que ele disse, você conhece o fulano tal.
Bem vamos lá fazer umas contas e foi carimbando as garrafas e depois passou uns recibos, dum livro que nós inauguramos, com 2$50 por umas garrafas importadas.
Lá fomos para as nossas casas, passados 22 meses de Comissão na Guiné e no meu caso 41 meses de tropa.