Foto n.º 1 > Soldado Ribeiro, o "Perna Facaia"
Foto n.º 2 > Soldado Toninho, o "Senhor Doutor"
Foto n.º 3 > 1.º Cabo Bento, o "Mal disposto"
Foto n.º 4 > Soldado Sá, o "Capilé"
Foto n.º 5 > Soldado Dias, o "Padeiro"
Foto n.º 6 > Soldado Sousa, o "Simpático"
Guiné > Região do Oio > CCAÇ 2367/BCAÇ 2845, "Os Vampiros" (Olossato, Teixeira Pinto e Cacheu, 1968/70) > Miliares do pelotão do alf mil Miguel Rocha e respetivas alcunhas...
Mais uma crónica do nosso camarada Miguel Rocha, ex-Alf Mil Inf.ª da CCAÇ 2367/BCAÇ 2845, "Os Vampiros" (Olossato, Teixeira Pinto e Cacheu, 1968/70):
MEMÓRIAS AO ACASO
04 - ALCUNHAS
As alcunhas, fruto duma criativa espontaneidade, eram servidas sem luvas e sem bandeja aos seus forçados titulares, num misto de picardia e natural bonomia. O nível de aceitação por parte dos visados era elevado dada a reciprocidade vigente!
Umas vincavam características de personalidade, quer por excesso, quer por antítese, outras visavam a oralidade, tanto nos seus regionalismos como no grau de dificuldade de expressão.
As profissões civis, bem como as funções militares, e ainda um ou outro episódio mais burlesco ocorrido já no teatro de guerra, eram farta e garantida sementeira para elas. Colavam-se-lhes à pele de forma indelével, substituindo no nosso registo de memória o nome e apelido do visado.
Do meu pelotão, recorrendo ao meu álbum de guerra e mais uma vez às fotos do meu aniversário (13.02.69), recordo com muito carinho as seguintes:
"TATIBITILÉ" - Pela forma titubeante como se expressava.
"PERNA FACAIA"- Argumento que usava para pedir escusa de operações.
"SIMPÁTICO" - Pura antítese.
"GÉMEO" - Por ter o seu irmão gémeo na Guiné.
"CUBA" - Por bem "decilitrar".
"MAL DISPOSTO" - Pelo condizente semblante.
"PADEIRO" - Profissão civil.
"TELEGRAFISTA" - Função Militar.
"XIPANÇO", "MIASSAS", "MÃO CERTA", "BRANQUINHO" e "CAPILÉ" são outras alcunhas que o significado já me escapa.
Havia ainda a "EQUIPA DO PINCEL" - todos oriundos da construção civil.
No meu álbum fotográfico, faço-me acompanhar de alguns daqueles que viram distintivas alcunhas substituir, no dia a dia, os seus nomes próprios. [Vd. fotos caima]
____________Nota do editor
Último poste da série de 20 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20669: Memórias ao acaso (Miguel Rocha, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2367/BCAÇ 2845) (3): Um Presépio de cartolina
5 comentários:
Miguel, ninguém te deu os parabéns por este teu poste tão divertido como deveras original... e fotograficamente "ilustrado"... Mss eu dou-te os parabéns!
Toda a gente (ou quase), a coneçar pelos "maiorais", os generais e oficiais superiores, tinham alcunhas... Temos 15 refrências, no nosso blogue, com este descritor oui marcador, "alcunhas"... Este tema merecia maior desenvolvimento...mas, pelo que vejo, o pessoal com medo de apanhar o novos coronavírus, COVID 19...e perdeu o sentido de humor!
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/alcunhas
Caro Luís
Muito honrado me sinto com o teu comentário que agradeço sensibilizado.
Obrigado por seres, quem és!
Abraço
Miguel Rocha
Miguel: a sequência fotográfica é notável, procurámos dar maior destaque às tuas fotos, tão espontâneas...
Não te conhecia esta faceta!... A tua empatia com os teus homens. Deves ter sido um grande comandante!...
Temos que nos conhecer melhor... Sei que és transmontano mas não me lembro de onde...Há tempos troquei as tuas origens: pensava que eras alentejano, como o Macias de quem és bom amigo... Alentejanos e transmontanos têm nuito mais afinidades do que se poderia pensar,
à primeira vista: afinal, Trás-os-Montes é o Alentejo em "planalto"...
Passei agora uns belos dias em Chaves, num excelente hotel, acabado de estrear... o Hotel Castelo... Andei por Montalegre e Chaves... A caminho de Montalegre, junto à barragem de Pisões, recomendo-te o restaurante Sol & Chuva!... Posta barrosã divinal, a preços do século passado!... Já não ia lá há uns bons anos...
Aquele abraço. Até um próximo encontro em Algés, na Tabanca da Linha. Luís
Rcorde-se algumas das alcunhas do com-chefe e governador geral António Spínola, no nosso tempo (1968-1973):
Homem Grande de Bissau
Caco Baldé
Aponta Bruno
Bispo
Velho, etc.
O nosso camarada JERO tem um poste sobre as alcunhas... Convido-vos a reler:
2 DE AGOSTO DE 2009
Guiné 63/74 - P4768: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (4): A propósito de alcunhas: O Salvação e o “Sorna”, da CCAÇ 675, Binta - 1964/66
A propósito de alcunhas...
(...) primeira função das alcunhas é a identificação. Mas uma identificação específica, isto é, rápida e eficaz (...).
Quem cumpriu serviço militar sabe que numa Companhia (160 indivíduos) há muita gente que fica conhecida pelos nomes das terras da naturalidade.
Na minha Companhia ainda hoje recordo o Caldas, o Campo de Ourique, o Almeirim, o Braga, o Guimarães, o Sarzedas, o Moura, etc.
Pela sua maneira de ser também ficaram para a estória da Companhia o “Estarrabaça” (um militar que quando cheirava a esturro estava logo pronto para “estarrabaçar” tudo – leia-se rebentar com tudo, passar por cima de toda a folha -) e o “Rato” (esperto que nem um).
Por razões óbvias havia ainda o “Aguardente” e o “Fairo”, que ditongava os “aa”. Havia ainda o”Espinha cara-rota”, o “Piriscas”, o “Nhaca”, o “Massa Bruta” e dois militares que “carregam” até hoje como alcunha os números que tinham da Companhia: - o “30”, do morteiro e o “49”, radiotelegrafista, infelizmente já falecido.
E chega agora a vez do “Salvação” e do “Sorna”, que estão referidos no subtítulo da nossa crónica. (...)
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