Fonte: Nordic Africa Institute (NAI) / Foto: Knut Andreasson (com a devida vénia... e a autorização do NAI)
José Belo |
1. Continuação de alguns dados e notas de contextualização sobre a ajuda sueca ao PAIGC, a partir de 1969, e depois à Guiné-Bissau, a seguir à independência (**):
Data: 3 de Novembro de 2014
Assunto: Pragmatismos de Cabral e do Governo Sueco
Durante a guerra o governo sueco enviou para o PAIGC um total de 53,5 milhöes de coroas,ao valor actual [c. 5,8 milhões de euros]. Destinaram-se a financiar a maioria das actvidades civis do partido: alimentacäo, transportes, educação, saúde, incluindo um vasto número de avultados fornecimentos às Lojas do Povo.
A Guiné foi posteriormente incluída (como único país da África Ocidental) nos chamados "países programados" para a distribuicäo da assistência sueca ao desenvolvimento. Recebeu durante o período de 74/75 a 94/95 2,5 mil milhões de coroas suecas [c. 270 milhões de euros], colocando a Suécia entre os 3 maiores assistentes económicos da Guiné-Bissau.
A Suécai nunca deu nenhum cheque em branco ao PAiIGC, tanto mais que Portugal era um dos seus importantes parceiros comerciais no âmbito da EFTA - Associação Europeia do Comércio Livre, a que ambos os países pertenciam, e de que foram membros fundadores. A Suécia só irá reconhecer a Guiné-Bissau como país independente... em 9 de agosto de 1974.
Em Abril de 1972 o Comité ds Nações Unidas para a Descolonizacäo adoptou uma resolução reconhecendo o PAIGC como o único e autêntico representante do território da Guiné-Bissau. Para o PAIGC foi um enorme sucesso político-diplomático.´
(continua)
____________
Notas do editor:
(*) Vd. a página, em inglês, sobre a Guiné-Bissau (não do Nordic Africa Institute, Upsala, Suécia, mas sim da Nordic Documentation on the Liberation Struggle on Southern Africa / Documentação dos Países Nórdicos sobre a Luta de Libertação na África do Sul):
Aqui vão traduzidos alguns excertos:
As imagens que o Instituto disponibiliza mostram como era a vida nas zonas libertadas . Como é que a população fazia a sua sua vida diária, mas também mostram o lado militar, os guerrilheiros com as suas armas.. Como a Guiné-Bissau tem muita rios, a canoa era um importante meio de transporte, tanto mais que os portugueses fizeram explodir a maior parte das pontes. Mais de 99 % da população era analfabeta quando a luta começou em 1963, por isso a educação era importante e o PAIGC montou escolas no mato para crianças e adultos, Existiam cerca de 75 dessas escolas, uma das primeiras foi a Escola Piloto em Conacri . O primeiro livro de leitura foi financiado por estudantes noruegueses e impresso na Suécia. As fotos mostram também eventos culturais e serviços de saúde do PAIGC.
Em Abril de 1972 o Comité ds Nações Unidas para a Descolonizacäo adoptou uma resolução reconhecendo o PAIGC como o único e autêntico representante do território da Guiné-Bissau. Para o PAIGC foi um enorme sucesso político-diplomático.´
Baseando-se neste documento o Comité podia agora sugerir o reconhecimento dos movimentos de libertação, näo como peticionários, mas antes numa situacäo de observadores. Havia pela primeira vez na história das Nacöes Unidas a possibilidade de um representante de um movimento de libertação discurssar perante a Assembleia Geral da ONU, isto em Novembro de 1972.
Esta honra deveria caber a Amílcar Cabral. Este foi informado pelo Secretário do Comité da Descolonizacäo das Nações Unidas (Salim Ahmed Salim) de que tanto a Suécia como os restantes países nórdicos näo estavam satisfeitos quanto às implicacöes legais deste tipo de intervenção (sem precedência na Assembleia Geral) por parte de um representante de um movimento de libertação.
Salientou existirem mais do que suficientes votos e apoios de países africanos, asiáticos e sul americanos, caso ele estivesse disposto a discurssar, independentemente da opinião dos nórdicos.
A diplomacia de Cabral era caracterizada por um pragmatismo realista que foi entäo amplamente demonstrado. Cabral näo discurssou, afirmando: "Os países nórdicos têm sempre demonstrado serem nossos amigos.Recebemos o seu apoio em todas as situacöes. Não desejo de modo algum causar quaisquer problemas de ordem político-legal".
Já em 1971, durante visita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Estocolmo, Cabral apresentou a hipótese de um reconhecimento "de jure" da independência da Guiné.
Tanto nesta ocasiäo como mais tarde em 1973, aquando da proclamação da Independência da Guiné-Bissau como Estado dentro das fronteiras da entäo Guiné Portuguesa, a Suécia mostrou-se relutante a reconhecer o novo Estado.
Mesmo depois da Guiné-Bissau já ter sido reconhecida por mais de sessenta países...."inter allia" , o governo sueco aplicou o princípio da necessidade de o PAIGC controlar TODO o território, não reconhecendo assim a independência.
Esta honra deveria caber a Amílcar Cabral. Este foi informado pelo Secretário do Comité da Descolonizacäo das Nações Unidas (Salim Ahmed Salim) de que tanto a Suécia como os restantes países nórdicos näo estavam satisfeitos quanto às implicacöes legais deste tipo de intervenção (sem precedência na Assembleia Geral) por parte de um representante de um movimento de libertação.
Salientou existirem mais do que suficientes votos e apoios de países africanos, asiáticos e sul americanos, caso ele estivesse disposto a discurssar, independentemente da opinião dos nórdicos.
A diplomacia de Cabral era caracterizada por um pragmatismo realista que foi entäo amplamente demonstrado. Cabral näo discurssou, afirmando: "Os países nórdicos têm sempre demonstrado serem nossos amigos.Recebemos o seu apoio em todas as situacöes. Não desejo de modo algum causar quaisquer problemas de ordem político-legal".
Já em 1971, durante visita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Estocolmo, Cabral apresentou a hipótese de um reconhecimento "de jure" da independência da Guiné.
Tanto nesta ocasiäo como mais tarde em 1973, aquando da proclamação da Independência da Guiné-Bissau como Estado dentro das fronteiras da entäo Guiné Portuguesa, a Suécia mostrou-se relutante a reconhecer o novo Estado.
Mesmo depois da Guiné-Bissau já ter sido reconhecida por mais de sessenta países...."inter allia" , o governo sueco aplicou o princípio da necessidade de o PAIGC controlar TODO o território, não reconhecendo assim a independência.
Esta atitude provocou fortes reacções nos partidos da esquerda sueca. nos inúmeros grupos de de suporte às lutas de África, e mesmo no seio do próprio partido governamental (Social Democrata).
O golpe militar de Abril de 74 veio facilitar o problema político-legal ao governo sueco.
Foi só 10 dias depois da publicacäo por parte de Portugal de uma "declaracäo de intencöes" quanto ás independências das colónias que o governo sueco reconheceu a Guiné-Bissau como Estado independente (9 de Agosto de 1974).
Portugal reconheceu a independência da Guiné em setembro de 74.
José Belo
O golpe militar de Abril de 74 veio facilitar o problema político-legal ao governo sueco.
Foi só 10 dias depois da publicacäo por parte de Portugal de uma "declaracäo de intencöes" quanto ás independências das colónias que o governo sueco reconheceu a Guiné-Bissau como Estado independente (9 de Agosto de 1974).
Portugal reconheceu a independência da Guiné em setembro de 74.
José Belo
(continua)
____________
Notas do editor:
(*) Vd. a página, em inglês, sobre a Guiné-Bissau (não do Nordic Africa Institute, Upsala, Suécia, mas sim da Nordic Documentation on the Liberation Struggle on Southern Africa / Documentação dos Países Nórdicos sobre a Luta de Libertação na África do Sul):
Aqui vão traduzidos alguns excertos:
(...) Guiné-Bissau > Knut Andreasson eBirgitta Dahl em viisita a zonas libertadas da Guiné-Bissau, no mês de novembro de 1970
(...) O fotógrafo norueguês Knut Andreasson e a ex-presidente do parlamento sueco Birgitta Dahl , juntamente com uma delegação sueca, visitaram as regiões libertadas da Guiné-Bissau, em novembro de 1970. Esta visita deu-lhes a oportunidade de falar com Amílcar Cabral no seu próprio ambiente e ter uma compreensão mais profunda da luta pela independência, contra Portugal.. Andreasson e Dahl depois fizeram um livro * em sueco a partir das suas impressões e observações no ªambito desta viagem.
Andreasson também organizou uma exposição de fotografia com o objetivo de informar o público dos países nórdicos sobre o PAIGC e a Guiné colonizada . Não só a exposição, como também a maioria das fotos deste período foram posteriormente doadqs ao Instituto Nórdico de África pela viúva de Andreasson . A exposição, por sua vez, foi oferecida à Fundação Amílcar Cabral pelo Instituto e apresentada por Birgitta Dahl por ocasião das celebrações do 80º aniversário do nascimento de Amílcar Cabral, em setembro de 2004.
Andreasson também organizou uma exposição de fotografia com o objetivo de informar o público dos países nórdicos sobre o PAIGC e a Guiné colonizada . Não só a exposição, como também a maioria das fotos deste período foram posteriormente doadqs ao Instituto Nórdico de África pela viúva de Andreasson . A exposição, por sua vez, foi oferecida à Fundação Amílcar Cabral pelo Instituto e apresentada por Birgitta Dahl por ocasião das celebrações do 80º aniversário do nascimento de Amílcar Cabral, em setembro de 2004.
As imagens que o Instituto disponibiliza mostram como era a vida nas zonas libertadas . Como é que a população fazia a sua sua vida diária, mas também mostram o lado militar, os guerrilheiros com as suas armas.. Como a Guiné-Bissau tem muita rios, a canoa era um importante meio de transporte, tanto mais que os portugueses fizeram explodir a maior parte das pontes. Mais de 99 % da população era analfabeta quando a luta começou em 1963, por isso a educação era importante e o PAIGC montou escolas no mato para crianças e adultos, Existiam cerca de 75 dessas escolas, uma das primeiras foi a Escola Piloto em Conacri . O primeiro livro de leitura foi financiado por estudantes noruegueses e impresso na Suécia. As fotos mostram também eventos culturais e serviços de saúde do PAIGC.
Algumas das imagens seguintes estão publicados no livro* de Knut Andreasson e Birgitta Dahl, onde é possível ler mais sobre a situação na Guiné-Bissau naquela época
* Guiné-Bissau: o rapport om terra ett och en befrielserörelse / Knut Andreassen , Birgitta Dahl, Estocolmo: Prisma, 1971,
(**) Vd. últimos dois postes da série >
3 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13842: Da Suécia com saudade (40): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte I)... à Guiné-Bissau, de 1974 a 1995, foi de quase 270 milhões de euros... Depois os suecos fecharam a torneira... (José Belo)
4 de movembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13847: Da Suécia com saudade (41): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte II)... Um apoio estritamente civil, humanitário, não-militar, apesar das pressões a que estavam sujeitos os sociais-democratas, então no poder (José Belo)
(**) Vd. últimos dois postes da série >
3 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13842: Da Suécia com saudade (40): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte I)... à Guiné-Bissau, de 1974 a 1995, foi de quase 270 milhões de euros... Depois os suecos fecharam a torneira... (José Belo)
4 de movembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13847: Da Suécia com saudade (41): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte II)... Um apoio estritamente civil, humanitário, não-militar, apesar das pressões a que estavam sujeitos os sociais-democratas, então no poder (José Belo)
7 comentários:
"Como a Guiné-Bissau tem muita rios, a canoa era um importante meio de transporte, tanto mais que os portugueses fizeram explodir a maior parte das pontes." (...)
Os suecos, pelo menos os que eu conheço (ou conheci, nos anos 80/90, e com quem mantive relações cordiais de trabalho) são pessoas inteligentes, assertivas, racionais, positivistas, com boa formação científica e técnica, estando ss suas escolas ntre as melhores do mundo...
Naturalmente que quem escreveu a frase supra, baseou-se em informações que só ouviu de um lado. Como se diz em bom portuguêds, "emprenhou pelos ouvidos"...
Andei 22 meses na Guiné, entre junho de 1969 e março de 1971, nunca ouvi (nem muuito menos vi) essa de os "colonialistas portugueses darem tiros nos pés", ou mesmo é dizer, destruir as suas prórpias pontes, construídas com tantos sacrifícios, para impedirem que os blindados do PAIGC chegaseem logo a Bafatá e a Bissau em 1863...
A falta de bom senso tem limites...
"Explodir pontes".
Nós metropolitanos que nos verdes vinte anos de idade ,feitos de experiëncias em nada próximas das realidades africanas,tínhamos uma ideia "mitológica" quanto á sociedade em que nos inseriam (realidades condiconadas em todos os seus aspectos por uma guerra de intensidade variável mas sempre presente).
Olhávamos muitos dos colonos, ou administrativos,que por lá viviam com preconceitos,alguns justificados,outros...
Tinhamos no entanto como alicerce toda uma História (de muitas geracöes feita) de "contactos" africanos.
Os nórdicos que se envolveram nos auxílios à Guiné,tanto em voluntarismos "in loco"como em militâncias e activismos de retaguarda (refiro-me a indivíduos e näo a grupos industriais jogando com possíves dividendos futuros,ou grupos políticos na eterna busca de dividenos internos)ainda seriam mais ignorantes e ingénuos que os jovens portugueses para lá enviados.
Surgem em alguna livros,em artigos de jornais,em documentários e campanhas várias afirmacöes que em nada espelhavam as realidades na Guiné.
Näo será de estranhar tendo em conta que no Portugal dos anos 60/70 a ideia existente entre a populacäo em geral sobre as situacöes por nós enfrentadas naquela guerra era também assustadoramente...menos verdadeira.
Todos os que em férias foram a casa, se recordaräo das opiniöes entäo expressas na roda dos amigos,familiares e conhecidos quando procuravam descrever o que realmente se passava na Guiné.
A propaganda do regime era efectiva.
As outras também... e"as pontes explodiam".
Um grande abraco do José Belo.
Pois, Luis
Que ninguém entenda da leitura das minhas palavras abaixo que, alguma vez, apoiei o(s) governo(s) portugueses desses tempos ou a guerra colonial ela mesma, MAS:
- Como é possível esses comentaristas pensarem que era do interesse do exército português rebentar as pontes ("blew up the bridges", como estava no texto inicialmente publicado)? Será que pensavam que, desse modo, era dificultada a vida ao PAIGC por não poderem passar por elas?
E isto irrita-me mais quando lembro o dia 1 da operação Bola de Fogo (Gandembel), quando, ao atravessar o Rio Balana a uns 500m. a jusante da ponte, a vi completamente destruida; o pessoal da Eng. que veio depois teve que a reconstruir para passarem os abastecimentos vindos de norte - Aldeia Formosa;
- Mas, logo abaixo, os mesmos comentaristas dizem haver 75 escolas no mato, escrevendo, depois:"... uma das primeiras foi a Escola Piloto em Conacri". Ora, toma! Conacri, vai p'ró o mato!
Abraço
e outro para o José Belo
Alberto Branquinho
Há uma frase que é atribuída a Aristóteles (322 ac-384 ac.), o fundador da filosofia ocidental:
"Amicus Plato, sed magis amica veritas"... Traduzindo a frase (que é latinório, o Aristótoles falava em grago): "Sou amigo de Platão (... o meu mestre), mas sou mais amigo da verdade"...
Meus caros José e Alberto, nenhum de nós está, neste caso concreto, a defender o "colonialismo português", mas apenas a analisar e a discutir a veracidade dos factos...
Eu ainda ajeitei o texto em português... Porque em inglês o retrato é mais grosseiro: os guerrilheiros do PAIG são "soldiers", a canoa é "boat", e anda-se de "barco" nas calmas porque é só rios e os portugueses estoiraram com as pontes:
(...) the Portuguese blew up most of the bridges" (...).
Quanto ao resto infelizmente é verdade: por exemplo, 99% de analfabetos... Em 100 soldados do recrutamento local, na CCAÇ 12, só um, o 1º cabo José Carlos Suleimane Baldé, tinha feito o exame da 4ª classe...
(...) "The pictures show how life was in the liberated areas. How people went about and did their daily chores, but also the military side, the soldiers and their weapons. As Guinea Bissau has plenty of rivers, the boat was an important mode of transportation, in particular as the Portuguese blew up most of the bridges. Over 99% of the population was illiterate when the struggle started in 1963 so education was important and PAIGC ran camp-schools for children and adults. About 75 such schools existed - one of the first was the Escola Piloto in Conakry. The new ABC book was funded by Norwegian students and printed in Sweden. The pictures also show cultural events and health care facilities." (...)
A propósito de pontes näo destruídas mas sim reconstruídas(!) e aproveitando o comentário de Alberto Branquinho...foram grupos de combate da Companhia a que eu(entre outros camaradas deste blogue)pertencia que montaram a seguranca aquando da reconstrucäo da ponte do Destacamento de Ponte Balana à entrada de Gandembel.
Os nossos militares poderäo ser acusados de muitas faltas mas näo as de destruirem as poucas infra-extructuras entäo existentes na Guiné.
Pelo contrário, muito por lá se construiu nesse período dentro das limitacöes existentes.
(40 anos de "assuecamento" e quase a defender o colonialismo na Guiné...segurem-me!)
PS/Meu Caro Luís.
"os blindados do PAIGC chegassem logo a Bafatá e a Bissau em 1863"?
Já terás consultado demasiados documentos...SUECOS.
Um grande abraco.
Deixem-me desabafar
SUÉCIA--terra de suecas (boas) e suecos altos, louros e toscos(no futebol).."pintinho da costa--dixit.
Sociais democratas..solidários..nos primeiros rankings de tudo e tudo..terra de refúgio de muitos "fugidos" da "guerra do ultramar"..neutros q.b...mas também colaboradores do regime nazi alemão.
Claro que destruímos as pontes..não éramos parvos.. para permitir que as divisões blindadas do paigc viessem em passeio até Bissau.
Éramos todos "salazaristas"..fomos defender o solo pátrio..etc.
Praticávamos a escravatura pura e dura..ainda hoje os pretinhos das nossas queridas colónias africanas nos odeiam de morte..
Bons colonos foram os ingleses, franceses e até alemães.. e solidários suecos.
Nós tugas temos aquilo que merecemos..sendo meio escuros e latinos e pertencemos aos pigs.
Temos muitos licenciados..( merkel..dixit) à que reduzir..a alemanha precisa de mão obra dócil e barata.
Os ricos devem estar no " escritório"..os pobres.. plebe ignorante e nhurra deve apenas fazer o trabalho braçal que é para isso que serve.
Os nossos "governantes" patriotas e impolutos tudo fazem para erguer bem alto o nome de Portugal.
Às vezes surgem aqui uns ex-combatentes a queixarem-se que ninguém lhes liga..que lutaram..e não sei quê.."cambada de oportunistas"..é o que são...deviam estar caladinhos.
Cá vamos ..cantando e rindo..
A BEM DA NAÇÃO
C.Martins
A história do colonialismo não conta, mas, naquele tempo, os suecos tentaram usurpar-no negócio de escravos da Guiné e Portugal viu-se obrigado a construir o Forte da Amura, para os contrariar e por exigência do régulo de Bissau...
No decurso da guerra colonial, o PAIGC não detinha nenhuma povoação, mas tinha armazéns do Povo, escolas, hospitais, etc. Portugal bateu com a porta e eles não tinham nada - apenas armamento! E, se houvesse consulta ao seu povo (hipermercados), nem sequer teriam 15% dos votos a seu favor!
Vejam esta cena. No princípio da década de 80, do século passado, estávamos a construir o então Liceu de Bissau (pago pela Holanda), e uma sueca loura encostou o seu Volvo à valeta, no sentido Bissalanca-Bissau, por avaria. Escreveu um recado e passou-o a um taxi Mehari-Citroen. Cerca de uma hora depois surgiu um carro de reboque conduzido por um sueco louro, que colocou a sua trazeira à frente do Volvo. A loura zarelhava mas não atinava o engate, o louro não se mexia,os transeuntes guineenses concediam-lhe curiosidade, mas seguiam o seu caminho, e então mandou-se o nosso mecânico intervir- passava-se a menos de 50 m. Levantou o capot, voltou a fechá-lo, fez sinal ao louro para se afastar, engatou a velocidade, indicou o volante à loura, propôs-se a empurrar o Volvo - e todos, os mais juntos e os mais próximos acorreram a dar uma ajuda...
O que os guineenses fizeram, era legado dos militares portugueses...
O modo como os suecos se desempenharam, era cooperação internacional...
Manuel Luís Lomba
Enviar um comentário