domingo, 18 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18431: Blogpoesia (559): "As cores da verdade", "Folha seca...", e "As lágrimas...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


As cores da verdade

É vaidosa a verdade.
Quem o diria?
Por vezes, teimosa.
Mas sempre certeira.
De poucas palavras.
Tudo vem ao de cima.
Sem truques ou sofismas.
O que é foi e será.
Não importa o lugar ou o tempo.
Por vezes, se esconde.
Parece ausente.
Renasce das cinzas.
Nada a consome.
Brilha às claras.
Desfaz os enganos.
Apaga as dúvidas.
Transparente, quando se lhe abre a porta.
De uma só cara.
Diz o que sente.
Doa a quem doa.
Não tem duas versões.
Não se deixa enganar.
Castiga quem falha.
Liberta inocentes.
Tudo se acerta.
Tudo melhora quando ela aparece...

Berlim, 14 de Março de 2018
9h43m
Jlmg

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Folha seca...

Esperava um poema ao nascer da manhã.
Vi na minha varanda, quase fechada,
Uma folhinha seca, amarela.
Voava, voava.
Num rodopio constante.
Parecia com vida.
Por vezes, parava.
Conforme o vento lhe dava.
Meu pensamento alado,
Fechado na minha varanda,
Mesmo sem vento,
Voava também.
Procurando uma flor.
Um quadro.
Um sonho.
Um som do além.
Raiado.
Com cor e mensagem.
O ruído constante,
Duma cidade a acordar,
Batia de frente.
Cortina cerrada.
O peso de aviões e de carros,
No ar e na estrada.
Nem o sol aparecia.
À minha frente, na sala,
Tenho um jardim.
Sorrindo.
Poisado, de verde e de cores,
No tampo da mesa.
Parecia ouvi-lo: - porque procuras lá fora,
Se, dentro, em casa,
Tens tudo que queres?...
O silêncio.
A harmonia e a cor.
Basta olhares…

Berlim, 15 de Março de 2018
7h30m
Jlmg

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As lágrimas... 

Brotam da alma e inundam os olhos. 
São quentes. 
São doces. 
Escorrem pela face 
E lavam os rostos 
De pobres e ricos, 
Fortes e fracos. 
Apagam a dor. 
Acalmam, serenam os ímpetos. 
Uma arma secreta, 
Ao serviço da paz. 
O primeiro sinal 
De que algo está mal. 
Dizem também 
Do bem que se sente 
Quando morre a tristeza 
E renasce a alegria. 
Por algo ou alguém. 
Tanta falta fazia e, por fim, que chegou. 
Acompanha o abraço que aperta e aquece. 
É a chuva que vem na seca sem fim. 
A mão que aperta na hora de aperto, 
Sem força nem esperança. 
Nascem em nós. 
Só nossas. 
Ninguém as ensina. 
Não se aprende na escola. 

Berlim, 17 de Março de 2018 
8h49m 
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18404: Blogpoesia (558): "Como desconhecido...", "Fome de paz...", e "A gente quastiona-se...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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