domingo, 20 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P23011: Fotos à procura de... uma legenda (160): Transportes públicos de Bissau: ABP, que sigla seria esta ?






Guiné > Bissau > s/d [1971/73 ] > Um autocarro dos transportes colectivos de Bissau, carreira Bissau/Bissalanca!... Uma verdadeira peça de museu... Parece ser um autocarro com desenho dos anos 30, a avaliar pela carroçaria, uma estrutura em madeira chapeada (?!)... Tinha tejadilho,  onde se levava a "bagagem" dos passageiros, desde cabras a  produtos agrícolas... As portas e as janelas parecem "abertas"... Matrícula G-620... Empresa: ABP (?)... Foto do nosso saudoso Victor Barata (1951-2021), o "Vitinho".

Foto (e legenda): © Victor Barata (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Carlos Pinheiro (ex-1.º cabo trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), a quem pedimos ajuda para identificar a empresa que operava os transportes publicos de Bissau no início dos anos 70.

Data - 19/02/2022, 19:19 
Assunto - Transportes públicos de Bissau: ABP, que sigla seria esta ?

Boa tarde, Luís

De facto não me lembro desta empresa, mas lembro-me bem de outra, a do Costa, que também tinha alguns autocarros(?) que a malta até dizia :  "Camionetas do Costa 'suma' a cachorro de rabo de lado"...

Um abraço, Luis, CP.

2. Comentários ao poste P23005 (*)

António J. Pereira da Costa:

A foto do autocarro é importantíssima, pois prova aquilo que muitas vezes se diz, um tanto jocosamente, que naquele autocarro até as cabras eram transportadas.

Havia um outro percurso (Bissau - Biombo) onde a viatura, talvez um pouco mais moderna do que esta, andava um pouco de lado, por ter uma mola dianteira partida.

O "serviço de peças"(?) das mais conhecidas marcas era mais do que incipiente e as "firmas importadoras" (Gouveia e similares) não se dedicavam a fazer importações tão complicadas. E oficinas para a manutenção do autocarro?

Enfim coisas boas de antanho...

Virgílio Teixeira:

No meu tempo (1967/69) nunca andei nem vi qualquer transporte público, mas eu não precisava, tinha as minhas motorizadas, e por outro lado havia o transporte militar de Santa Luzia - Bissau e Bra - Bissau. É possivel que houvesse táxis!

Quando lá estive em 1984 e 1985, havia um deficit de transportes públicos modernos. Pois o que existiam eram as carrinhas Toyota de caixa aberta, onde cabia de tudo, pessoas, gado, mercadorias de tudo. E muitos acidentes pois eles andavam a grande velocidade e com o pessoal sentado nos taipais, era uma desgraça.

Conheci e colaborei num projecto , uma empresa portuguesa, que colocou 3 autocarros Volvo, do mais moderno, onde cabia também tudo. Passado um ano, acabou por fechar, por falta de peças, oficinas etc. Ainda viajei de Bissau até Nova Lamego e regresso, num desses percursos, ocorreu um óbito de um homem local, mesmo ao meu lado.

Por isso ABP não me diz nada.

António J. Pereira da Costa:

Tenho notícias muito vagas e remontando a 1975 de que a União Soviética teria fornecido à Guiné viaturas de transporte de pessoal do exército. Eram viaturas mais do que obsoletas, de grandes dimensões, pesadíssimas, com uma invulgar largura de eixo, o que as tornava proibitivas na Guiné por não se puderem cruzar numa estrada. Tinham um consumo astronómico e tentaram constituir com elas uma empresa de transportes sob orientação de um português, ex-empresário na Guiné,  de nome Vilela. Falhou em poucos meses...

Mas não tenho confirmação.

João Rodrigues Lobo:

Quando estive em Brá, nos anos completos de 1969 e 1970 praticamente todos os dias fazia várias vezes o trajecto Brá / Bissau, conduzindo o meu jeep, para acompanhar as cargas e descargas nos portos, principal e Pijiquiti, e não me recordo destes autocarros. Presumo que, se me tivesse cruzado com eles, me lembraria. Mas a memória por vezes pode atraiçoar embora julgue que só teriam surgido depois de 1970.

3. Comentário do editor LG:

Perguntei ao Carlos PInheiro (com conhecimento a outros camaradas que conheceram Bissau nessa época):

Carlos, tu que és de longe o nosso melhor cicerone de Bissau do nosso tempo, vê lá se reconheces o patusco autocarro de que aqui se publica uma foto, com uma sigla ABP, na parte de trás, que nos parece ser a da empresa proprietária... Fazia o percurso Bissau - Bissalanca no princípio dos anos 70... Chegaste a andar de transportes públicos no teu tempo ? Lembras-te do nome da empresa ? E será que se manteve depois da independência ? Pode ter acontecido, se bem que improvável... E já agora havia no teu tempo autocarros mais modernos... e confortáveis ?

Dou conhecimento a alguns dos nossos grã-tabanqueiros que também conheceram Bissau como tu, e nomeadamente alguns camaradas da FAP, incluindo os que voltaram a Bissau depois da independência.


Mais comentários dos nossos leitores serão bem vindos (**).


14 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já cá não está, entre nós, fisicamente falando, o autor desta foto (o nosso saudoso camarada Victor Barata, um dos históricos do nosso blogue, e depois fundador e animador do blogue Especialistas da Base Aérea 12, Bissalanca, Guiné 65/74) para nos dizer se alguma vez usou este pré-histórico autocarro da carreira de Bissau - Bissalanca. É pouco provável, até porque a malta da FAP tinha autocarros próprios... Claro que em Bissau não havia "apartheid", mas tudo indica que havia autocarros (?) só para guinéus...

José Botelho Colaço disse...

Blogger José Botelho Colaço disse...
Dar uam pequeníssima ajuda com uma foto de um autocarro ano 1964 como aqui não aceita colagem de fotos vou enviar para o Luís uma foto com pouca qualidade de um autocarro creio a empresa era Brito Pais ou Brito Palma, com sede em Bissau com destino creio qua a Mansoa, a foto é do Dr. Rogério Leitão que também já nos deixou C. Caç 557 se o Luís entender pode pubbicar a foto tem pouca qualidade mas dá para ver que em cima junto aos vários tipos de bagagens segue também uma cabra.

Eduardo Estrela disse...

Vi algumas vezes estes autocarros, quando tinha a possibilidade de ir até Bissau tratar de extrações dentárias. Daquilo que me recordo é que era a carreira Bissau/Mansoa, pois para Bissalanca e nos bairros da cidade eram outras viaturas. Isto em 69/70. Também já aqui vi no blogue, a dúvida sobre a existência de táxis naquela época. Havia táxis sim senhor e andei neles várias vezes quando ia a Bissau
Mantenhas para as tropas desmobilizados mas activas.
Eduardo Estrela

albertino ferreira disse...

Boa tarde

Eram os transportes públicos de Bissau, transportavam tudo, desde pessoas até animais, como cabras e galinhas; a sigla quer dizer A. Brites Palma, e não Brito. Algumas viaturas mais antigas traziam este nome estampado na carroçaria; tenho pena de não ter fotografias!

Albertino Ferreira
Ex-alferes da C.CAÇ. 4540.

José Botelho Colaço disse...

Obrigadíssimo camarada Albertino Ferreira o seu comentário é correctíssimo total e verdadeiro só como diz tambem eu não possui fotos para poder autenticar, comprovar, A. Brites Palma até tinha uma escola de condução onde tirei a carta de condução numa ford verde vélhinha de caixa aberta e ficava numa rua ao centro de Bissau perpendicular á a avenida principal, quanto aos taxis em Bissau havia e prodeminavam as carrinhas peujeot 404 isto em 1964. Abraço amigo.

José Botelho Colaço disse...

Gralha queria dizer Bedford e não Ford e quem ficava na rua perpendicular á avenida principal era a empresa A. Brites Palma.

Anónimo disse...

Carlos Filipe Gonçalves (by email)
segunda, 21/02/2022, 13:34

Caro Luis:

Antes de mais, para dizer que fico muito contente pela confiança e claro foi um gosto receber a tua msg.

Bem, respondendo à tua questão, durante o tempo da tropa 1973/74 nunca utilizei os transportes públicos (que havia), porque tínhamos o autocarro militar que prestava bom serviço… utilizei o táxi algumas vezes e claro tinha muitos amigos (guineenses e cabo-verdianos) com popó, logo quando das farras, pela Bissau «By Night» eram eles que me davam boleia.

Bem, depois de Setembro de 1974, quando passei à disponibilidade, morava na Rua de Cacheu, aí na zona da cidade… Logo não precisava de transporte público, ia a pé para a Rádio Bissau/RDN e nas farras (poucas) que havia, se era longe ia com amigos que tinham popó!

Quando fui de férias a Cabo Verde, em Outubro de 1973 beneficiei do pequeno autocarro da agencia de viagens, que apanhava a malta na messe e levava a Bissalanca.

Todo este historial, para confessar a minha ignorância a este respeito, mas, perguntei a amigos do tempo de Bissau… Eis a resposta: na foto está um autocarro da «Silo Diata». empresa governamental que foi fundada (nacionalizada?) depois da Independência, o primeiro director foi Gino Mané.

Antes da Independência, havia uma empressa que se chamava «Lulula» mas, a confirmar… Logo que tiver a resposta envio.

Aquele abraço e desejos de Saúde

Carlos Filipe Gonçalves

Jornalista Aposentado

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O nosso amigo Cherno Baldé,num dos seus postes da série "Memórias do Chico", conta que, "após cinco longos anos passados na cidade de Bafatá, em Setembro de 1979, (...) rumou para Bissau onde devia continuar os estudos.

(...) "A viagem de Bafatá a Bissau já não se fazia de barco, como antigamente, mas por via terrestre, em autocarros de uma empresa pública, Silo Diata, que seguiam por uma estrada tortuosa penetrando o Óio pelas localidades de Banjara e passando depois por Mansabá e Mansoa, com as suas vendedeiras de sandes a enxamear a estrada de saída para Bissau. Nesta época de magras receitas, são muitas as famílias que vivem do labor fortuito destas incansáveis Bideiras de rua." (...)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2011/10/guine-6374-p8856-memorias-do-chico.html

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Parece-me que agora só nos falta saber o que queria dizer a letra A. Os B e P devem querer dizer Brito Palma. Se assim for pode ser que a tal sigla queira dizer "Auto-carros", até melhor, "António Brito Palma".
Uma consulta ao Anuário Comercial de Portugal, relativo a um ano à volta de 1964, poderá dar uma ajuda na procura desta empresa. Pode ser até que na "publicidade" de uma daquelas revistas muito religiosas (só saíam quando Deus queria) relativas à descrição da Guiné, haja referências à tal empresa de transportes...
Quanto ao tal "apartheid", julgo que era... "instintivo". É claro que, em Bissau, não havia autocarros exclusivamente para guinéus, mas creio que os "metropolitanos" não os usavam porque sabiam as condições em que seriam transportados. Parece-me que o serviço das "boleias militares" era intensamente praticado. Qualquer viatura militar parava para apanhar qualquer militar e, sem alterar o itinerário deixava-o onde mais lhe convinha.
Contudo, em 1968, na UDIB havia bilhetes "só para nativos" a 2$50(?). Não era o tempo dos "Direitos Humanos" e das "medidas anti-segregação", mas recordo-me que um camarada que foi comigo mas não voltou, ficou escandalizado com esta forma de "apartheid positivo(?)" a que os "nativos" tinham direito.

Um Ab.
António J. P. Costa

José Botelho Colaço disse...

Caro camarada antónio Pereira da Costa já foi confirmado por o camarada ex-alferes Albertino Ferreira que as siglas A.B.P. querem dizer A. Brites Palma eu confirmo essa versão, quem tiver dúvidas é só questão de pesquizar Guiné (Bissau) era Colonial ou anos 1960. Abraço.

Anónimo disse...


Carlos Silva
22 fev 2022 13:49
Olá Luís

No nosso tempo 1969/71, das várias vezes que estive em Bissau, nunca
andei de transportes públicos autocarro e não me lembro deste.

Abraço
Carlos Silva

José Botelho Colaço disse...

Carlos Silva eu em 1964 também nunca andei em Bissau de transportes publicos nem sei se nós militares os podia-mos utilizar, mas que em 1964 a empresa A. Brites Palma tinha esses autocarros é verdade tenho uma foto dele onde se pode confirmar na imagem que era branco por baixo com capota vermelha e como chamava a atenção também tem a cabra no tejadilho a foto embora de fraca qualidade até não é minha mas do Dr. Rogério Leitão médico da C.caç 557 mas também este devido ao rodar da roda da vida já nos disse adeus na viagenm na barca do barqueiro de karont. Abraço Colaço.

Anónimo disse...

Carlos Filipe Gonçalves (by email)
23 fev 2022 11:07

Olá Bom dia:

Acabo de receber a informação em falta sobre o nome da empresa de transportes públicos em Bissau, no tempo colonial. Segundo informações de amigos em Bissau:

havia duas: “Brito Palma” e “Lulula”

Espero ter ajudado. Desejos de Saúde e um grande Abraço

Carlos Filipe Gonçalves
Jornalista Aposentado

Anónimo disse...


Carlos Fortunato

terça, 22/02/2022, 15:51

Luís

Infelizmente não conheço estes autocarros ABP, pois as estadias em Bissau de 1969 1971 foram sempre curtas..., usava habitualmente a boleia das viaturas militares e houve uma altura em que me emprestaram uma motorizada, foram os meios de transporte que usei. A motorizada não se revelou muito segura, pois um carro que vinha atrás de mim aproveitando que não havia transito acelerou na reta que existe na zona de Brá perto do hospital militar para deliberadamente me atropelar, para o evitar sai da estrada e entrei pelo terreno até que a roda da frente entrou num buraco e me fez voar por cima da mota.

Nunca vi esses transportes publicos, nem nas colunas militares que escoltavam muitos veiculos diferentes, nem mesmo depois em 1985 quando lá estive e nestes tempos recentes o que há lá mais são as habituais carrinhas.

Falei com quem vivia em Bissau nessa altura, também não se lembram desses transportes, mas dizem que na queles tempos haviam autocarros para quem ia para mais longe, como Mansoa e outras zonas, mas nunca as encontrei.

Um alfa bravo

Carlos Fortunato