sexta-feira, 10 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14455: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (97): José Maria de Sousa [ Ferreira, minhoto de Braga, com escola de condução no Porto], ex-sold mec aut (BART 1904 e PINT, Bambadinca, 1968/70) descobre os seus companheiros do conjunto musical, da CCS/BCAÇ 2852, a quem o Movimento Nacional Feminino ofereceu, em 1969, os instrumentos


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Circa Maio de 1969 > Atuação do conjunto musical de Bambadinca, formado por cinco elementos: da direita para a esquerda,  o 1º cabo Tony  ("cantor romântico"), o 1º cabo Peixoto (bateria), o José Maria de Sousa [, Ferreira], soldado do pelotão de intendência (viola solo), o 1º cabo Serafim (viola ritmo), e ainda "um outro 1º cabo que "deveria ser chapeiro e que, na vida civil, praticava halterofilismo"... Com exceção do Sousa, todos pertenciam ao BCAÇ 2852 e eram 1ºs cabos...

Pela consulta da história da unidade (BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), presume-se que:

(i) o Peixoto seja o 1º cabo escriturário  José Faria Taveiro Peixoto, nº  11176267, do comando do batalhão, secção de pessoal e reabastecimento;

(ii) o Serafim deve ser o 1º cabo mecânico auto António Luis S. Serafim, nº 06148667, do pelotão de manutenção comandado pelo alf mil Ismael Quitério Augusto, nosso grã-tabanqueiro;

(iii) o Tony, pelo nome e nº mecanográfico terminado em 61, pode ser o 1º cabo nº 14219661 António N. Sousa ("Era refratário, e tinha cinco a seis anos a mais do que nós", diz o Sousa; julga que era condutor, e natural de Lisboa, onde já cantava, com nomes fadistas conhecidos como a Maria da Fé).




Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente Maio de 1969 > Da  direita para a esquerda, Peixoto (bateria),  Sousa (viola solo), Serafim (viola ritmo) e outro camarada não identificado (1º cabo, provavelmente bate chapas).





Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente Maio de 1969 &gt Parada do quartel de Bambadinca: visita da presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto (1921-2011), mais conhecida por "Cilinha"  (1)...


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente Maio de 1969 &gt Parada do quartel de Bambadinca: visita da presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto (1921-2011), mais conhecida por "Cilinha"  (1)... Todos as guerras têm a sua "Pasionaria"... A "Cilinha" terá sido a nossa... Esta foto, notável, do José Carlos Lopes, é uma prova disso... É uma foto de antologia, editada por nós, a preto e branco...


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente Maio de 1969 >  Parada do quartel de Bambadinca: visita da presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto (1921-2011), mais conhecida por "Cilinha" (2)...

Fotos do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, especialidade essa que ele nunca exerceu (na prática, foi o homem dos reabastecimentos do batalhão).(*)

Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


1. O José Maria de Sousa [Ferreira], de rendição individual, era soldado mecânico auto, sendo originalmente colocado na CSS/BART 1904, onde veio substituir um camarada ferido num braço.

Terminada, em setembro de 1969,  a comissão do BART 1904 (1966/68), o José Sousa [JMSF] vai para Bissau, mas logo a seguir é colocado no Pelotão de Intendência (PINT) de Bambadinca.  Tem, ao todo,  54 meses de vida militar. "Apanhou um porrada na metrópole por conduzir sem carta". Foi mobilizado para a Guiné. Já tocava viola na vida civil.

Em Bambadinca o José Sousa era muito solicitado para festas de anos e animações. Depois formou um conjunto com a malta da CCS/BCAÇ 2852. O Movimento Nacional Feminino (MNF) ofereceu-lhes os instrumentos. Tocaram, com grande sucesso, em vários sítios, incluindo Bafatá (na festa de Natal de 1969 e na passagem de ano). As fotos acima referem-se ao dia em que a Cilinha foi visitar Bambadinca...  e houve espectáculo musical no edício em U das messes e quartos de oficiais e sargentos.

O Sousa, que é sócio de um escola de condução no Porto, é natural de Braga, tem uma filha, médica, no IPO do Porto.  Hoje o seu nome completo é José Maria de Sousa Ferreira (JMSF). Na tropa, era só conhecido por Sousa.

Falou comigo ao telefone. Já esteve na Guiné, em férias, há 3 anos, e claro visitou Bambadinca.  Quer ir ao convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, que este ano se realiza na Trofa (**). Foi o Silvino Carvalhal, de Vila Nova de Famalicão,  que lhe deu o meu nº de telefone de casa. Mas foi através da Net que ele  descobriu estas fotos acima reproduzidas, e que o emocionaram,  Gostava agora de saber por onde param os seus companheiros do conjunto musical. Só não se lembra do nome do 5º elemento, "1º cabo, talvez chapeiro, da CCS"... (Consultando a história da unidade, verifica-se que o único 1º cabo bate-chapas era o Otacílio Luz Henriques; havia mais dois 1ºs cabos mec auto,  o João de Matos Alexandre e e o outro era o Serafim)...

 O conjunto musical de Bambadinca era formado por 5 elementos, todos eles 1ºs cabos, com exceção do do Sousa, havendo 1 cantor (o Tony), 3 guitarras elétricas e 1 baterista. O Sousa gostaria muito de reencontrar estes companheiros: o Tony seria de Lisboa, o Peixoto, de Póvoa de Lanhoso. O Serafim, bateria, também tocava viola.

Convidei o Sousa  a integrar o nosso blogue, o que ele aceitou de bom grado. Ficou de me mandaralgumas fotografias que ainda lhe restam do tempo da tropa. Tenho o seu telefone e endereço de email. (***)

PS - Não confundir este conjunto com um outro que andava pela Guiné, o Conjunto Musical das Forças Armadas. (O nosso camarada Vitor Raposeiro, ex-fur mil radiotelegrafista, STM, de rendição indiviual, que passou por Aldeia Formosa, Bambadinca, Bula e Bissau, 1970/72, também viria a   integrar esse Conjunto Musical das Forças Armadas, tendo saído de Bambadinca ao tempo do BART 2917; esse conjunto atuava por toda a Guiné).

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 3 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10993: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (8): Há festa no quartel: visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas, em abril ou maio de 1969

(**) Vd poste de 2 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14430: Conivívios (661): Pessoal de Bambadinca 68/71: Trofa, 30 de maio de 2015 (Silvino Carvalhal / Fernando Sousa)

(***) Último poste da série > 17 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14157: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (96): Não sei se era o senhor Comandante Pombo que estava aos comandos, sei que fiquei muito sensibilizado com esta boleia (António Dâmaso)

7 comentários:

Luís Graça disse...

Como é que a História tratará Cilinha ? E a "Maria Turra" ? E O Spínola ? E o Amílcar Cabarl ? E o Salazar ? E nós, pobres peões de brega ?... LG

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Com a devida vénia... ao DN:


http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=1002271

Cilinha, 'uma Salazar de saias'
por

FERNANDO MADAÍl09 fevereiro 2008Comentar

Biografia. "Olá, rapazes, Santo Natal", dizia Cilinha num disco lançado pelo Movimento Nacional Feminino, com o título 'Natal de 71', e destinado aos soldados que combatiam na Guerra Colonial. Cecília Supico Pinto, que se recolheu à discrição da sua casa em Cascais, era, na época, um dos rostos emblemáticos do regime. A sua vida está, agora, em livro
"Quando o Santa Maria [o paquete que tinha sido desviado, em 1961, por Henrique Galvão] regressou, Salazar estava com um grupo de pessoas do Governo, na Rocha do Conde de Óbidos, à espera do barco e, lá fora, uma multidão gritava por ele. Alguns ministros diziam-lhe que devia dirigir-se à multidão e dizer umas palavras alusivas ao momento, mas ele não queria aparecer. Pediram-me então que falasse com ele, diziam que ele me escutava. Fui e disse-lhe:
- O Sr. Doutor não pode fazer isto ao povo, o povo quer vê-lo. Está ali para o apoiar e parece-me que isto pode ser visto como uma desconsideração.
- A menina é capaz de ter razão!
Voltou-me as costas, dirigiu-se à varanda, abriu os braços e disse:
- Obrigado, portugueses, o Santa Maria está de novo connosco!"
A revelação é feita pela mulher mais importante do regime no livro biográfico escrito por Sílvia Espírito Santo e intitulado Cecília Supico Pinto - O Rosto do Movimento Nacional Feminino. E esta versão dos acontecimentos permite perceber como alguém que proferia discursos brilhantes teve uma frase tão pífia, sempre gozada pela oposição não consentida.
Para as novas gerações, o nome de Cilinha, como gostou sempre de ser tratada, nada diz; mas os seus pais lembram-se bem daquela mulher alta e bonita que montou a estrutura de mulheres no apoio à Guerra Colonial, alvo do sarcasmo de António Lobo Antunes no romance Os Cus de Judas: "As senhoras do Movimento Nacional Feminino vinham por vezes distrair os visons da menopausa distribuindo medalhas da Senhora de Fátima e porta-chaves com a efígie de Salazar, acompanhadas de padres-nossos nacionalistas e de ameaças do inferno bíblico de Peniche, onde os agentes da PIDE superavam em eficácia os inocentes diabos de garfo em punho do catecismo." E noutro trecho escolhido pela biógrafa: "Reencontrei-as no portaló do barco na manhã da partida, encorajando-os com maços de cigarros Três Vintes e apertos de mão viris em que as falanges, as falanginhas e as falangetas se articulavam entre si por intermédio dos anéis de brasão."

(...)

Luís Graça disse...

Mas neste poste quem é importante não é a Cilinha, apesar de ter os holofotes de Bambadinca em cima... dos seus 48 aninhos...

Quem são importantes são os nossos camaradas músicos que nos aninaram alguns dos nossos tristes e duros dias da Guiné... Estas fotos são tiradas antes do grande ataque a Bambadinca, ocorrido a 28 de maio de 1969...

Será que conseguimos localizar estes camaradas ? Espero que eles ainda estejam vivos, algures, e de boa saúde... E que o Sousa [Ferreira] nos dê mais informação sobre este dia em que a Cilinha foi a Bambadinca e assistiu a este espetáculo musical...

Luís Graça disse...

A prova de que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande, está aqui mesmo: as fotos são do José Carlos Lopes, e não tinham legendas; o Sousa acaba por as descobrir e legendar, dois anos depois...

Já lhe sugeri que vá ao Gooogle Imagens e que pesquise imagens através do descritor "Bambadinca"... Há mais de duas centenas, e a grande maioria são do nosso blogue...

Luís Graça disse...

Já agora, quem é este tenente coronel que aparece, na foto da Cilinha, à esquerda ? É alguém que veio de Bissau, com a delegação do MNF ?

Anónimo disse...

Em maio de 69 também recebemos em Jolmete a visita das senhoras do M. N. F..E em 68 entre o meio e o fim do ano também nos ofereceram um conjunto de instrumentos uma bateria igual ou parecida com esta uma viola, um acordeão e duas massarocas que não sei o nome mas parecia que tinham milho no interior.Os tocadores eram o Maciel na viola o Pereira no acordeão que já sabiam tocar.Na bateria era o Videira que tinha muito jeito embora julgo eu nunca tinha tocado antes O Pereira é de Amarante e tem um conjunto de bombos (tipo Zés Pereiras) que animam as festas em todo o País.

Manuel Carvalho

jose almeida disse...

O Toni pertencia à CCS do BCaç 2852 e cantava o Fado muito bem. Era bastante indisciplinado, punha a cabeça do Alf. Fernando Calado em água. Pertencia ao Serviço de Transmições do Bat.

Anónimo disse...

Fernando Calado
13/04/2015

Caros camaradas,

Trata-se, de facto, do Toni que era radiotelegrafista na CCS do B.Caç. 2852.

É um pouco mais velho que nós (espero que esteja vivo), cantava o fado, cantou para a Cilinha (lembro-me como se fosse hoje do ambiente da visita e do empenho do Toni) e praticava também outro tipo de actividades.

As fotos do Lopes são fantásticas.

Um grande abraço