terça-feira, 20 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18439: (D)outro lado do combate (22): "Plano de operações na Frente Sul" (Out-dez 1969) > Ataque a Bolama em 3 de novembro de 1969 - Parte I (Jorge Araújo)


Citação: (1963-1973), "Umaru Djaló e outros combatentes numa base do PAIGC", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43455 (2018-3-12)



Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 

(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue desde março de 2018



GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE > "PLANO DE OPERAÇÕES NA FRENTE SUL" [OUT-DEZ 1969] - ATAQUE A BOLAMA EM 3 DE NOVEMBRO DE 1969  (AO TEMPO DA CCAÇ 13 E CCAÇ 14)  (Parte I)




1. INTRODUÇÃO

Nove dias depois do ataque a Bedanda (25OUT'69 – o 2.º) e três semanas após terem realizado igual acção a Buba (12OUT'69 – o 1.º), as forças do PAIGC voltaram a concretizar nova flagelação prevista no seu "plano", a terceira, desta vez à cidade de Bolama, a 3 de Novembro de 1969, 2.ª feira, com recurso exclusivo a duas peças "GRAD", cada uma delas preparada para projectar dois foguetes 122 mm.

Recorda-se que este "plano de acções militares", num total de nove ataques, havia sido delineado para ser cumprido durante o último trimestre desse ano nas regiões de Quinara e de Tombali, situadas na zona Sul da Guiné, com recurso a uma logística considerável de equipamentos de artilharia pesada (morteiros 82 e 120; foguetes 122 "GRAD" e peças anti-aéreas "DCK") e a mobilização de um numeroso contingente de guerrilheiros, pertencentes ao "Corpo Especial do Exército", comandado por "Nino" Vieira (1939-2009).

No caso particular da cidade de Bolama, o efectivo destacado para esta missão era constituído por cerca de cento e vinte elementos comandados por Umaru Djaló, uma força menor do que as anteriores, uma vez que no "calendário" estavam programados outros ataques para os dias imediatos, como eram os casos de Cacine e Cabedú, por esta ordem, conforme se indica no quadro abaixo.




Para a elaboração da presente narrativa, como para todas as outras que fazem parte deste dossiê específico, já publicadas ou a publicar, continuaremos a utilizar o relatório "das operações militares na Frente Sul" [http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40082 (2018-1-20)], documento dactilografado em formato A/4, sem capa e sem referência ao seu autor [mas acreditamos ser possível identificá-lo no decurso desta pesquisa], localizado no Arquivo Amílcar Cabral, existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares.



Para além deste facto histórico a que o comandante Umaru Djaló ficou ligado [primeiro ataque a Bolama com foguetes/foguetões 122 mm], outros actos ou acontecimentos haveriam, mais tarde, de constar no seu projecto de vida, como sejam:

No pós "25 de Abril de 1974", no contexto do processo negocial com os representantes do governo português, visando a independência da Guiné-Bissau, Umaro Djaló  fez parte da delegação do PAIGC que se deslocou a Londres para participar nas sessões de trabalho de 25 e 26 de Maio de 1974. A delegação do PAIGC era constituída por Pedro Pires (chefe da missão), Umaru Djaló, José Araújo, Lúcio Soares, Júlio Semedo e Gil Fernandes.

Três meses depois, a 26 de Agosto de 1974, o acordo era finalmente assinado em Argel, ficando definido o dia 10 de Setembro como o do reconhecimento da República da Guiné-Bissau. Neste acto participaram, então, como representantes do PAIGC: Pedro Pires (1934-), Umaru Djaló (1940-2014), José Araújo (1933-1992), Otto Schacht (-1980/ass.), Lúcio Soares (1942-) e Luís Oliveira Sanca.

Depois da Independência, tomou parte do I Governo da República da Guiné-Bissau, constituído por João Bernardo "Nino" Vieira (1939-2009, assassinado.), Umaru Djaló (1914-2014), Constantino Teixeira, Carlos Correia (1933-), Paulo Correia (?-1986, assassinado), Vítor Saúde Maria (1939-1999, assassinado), Filinto Vaz Martins (1937-), João da Costa e Fidelis Cabral d'Almada [da esquerda para a direita,  na imagem abaixo]. 

Era então Presidente da República Luís Cabral (1931-2009). Aquando do "golpe militar" de Novembro de 1980, que levou "Nino" Vieira ao poder, Umaru Djaló era chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.


Citação: (1974), "Tomada de posse do I Governo da República da Guiné-Bissau", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43933 (2018-3)


A 29 de Maio de 2014, Umaru Djaló travou o último combate da sua vida, vindo a falecer no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, aos 74 anos, depois de aí lhe terem sido prestados, durante alguns meses, os cuidados e a intervenção clínica especializada em função do seu "problema" de saúde.


2. DESTINATÁRIOS DO ATAQUE A BOLAMA EM 3NOV1969:


A CCAÇ 13 (CCAÇ 2591), A CCAÇ 14 (CCAÇ 2592) E O CIM  DE BOLAMA


Certamente que a data escolhida para o ataque a Bolama [Ilha] não foi por acaso, pois é credível que a mesma tenha sido aprovada sobre informações recolhidas pela sua "secreta", aliás procedimento habitual em qualquer contexto de guerra, e mais natural seria, em função do método utilizado na guerra de guerrilha que tem no conceito "surpresa" o seu princípio estratégico.

Sendo Bolama a cidade do CIM (Centro de Intrução Militar) por excelência, onde muitas das unidades metropolitanas realizavam o seu IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional), visando a adaptação ao clima e às condições da guerra, como foi o caso da minha CART 3494 (Xime) e restante contingente do BART 3873 (1971-1974) – [Bambadinca (CCS), Mansambo (CART 3493) e Xitole (CART 3492)] –, um ataque bem sucedido seria visto como um "grande ronco" e, por consequência, poderia influenciar o comportamento prospectivo das NT.




Recordam-se, com vista aérea de Bolama e respectiva legenda, os espaços mais frequentados pelos militares durante a sua premanência na cidade. Imagem postada pelo camarada grã-tabanqueiro ex-Alf Mil Rui G. Santos, Bedanda e Bolama da 4.ª CCAÇ (1963/1965) – in: http://riodosbonssinais.blogspot.pt/search/label/bolama ou "Bolama… no meu tempo – Guerra do Ultramar", com a devida vénia.

Entretanto no CIM,  em finais de Outubro de 1969, estavam em fase de conclusão de formação/instrução mais duas Companhias de Caçadores,  designadas por CCAÇ 13 e CCAÇ 14, saídas da união entre praças africanas do Recrutamento Local e oficiais, sargentos e praças especialistas oriundos da Metrópole. Os quadros metropolitanos destas novas Unidades Independentes, mobilizados pelo Regimento de Infantaria 16, de Portalegre, pretenciam à CCAÇ 2591, que deu origem à CCAÇ 13, e a CCAÇ 2592 à CCAÇ 14, respectivamente.

Sobre as emoções, sensações e experiências gravadas por todos aqueles que, ao fim daquela tarde de2.ª feira, a primeira do mês de Novembro de 1969, assistiram à explosão dos foguetões de 122 mm, recupero os testemunhos dos camaradas ex-furriéis Carlos Fortunato (CCAÇ 13/CCAÇ 2591) e Eduardo Estrela (CCAÇ 14/CCAÇ 2592), ambos membros da nossa Tabanca Grande

Carlos Fortunato refere que "no dia 3/11/1969 quando a [companhia da etnia balanta] CCAÇ 13 [CCAÇ 2591 - "Os Leões Negros"] estava no cais de Bolama, preparando-se para embarcar numa LDG [rumo a BISSORÃ], ouviu-se um longínquo 'pof' vindo da parte continental (zona de Tite). Um dos africanos disse 'saída' sorrindo, mas logo a seguir passaram sobre as nossas cabeças 3 [no relatório constam quatro] foguetões de 122 mm. Um acertou numa das pequenas vivendas que corriam ao lado da rua principal, que ligava o porto ao largo principal da cidade, apenas a uns escassos 30m do local onde estávamos. Outro caiu no largo principal um pouco mais acima, e o terceiro mais longe, já fora da zona habitacional. Corremos de imediato para o local dos impactos para prestar assistência às eventuais vítimas, mas felizmente apenas houve ferimentos muito ligeiros entre a população". […] "Os morteiros 107 mm existentes no quartel de Bolama responderam ao fogo". […] [sítio: CCAÇ 13 – Os leões Negros: Memórias da Guerra na Guiné (1969/71)]. [P9337].

Por outro lado, Eduardo Estrela, da CCAÇ 14 [companhia das 
etnias mandinga e manjaca] - [CCAÇ 2592], acrescenta que "partimos em 3 de Novembro de 1969 para a zona operacional que nos tinha sido destinada, CUNTIMA, junto à linha de fronteira do Senegal. Ainda em Bolama (…) sofremos, à hora da saída da LDG, um ataque onde o PAIGC utilizou pela primeira vez foguetões terra-terra. Ninguém sabia que tipo de armamento o PAIGC utilizara e só em Bissau, no dia seguinte, nos foi comunicado o tipo de arma". [P11365].

Na linha desta investigação daremos conta, no ponto seguinte, do que consta no relatório elaborado a propósito deste ataque.


3. O ATAQUE A BOLAMA EM 3NOV1969… COM FOGUETES 122 MM "GRAD" LANÇADOS DA PONTA BAMBAIÃ

Objectivos da acção:

O objectivo definido para esta acção concretizou-se no dia 3 de Novembro de 1969, ao fim da tarde, com o bombardeamento da cidade de Bolama, através da utilização de quatro [testemunhas referem três] foguetes 122 mm lançados de duas peças "GRAD" colocadas na orla costeira da zona sudoeste da região de Quínara, mais precisamente na Ponta Bambaiã. Para esta missão foram mobilizadas forças de infantaria e artilharia, as primeiras só com funções de segurança e apoio ao desempenho das segundas.

Como elemento de comparação entre as logísticas dos ataques já divulgados, apresentamos o respectivo quadro.




Desenvolvimento da acção: (as forças do PAIGC)





As nossas forças estavam constituídas por 3 bi-grupos de infantaria e duas peças de GRAD sob a responsabilidade do camarada [cmdt] UMARO DJALÓ.

Saída de Botché Chance pelas 17 horas do dia 29 de Outubro [de 1969], 4.ª feira. 


A operação deveria realizar-se no dia 3 de Novembro, 2.ª feira, à caída da noite. 

Na noite de 29 para 30 de Outubro a coluna cruzou o rio em Botché Col, e na manhã do dia 30 atingiu as imediações de Gândua. 

Na noite de 31 de Outubro para 1 de Novembro, a coluna cruzou o rio Tombali em Iangue, e na manhã do dia 1 de Novembro chegou a Bolanha Longe. 

A coluna deveria cruzar o rio na noite de 1 de Novembro, mas por falta de canoas só o pode fazer na noite de 2 de Novembro, domingo, tendo atingido Paiunco na manhã de 3 de Novembro, 2.ª feira. 

Chegada da coluna à Ponta de Bambaiã às 16 horas do dia 3 de Novembro (ponto escolhido de antemão para posição de fogo).



Na impossibilidade da elaboração de uma infogravura referente ao itinerário percorrido pelas forças do PAIGC mobilizadas para este ataque, por dificuldade em identificar os locais referidos no relatório, o que lamento, optei por utilizar a imagem de satélite abaixo.


Final da Parte I.

Na Parte II desta narrativa, serão abordados os seguintes pontos:

1 – O trabalho técnico da artilharia na posição de fogo – uso do GRAD.
2 – Reacção das NT.
3 – Resultados.
4 – Quadro de baixas da CCAÇ 13 (de 14Nov1969 a 23Abr1973).
5 – Quadro de baixas da CCAÇ 14 (de 11Nov1970 a 4Abr1974).

Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,

Jorge Araújo.
12MAR2018.
___________

Nota do editor:

Último poste ds série > 8 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18391: (D)o outro lado do combate (21): "Plano de operações na Frente Sul" (Out - dez 1969) > Ataque a Bedanda em 25 de outubro de 1969 (ao tempo da CCAÇ 6, 1967-1974) - II (e última) Parte (Jorge Araújo)

9 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Notícia do portal noticioso GBissau, reproduzida com a devida vénia:

http://www.gbissau.com/2014/05/30/necrologia-faleceu-o-comandante-umaru-djalo/

Necrologia: Faleceu o Comandante Umaru Djaló

30 Maio, 2014 Notícias
Bissau (RDN, 29 de Maio de 2014) – O PAIGC está de luto. Faleceu ontem a noite, em Lisboa, Portugal, o Comandante Umaru Djaló, vítima de uma doença prolongada.

Historicamente, na década de oitenta, antes do golpe militar de 14 de Novembro encabeçado pelo assassinado general João Bernardo Vieira (Nino), Umaru Djaló era um dos Comandantes de Brigada à semelhança de Nino Vieira e de Pedro Pires, cargo militar hoje equivalente a general.

Durante a luta armada de libertação nacional de mais uma década, Umaru Djaló era tido como um dos melhores estrategas militares, o que levou à sua nomeação a membro executivo do PAIGC, o equivalente a membro do bureau político do partido libertador. Ocupou o cargo de Vice-Presidente da República da Guiné-Bissau e de ministro da Defesa Nacional até a altura do golpe de estado de Nino Vieira em 1980.

Com o agravar do seu estado de saúde, ele foi transferido para Portugal em 2013, onde acaba por falecer aos 74 anos de idade.

Antº Rosinha disse...

Não conheço o tipo de armas usadas para a 10 Klm de Bolama atingir e acertar não longe da "baixa" da velha capital.

Mas devia ser bastante sofisticado esse equipamento.

E os fornecedores deviam estar seguros com gente de confiança.

E deslocar a mais de 70 Klm da fronteira sem serem detectados nem denunciados pela população, tinha que haver uma grande organização essa do PAIGC.

Mais tarde, falava-se em Bissau, que três bojardas cairam, uma perto dos Depósitos da Gasolina, outra perto da casa da luz de Bissau, e a outra não me recordo onde o povo falava, saídas do Cumere, portanto maior o descaramento.

Talvez para o Cumere o equipamento já seria deslocado a partir da fronteira do Senegal, mais à mão.

Será que o descaramento do PAIGC já conseguia vir de boleia em transportes da tropa?

Está visto, mais que visto, a guerra só demorou tantos anos, pelo CEPTICISMO daquele(s) povo(s) simples, mas com muita sabedoria.

Grande trabalho de Jorge Araújo que, provavelmente pouco dirá a outros além de nós aqui.

Nem sequer aos próprios guineenses.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Rosinha, o Grad ou o BM-21 Grad era um sistema de lançamento de foguetes 122 mmm, soviético, desenvolvido nos aos 60...Podia ter um alcance de 20 km...

Na II Guerra Mundial, a versão anterior era conhecida por Katyusha,ou "órgãos de Estaline"... Era um sistema de lançamento múltiplo, geralmente montade num camião... O foguete tinha uma parte (corpo) propulsor e outra parte (a cabeça, ogiva) explosiva...

Na Guiné, era um sistema mais simplório, com um só tubo, cada tubo lançando um foguete de 122 mm de cada vez... Tifo elíptico, como o do morteiro... Como o foguete era pesado, o transporte àa costas era complicado... Em Bolama só temos 3 Grad, ou peças, om 4 foguetes cada...

A arma não era nada precisa, mas tinhas um tremendo efeito psicológico... Os tipos do PAIGC chamavam-lhe o "jato do povo", por atingir uma velocidade supersónica... Acho que o morteiro 120 fez mais mossa nos nossos aquartelamentos... E era mais certeiro. Poucos eram os abrigos que podiam aguentar um impacto de granada de morteiro 122 mm, perfurante...

Valdemar Silva disse...

Não sei precisar a data, se 1969 ou 1970, mas recordo-me que Nova Lamego foi atacada com foguetões 122 mm.
Foi interessante ouvir à noite a passagem dos foguetões, sem se saber do que se tratava, julgo que três, que atingiram a pista dos aviões mas não rebentaram. Parece que a nossa resposta foi com Morteiro 81 ou com Artilharia 10,5, não sei precisar.
Por acaso foi o meu Pelotão que saiu no dia a seguir, para descobrir o sitio do lançamento dos foguetões e descobrimos. Fizemos a segurança a Oficiais do Comando e a agentes da PIDE, por ser importante se saber o local exato dos lançamentos. O local do lançamento dos foguetões foi junto à estrada para Cabuca a uns 16 Kms de Nova Lamego, escusado será dizer que não tínhamos armamento para ripostar a tão longo alcance, no sitio descampado de uma antiga pequena tabanca. Notava-se ter sido utilizada uma rampa ou tubo de lançamento acionado por uma bateria de automóvel. Ficaram no local vestígios do método utilizado, assim como pequenas peças, restos de maços de tabaco e outro material. Ainda guardo uma pequena argola de borracha que utilizei como pulseiro durante algum tempo.
Não houve dúvidas que ficou provado que não tínhamos armamento (artilharia) para responder a um ataque feito àquela distância com aqueles foguetões.

Valdemar Queiroz

Manuel Luís Lomba disse...

A artilharia ou as armas pesadas de Infantaria, segundo os exércitos convencionais, foi a mãe de todas as armas com que o PAIGC fez penar a tropa e as populações das tabancas e vilas guineenses que os hospedavam. E foi a mãe da crise dos "3 G´s", decisória da independência. A sua mobilidade, ao lombo de carregadores humanos, por muitas dezenas de Km, sempre de noite e descalços - que desumanidade! Que sacrifícios! Confesso que essa informação veiculada pelo relator (post anterior) mexeu comigo.
Manuel Luís Lomba

Valdemar Silva disse...

Cada um se mexe como muito bem entende.
Eu ficaria muito mais agitado com o relato de um bombardeamento de artilharia, certeiro, traiçoeiro e desumano, a Nova Lamego, com mortos nas NT e na população civil e não tanto com o IN utilizar carregadores humanos transportando às costas as munições utilizadas, aliás o transporte em plena mata só poderia ser feito assim e não doutra maneira e, propriamente, os carregadores não estariam, com certeza, habituados a usar botas de lona (para não dizer de camurça) e bornal à tiracolo. Normalmente o transporte das armas mais pesadas era feito pelo próprio atirador e as munições eram distribuídas por os restantes elementos do grupo que procedia ao ataque ou emboscada e parece que usavam umas botas ou sapatilhas de lona.

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Caro Camarada Valdemar,

Caso consigas localizar no teu baú de memórias a data (mês e ano) do ataque a Nova Lamego, com os foguetes 122 mm "GRAD", diz-me, pode ser que localize esse episódio nos meus documentos.

Ab. Jorge Araújo.

Valdemar Silva disse...

Jorge Araújo.
Com certeza que está devidamente registado na História da Unidade CART.2479 / CART.11, mas estou farto de procurar e não encontro esse Livro e de memória não sei precisar a data.
Julgo que o Manuel Macias, Abílio Duarte, Cândido Cunha, Pina Cabral ou outros da nossa Unidade e que acompanham o nosso blogue devem ter a História da Unidade ou de se lembrarem do acontecimento, são desde já solicitados para darem notícias do facto.
O Pina Cabral o Alf.Mil e Manuel Macias um outro Fur.Mil talvez eles se lembrem desse dia em que o nosso Pelotão foi escalado para àquela Operação.
Também alguém que tenham estado em Nova Lamego, por exemplo o pessoal do Batalhão lá sediado ou o pessoal de Cavalaria e presenciarem o ataque, poderão dar uma ajuda.
Vou tentar saber, depois informo pelo blogue.
Ab.
Valdemar Queiroz

Carlos Queiroz disse...

Passado todo este tempo, vi isto hoje numa pesquisa. Fui da 13, 3º grupo de combate e estava sentado no cais penso que com o Fur. Enf. Carlos Silva, tambem da 13 e o Fur. Antonio Bartolomeu uda 14. Ouvimos um fsssss, pum...olha caiu um avião....fsss pum, caiu outro, fsss pum...eh pá, oh zequinha não temos tantos aviões...o último o quarto caiu no mar a metros da LDG que ficou a embater no cais...eh pá vamos mas é para cima que este filme está muito esquisito. Um caiu na Avenida em frente à loja do libanês, outro junto ao antiga palácio do governador, o último no mar frente ao cais e ainda outro não sei onde lá para trás do quartel.
Penso que na véspera tinhamos treinado um desembarque bem perto do local de lançamento,
Carlos Queiroz