Júlio de Carvalho (1943 - 2024). Foto. Cortesia de ACOLP / A Semana, 26nov2024 |
1. Recorte de imprensa que nos chega através do nosso amigo e camarada Zeca Macedo (ex-2º tenente fuzileiro especial, RN, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74; nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande desde 13/2/2008):
Data . terça, 26/11, 14:06
Luis, junto te envio anoticia publicada hoje, dia 26 de Novembro, sobre o falecimento do Comandante Júlio Carvalho, um dos heróis da Luta pela Independência de Cabo Verde (e da Guiné)
Ab, Ze Macedo
2. Recortes de imprensa > Óbito: Faleceu Júlio de Carvalho o primeiro comandante das Forças Armadas de Cabo Verde
A Semana, 26 nov 2024
Faleceu na madrugada de hoje, na cidade da Praia, o primeiro comandante das Forças Armadas de Cabo Verde, Júlio de Carvalho, também combatente da liberdade da Pátria, comunicou a Associação dos Combatentes da liberdade da Pátria (ACOLP).
Julinho Carvalho, como era conhecido, de acordo com a ACOLP, nasceu no Mindelo a 27 de Janeiro de 1943, estudou no Liceu Gil Eanes, onde se destacou pela sua “participação apaixonada” pelas atividades desportivas, tendo inclusive integrado a seleção de voleibol do referido liceu.
Nessa altura, refere um comunicado da ACOLP, com Abílio Duarte, toma conhecimento dos ideais da luta pela independência de Cabo Verde desenvolvida pelo PAIGC, com as quais ele logo se simpatizou, tendo em 1961 viajado para Portugal onde se inscreve como estudante de Engenharia Química, juntamente com Amaro da Luz, Tito Ramos, e outros estudantes nacionalistas.
“Decidido a exercer um papel activo na luta encabeçada pelo PAIGC, nos finais de 1964, Julinho foge para Paris onde se junta a Manecas Santos, Manuel Delgado, Joaquim Pedro Silva e Olívio Pires. Sob a orientação de Pedro Pires, ele participa na mobilização de um grupo de cabo-verdianos emigrantes na região de Moselle, na França”, lê-se no comunicado da ACOLP.
Júlio de Carvalho, segundo explica ACOLP, integrou a luta armada em Kandjafara, como comandante de artilharia da Frente Sul e, em Maio de 1973, participou na operação que culminou com a tomada do quartel fortificado de Guiledge, prenunciando o fim da ocupação portuguesa na Guiné.
Após o 25 de Abril de 1974, participou nas primeiras negociações com militares portugueses realizados a 15 de Julho, em Cantanhez, no sul da Guiné, visando o estabelecimento de um cessar fogo na Guiné, tendo em fins de 1974, depois da Independência da Guiné, permanecido em Bissau onde, durante cinco anos, exerceu as funções de comissário político das Forças Armadas.
Depois do golpe de Estado de 1980, estabeleceu-se em Cabo Verde onde exerceu funções de ministro do Interior, primeiro e, de seguida, ministro da Defesa e Segurança, no último mandato de Pedro Pires como primeiro-ministro.
Com a derrota eleitoral do PAICV, fixou residência no Sal onde viveu nos últimos tempos como empresário.
Júlio de Carvalho foi membro da Comissão Política do PAICV e durante toda a sua vida de luta evidenciou, conforme a ACOLP, um “grande patriotismo” como “um elevado espírito de sacrifício e dedicação” em prol de Cabo Verde.
Faleceu na madrugada de hoje, na cidade da Praia, o primeiro comandante das Forças Armadas de Cabo Verde, Júlio de Carvalho, também combatente da liberdade da Pátria, comunicou a Associação dos Combatentes da liberdade da Pátria (ACOLP).
Julinho Carvalho, como era conhecido, de acordo com a ACOLP, nasceu no Mindelo a 27 de Janeiro de 1943, estudou no Liceu Gil Eanes, onde se destacou pela sua “participação apaixonada” pelas atividades desportivas, tendo inclusive integrado a seleção de voleibol do referido liceu.
Nessa altura, refere um comunicado da ACOLP, com Abílio Duarte, toma conhecimento dos ideais da luta pela independência de Cabo Verde desenvolvida pelo PAIGC, com as quais ele logo se simpatizou, tendo em 1961 viajado para Portugal onde se inscreve como estudante de Engenharia Química, juntamente com Amaro da Luz, Tito Ramos, e outros estudantes nacionalistas.
“Decidido a exercer um papel activo na luta encabeçada pelo PAIGC, nos finais de 1964, Julinho foge para Paris onde se junta a Manecas Santos, Manuel Delgado, Joaquim Pedro Silva e Olívio Pires. Sob a orientação de Pedro Pires, ele participa na mobilização de um grupo de cabo-verdianos emigrantes na região de Moselle, na França”, lê-se no comunicado da ACOLP.
Júlio de Carvalho, segundo explica ACOLP, integrou a luta armada em Kandjafara, como comandante de artilharia da Frente Sul e, em Maio de 1973, participou na operação que culminou com a tomada do quartel fortificado de Guiledge, prenunciando o fim da ocupação portuguesa na Guiné.
Após o 25 de Abril de 1974, participou nas primeiras negociações com militares portugueses realizados a 15 de Julho, em Cantanhez, no sul da Guiné, visando o estabelecimento de um cessar fogo na Guiné, tendo em fins de 1974, depois da Independência da Guiné, permanecido em Bissau onde, durante cinco anos, exerceu as funções de comissário político das Forças Armadas.
Depois do golpe de Estado de 1980, estabeleceu-se em Cabo Verde onde exerceu funções de ministro do Interior, primeiro e, de seguida, ministro da Defesa e Segurança, no último mandato de Pedro Pires como primeiro-ministro.
Com a derrota eleitoral do PAICV, fixou residência no Sal onde viveu nos últimos tempos como empresário.
Júlio de Carvalho foi membro da Comissão Política do PAICV e durante toda a sua vida de luta evidenciou, conforme a ACOLP, um “grande patriotismo” como “um elevado espírito de sacrifício e dedicação” em prol de Cabo Verde.
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Nota do editor:
Último poste da série > 27 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26199: Recortes de imprensa (140): "Navio doado por Portugal, batizado "Centenário de Amílcar Cabral", veio facilitar a ligação entre Bissau e o arquipélago dos Bijagós
8 comentários:
Não o cheguei a conhecer em Bissau, por ocasião do Simpósio Internacionald e Guileje, em março de 2008... A sua particioação estava prevista, Houve alterações de última hora. Os cabo-verdianos, a começar pelo Júlio de Carvalho, acabaram por não comparecer: ainda estava no poder o 'Nino' Vieira (seria assassinado no ano seguinte), foi a justificação que ouvi em Bissau, nessa altura, em que as sequelas do golpe de Estado de 14 de novembro de 1980 ainda estavam vivas na mémória de parte da "nomenclatura" do PAIGC, de origem cabo-verdiana.
O Júlio Carvalho é da minha colheita de 1943. Não o conhecia.
Paz à sua alma.
O Luis diz que em 2008 ainda existiam sequelas do golpe de 1980!
Quando estive lá em 1984 e 1985, estava tudo muito calmo, com o NINO no poder.
Fui recebido por ele em duas vezes , em Out 84 e Janeiro de 85, tudo calmo e até falei que andei por lá em 67/69, sem comentários.
Havia muito cabo-verdiano nos serviços do Estado, com quem tive contactos.
Mas quem mandava realmente nas decisões do Estado era os chamados cooperantes dos Países de Leste, eles envenenavam os poderes locais , de modo a polos contra os nossos projectos.
Nós acabamos com o nosso projecto devido a uma tentativa de golpe de estado em Junho de 1985, não sei qual a relação com o golpe de 1980.
Na tentativa do golpe de estado de Junho 1985, ele mandou abater muita gente, entre eles um Brigadeiro que era seu ajudante de campo.
E este homem era sócio no nosso projecto!
E foi assim que desistimos, entre eles o Major Valentim Loureiro.
Foi um grande fracasso e muito dinheiro perdido.
Virgilio Teixeira
Lembrei me agora que quando íamos falar com ele, NINO, no seu gabinete, havia muito homem grande, na fila de entrar, e nós, os brancos, passávamos à frente, ele mandava nos entrar a nós primeiro.
Lembro dos olhos de pouco amigos, quando saímos , depois de muito tempo de conversa, daquela gente com as suas vestes, a olhar para nós de soslaio, e a pensar :
o que o homem branco tem para passar à nossa frente?
De certeza pintavam com o NINO quando entravam, não sei!
Isto são pormenores que só agora percebemos, com o desenrolar dos acontecimentos.
Não tive pena da morte trágica dele, merecia, mas os outros eram e foram piores do que ele e até hoje é o que se vê.
Estou a falar nisto, não é para ter mais tempo de antena, mas julgo que a maioria do nossos companheiros de armas, não saberá o que de facto aconteceu na Guiné.
Nunca mais esqueço o sentimento que tive no 1º dia de Outubro de 1984, quando aterrei em Bissalanca (agora Osvaldo ...!) que me deixou atordoado, ia sozinho e pensei que tinha chegado a outro mundo, se tal modo que fui direto à agência de viagens, marcar o regresso no próximo avião para Lisboa.
Abraço
Virgilio Teixeira
Morreu também há menos de um mês outra destacada figura, cabo-verdiana, do PAIGF, colaboradora próxima de Amílcar Cabral, a Lilica Boal:
Página do Facebook da Câmara Municipal do Tarrafal de Santiago
7 de novembro de 2024 | 13:59
https://www.facebook.com/CamaraMunicipaldoTarrafaldeSantiago
ADEUS LILICA BOAL, A COMBATENTE DA LIBERDADE ORIUNDA DO TARRAFAL
Faleceu ontem, na Cidade da Praia a Senhora Maria da Luz Freire de Andrade, mais conhecida como Lilica Boal, Combatente da Liberdade da Pátria, filha de Nhô Papacho e de Nha Beba, figuras emblemáticas da história do Tarrafal.
Nascida e criada no Tarrafal, Lilica Boal saiu para estudar em Portugal, de onde partiu para juntar-se a Amílcar Cabral e seus companheiros do PAIGC na luta pela independência da Guiné e Cabo Verde. Professora, pedagoga e ativista política e social, Lilica Boal ajudou a fundar e a dirigir a Escola Piloto, em Conacri, República da Guiné e a estruturar a educação das crianças durante a Luta de Libertação.
Nesta hora de dor e consternação, a Câmara Municipal do Tarrafal endereça à família, aos amigos e companheiros os mais sentidos votos de pesar e condolências, em nome de toda a comunidade tarrafalense profundamente afetada pela perda de pessoa tão amiga e ligada à história do nosso Município.
Vd. biografia na Lilica Boal
(...) A convite de Amílcar Cabral, assume em 1969 a Direção da Escola-Piloto do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), inaugurada em 1965, em Conacri, e que tinha como objetivo acolher os filhos combatentes e os órfãos de guerra. (...)
A própria Lilica Boal declara ao jornal Público: "Amílcar tinha essa preocupação do género. Dizia que a mulher tinha de lutar pela sua liberdade. Escolheu mulheres em todos os sectores da luta: educação, saúde, informação, logística." (...)
Também era ela a responsável pela elaboração dos manuais desta escola, uma vez que os existentes não abordavam a realidade do seu país. A pesquisa dos conteúdos a serem ensinados era feita por consulta de manuais escolares de outros países, inclusive do Senegal, adaptando depois ao contexto local. (...)
Nessa escola ensinava-se o português, o francês e o inglês, geografia e a história da Guiné e de Cabo Verde, para formar os futuros quadros destes dois países. Foram também atribuídas bolsas de estudo, o que permitiu a muitos estudantes continuarem a estudar em Cuba, na ex-União Soviética, na Alemanha Democrática ou na Checoslováquia. Esta escola tinha um forte apoio internacional desde Cuba, à Suécia, França, ex-União Soviética ou França. (...)
Lilica Boal refere: "Na Escola-Piloto precisávamos de estar preparados para tudo, por isso, tínhamos aulas para aprender a manejar armas." (...)
O comandante Lúcio de Carvalho foi o negociador da "paz dos bravos" com o capitão Zacarias Sayeg, dos Comandos Africanos
Júlio de Carvalho, o "Julinho", querias tu dizer... Não sabia dessa sua faceta de negociador da paz... Mas dizem que era um homem "afável" e "popular"... Obrigado, Manuel Luís...
Obrigado Luís pela correção: era o comandante Julinho de Carvalho. A "negociação" foi impulsionada pelo MFA-Guiné, depois de ter aproveitado um fim de semana para desarmar os Comandos Africanos, retirando-lhes o armamento camuflado em cacifos da caserna...
Que o PAIGC libertou a Guiné é uma meia verdade...
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