quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26027: Fotos à procura de... uma legenda (183): Antigos combatentes da Guiné-Bissau reivindicando, na festa da comemoração dos 50 anos da indepedÊncia, o aumento da sua pensão



Guiné-Bissau > Bissau > Av Amílcar Cabral > 16 de novembro de 2023 > Cerimónia dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau > Desfile de um grupo de antigos combatentes do PAIGC.

Cartaz com os seguintes dizeres: "República da Guiné-Bissau | Combatentes da Liberda[de]
 da Pátria | Libertem-nos da pensão de 39000 francos CFA | Os libertadores".

Foto: Estúdios Revolución. Cortesia de Granma (2023) (*)



1. Por ocasião da comemoração dos 50 anos da Independência da Guiné-Bissau, no passado dia 16 de novembro de 2023, com desfile ao longo da Av Amílcar Cabral,  um grupo de antigos guerrilheiros, incluindo Aruna Baldé, empunhava um cartaz (vd. foto acima) a reivindicar o aumento da  pensão que recebem (39 mil francos CFA, o equivalente a 59,5 euros, à cotação atual  da moeda guineense).

(...) "A Lusa encontrou-o [,ao Aruna Baldé,
] com o seu grupo junto ao busto de Amílcar Cabral, ao fundo da avenida que leva o nome do herói da independência, para acompanhar, no desfile que marcou a celebração, os que, com a coragem com que combateram no passado, reivindicam agora uma pensão que lhes permita ter o mínimo para sobreviver e uma vida digna.

"Com os abutres a sobrevoarem os céus de Bissau, o busto de Amílcar Cabral não 'assistiu' aos festejos dos 50 anos da independência, celebrados fora de data -- Sissoco Embaló escolheu o Dia das Forças Armadas e não o 24 de setembro da proclamação unilateral da independência -, mantendo o olhar virado para o mar, que fica logo a seguir ao porto de Bissau." (...)


2. Mais entusiástica e retórica foi a notícia do jornal cubano "Granma", que deu conta da participação da delegação de Cuba nas cerimónias oficiais:

(...) Al frente de la delegación cubana, recibida con todos los honores y el cariño que la Mayor de las Antillas inspira por estas tierras, llegó a la avenida Amílcar Cabral el miembro del Buró Político y vicepresidente de la República, Salvador Valdés Mesa.

Hubo honores y agradecimiento para Cuba en la conmemoración, que dio inicio con la condecoración a varias personalidades unidas, de manera indisoluble, a la historia de Guinea Bissau.

Los primeros fueron dos internacionalistas cubanos: el comandante Víctor Dreke Cruz y el diplomático Oscar Oramas Olivas, quien ha sido embajador en varios países africanos. Ambos recibieron, de manos del presidente guineano, Umaro Sissoco Embaló, la Orden Nacional Colinas de Boe, la mayor condecoración que otorga el Estado de este país." (...)

(...) "Durante poco más de dos horas, la emblemática avenida Amílcar Cabral se desbordó con la alegría del pueblo guineano y la marcialidad de las tropas. Fue un vibrante desfile que rindió tributo a la historia de este país, y que contó con la presencia de varios jefes de Estado y primeros ministros de naciones amigas de Guinea Bissau." (...)

A jornalista cubana, que assina a peça,  não faz referância à luta do Aruna Baldé e demais "combatentes da liberdade da Pátria" que, de resto, não estragaram a festa do presidente Sissoco Embaló.  Curiosamente, e talvez por não ter entrendido a mensagem do cartaz, em português  (Os "lbertadores" a pedirem a "lbertação da pensão mínima"), o "Granma" inseriu, por equívoco, ou fora de contexto,  a foto que acima reproduzinmos, com a devida vénia.

Também mais uma vez ficámos sem saber, de fonte oficiosa, o número de "internacionalistas cubanos" que lutaram contra o "exército colonialista portuguesa" ao lado do PAIGC, de 1966 a 1974: já lemos alguns valores, muito díspares, que vão das escassas centenas a alguns milhares.... (Enfim, uma questão a desenvolver em próximo poste.)

Para já, talvez os nossos leitores queiram acrescentar algo mais à legenda da foto (***) ... Sem querer fazer comparações (nem  imiscuirmo-nos, nos assuntos internos da República da Guiné-Bissau) parece haver, em todo o lado, algumas semelhanças na injustiça (relativa) a que estão sujeitos todos os antigos combatentes de todas as antigas  guerras...


5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O preço de um saco de 50 kg de arroz, produto essencial subvencionado pelo Estado,é agora (a partir de abril de 2024) de 21.500 francos CFA, 32 euros, por recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI). O país, grande produtor e exportador de caju, consome cerca de 200 mil toneladas de arroz, mas só produz cerca de 80 mil toneladas.

RFI (France Médias Monde) > África lusófona > Guiné-Bissau > 20/04/2024 - 17:21 > Guiné-Bissau: Governo aumenta preço do arroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

E já que falamos de "bianda"....

(...) "Portugal ocupa a quarta posição da União Europeia (UE) como produtor de arroz, atrás de Itália, Espanha e Grécia, e é o país europeu com maior consumo per capita deste cereal, cerca de 18 kg/ano, quatro vezes superior à média europeia. São as conclusões do documento “Campanha Agrícola 2023” desenvolvido pelo COTArroz – Centro de Competências do Arroz.

"Em 2023, em Portugal, foram produzidas cerca de 171.000 toneladas de arroz em casca, o que corresponde a um aumento de cerca de 10% comparativamente à campanha anterior. “O aumento da produção está maioritariamente relacionado com o aumento de área semeada e com o ligeiro aumento da produtividade da cultura”, explica o relatório." (...)

Vida Rural > Cereais > Arroz: Portugal é o quarto maior produtor e o maior consumidor da Europa | Raquel Murgeira 9 Abril, 2024

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Acrescente.se, segundo a mesma fomte:

(...) "Importações: Atualmente, Portugal importa cerca de 160.000 toneladas de arroz, maioritariamente agulha e basmati. Os principais países de onde Portugal importa este cereal são Guiana (31%), Espanha (18%), Uruguai (10%), Myanmar (10%) e Paquistão (6%).

(...) "Exportações: No que diz respeito às exportações, Portugal exporta anualmente cerca de 90.000 toneladas de arroz, maioritariamente carolino. Os principais países para onde o país exporta são Espanha (28%), Jordânia (25%), Reino Unido (10%), Países Baixos (5%) e Síria (4,8%)." (...)

Valdemar Silva disse...

Parece que as reivindicações de antigos combatentes não são só por cá.

Na Comporta há arrozais que produzem 7.000 toneladas de arroz, vamos ver até quando.
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Caro amigo Luis Graca,

O preco actual de XOF 21 500 (Nhelem 100% partido) e o do mercado, o preco subsidiado era de XOF 17 500, mas (1) o OE nao aguentava com o peso dos subsidios, (2) todos os paises vizinhos incluindo senegal passaram a comprar no mercado guineense porque era muito mais barato e tambem porque o FM ja estava a torcer o nariz.

abraco,

Cherno AB