segunda-feira, 6 de julho de 2020

Guiné 617/74 - P21143: Manuscrito(s) (Luís Graça) (187): Tabanca de Candoz, entre o pôr do sol e o nascer da lua cheia...





Tabanca de Candoz > 4 de julho de 2020 > Pôr do sol (a oeste, Leiroz) e nascer da lua, cheia (a leste, na serra de Montemuro). Porto Antigo (, na barragem do Carrapatelo, Rio Douro) ao fundo,






Tabanca de Candoz > 5 de julho de 2020 > Pôr do sol (a oeste, Leiroz) e nascer da lua, cheia (a leste, na serra de Montemuro) . Porto Antigo (, na barragem do Carrapatelo, Rio Douro), ao fundo, em primeiro plano, do lado direito.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Há quinze dias "confinado" na Tabanca de Candoz, no cenário de "A Cidade e as Serras", partilho com os nossos leitores dois momentos mágicos do dia: o sol que se põe nos nossos "montes" (pinhais), na parte oeste da propriedade, e a lua cheia que chega, na serra de Montemuro, vista do lado leste... Pelo meio, ao fundo, corre o rio Douro, em Porto Antigo, hoje apresado e domado pela barragem do Carrapatelo...  Era aqui aportavam os barcos rabelos,  antes da sua viagem até Gaia, depois de vencidos os temíveis cachões do Alto Doiro, Daqui vejo um dos barcos de cruzeiro do "Douro Azul" à espera da retoma e dos turistas "desconfinados"...

Noites serenas, quentes, afugentam o vírus, e trazem-nos paz de espírito. Cães ladram à lua, na quinta do vizinho, e há um coruja ou um mocho  por aqui perto, com o seu piar agoirento, que os antigos associavam à morte, O cheiro a terra quente faz-me lembrar a Guiné... Há anos que não sentia este cheiro, porque não é habitual estar aqui, por Candoz, no solstício do verão.

Ao fim da tarde o termómetro ainda marcava  36 graus,,, Como é bom estar cá fora na nossa comprida  varanda,  a jantar ao luar que ainda não é o de agosto, sem os "ruídos" da civilização (a não ser o do "tablet", do "telemóvel" e do "portátil", a maldita televisão desligada)...

Dantes, há 40 anos, nem sequer electricidade havia por estas freguesias de Baião e Marco de Canaveses, de povoamento disperso, apesar de ser produzida aqui perto: a barragem do Carrapatelo foi inaugurada em 1972... Candoz só teve luz elétrica em 1977. Casei aqui em agosto de 1976...(Dizem que foi o primeiro casamento civil do ano, por estas paragens... Sem água benta, terei ficado mal casado, mesmo assim o meu sogro ofereceu-me o anho.)

Já tinha saudades destas noites. Bebo uma "branquinha" do nosso alambiqueiro, à vossa!...Converso com Miguel Torga e Eça de Queiroz. mas também com o "nhô" Baltazar Lopes, cujo "Chiquinho" (1936) estou a reler, maravilhado...(ou não fosse também Cabo Verde uma pequena parte de mim).

Mantenhas para todas as tabancas da Tabanca Grande, da Lapónia a Matosinhos, da Linha à Diáspora Lusófonam do Centro ao Algarve, da Maia aos Melros.... Lá para o meio da semana, talvez regresse, ao sul... Fico sempre dividio entre as saudades do mar e as do campo...A Lourinhã fica a 3 horas de caminho,pela autoestada do Atlântico... As altas temperaturas da semana que agora começa, convidam à praia.


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Nota do editor:

24 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21109: Manuscrito(s) (Luís Graça) (186): "Enquanto há saúde, quedos estão os santos"...Mas hoje nem o são João roga por nós... Afinal, "quando Deus não quer, os santos não podem"... E não houve santos populares para ninguém, nem na Tabanca de Candoz...

2 comentários:

JB disse...

Observando a lua cheia nos 38 graus em Candoz.

Precisamente a mesma fantástica lua cheia observada nos seis graus da noite laponica de ontem.
Sobre o bonito vale do Douro ou sobre os infindáveis e silenciosos lagos e montanhas daqui...a mesma lua...os mesmos momentos de pausa tão necessários , (para muitos arredados dos seus cotidianos).
Observando a mesma lua cheia dos céus de Candoz e a “minha “ lua cheia, desde uma casa situada no extremo do extremo Norte do tão vasto continente europeu ,cria perspectivas de humildades várias sempre tão necessárias aos nossos “universos “ internos.

Um abraço do J.Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Pois é, José, é a mesma lua, o mesmo sol, o mesmo planeta, a mesma "casa comum"... Estamos distantes, mais de 4600 quilómetros,mas "irmanados" pro muitos laços... Boa continuação do luar... Hoje apanhei aqui 39º graus... Impossível sair das paredes de granito, portas e janelas fechadas (, não há ar condicionado), e sair para o páteo e os campos, sem apanhar o "bafo quente" que nos faz lembrar a "nossa" Guiné...

Vou ficando por aqui também, a cuidar da "vinha do Senhor"...LG