sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7156: Memória dos lugares (103): Gadamael: a misteriosa sigla A.S.C.O já lá estava no tempo do Luís Guerreiro (1969) e do José Gonçalves (1974), dois camaradas que vivem no Canadá


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CART 2410 (1968/69) > Messe e quarto de sargentos... Terá sido também, em tempos, armazém comercial... A misteriosa sigla, A.S.C.O., já lá estava nessa época...




Foto: © Luís Guerreiro (2010). Todos os direitos reservados.




1. Mensagem de Luís Guerreiro, com data de 21 do corrente:


Assunto: Memória dos lugares Gadamael

Caro Luis:

Foi com bastante agrado que vi todas as fotos que o Pepito enviou de Gadamael.


Sobre o edifício em ruínas em 1968/69, quando da permanência da CArt 2410, era a nossa
messe e quartos de sargentos, e se a memória não me atraiçoa tinha sido armazém comercial.

No P3087, já tinham sido publicadas as minhas fotos de Gadamael, aonde o referido edifício se encontra , e com a nome ASCO bem legível, só que na altura ninguém prestou atenção. Vou voltar a enviar a mesma foto.

Por hoje é tudo

Cumprimentos



Luís Guerreiro


[Ex-Fur Mil do 4.º Gr Comb da CART 2410,
Os Dráculas, 
Gadamael, Ganturé e Guileje, 1968/70, 
 e mais tarde do Pel Caç Nat 65, 
Bajocunda e Buruntuma,  1970;  
a viver em  Montreal, Canadá, desde 1971]  






2. Mensagem do José Gonçalves, também de 21 do corrente (e de quem ainda não temos nenhuma foto; vive igualmente no Canadá):


Assunto: O enigma do edifício de Gadamael

Olá, Luis. 

Aqui te mando uma foto antiga do edificio em questão onde se pode claramente ver a insígnia ASCO que também não sei o que quer dizer mas pela foto antiga parece ter havido mais letras [, vd. foto à direita].  O edificio não era messe de oficiais mas sim de sargentos e tinha sido também enfermaria, (aliás foi aqui neste edificio que me prepararam para a evacuação de sintex para Cacine, no dia em que fui ferido,  17 Fev 1974).

 Depois dos ataques de 73 a enfermaria foi implantada mesmo em frente,  do outro lado da rua,  num abrigo em betão armado que se construiu para o efeito apesar de esta continuar a ser utilizada ainda mas não tinha camas .

A Messe de oficiais era mais perto da antiga pista e está identificada numa das fotografias que o Pepito mandou como sendo Instalações do comando, centro de transmissões e residência de oficias. Isto pederá ter sido antes de mim mas quando cheguei a Gadamael o centro do comando e transmissões (COP5)  estava nesse tal abrigo de betão armado,  perto do início da pista. Este edificio era a sede da secretaria da minha companhia,  messe de oficiais da minha companhia e alojamento para o 1º sargento e capitão. 

No meu tempo os oficiais e sargentos dormiam perto dos soldados. Eu dormia na mesma casa onde estava metade do meu Poletão e os furriéis faziam o mesmo.

Estranho que estes abrigos não tenham permanecido pois existiam dois. A enfermaria no local onde indiquei e o de telecomunicações no início da pista. O PAIGC talvez os tenha destruido.

Cumprimentos para todos os bloguistas

Alferes Mil Op Esp,
CCAÇ 4152/73
 (Gadamael Porto,  Jan 74/Jul 74)

7 comentários:

Anónimo disse...

Escreve-me o Pepito, do Japão (!), a dizer o seguinte:

Assunto - Camas metálicas


Luis

Estou aqui onde, dizem, o sol nasce primeiro. No Japão para participar num encontro sobre a biodiversidade.
Também aqui se abre o nosso bloque e se mandam notícias para os amigos.

1. As camas metalicas estão enterradas debaixo de terra e apenas se observam algumas partes a sairem. O que se vê em primeiro plano são os varões do betao armado e não o resto das camas. Verás quando elas forem retiradas e limpas.

2. Quanto à remoção dos UXO e minas, o trabalho está a ser feito por uma empresa especializada que há varios anos vem procedendo ao mesmo por todo o país, gracas a Deus, sem nenhum acidente. Foram contratados pelo CAMI, que coordena esta acção na Guiné-Bissau. Nós, AD, somos meros espectadores.

abraço
pepito

Anónimo disse...

1. Escreve-me o nosso leitor (e camarada, ex-pára) Salvador Nogueira:

"Amigo Luis, se tirares uma vertical da linha de cumeada do telhado vês que A.S.C.O. está no meio da empena não parecendo portanto que tivesse havido outras letras.

"As letras parecem de influência modernista - Déco, anos 30, na Europa - o que faz com que não seja espanto nenhum que já lá estivessem antes da 'nossa' guerra...

"Mas já em Portugal é difícil datar a arquitectura de antes de 1950, quanto mais na Guiné... É todavia um passatempo com graça; eu inclino-me para nome de firma comercial ou, mais ainda, do seu dono. (...)

"Um abraço, Salvador"

2. Comentário de L.G.:

Obrigado, Salvador, pelas 'dicas'... Está bem observado... Parece-me uma hipótese plausível e consistente... Fica, de fora, a hipótese de ser uma ONG, portuguesa ou estrangeira, que lá tenha 'aterrado', depois da nossa saída...

Um Alfa Bravo. Luís

Luís Graça disse...

Agora percebe-se por é que as letras A.S.C.O. estão, ainda hoje, tão bem conservadas... As paredes e o telhado do edifício estavam protegidas por uma tela, material que me parece pouco vulgar na Guiné do nosso tempo...

As casas, de traça colonial, dos nossos comerciantes, não usavam estes materiais... Será que a casa era de um comerciante francês ? Ou de um sírio-libanês ?

É possível que a sigla A.S.C.O. corresponda às iniciais do nome de um comerciante ou de pequena firma comercial, perdida em Gadamael, na fronteira com a África francófona...

De um só piso, térreo, com três portas na parte da frente e pelo menos duas nas paredes laterais, tudo indica que o edifício fosse uma loja ou estabelecimento comercial...

Bolas, ninguém sabe nada sobre a história de Gadamael Porto antes da guerra colonial... Esta charada, ao mesmo tempo, está-me a dar pica...

Luís

Anónimo disse...

Acerca do edifício de Gadamael talvez a Cª que antecedeu a 2410, creio que a 1569,(ou 1659?) talvez possa adiantar algo com interesse.
Um abraço.

Bernardo Godinho disse...

Só me lembro dos rebentamentos...

Luís Graça disse...

Não sei se foi a primeira, mas em 1967/68, esteve em Gadamael (todo o tempo da comissão) a CART 1659; mobilizada pelo RAC, saiu da metrópole em 11/1/1967 e regressou a 30/10/1968. O Comandante era o Cap Mil Art Manuel Francisco Fernandes de Mansilha. Não está representada no nosso blogue.

A seguir esteve lá o BCAÇ 2834, que era comandado pelo Ten Cor Inf Carlos Barroso Hipólito. Este batalhão (a que pertenciam as CCAÇ 2312, 2313 e 2314), passou (ou melhor o comando e a CCS passaram) por vários sítios (Bissau, Buba, Aldeia Formosa e por fim Gadamael, possivelmente no final da comissão). Mobilizado pelo RI 15, o batalhão embarcou a 10/1/1968 e regressou a casa a 23/11/1969. Parece-me não termos cá ninguém, desse batalhão, que tenha passado por Gadamael.

A CCAÇ 2316 / BCAÇ 2835, da mesma época, também passou por Gadamael: Bissau, Bula, Mejo, Guileje, Gadamael, Bissau. Teve quatro capitães, incluindo o Barbosa Henriques, natural de Cabo Verde, que eu conheci, como instrutor da 1ª Companhia de Comandos Africanos, em Fá Mandinga, terra do Jorge Cabral (de quem era amigo).

Temos a seguir a CART 2410: mobilizada pelo GACA 2, embarcou em 11/8/1968 e regressou a 18/4/1970. Esteve em Gadamael e Guileje. Comandante: Cap Mil Art Amílcar Cardigos Pereira. A CART 2410, Os Dráculas, está representada no nosso blogue pelo
ex-Fur Mil do 4.º Gr Comb Luís Guerreiro (vive hoje na Canadá).

Outra companhia que passa, no final da sua comissão, por Gadamael, é a CART 2478: RAP 2, partida em 5/2/1969, regresso a 23/12/1970; Comandante: Cap Art João Baptista Rodrigues Videira. Passou por Farim, Jumbembém, Cuntima, Bissau, Ganturé e Gadamael. Pertencia ao BART 2865 (Catió). A CART 2478 não está representada no nosso blogue.

Temos a seguir, a CCAÇ 2796 (RI 2; data de embarque: Partida a 31/10/1970; regresso a 5/10/1972). Esteve em Bissau, Gadamael e Quinhámel, por esta ordem. Comandante(s): Cap Inf Fernando Assunção Silva, e Cap Art António Carlos Morais da Silva, hoje coronel reformado, antigo proefssor da Academia Militar, colaborador do nosso blogue.

Diz-nos ele: “Avancei no fim de Janeiro de 1971 para o comando da CCaç 2796, em Gadamael, quando da morte em combate do seu comandante, meu camarada de curso e amigo Capitão de Infantaria Assunção Silva. Fiquei, a meu pedido, no comando desta companhia até ao final da comissão em Outubro de 72” (Poste P6690).

Também passou por Gadamael (e depois Brá e Bafatá), a CCAÇ 3518 (BII 19; partida a 20/12/1970; regresso a 28/3/1974; Cap Mil Inf Manuel Nunes de Sousa).

O Daniel Matos que tem um valioso álbum sobre Gadamael é o digno representante da CCAÇ 3518 na nossa Tabanca Grande. Diz que eles ficaram lá até Abril de 1974.


Ainda deve haver uma ou duas unidades de quadrícula que lá ficaram até ao fim... Tenho que pesquisar melhor

A última ou talvez a penúltima terá sido a CCAÇ 4152. O José Gonçalves, ex-Alferes Mil Op Esp, membro do nosso blogue, a viver no Canadá, esteve nesta companhia de Jan a Jul 74. Estava lá no 25 de Abril.

cosme disse...

estive nessa casa, como enfermeiro entre 1970/72