sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7158: In Memoriam (57): Faleceu Manuel Basílio Soares Domingos, ex-Fur Mil da CART 564 (Guiné, 1964/66) (Rogério Cardoso)

FALECEU MAIS UM BRAVO

Fur Mil Manuel Basílio Soares Domingos da CART 564, assinalado na foto


1. Mensagem de Rogério Cardoso* (ex-Fur Mil, CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66), com data de 22 de Outubro de 2010:

Amigo Carlos Vinhal
Para publicação, hoje dia 21 de Outubro.

Faleceu o ex-Furriel Miliciano da CART 564, Manuel Basílio Soares Domingos, militar com uma excepcional actuação no teatro de operações.

Condecorado com Cruz de Guerra em 10 de Junho de 1966, no terreiro do Paço em Lisboa, conforme foto no P6163**

Rogério Cardoso
Cart 643-Águias Negras

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 9 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6840: (Ex)citações (90): O nível das modalidades desportivas amadoras de Bissau tinha baixo nível e recorria aos militares ali estacionados (Rogério Cardoso)

(**) Vd. poste de 16 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6163: Notas soltas da CART 643 (Rogério Cardoso) (16): Comemorações do dia 10 de Junho de 1966 no Terreiro do Paço

Vd. último poste da série de 21 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7153: In Memoriam (56): Joaquim Djassi, ex-combatente do PAIGC, radicado em Lisboa, faleceu no dia 19 de Outubro de 2010 (Hugo Moura Ferreira)

Guiné 63/74 - P7157: (In)citações (14): Neto de um gerente comercial francês, o Mr. Jean Marie Adolphe Herbert, e filho de um futebolista caboverdiano, Armando Búfalo Bill (Nelson Herbert)







Guiné > Bissalanca > Fotografia tirada na despedida do gerente da NOSOCO - Nouvelle Societé de Commerce, Monsieur Boris, que nesse dia regressava a Paris (está ao centro de fato e gravata). Está rodeado dos empregados do escritório da NOSOCO em Bissau... O terceiro, a contar da esquerda, assinalado a vermelho, é Armando Duarte Lopes, o pai do nosso amigo Nelson Lopes Herbert... (Fez  90 anos em 23 de Junho de 2010 , esteve em 1943 no Mindelo, sua terra natal, integrado numa força expedicionária, vinda do continente, que veio reforçar o sistema de defesa da Ilha de São Vicente durante a II Guerra Mundial. Viveu depois,  trabalhou e casou em Bissau). 

Como nos relembra o Nelson, o pai era então "um jovem, robusto, futebolista conhecido na Guiné (Armando Bufallo Bill, seu nome de guerra, o melhor de futebolista da UDIB, do Benfica de Bissau, internacional pela selecção da antiga Guiné Portuguesa..). Foi encarregado, por muitos anos,  do porto fluvial de Bambadinca, e ainda se lembra de episódios do djunda djunda (braço de ferro) entre a JAPG (Junta Autónoma dos Portos da Guine) e a tropa, relativamente a um batelão, propriedade do primeiro e que fazia regularmente o trajecto Bambadinca-Bissau, mas que a tropa insistia em acambarcar...para revolta das população da zona leste, já que dessa boleia dependia o escoamento da produção local (caprinos e produtos hortícolas) para os mercados de Bissau... 



O apelido Herbert vem de outro lado, de um avô materno francês, que foi o representante local, na Guiné, da CFAO - Compagnie Française de l'Afrique Occidentale, fundada em 1887, e que continua a ser um importante grupo económico, líder da distribuição especializada em África e nos territórios franceses do Ultramar.


Na foto, que é do Mário Dias (também ele empregado da NOSOCO), vê-se ainda o  João Rosa (soube-se mais tarde, militante do PAIGC), "o guarda-livros, (...) na segunda fila à direita" e "à sua frente, o 2º da direita, (...) o Toi Cabral". Os restantes elementos do grupo  eram "alguns (quase todos) dos empregados do escritório da NOSOCO em Bissau"... (LG)




Foto: © Mário Dias / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2009). Todos os direitos reservados.


1. Comentário do nosso amigo e jornalista da Voz da América (VOA), Nelson Herbert (, foto à direita):


Luís 

A titulo de curiosidade...Relativamente a Companhia Francesa da África Ocidental (CFAO), devo dizer que meu avô materno ( Jean Marie Adolphe Herbert, que ainda conheci, já que viria a falecer em França em 1969) foi um dos gerentes da representação da CFAO na Guiné ... Daí a origem da família HERBERT guineense, de que hoje faço parte... 


Minha mãe era filha,  única,  do Monsieur Jean Marie...Com a guerra da Argélia,  e decorrente das suas sequelas, várias companhias francesas decidem na altura pela retirada de grande parte das suas representações em África. Por essa altura essa firma francesa acata a orientação e abandona a Guiné... Meu avô parte e de arrasto insiste em levar a família. Minha mãe,por sinal filha única do velho ainda jovem, recusa tal ideia ... tal era a paixão pueril... E casa-se ainda jovem (17 anos) com o Sr Armando Duarte Lopes, dando por improcedente a teimosia do meu avô...

(In) conformado... com o casamento da filha menor (que remédio!), o meu avô manda restaurar de raiz a ainda hoje igreja de Cantchungo (antiga Teixeira Pinto) para acolher com pompa e circunstância o casamento da única filha !

Tudo isto antes do início da guerra !

Mas vamos ao que interessa... Falando concretamente da firma francesa em questão... Por aquilo que retive, tenho as minhas dúvidas que tivessem tido ramificações no sul da Guiné....A Companhia Francesa da África Ocidental (CFAO) terá sobretudo actuado na parte norte da Guiné, Có e Cantchungo... (Esta última,  por sinal,  a base/origem dos Herbert). A sede regional estaria implantada do outro lado da fronteira, em Casamansa, Senegal... Conhecem-se actividades desta companhia gaulesa também na Gâmbia...

Apenas um aspecto curioso !

Mantenhas

Nelson Herbert
USA


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Nota de L.G.:


Último poste da série > 18 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7142: (In)citações (12): Gadamael Porto, saúda-vos! (Pepito)

Guiné 63/74 - P7156: Memória dos lugares (103): Gadamael: a misteriosa sigla A.S.C.O já lá estava no tempo do Luís Guerreiro (1969) e do José Gonçalves (1974), dois camaradas que vivem no Canadá


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CART 2410 (1968/69) > Messe e quarto de sargentos... Terá sido também, em tempos, armazém comercial... A misteriosa sigla, A.S.C.O., já lá estava nessa época...




Foto: © Luís Guerreiro (2010). Todos os direitos reservados.




1. Mensagem de Luís Guerreiro, com data de 21 do corrente:


Assunto: Memória dos lugares Gadamael

Caro Luis:

Foi com bastante agrado que vi todas as fotos que o Pepito enviou de Gadamael.


Sobre o edifício em ruínas em 1968/69, quando da permanência da CArt 2410, era a nossa
messe e quartos de sargentos, e se a memória não me atraiçoa tinha sido armazém comercial.

No P3087, já tinham sido publicadas as minhas fotos de Gadamael, aonde o referido edifício se encontra , e com a nome ASCO bem legível, só que na altura ninguém prestou atenção. Vou voltar a enviar a mesma foto.

Por hoje é tudo

Cumprimentos



Luís Guerreiro


[Ex-Fur Mil do 4.º Gr Comb da CART 2410,
Os Dráculas, 
Gadamael, Ganturé e Guileje, 1968/70, 
 e mais tarde do Pel Caç Nat 65, 
Bajocunda e Buruntuma,  1970;  
a viver em  Montreal, Canadá, desde 1971]  






2. Mensagem do José Gonçalves, também de 21 do corrente (e de quem ainda não temos nenhuma foto; vive igualmente no Canadá):


Assunto: O enigma do edifício de Gadamael

Olá, Luis. 

Aqui te mando uma foto antiga do edificio em questão onde se pode claramente ver a insígnia ASCO que também não sei o que quer dizer mas pela foto antiga parece ter havido mais letras [, vd. foto à direita].  O edificio não era messe de oficiais mas sim de sargentos e tinha sido também enfermaria, (aliás foi aqui neste edificio que me prepararam para a evacuação de sintex para Cacine, no dia em que fui ferido,  17 Fev 1974).

 Depois dos ataques de 73 a enfermaria foi implantada mesmo em frente,  do outro lado da rua,  num abrigo em betão armado que se construiu para o efeito apesar de esta continuar a ser utilizada ainda mas não tinha camas .

A Messe de oficiais era mais perto da antiga pista e está identificada numa das fotografias que o Pepito mandou como sendo Instalações do comando, centro de transmissões e residência de oficias. Isto pederá ter sido antes de mim mas quando cheguei a Gadamael o centro do comando e transmissões (COP5)  estava nesse tal abrigo de betão armado,  perto do início da pista. Este edificio era a sede da secretaria da minha companhia,  messe de oficiais da minha companhia e alojamento para o 1º sargento e capitão. 

No meu tempo os oficiais e sargentos dormiam perto dos soldados. Eu dormia na mesma casa onde estava metade do meu Poletão e os furriéis faziam o mesmo.

Estranho que estes abrigos não tenham permanecido pois existiam dois. A enfermaria no local onde indiquei e o de telecomunicações no início da pista. O PAIGC talvez os tenha destruido.

Cumprimentos para todos os bloguistas

Alferes Mil Op Esp,
CCAÇ 4152/73
 (Gadamael Porto,  Jan 74/Jul 74)

Guiné 63/74 - P7155: Em busca de... (148): Aurino Barbosa Medeiros, ex-Fur Mil Operações Especiais/RANGER da 2ª CART do BART 6523 (António Barbosa)


1. O nosso Camarada António Barbosa (ex-Alf Mil Op Esp/RANGER do 1º Pelotão da 2.ª CART do BART 6523, Cabuca, 1973/74, enviou-nos em 18 de Outubro último o seguinte apelo:

Camaradas,

A razão do meu contacto é um pedido de ajuda para reencontrar o “meu” Fur Mil OpEsp/RANGER com o NIM 15228173, por isso da incorporação de 1973, de nome Aurino Barbosa Medeiros.

Aqui deixo o meu apelo a quem souber alguma indicação do seu paradeiro, pois após a nossa chegada a Lisboa nunca mais soube nada dele, por favor me contacte para o meu e-mail: a.antonio.barbosa@gmail.com ou para o telemóvel 936 470 419.


Eu e o Aurino Medeiros
Um Grande Abraço
António Barbosa
Alf Mil Op Esp/RANGER da 2.ª CART do BART 6523

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados.
Fotografia: © António Barbosa (2010). Direitos reservados.

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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
6 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7086: Em busca de... (147): Ademar Rodrigues, ex-1.º Cabo Escriturário da CCS/BART 6521 procura camaradas

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7154: (De) Caras (5): Silate Indjai, um dos primeiros guerrilheiros do PAIGC a entrar em Guileje, dirige agora os trabalhos de detecção e limpeza de UXO (Pepito)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 1 > Silate Indjai está a dirigir os trabalho de detecção e limpeza de minas e outros objectos explosivos não explodidos (UXO, em inglês). Foi  um dos primeiros guerrilheiros do PAIGC (*) a entrar no quartel após este ter sido abandonado. [Presumimos que seja nalu, natural do Cantanhez].


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 2 > Mais um abrigo destapado...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 3 > Granadas de artilharia (obus 14, peça 11.4...?)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 4 > Mais granadas de artilharia...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 5 > Granadas diversas, incluindo de morteiro e bazuca.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 6 > Restos de cunhetes, metálicos, de munições



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 7 > Fragmentos de bombas da FAP


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973   > Foto nº 8 >  Novo abrigo descoberto



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 9 > Restos de redes de arame de camas... [Ou ferro do cimento armado, Pepito ?]


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973   > Foto nº 10 > Mais vestígios de camas no abrigo [ ?]...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 11 > [ Um tijolo, possivelmente, tijolo burro, que se usava para fazer o forno do p\ao,  com a marca da fábrica, possivelmente a Ceramica do Liz, SA, cuja historia remonta aos anos 30]...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 12 > Um artefacto  produzido por um militar da CCAÇ 3325 (À direita, a sua efígie)... Recorde/se que a CCAÇ 3325 esteve em Guileje, de Fev a Dez 1971, comandada pelo Cap Jorge Parracho, hoje coronel na reforma.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 13 > Uma garrafa de água mineral Bussaco...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 14 > Garrafa de refrigerante Convento, produzida (se não me engano) por uma empresa do concelho de Mafra, a Francisco Alves & Filho, com sede na Venda do Pinheiro...

Fotos:  © Pepito / AD -Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Mail do Pepito, com data de 17 do corrente:


Amigo Luís

Como te disse em email anterior, o ex-quartel de Guiledje está a ser limpo de minas e UXO [, 2ª fase, incluindo o perímetro exterior].

A primeira curiosidade advém do facto de que quem está a dirigir o trabalho, Silate Indjai (foto 1), ter sido um dos primeiros guerrilheiros do PAIGC a entrar no quartel [, em 25 de Maio de 1973,] após este ter sido abandonado [, três dias antes].

Sobre a controvérsia sobre quem destruiu o quartel após este ter sido tomado, conta ele que, passados uns dias e já sem ninguém do PAIGC no quartel, a aviação portuguesa bombardeou e destruiu o quartel, tendo agora sido recolhidos fragmentos dessas bombas (foto 7). 

Diz ele [, Silate Indjai,]  que, estando por ali perto, ouviu esses bombardeamentos, corroborando testemunhos avulsos que já nos tinham sido relatados ao longo destes anos em que estamos a "trabalhar" em Guiledje. 

Mais, segundo ele, os guerrilheiros nunca mais voltaram a este quartel até ao fim da guerra. Por outro lado, diz que os canhões do PAIGC nunca poderiam perfurar a cobertura dos paiois subterrâneos.

Sem querer tirar conclusões definitivas, apenas disponibilizo mais este relato. 
Outras fotos:


Foto 2: um dos abrigos que foi agora "destapado" para se retirarem os morteiros [ou granadas de obus ?] (muito perto do Museu)

Fotos 3-4-5: morteiros [ granadas de obus] e outros
Foto 6: caixas dos morteiros [granadas]
Foto 7: fragmentos de bombas aéreas
Foto 8: novo abrigo descoberto
Foto 9-10: camas metálicas [ ?] nos abrigos novos 
Foto 11: foi desenterrado este "tijolo", alguém saberá o que quer dizer ou a que se refere?
Foto 12: estava à entrada de um abrigo e penso ser o nº de uma companhia
Fotos 13-14: garrafas intactas

abraço
pepito

PS - Perdoa-me as designações militares do equipamento, morteiros, etc. Não percebo nada do assunto. Vais receber muitos emails, cada um com a sua foto.



2. Comentário de L.G.:


Obrigado, Pepito, pelas fotos e legendas... E sobretudo pela paixão com que pões a malta a escavar as entranhas de Guileje, que ainda têm muito que contar... e que vais preservar no núcleo museológico Memória de Guiledje. Tentei dar uma ajuda, complementado as tuas notas... 

Isto é um verdadeiro trabalho de arqueologia... Mas, atenção, diz à tua rapaziada: Safety, first! A Segurança, acima de tudo!... Esses brinquedos de morte ainda hoje podem matar!... Não quero que um dia destes nos mandes nenhuma funesta notícia, em relação com a eventual deflagração desses tais UXO (engenhos explosivos por deflagrar, do inglês Unexploded Ordnance...), podendo originar uma tragédia... Na guerra, a morte pegava-se de caras (**)... Felizmente, estamos agora em paz...Mantenhas para ti, o Domingos, o Silate e restante rapaziada... LG


PS - Já agora, não tens a história (resumida) do Silate Indjai, como guerrilheiro ? Por onde é que ele andou, com quem andou, que recordações tem, etc... Há um silêncio muito grande por parte dos homens (e mulheres) que lutaram, de armas na mão, nas fileiras do PAIGC... As suas histórias de vida podem e devem ser passadas a escrito e divulgadas... O blogue é nosso...

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Guiné 63/74 - P7153: In Memoriam (56): Joaquim Djassi, ex-combatente do PAIGC, radicado em Lisboa, faleceu no dia 19 de Outubro de 2010 (Hugo Moura Ferreira)

1. Mensagem de Hugo Moura Ferreira (ex-Alf Mil da CCAÇ 1621, Cufar e Cachil, e CCAÇ 6, Bedanda, 1966/68), com data de 20 de Outubro de 2010:

Caro Carlos Vinhal:

Nesta época e na nossa idade por vezes somos confrontados com notícias que nos entristecem.

Foi o caso de hoje, quando recebi uma chamada do telemóvel do Joaquim Djassi, mas feita pela Leontina, sua mulher, a dar a triste notícia do falecimento do marido ontem à tarde, no Hospital de Santa Maria, onde ainda se encontra.

Ao perguntar-lhe do funeral, disse-me que sairá da Mesquita de Lisboa, na 6.ª feira, às 14h00. Não sei ainda para onde. O telefone de contacto é: 969 442 125.

Achei que era meu dever comunicar-te, no sentido de, se assim o entenderes, fazer circular a notícia.

Embora o Joaquim não fizesse parte da nossa Tabanca Grande e tivesse sido nosso IN no outro tempo, actualmente era uma amigo querido de alguns de nós.

Começou essa amizade quando, em Dezembro de 2007, alguns de nós fizeram uma almoçarada no restaurante dele, o Pelicano Dourado, que motivou o PosT 2334, do Marques Lopes. Mesmo, no dia 10 de Junho de 2009, houve mais um almoço que está representado em foto no Post T4531, do Hélder de Sousa/Francisco Allen, em que numa das fotos se reconhece o Joaquim sentando ao fundo.



Na foto, da esquerda para a direita: António Pimentel, Marques Lopes, Braima Baldé (de pé) e Joaquim Djassi

Penso que era conhecido, já que foi referenciado por diversas vezes e merece ser recordado como um indivíduo que acima de tudo acreditava na amizade acima das divergências que fizeram uma época.

Entretanto, desejo que as coisas estejam bem para ti e para os teus.

Um abraço camarigo
Hugo Moura Ferreira
CCaç 1621(Cufar)
e CCaç6 (Bedanda)
1966/68

Obs. - Negritos da responsabilidade do editor
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 25 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2579: Álbum Fotográfico do Hugo Moura Ferreira (3): Em Sangonhá, a sul de Gadamael, com a CCAÇ 1612 (1968)

(**) Vd. poste de Sábado, 8 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2334: Encontro de ex-combatentes, em Lisboa, no Pelicano Dourado (A.Marques Lopes)

Vd. último poste da série de 30 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7062: In Memoriam (55): António Domingos Rodrigues (1947-2010), natural de Torres Novas, ex-1º Cabo Trms Inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969 / Março de 1971)

Guiné 63/74 - P7152: Os nossos camaradas guineenses (27): Dandi, natural de Jol, no chão manjaco, capitão da companhia de milícias do Pelundo, agraciado com Cruz de Guerra pelo Gen Spínola em 1972, fuzilado pelo PAIGC em 1975 (Manuel Resende / Augusto Silva Santos)



Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > O >Alf Mil At Inf Manuel Resende e o chefe de secção de milícias, Dandi, mais tarde Capitão da Companhia de Milícias do Pelundo...





Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > "Junto vou-te enviar uma foto, especial para mim, pois fui eu que a tirei em pleno mato, da última operação que ele [, o Alf Mosca,]  fez com o Capitão Tomás da Costa antes de ir para o CAOP. Como não tem legendas, vou explicar: ao centro, com as cartucheiras e ar de mau (para a foto) é o Cap Tomás da Costa; ao lado esquerdo,  sentado com a G3 ao alto no ombro,  é o Mosca; do lado direito em pé, sempre equipado a rigor, é o nosso amigo Dandi, que nunca facilitava em serviço (mais tarde também graduado em Capitão de milícia pelo Gen Spínola, em 72 Cruz de Guerra, e em 75 fuzilado)" (Manuel Resende, 16/6/2009).




Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > O Dandi, junto ao monumento da CCAÇ 2585


Fotos:  © Manuel Resende (2009). Direitos reservados


1. Excerto do depoimento do nosso camarada Manuel Resende, ex-Alf Mil At Inf, CCaç 2585/BCaç 2884 (Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71) (, foto à esquerda) (*):

(...) Neste apontamento quero e tenho o dever de salientar o contributo altamente positivo dos soldados africanos do Pelotão de Caçadores Nativos nº 59, comandado inicialmente pelo colega Alferes Mosca, e pela secção de milícias, comandada pelo chefe da milícia, o célebre Dandi, mais tarde promovido a Capitão de Milícia pelo Sr. General Spínola, e que já vinha com boas referências da companhia anterior [, CCAÇ 2366].


Sempre que saíamos para o mato estes homens iam sempre à frente, pois como conhecedores do terreno, sabiam como chegar ao objectivo. O Dandi,  natural do Jol, conhecia como ninguém todos os recantos da mata.

Bom guerrilheiro, bom caçador, muito nos ajudou a evitar cair em emboscadas, abrindo trilhos novos na mata. Quando saíamos para o mato com ele, ninguém tinha medo, por mais difícil que fosse a missão. Mais tarde fez parte do rol dos fuzilados [, a seguir à independência]. Sinceramente não sei se a Cruz de Guerra prometida pelo Sr. General Spínola lhe foi entregue antes de 1975. Que será feito dos outros?

Apesar do primeiro contacto a sério com o inimigo, já referido atrás, com 2 mortos e alguns feridos, o dia ou o facto que mais me marcou durante toda a comissão, e o fez profundamente, foi a morte dos Oficiais do CAOP, os três Majores e o meu colega Alferes Mosca (além dos outros três nativos) no dia 20 de Abril de 1970, em prol da paz e do entendimento dos povos do Chão Manjaco.

O Alferes Joaquim João Palmeiro Mosca pertencia à minha Companhia, a 2585, pois era comandante do Pel Caç Nat  59 (já referenciada) que fazia parte da Companhia, embora a rendição fosse individual. Em Set/Out de 1969 o Alferes Mosca foi convidado pelo CAOP em Teixeira Pinto, para cuidar das plantações experimentais que se começavam a desenvolver no Chão Manjaco, pois ele era Regente Agrícola de formação.

Como as suas qualidades para a Psico eram boas, foi convidado para colaborar nessa área com o Sr  Major Joaquim Pereira da Silva, Oficial de Informações e Coordenador da Acção Psicológica com as populações. (...)

2. Comentário de Agusto Santos Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833 (Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) (, foto à esquerda)

Olá Camarada e Amigo!


Sempre com Jolmete por fundo, aqui estou eu a saudar-te por esta tua iniciativa.

Por tua influência, juntei-me a este blogue, por minha influência (julgo), decidiste publicar no Correio da Manhã a tua passagem pela Guiné, mas aqui bem mais completa e esclarecedora.

Sabes uma coisa curiosa? É que eu antes de ser chamado para o serviço militar, estive na marinha mercante dos 18 aos 21 anos, e um dos navios em que prestei serviço foi precisamente no "Niassa", embora só em 1970. Outra curiosidade. Sabes onde eu moro? Em Almada, e nessa altura residia muito perto do quartel onde te foste apresentar, mas que hoje já não existe. Com algum atraso, as nossa vidas andaram cruzadas (Almada / Niassa/ Guiné / Jolmete).

Sobre o célebre Dandi... No meu tempo ele já era o Comandante da Companhia de Milícias do Pelundo, embora estivesse sempre no Jol, e já tinha sido agraciado com a cruz de guerra pelo General Spínola. Numa das operações (a mais difícil que me lembro), ele chegou a ser ferido com um tiro numa perna.

Era de facto um excelente guerrilheiro. Numa ocasião, para escaparmos a uma emboscada do IN, lembro-me que ele nos levou por um trilho de caça muito antigo que, segundo o próprio Dandi, já não passavam por lá pessoas há alguns anos.

Também me lembro de irmos fazer segurança ao local onde morreram o Alferes Mosca e os 3 Majores, para o General Spínola ir lá depôr uma coroa de flores, acto que sempre praticou enquanto se manteve na Guiné.

Um Grade Abraço,

Augusto Silva Santos
 
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Notas de L.G.:
 
(*) Vd. poste de 21 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7151: Recortes de imprensa (34): A guerra do Manuel Resende, ex-Alf Mil At da CCaç 2585/BCaç 2884 (Correio da Manhã)
 
(**) Último poste da série > 13 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6586: Os nossos camaradas guineenses (26): O regresso do inesquecível Mamadu Camará (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P7151: Recortes de imprensa (34): A guerra do Manuel Resende, ex-Alf Mil At da CCaç 2585/BCaç 2884 (Correio da Manhã)


1. O nosso Camarada Manuel Resende*, ex-Alf Mil At da CCaç 2585 do BCaç 2884, que esteve em Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, (1969/71), enviou-nos, com data de 19 de Outubro de 2010 a seguinte mensagem:

A Minha Guerra
Manuel Cármine Resende Ferreira, 63 anos, reformado.
Casado, com uma filha.
Mobilizado para a Guiné, Jolmete, como Alferes Miliciano.
Embarque a 7 de Maio de 1969.
Regresso a 2 de Março de 1971.

Fui mobilizado para a Guiné em Fevereiro de 1969. Após a minha recruta como cadete na Escola Prática de Infantaria em Mafra, de Julho a Setembro de 1968 (3º turno), foi-me atribuída a especialidade de “Atirador de Artilharia”, por isso fui “tirar” a especialidade em Vendas Novas, na Escola Prática de Artilharia, de Outubro a Dezembro de 1968. Terminado o curso fui colocado nos Açores, no Regimento … (não me lembro o nome) nos Arrifes, em Ponta Delgada, para onde segui em meados de Janeiro de 1969, no navio “Angra do Heroísmo”.
Cerca de um mês depois de lá estar recebi ordem de marcha para me apresentar no quartel do Pragal (Almada) para fazer o IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional), a fim de ser integrado no Batalhão de Caçadores 2884, que seguiria para a Guiné. Como o transporte era escasso, esperei pelo próximo barco, o FUNCHAL, que saiu de Ponta Delgada em 28 de Fevereiro de 1969, dia do grande tremor de terra aqui no continente. Este Batalhão era constituído pela Companhia de Comando e Serviço (CCS), e pelas Companhias Operacionais 2584, 2585 e 2586. A minha seria a Companhia de Caçadores 2585. Feito o IAO embarquei para a Guiné a 7 de Maio de 1969, no paquete Niassa, onde cheguei a 12 do mesmo mês.
Após alguns dias em Bissau disfrutando daquele calor intenso e húmido, o Batalhão foi para Pelundo (zona de Teixeira Pinto), onde ficou sediada a Companhia CCS e a Companhia Operacional 2586, tendo sido atribuído o destacamento de “Jolmete” à minha Companhia 2585 e “Có” à 2584.
No dia 17 de Maio chegamos a Jolmete, onde fomos recebidos pela Companhia 2366 que nos esperava e íamos substituir. Nos dias que estivemos em Bissau fomos informados pelo Governador e Comandante-Chefe Sr. General Spínola, que a responsabilidade da nossa Companhia, a 2585, iria ser muito grande, pois íamos substituir uma das melhores Companhias Operacionais da Guiné (acção psicológica já a funcionar).
Foi-nos dito que esta Companhia, comandado pelo Sr. Capitão Barbeites, era considerada uma das melhores companhias operacionais da Guiné, quer pelo seu trabalho operacional, quer pela obra começada da construção do quartel a partir do nada, e que nós (2585) soubemos continuar.
Chegamos na altura da transição do tempo seco para a época das chuvas, que começava a 15 de Maio, e que de facto começou. Foi uma sensação muito estranha, para quem não estava habituado, chuva torrencial e calor ao mesmo tempo. Com as chuvas começava a época da bicharada. Coisas que só compreende quem lá esteve …
A nível operacional, nos dez dias de sobreposição de companhias, tudo correu bem. Saíamos em patrulhamentos com os grupos de combate da companhia cessante, mas não íamos para zonas perigosas.
O interesse da 2366 era passar o testemunho da melhor maneira possível, sem correr grandes riscos, pois a “peluda” estava próxima. No dia em que a Companhia cessante se foi embora, a 27 de Maio, começaram os nossos problemas com 2 mortos e vários feridos, não em combate, mas por acidente com arma de fogo.
Ao chegarmos ao quartel, depois da operação de segurança e protecção à coluna auto que levou a 2366 para o Pelundo, o soldado que transportava a BASUCA ao retirar a granada da arma, talvez por deficiência da mola ou por descuido, ela caiu pelo tubo, explodindo ao tocar no chão.
Este foi o primeiro contacto com a triste realidade das mortes e evacuações. A partir deste dia, entregues a nós próprios, começamos a fazer a nossa guerra. Fazendo uma retrospectiva devo concluir que não nos demos muito mal com o sistema adoptado. Saídas diárias evitaram flagelações ao quartel, que nunca tivemos, todavia emboscadas no mato eram constantes.
Nos 21 meses de mato a Companhia esteve 28 vezes debaixo de fogo, e eu com o meu grupo de combate (4º Grupo) estive 22. Lembro perfeitamente como se fosse hoje a primeira emboscado a sério em que caímos. Emboscada em “U” em que nós entramos pelo centro. Foi a 22 de Julho de 1969. Tivemos 2 mortos e vários feridos por tiro de RPG 2 e respectivos estilhaços.
“HOMENAGEM”
Neste apontamento quero e tenho o dever de salientar o contributo altamente positivo dos soldados africanos do Pelotão de Caçadores Nativos Nº 59, comandado inicialmente pelo colega Alferes Mosca, e pela secção de milícias, comandada pelo chefe da milícia, o célebre “DANDI”, mais tarde promovido a Capitão de Milícia pelo Sr. General Spínola, e que já vinha com boas referências da companhia anterior.
Sempre que saíamos para o mato estes homens iam sempre à frente, pois como conhecedores do terreno, sabiam como chegar ao objectivo. O Dandi natural do Jol, conhecia como ninguém todos os recantos da mata.
Bom guerrilheiro, bom caçador, muito nos ajudou a evitar cair em emboscadas, abrindo trilhos novos na mata. Quando saíamos para o mato com ele, ninguém tinha medo, por mais difícil que fosse a missão. Mais tarde fez parte do rol dos fuzilados. Sinceramente não sei se a Cruz de Guerra prometida pelo Sr. General Spínola lhe foi entregue antes de 1975. Que será feito dos outros?
Apesar do primeiro contacto a sério com o inimigo, já referido atrás, com 2 mortos e alguns feridos, o dia ou o facto que mais me marcou durante toda a comissão, e o fez profundamente, foi a morte dos Oficiais do CAOP, os três Majores e o meu colega Alferes Mosca (além dos outros três nativos) no dia 20 de Abril de 1970, em prol da paz e do entendimento dos povos do “Chão Manjaco”.
O Alferes Joaquim João Palmeiro Mosca pertencia à minha Companhia, 2585, pois era comandante do Pel. Caç. Nat. 59 (já referenciado) que fazia parte da Companhia, embora a rendição fosse individual. Em Set./Out. de 1969 o Alferes Mosca foi convidado pelo CAOP em Teixeira Pinto, para cuidar das plantações experimentais que se começavam a desenvolver no Chão Manjaco, pois ele era Regente Agrícola de formação.
Como as suas qualidades para a “PSICO” eram boas, foi convidado para colaborar nessa área com o Sr. Major Joaquim Pereira da Silva, Oficial de Informações e Coordenador da Acção Psicológica com as populações.
Estas acções da “psico” deram tantos frutos que praticamente de Novembro de 1969 a 20 de Abril de 1970 (fatídico dia), não tínhamos contactos com o “IN”, nem tínhamos autorização para abrir fogo em primeiro lugar, caso os víssemos, tendo até havido alguns que se entregaram voluntariamente. Sabíamos que o “IN” procedia exactamente como nós, pois as ordens que tinham eram iguais.
O Major Magalhães Osório e o Major Passos Ramos estavam mais ligados à parte operacional, como planeamento de operações conjuntas e afins e que nos visitavam diariamente do ar, com a sua DO, a perguntar se estava tudo bem, se era preciso alguma coisa, pois sabiam a nossa posição exacta no mato. Estes dois Majores e o respectivo comandante, Coronel Alcino, eram visita constante ao nosso quartel em Jolmete.
Como a Companhia estava empenhada na construção de casas para a nossa população, composta quase exclusivamente por militares do Pel. Caç. Nat. 59 e milícias, com as respectivas famílias, foi uma época propícia à descoberta e transporte de matéria prima para as obras: pedras, que eram poucas e madeiras que íamos procurar junto ao rio Cacheu, completamente avontade e sem grande segurança. Na minha modesta opinião e traduzindo os sentimentos da altura, perdemos ali, de uma só vez, um conjunto de Oficiais único e inigualável. Mas como dos fracos não reza a História, é por isso que ainda hoje eles são falados…
Escusado será comentar que as tréguas que existiam acabaram nesse dia. Nos meses que se seguiram até ao fim do ano de 1970 tivemos uma actividade operacional muito intensa. Felizmente não houve mais baixas. Passamos a pasta à Companhia que nos sucedeu a C Caç 3306 em Fevereiro de 1971, tendo regressado a Bissau para embarque. Após alguns dias de atraso do “UIGE”, embarcamos a 26 de Fevereiro, tendo chegado ao cais de Alcântara em 2 de Março de 1971.
Era costume o Sr. General Spínola convidar para um jantar de despedida com bate-papo os comandantes de Companhia (Capitães) e um dos alferes de cada companhia antes do embarque de regresso. Em relação à minha Companhia a 2585, O Sr. General fez questão de convidar todos os alferes além do Capitão, como recompensa pela actividade desenvolvida.
Ainda me lembro que o prato foi arroz de frango. Nessa altura já o Sr. General Spínola dizia que a Guiné não tinha solução pela guerra. Manifestava muitas ideias que mais tarde veio a publicar no seu livro “Portugal e o Futuro”.

Nº 1 – A bordo do Niassa, a caminho da Guiné. O sentimento dominante era de expectativa.

Nº 2 – Operação de patrulhamento comandada pelo nosso Capitão Tomaz da Costa, sentado ao centro. Do seu lado esquerdo, em pé, Dandi, sempre equipado a rigor; à sua esquerda, sentado, o Alf. Mosca.

Nº 3 – Atravessamento de uma bolanha à chegada de uma operação. O nosso quartel estava rodeado por bolanhas.

Nº 4,5 e 6 – Recolha de materiais, madeiras e pedras, para construção de abrigos e casas para a população.

Nº 7 – Eu com o Dandi, que mais tarde foi promovido a capitão de Milícia.

Um abraço,
Manuel Resende
Alf Mil At da CCAÇ 2585/BCAÇ 2884

Fotos: © Manuel Resende (2010). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

3 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7075: Recortes de imprensa (33): A guerra do Alberto José dos Santos Antunes, ex-Fur Mil da CCaç 5 (Correio da Manhã)

(*) Vd. também o poste da CCAÇ 2585 do BCAÇ 2884:

14 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2106: Tabanca Grande (33): Apresenta-se José Rodrigues Firmino, ex-Soldado Atirador (CCAÇ 2585 / BCAÇ 2884, Jolmete, 1969/71)