domingo, 29 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21592: Blogpoesia (707): "Hecatombe de estrelas", "A Criação" e "A sobriedade dos gestos", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. A habitual colaboração semanal do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) com estes belíssimos poemas, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante esta semana:


Hecatombe de estrelas

Hecatombe de estrelas,
perdidas pelo universo,
deambulam penadas,
curtindo e penando suas penas.
Uma reabilião entre elas,
Pôs fim ao estado de paz e felicidade
Que lhes brindara o Criador.
Grassa nelas a angústia e o desespero.
Nunca mais verão céu.
Se lhe apagou a luz.
Viajam negras.
Perdidas.
Secaram-lhes todas as cores.
Passam e ninguém as vê.
Ficarão assim, eternamente.


Berlim, 24 de Novembro de 2020
8h52m
Jlmg


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A Criação

Criar é amar. Cada ser é um acto de amor.
Por isso, existe este universo, imenso e esplendoroso.
Das galáxias em altar.
Desta Terra onde viaja a humanidade.
Utilizando-a como um navio no mar alteroso da vida.
Ao seu serviço, pronto e total.
Desde os tempos das cavernas.
Quando o homem vestia sua nudez,
Com a pele de animais.
Para chegar à modernidade,
Com maus tratos de toda a ordem.
Desvirtuando-lhe o clima.
Com experiências atómicas
E as mixórdias da poluição.
Tudo, pela sua voragem irracional.
Do ter e do poder.
Por isso, advêm as hecatombes.
Os dilúvios e tsunamis.
Até que um dia, O Criador, cansado, a lançará, com sua ira,
No deserto da inexistência.


Berlim, 25 de Novembro de 2020
8h54m
Jlmg


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A sobriedade dos gestos

Com toucados e vestes arrojadas,
Não germina a sobriedade.
Virtude vital
Onde a vida cresce e frutifica.
Ser belo só por si,
É ociosidade.
Onde cresce o erro e se manifesta a frustação.
Ser feliz só para si,
Também não é bem.
A felicidade só surge da partilha desinteressada.
Dar só para alardear,
É terreno da vaidade.
Ostentação e vacuidade.
Jardim de cactos.
Onde crescem os espinhos e a tentação.
A fonte de todos os vícios e também do mal.
Para isso, a vida nada vale.


Berlim, 27 de Novembro de 2020
9h58m
Jlmg

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Nota do editor

Último poste da série de 22 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21567: Blogpoesia (706): "Pedra a pedra", "Onde mora a alegria?" e "Rude e rústica", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

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