O ativista luso-americano João Crisóstomo |
E todas as vezes que ele cá vem (e vem quase todos os anos), há sempre alguém, do círculo das nossas relações sociais e de amizade, que nos pergunta, com admiração, estupefecção e incredulidade:
"Mas este país, à beira mar plantado,
"Mas este país, à beira mar plantado,
terra de santos, heróis e comendadores, ainda não reconheceu, publicamente, a ação cívica e o ativismo social deste homem, um dos seus ilustres filhos,
lídimo representante da diáspora
lusitana nos EUA e da lusofonia, que se bateu galhardamente, por exemplo, com outros luso-americanos e outros portugueses, por causas nobres e patrióticas,
como a salvaguarda da arte rupreste de Foz Coa,
a autodeterminação de Timor Leste, a reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes ou a libertação do refém luso-americano Marc Gonsalves, detido na Colômbia pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC)?!".
(...) "Criado em 2021, o Prémio Tágides, é promovido anualmente de forma a identificar, reconhecer, celebrar e premiar projetos, trabalhos e/ou iniciativas de pessoas que se destaquem na promoção de uma cultura de integridade e prevenção e luta contra a corrupção em Portugal, em várias áreas da sociedade. É da reconhecida necessidade de envolver a sociedade civil portuguesa na prevenção e combate à corrupção que surge este Prémio." (...)
2. Temos, desta vez, uma boa notícia: este ano ele foi nomeado para o Prémio Tágides, e é um dos 3 finalistas para a categoria Iniciativa Portugal no Mundo.
Na sua 3º edição (2023), são sete as categorias do Prémio Tágides:
- Iniciativa Empresarial
- Iniciativa Jovem
- Iniciativa Política
- Iniciativa Loca
- Iniciativa Portugal no Mundo
- Projeto de Investigação
- Projeto da Sociedade Civil
A revelação dos vencedoros de cada uma destas categorias será feita no próximo dia 11 de dezembro, segunda feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em cerimónia que contará com a presença do Presidente da República. Já lhe dissemos pessoalmente, há dias, o que nos vai no coração:
(...) João, já que chegaste a finalista do Prémio Tágides (edição 2023), na categoria "Iniciativa Portugal no Mundo", esperamos que no dia 11 deste mês, na cerimónia de revelação dos vencedores, os nossos bons irãs estejam contigo e com as causas que tens defendido, com o empenho e a competência também de muita outras gente da diáspora lusófona e de outros cidadãos do mundo." (...) (*)
3. Infelizmente o João Crisóstomo não tem conta pessoal nas "redes socais". Na defesa das causas sociais em que se que se envolveu, utilivava o fax e o telefone. E só há relativamente pouco tempo começou a recorrer ao email, ao PC, ao WhatsApp...
Mas tem já 210 referências no nosso blogue. Uma vez por outra, é notícia na imprena norte-americana, incluindo o Luso-Americano. Não tendo biografia oficial ou oficiosa, nem entrada na Wikipedia, tem no nosso blogue, no entanto, uma ferramenta onde partilha as suas memórias da guerra colonial na Guiné (1965/67) e a sua ação como português da diáspora e cidadão do mundo (vive fesde 1975 nos EUA).
Tê-lo como um dos três finalistas do Prémio Tágides, para a categoria Iniciativa Portugal no Mundo é já, mais do que uma honra, uma prova de gratidão da sociedade civil para com ele e os todos os nossos compariotas da diáspora lusófona que com ele se empenharam em causas nobres que deram maior visibilidade no Mundo a Portugal e aos Portuguese.
Aqui vão alguns tópicos do seu "curricum vitae" abreviado, recolhidos e divulgados no nosso blogue. Pessoalmente posso testemunhar alguns dos seus traços de personalidade e caracter: determinação, tenacidade, coragem, voluntarismo, nobreza, generosidade, fraternidade, solidariedade, ecumenismo, patriotismo, sensibilidade sociocultural, inteligência emocional, gratidão, amizade, camaradagem. (**)
Recorte do jornal LusoAlericano, 19 de laneiro de 2018
Fonte: Fotograma de vídeo da RTP (2023), editado e reproduzido com a devida vénia.
4. João Crisóstomo - Pequena nota biográfica:
Natural de A-dos-Cunhados, Torres Vedras, João Crisóstomo acabou por se tornar cidadão do mundo anos antes de se fixar na metrópole que reinvindica ser a sua capital, a cidade de Nova Iorque.
Natural de A-dos-Cunhados, Torres Vedras, João Crisóstomo acabou por se tornar cidadão do mundo anos antes de se fixar na metrópole que reinvindica ser a sua capital, a cidade de Nova Iorque.
Depois de passar pela África nos anos 1960 e ganhar uma cruz de guerra de 4ª classe na Guiné-Bissau, como alf mil inf, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), trabalhou e estudou em Londres (1968-1969), em Paris (1970), em Ludwigsburg (Estugarda) (1971), antes de frequentar cadeiras de gestão hoteleira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e de trabalhar no Leme Palace Hotel dessa cidade.
Chegou aos Estados Unidos em 1975, exercendo a sua profissão, primeiro, como mordomo de Jacqueline Kennedy Onassis (1975-1979), e, depois, como gerente proprietário do restaurante nova-iorquino Cuisine du Coeur (1979-1982) e, novamente (1982-2015), como despenseiro de diversas famílias da alta sociedade nova-iorquina.
Capa da brochura de João Crisóstomo - LAMETA - Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor-Leste, edição de autor, Nova Iorque, 2017, 162 pp. |
Foi nos salões da alta sociedade onde conquistou a amizade das pessoas que servia e o privilégio de manter a sua amizade e a sua abertura a muitas causas a que já dedicava energia ou a que se iria entregar:
(i) a defesa das gravuras de Foz Coa com o “Save the Coa Site Movement ” (1995);
(ii) a divulgação da acção humanitária, durante a II Guerra Mundial, dos diplomatas portugueses Aristides Sousa Mendes, Carlos Sampaio Garrido e Carlos de Liz Teixeira Branquinho e dos diplomatas brasileiros Sousa Dantas e Rosa Guimarães (1996 e seguintes);
(iii) o lançamento de iniciativas em defesa da independência de Timor-Leste através da LAMETA (1996- 2002);
(iv) diligências públicas em 2008 para a libertação do refém luso-americano Marc Gonsalves, então detido na Colômbia pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), desde 2003;
(v) um movimento comunitário para garantir a continuidade em Nova Iorque do Consulado de Portugal (2007),ameaçado de extinção;
(vi) e outras iniciativas de menor impacto público e mediático.
No percurso, recolheu algum reconhecimento pelas suas acções (lista a título exemlificativo, não exaustiva):
(a) International Rock Art Congress Award (USA), 1998;
(b) Angelo Roncalli Medal, IRWF, 2001;
(c) Outstanding Service to Society Award, Edison State College, 2001;
(d) Visas for Life Award, 2002;
(e) Aristides Sousa Mendes Medal da International Raoul Wallenberg Foundation (IRWF), 2004;
(f) Luis Martins de Sousa Dantas Medal, IRWF, 2005;
(g) Recognition Certificate, Government of Canada, 2005; etc., etc.
Afirma, contudo, que nenhum reconhecimento o marcou tão profundamente como o recebido telefonicamente de Xanana Gusmão na noite de 23 para 24 de Setembro de 1999 - o mês em que o líder timorense saiu da prisão indonésia - a propósito da longa e algumas vezes renhida luta da LAMETA pela independência de Timor-Leste: “Nós estamos muito reconhecidos por tudo quanto fizeram”.
É casado em segundas núpcias com a nossa amiga eslovena Vilma Kracun, enfermeira reformada.
Portugal > Torres Vedras > A-dos-Cunhados > Paradas > 16 de setembro de 2018 > João e Vilma, em festa de família Crispim & Crisóstomo. Ela eslovena, com nacionalidade francesa. Ele português, com dupla nacionalidade, a viver na América desde 1975. Dois cidadãos do mundo, que não páram de nos surpreender. Casaram em segundas núpcias em 2013. Vivem em Queens, Nova Iorque.
Foto: © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
___________Notas do editor:
(*) Último poste da série > 20 de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24869: (In)citações (260): Ainda os Esquecidos. Para o António Silva, Soldado Paraquedista morto em Angola em 1963 (Juvenal Amado)
(**) Vd. também postes (temos 210 no blogue com referências ao João Crisóstomo):
16 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21771: Tabanca da Diáspora Lusófona (14): uma singular história de vida como emigrante: João Crisóstomo, ex-mordomo de Jackie Kennedy Onassis (excerto de reportagem de Henrique Mano, Luso-Americano, dezembro de 2020)
4 comentários:
Houve portugueses da história recente deste país que amamos, que desobedeceram a César por amor de Deus e da humanidade. Aristides de Sousa Mendes e o general Vassalo e Silva são exemplos de homens capazes de afrontar o mal oriundo de mentes agrilhoadas e obscuras.
Bem hajam os que continuam a lembrar a integridade humana e intelectual desses homens, como é o caso do João Crisóstomo no que a Aristides de Sousa Mendes diz respeito.
A humanidade continua, cada vez mais, a precisar de vultos que se revoltem contra os poderes instituídos que espezinham, destroem, matam e reduzem a cinzas em nome de nada, os que somente aspiram a uma vida melhor.
Abraço fraterno
Eduardo Estrela
Vasalo e Silva tem sido esquecido por nós. Bem hajas, Eduardo.
O nosso camarada da guerra na Guiné, tem várias vezes me telefonado e enviado e-mails para saber como eu tenho passado da minha doença, e com o desejo de me visitar quando viesse a Portugal. Eu fico sempre muito sensibilizado com as suas preocupações, por não nos conhecermos de lado nenhum.
No último e-mail escrevi-lhe como o reconhecia, assim:
"João Crisóstomo a tua vontade de ajudar as pessoas é por seres um homem bom com sentimentos muito elevados.
Tens-te como possuído por sentimentos religiosos 'amai-vos uns aos outros' para sentires essa vontade de ajudar os outros, que assim seja, não vejo a religião para outra coisa."
Bem haja
Valdemar Queiroz
Confesso que gosto do João, da sua atitute. O telefone é a sua G3 na comunicação com os amigos. Aqui e ali, muito mais graças a ele, comunicamos. Para ele o mundo não tem fronteiras. Bem hajas João!
Abraço transatlântico.
José Câmara
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