Olá camaradas amigos Carlos Vinhal e Luís Graça.
Em anexo segue mais uma parte das minhas memórias no seguimento do anterior texto, e 2 fotografias.
Para quando der jeito publicar se assim o entenderem.
Abraço fraterno
António Murta
CADERNO DE MEMÓRIAS
A. MURTA - GUINÉ, 1973-74
A. MURTA - GUINÉ, 1973-74
[Recapitulando: 16-03-1973 – Partida de Lisboa; 22-03-1973 – Chegada a Bissau, pequena incursão na baixa da cidade à noite, primeiras decepções, regresso ao Uíge].
2 - PARTIDA PARA BOLAMA
Deitei-me à 1h30 da madrugada (última noite no navio), para me levantar às 3 horas e preparar a saída para Bolama, com os soldados de duas Companhias, a bordo de uma LDG da Marinha. Pelo menos outra se lhe seguiria com o resto das tropas. Saímos de Bissau às 5 horas da madrugada e chegámos a Bolama às 10 horas. Era uma sexta-feira, 23 de Março de 1973.
[Lamentavelmente não tenho notas nem memória para descrever a viagem que deve ter sido uma experiência única. Pela mesma razão ficará sem registo o desembarque que, para a grande maioria, foi a primeira vez que pisaram solo africano].
Não recordo se a LDG ficou ao largo, se atracou no cais. Essas situações dependiam sempre do estado das marés que, em toda a costa da Guiné, e pelo seu interior adentro, é sempre de alguns metros de altura. O que recordo foi a recepção que nos fizeram dezenas de crianças e algumas mulheres, habituadas que estavam a que à sua terra estivessem sempre a chegar novos contingentes, à medida que outros saíam. E zumbiam à volta dos tropas a oferecer os préstimos das lavadeiras que, sabiam, poucos iriam dispensar. Pediam também dinheiro (patacão) de mão estendida. Eram uns safados e umas safadas, muito batidos naqueles contactos, mas muito bonitos e gentis. Foi o primeiro contacto com o calor humano local, a suavizar angústias, medos indefinidos e dúvidas sobre o futuro.
Faltava instalarmo-nos e fazer o reconhecimento da cidade. Um espanto! Como fora possível que uma cidade daquelas, tão pequena e desprezada, tenha sido a capital da Guiné? Só estou a ver uma explicação: em toda a Guiné não havia outra com melhores condições e infra-estruturas para ser a capital da colónia. Até ao desenvolvimento de Bissau. (Ou seria por estar a bom recato das beligerâncias do interior da colónia? Ou para evitar novas ocupações estrangeiras? Em termos de história, isso foi anteontem, em quinhentos anos de presença portuguesa...). Ainda assim, uma avenida – não asfaltada – leva-nos, subindo, a um grande jardim público abandonado, no topo do qual se apresenta o imponente edifício que fora a Administração da colónia. Lateralmente e não muito distante havia o Hotel Turismo, pequeno mas com alguma nobreza, que fora a filial do Banco Nacional Ultramarino inaugurado em 1903 e que, agora, era a Messe de Oficiais.
Para além dos quartéis, havia as escolas, a igreja, a tipografia, o Clube dos Bombeiros com os seus matraquilhos, ping-pong e bar, onde íamos à civil beber uns copos e observar as senhoras brancas, mulheres dos outros oficiais. Junto ao cais, na baixa, havia uma piscina que só utilizei uma vez por receio daquelas águas. Melhor que tudo era o restaurante de portugueses onde, quando era possível, tirávamos a barriga e a alma de misérias.
Esta pequena urbe empoeirada e quente não é nada do que tinha imaginado mas, nas horas amenas dos fins de tarde, dava-me imenso prazer deambular pelas suas ruas quase desertas, apreciando as suas casas coloniais, muito abandonadas, com as sua varandas típicas, e ir descendo até ao cais onde me sentava sozinho a assistir ao pôr-do-sol, imaginando as praias da minha Figueira da Foz. Depois, lembrava-me que estava sentado ao contrário, virado para o canal de Bolama e para o continente, e que à minha esquerda tinha o norte e não o sul, e levantava-me irritado e virava costas. Para mais, dali de frente, de S. João, é que têm partido os mísseis do PAIGC nos ataques à cidade, segundo nos dizem, para susto dos periquitos. Mas, quando podia, voltava lá.
Nesses entardeceres cálidos e perfumados mas cheios de luz, era um espectáculo apreciar os bandos de morcegos, aos milhares, num esvoaçar barulhento e nervoso. Tudo era novidade. E os abutres (jagudis) com o seu ar decrépito nos ramos secos das árvores? Quando escurecia continuavam a ver-se as suas silhuetas, atentas e diligentes, para bem da salubridade da cidade.
O que para mim foi mais desagradável, quase chocante, foi o primeiro contacto com os habitantes da periferia na zona ribeirinha da cidade, na quase totalidade de confissão muçulmana. Numa das minhas deambulações, passei frente às suas modestas moradias e pude ver como me olhavam quase com hostilidade, tal como em Bissau à chegada, enfiados nas suas enormes roupas brancas, barretes da mesma cor, sentados às portas (parece que nunca tinham nada para fazer...), a mascar qualquer coisa (coca?) e a cuspir para o chão. Quase que não vi mulheres (estariam a trabalhar?) mas tinham que ser muitas, já que cada homem podia ter duas, três, quatro ou mais, segundo a suas posses!... Além disso havia muitas crianças. Pude ver, ainda, nos que caminhavam, como eram muito magros e, alguns, bem altos. Outros, mais jovens, passeavam-se aos pares agarrados pelo dedo mindinho. Se fosse na Metrópole seria um escândalo, mas ali era normal e não tinha nada a ver com o que parecia.
Apesar do registo de algumas notas mais cinzentas, não fora o objectivo que ali nos tinha levado, e poderia dizer que era bom estar em Bolama. De bom grado aqui passaria a comissão, mesmo se o preço fosse ficar sem saber como era o resto da Guiné.
26 de Março a 22 de Abril de 1973 – IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional)
Relata a história do meu Batalhão: «A IAO teve lugar na ilha de Bolama de 26MAR73 a 22ABR73. Foi um período duro de instrução, em que o esforço despendido, não terá talvez correspondido totalmente aos resultados obtidos, mas melhorou substancialmente a sua preparação».
Realmente, ainda antes de irmos para o interior da ilha, ali bem junto da cidade começaram exercícios bem duros, como atravessar na maré baixa zonas de lodo a dar pela cintura, com armas às costas e demais equipamentos. Era até desfalecer. Tive o privilégio de me poupar a parte destes exercícios por ter iniciado um período de aperfeiçoamento da prática com minas e explosivos, a minha especialidade.
Ainda na cidade de Bolama, um dia marcou de forma diferente a rotina dos afazeres da preparação militar. Foi a chegada do General Spínola (Caco-Baldé, como era conhecido), para dar as boas vindas ao Batalhão.
27 de Março de 1973 – (terça-feira)[ou dia 28?] – Chegada do General Spínola
Há muito que todo o Batalhão se encontrava em formatura frente ao edifício da Administração, no topo do grande jardim central de Bolama, aguardando a chegada do General. A meio da manhã já a temperatura começava a tornar-se insuportável, e a exposição ao sol e a quase imobilidade, não tardaria a fazer as primeiras vítimas de insolação. Finalmente ouve-se um helicóptero e não muito depois surgiu o General com o seu séquito. Aguardavam-no individualidades militares e os chefes nativos das tabancas locais. Provavelmente também representantes da Igreja, não recordo.
Enfim, toda a escadaria do edifício da Administração estava repleta de individualidades para assistir à cerimónia que não passava de uma rotina para a maioria deles. Essa rotina compreendia a apresentação do Batalhão a sua Excelência, a passagem de revista às tropas, o discurso de boas vindas e o desfile em parada. Tudo muito solene e rígido como convinha, porque sua Excelência era o Comandante-Chefe de toda a tropa na Guiné e o Governador da Província Ultramarina da Guiné. Todos estavam suspensos dos seus gestos, das suas palavras e do fuzilamento dos seus olhares. Éramos muitos, já enervados, para um só actor: autoritário, arrogante e vaidoso.
E as coisas começaram a não correr muito bem logo no início, na apresentação do Batalhão. Como era da praxe, o Comandante do Batalhão, TCor C. A. S., colocado na frente das tropas, em continência, apresentou o Batalhão. Para surpresa de todos, com um berro, o General disse:
Ainda na cidade de Bolama, um dia marcou de forma diferente a rotina dos afazeres da preparação militar. Foi a chegada do General Spínola (Caco-Baldé, como era conhecido), para dar as boas vindas ao Batalhão.
27 de Março de 1973 – (terça-feira)[ou dia 28?] – Chegada do General Spínola
Há muito que todo o Batalhão se encontrava em formatura frente ao edifício da Administração, no topo do grande jardim central de Bolama, aguardando a chegada do General. A meio da manhã já a temperatura começava a tornar-se insuportável, e a exposição ao sol e a quase imobilidade, não tardaria a fazer as primeiras vítimas de insolação. Finalmente ouve-se um helicóptero e não muito depois surgiu o General com o seu séquito. Aguardavam-no individualidades militares e os chefes nativos das tabancas locais. Provavelmente também representantes da Igreja, não recordo.
Enfim, toda a escadaria do edifício da Administração estava repleta de individualidades para assistir à cerimónia que não passava de uma rotina para a maioria deles. Essa rotina compreendia a apresentação do Batalhão a sua Excelência, a passagem de revista às tropas, o discurso de boas vindas e o desfile em parada. Tudo muito solene e rígido como convinha, porque sua Excelência era o Comandante-Chefe de toda a tropa na Guiné e o Governador da Província Ultramarina da Guiné. Todos estavam suspensos dos seus gestos, das suas palavras e do fuzilamento dos seus olhares. Éramos muitos, já enervados, para um só actor: autoritário, arrogante e vaidoso.
Bolama, 27 de Março de 1973 – Desfile perante o General Spínola, da 2.ª CCAÇ do BCAÇ 4513
4.º Grupo de Combate comigo à frente seguido dos dois Furriéis do Grupo
E as coisas começaram a não correr muito bem logo no início, na apresentação do Batalhão. Como era da praxe, o Comandante do Batalhão, TCor C. A. S., colocado na frente das tropas, em continência, apresentou o Batalhão. Para surpresa de todos, com um berro, o General disse:
- Centre-se em relação ao Batalhão!.
Desprevenido, o Tenente Coronel, olhou à esquerda, olhou à direita e deu uns passos laterais tentando centrar-se melhor. Repetiu a continência, repetiu o pedido de apresentação e, o General, no mesmo tom de voz, repetiu a ordem para que centrasse em relação ao Batalhão. Parecia demais para ser verdade, mas era o que estava a acontecer. Puro e gratuito achincalhamento na presença de todos os subordinados de um militar que fora o Comandante do Regimento de Infantaria das Caldas da Rainha, (meu comandante aí), entidade militar de respeito naquela Unidade e em todos os actos públicos da referida cidade, enfim, ali reduzido a um militarzeco desautorizado perante todos os homens que era suposto vir a comandar. (Talvez por isto não tenha comandado nada, porque logo após o final da IAO, mas já em Aldeia Formosa, foi evacuado para a Metrópole por motivo de doença em que nunca acreditei).
Como me tinham prevenido os “velhinhos” de Bolama, com ar de gozo, o discurso que o General faria às tropas, começaria assim: «Conheço-vos a todos! É como se tivesse vindo convosco no barco. Etc., etc.»
E o General disse-nos do alto da escadaria: «Conheço-vos a todos! É como se tivesse vindo convosco no barco. Também eu sou um soldado como vocês! Etc. etc.». (Por sermos assim uns soldados tão iguais, é que ele tratou o Tenente Coronel daquela maneira...).
Prosseguiu o discurso e, no final deste, (penso que foi por esta ordem), desceu das alturas e passou em revista as tropas. Também neste caso os “velhinhos” tinham prevenido: «Ele vai deslizar na vossa frente em passo curto e não vai tirar os olhos das vossas caras. A espaços, pára, e fixa com tal profundidade os olhos de quem tem na frente que, não raro, o coitado desmaia e cai-lhe aos pés... Especial atenção aos Alferes!, diziam ainda».
E assim foi. Não recordo se alguém desmaiou, mas foi como me tinham dito. Claro que o estado de quase insolação também ajudava. Por acaso também parou na minha frente, com o caco a brilhar de um lado e do outro lado o olho a vazar-me profundamente, as comissuras dos lábios torcidas para baixo e um semblante tétrico. Não era mais alto do que eu. Mantive-me firme olhando-o com a mesma intensidade, mas evitando ares de desafio que poderiam deixar-me marcado na sua memória. Mas é verdade que me incomodou.
(...)
[A este propósito, talvez venha a calhar um dia, tecer alguns comentários sobre a minha inadequação (intrínseca) ao serviço militar e à sua hierarquia, apesar do respeito que me merecem aqueles que seguem esse modo de vida. Pode ser que até dê uma boa polémica...].
Acabado o discurso seguiu-se o desfile das tropas. Junto uma fotografia e um corte da mesma com o Grupo de Combate a desfilar.
(continua)
Texto e fotos: © António Murta
____________
Nota do editor
Primeiro poste da série de 16 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14373: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (1): Embarque para a Guiné, 16 de Março de 1973
E assim foi. Não recordo se alguém desmaiou, mas foi como me tinham dito. Claro que o estado de quase insolação também ajudava. Por acaso também parou na minha frente, com o caco a brilhar de um lado e do outro lado o olho a vazar-me profundamente, as comissuras dos lábios torcidas para baixo e um semblante tétrico. Não era mais alto do que eu. Mantive-me firme olhando-o com a mesma intensidade, mas evitando ares de desafio que poderiam deixar-me marcado na sua memória. Mas é verdade que me incomodou.
(...)
[A este propósito, talvez venha a calhar um dia, tecer alguns comentários sobre a minha inadequação (intrínseca) ao serviço militar e à sua hierarquia, apesar do respeito que me merecem aqueles que seguem esse modo de vida. Pode ser que até dê uma boa polémica...].
Acabado o discurso seguiu-se o desfile das tropas. Junto uma fotografia e um corte da mesma com o Grupo de Combate a desfilar.
(continua)
Texto e fotos: © António Murta
____________
Nota do editor
Primeiro poste da série de 16 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14373: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (1): Embarque para a Guiné, 16 de Março de 1973
7 comentários:
Companheiro Murta, estava ler a tua descrição e veio-me um sorriso quando cheguei ao discurso do Caco Baldé porque assisti a duas ou três situações dessas. Estive em Bolama alguns meses, não nesses a que te referes, um pouco mais tarde. Por essa altura estava no Xime na Ccaç 12, mas essa estória do Tenente Coronel era falada por lá. O Caco, por vezes do alto do seu estatuto, apertava com oficiais superiores. Recordo que uma vez, e desta vez o desfile foi no campo de futebol, o calor, como o era durante todo ano, insuportável. Mesmo à sombra, onde eu estava.
O batalhão formou perto das nove da manhã e foi ficando. O tempo a passar e nada do Caco. De vez em quando um militar caía e rapidamente levado para a enfermaria. O tempo foi passando, pelo menos umas três horas, e o pessoal a derreter, até que finalmente se ouviu o hélio a chegar.
Quando o Caco começou- conheço-vos a todos!
Vários militares caiam que nem tordos. O general deve ter achado que desta vez era demais e perguntou para um oficial que estava perto, penso que o Banazol, o que se passava. Passado um bocado oiço o general a dizer- quem foi a besta que manteve os homens durantes tantas horas nesta situação. Foi o silêncio total. Sem comentários. Sobre o resto recordei as minhas idas, com um ou mais camaradas, ao bar dos bombeiros, onde passei a passagem de ano de 73/74. Os putos que "batidos" sabiam aproveitar a ingenuidade dos periquitos, eram vulgar alguns militares levarem-nos a jantar, darem-lhe uns pesos, eles divertiam-se e em crioulo, insultavam-nos. A piscina, onde só uma vez me atrevi tomar banho e apanhei uma otite. O cais, onde quase todos os fins de tarde íamos sentir a brisa e pelo caminho víamos a partida de milhares e milhares de morcegos a ir na direção do continente. Por vezes no cais ouvíamos o respirar dos golfinhos. Camarada Murta, obrigado por me proporcionares uns momentos agradáveis.
João Silva, Guiné 72-74
Camarada João Silva.
Eu é que agradeço as tuas amáveis e oportunas palavras. É que, em relação ao Gen. Spínola, não disse tudo e, mesmo assim, era possível que outros achassem que eu exagerei... É verdade que lhe reconheço qualidades não muito comuns mas as suas atitudes eram muitas vezes despropositadas e injustas. (Veja-se o caso acontecido com o Beja Santos, como exemplo. Na mesma situação, acho que eu teria feito um disparate. Mas claro que não posso estar certo disso).
Um abraço,
A. Murta.
Camarada Murta, é uma das melhores descrições que tenho lido, a tua, com a apresentação do vosso batalhão ao Com-Chefe... Parabéns pela qualidade e frescura do texto! E as fotos são excelentes!
Há um camarada nosso, o António Estácio, que vai publicar um livro de memórias sobre Bolama, que ele conheceu a palmo. De origem transmontano (pelo lado dos pais), nasceu no chão de papel, em Bissau...
O Estácio vai estar connosco em Monte Real, no próximo dia 18.
Obrigado, Luís Graça.
Vou estar atento à publicação do livro do António Estácio porque saí de Bolama completamente enfeitiçado. Gostava de conhecer melhor.
Sobre o Encontro de Monte Real (aqui tão perto...), é-me de todo impossível estar presente. Espero não ter engulhos para o ano.
Um abraço,
A. Murta.
Caro Murta
Gostei de ler o relato da apresentação do Batalhão, do discurso e do desfile.
Nada que alguns aspectos não tenham sido já referidos, mas aqui apareceram com um 'ar fresco', enquadrados ambientalmente de tal modo que se consegue "quase estar lá"!
É pena não poderes ir a Monte Real. Fica para uma próxima...
Hélder S.
Amigo Murta.
Mais um acontecimento da nossa companhia que desconhecia por completo. Nunca ouvi qualquer comentário. O ter chegado uns meses depois deu neste total vazio. Conta mais algumas passagens porque estás a ajudar a construir a memória do nosso batalhão e da nossa 2ª CCAC por aquelas paragens.
Daqui da Alemanha (vou chegar em breve ao nosso país) recebe aquele abraço amigo.
José Carlos Gabriel
Camaradas Hélder Valério e José Carlos Gabriel, obrigado pelas vossas amáveis palavras.
J. C. Gabriel: sobre o continuar a contar mais passagens da nossa vivência por aquelas paragens, devo dizer-te que penso continuar a enviar, por ordem cronológica, todo o meu diário da Guiné. O problema é que só recentemente me dispus a transcrever os inúmeros caderninhos e tenho que enviar à medida que o faço. E é demasiada matéria para elaborar e pouco tempo para o fazer, pois tenho muitas outras actividades que me dispersam. Acresce que a capacidade de síntese nunca foi o meu forte e isso obriga-me a fazer cortes cirúrgicos para não enfadar quem lê. E ainda mais cortes nas partes que possam ferir susceptibilidades, enfim..., uma trabalheira. Que, apesar de tudo me dava gozo se não fizesse mais nada.
Espero que faças um bom regresso à Pátria, neste momento florida e a explodir de vida por todo o lado.
Abraço-te com amizade,
A. Murta.
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