sexta-feira, 15 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4351: Blogpoesia (47): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (IV Parte): II Dinastia (De D.Manuel, O Venturoso, até ao fim)




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > O apartamento de Cafal Balanta, na zona turística do Cantanhez... Publicidade, para quê ? ... Pode-se perguntar: E preço (s) ?... Não vinha nos prospectos da época...


Fotos: © Manuel Maia (2009). Direitos reservados.


IV parte da História de Portugal em Sextilhas, escritas pelo épico do Cantanhez (O Manuel Maia, formado em história, foi Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74) (*).


Mensagem de 5 de Maio de 2009


Antes de me debruçar sobre a matéria em questão, gostaria de agradecer a todos quantos fazem o subido favor de me ler, honrando-me com os seus comentários.

Quando te enviei o excerto deste trabalho, fi-lo na esperança de que pudesses tecer
alguns comentários quanto ao seu interesse, e também, porque não revelá-lo, na expectativa de haver entre os camaradas alguém ligado a editoras gráficas, pressupondo uma hipotética publicação, uma vez que "em se tratando de poesia" o acesso é bem mais difícil que a prosa ...

Manuel Maia

Comentário de L.G.:

Manel: Portugal é um país de poetas e de soldados onde a poesia não enche a barriga do pobre e o soldo do soldado não dá para a caneta, a tinta e o papel... Mesmo assim a malta escreve, e canta, até o dedo doer, até a voz doer...É o teu fado, meu vate, nosso bardo, nosso épico...Alegras-nos a alma, enriqueces a nossa cultura e a nossa história, dás um bela lição aos tabanqueiros... Sabes que a malta conhece mal (e porcamente) a sua própria história, por que se calhar a escola, a nossa escola, não nos ensinou amar os nossos poetas, os nossos heróis, os nossos santos, a amar e a criticar os nossos reis, os nossos comandantes... É poesia, é pedagogia, é amor às nossas coisas... São as nossas raízes, é a nossa idiossincrasia, é a nossa identidade... Não tenhamos pejo nem pudor de sermos tugas! (LG).


História de Portugal em Sextilhas - IV Parte

101-Tratado em Tordesilhas põe travão
às lutas desabridas, ambição
p´las terras que havia a descobrir...
Falece D. João de Portugal,
faltando um seu herdeiro natural,
cunhado Manuel lhe vai seguir...


102-Brindado O Venturoso pela sorte
por Gama do Oriente encontrou norte,
trazendo mil riquezas de presente.
À Terra Nova vai Corte-Real
depois será Brasil, já com Cabral
padrão das quinas ´stá no mundo assente ...


103-Foi Vasco, um bravo luso, a comandar
ousada expedição Índia por mar
que trouxe mil riquezas p´ra Lisboa.
Nascido em Silves, bom navegador,
serviu O Venturoso com rigor
e engrandeceu seu nome e o da c´roa...


104-Dos temporais saído triunfante
o bravo Gama, intrépido almirante,
travou rebelião da marinhagem.
Piloto em Moçambique fez trapaça
visando a entrega aos mouros, em Mombaça,
da frota lusa a meio da viagem...


105-Acaso alerta Vasco p´ra cilada,
daí matar o cafre à cutilada,
seguindo até Melinde que é fiel.
O rei lhe dá piloto experimentado
que cumpre acordo pré-determinado,
levá-lo a Calecute o seu papel...


106-Ainda na baía de S. Brás,
queimada S. Miguel ficou p´ra trás,
das quatro naus só três cumprem missão.
Fundeia a esquadra junto a Calecute
certeira fora a escolha do azimute
rajá lhes fez pomposa recepção...


107-De Angra, donatário João Vaz,
vogando em mare nostrum, sempre audaz,
tem mar nas veias clã Corte-Real.
Gaspar, seu filho, aporta ao Canadá,
no ano em que o Brasil, Cabral nos dá,
morrendo ano seguinte p´ra seu mal...


108-P´ra Índia vai Cabral mais seus valentes,
com treze naus pejadas de presentes,
p´ra dar ao Samorim de Calecute.
Os ventos desviaram-no da rota,
para avistarem terra em zona ignota,
mudando assim depressa de azimute...


109-Enorme cordilheira é avistada,
coberta de arvoredo e encimada
por crista montanhosa que seduz.
Surpreso face ao belo litoral,
experimentado nauta que é Cabral,
à terra dá por nome Vera-Cruz...


110-Buscando ancoradouro o encontrou
dez léguas adiante e o baptizou
do nome que hoje tem, Porto Seguro.
Padrão e cruz enorme é colocada
p´ra missa pascoalina celebrada
ante índio curioso, ´inda tão puro...


111-Herói Bartolomeu que já dobrara
as tormentosas águas e ganhara
grã fama ante a gente marinheira.
Mau grado ataque à zona com prudência
soçobra face à enorme violência
daquela tempestade traiçoeira...


112-Das treze que zarparam de Belém,
em Calecute seis atracam bem,
com recepção honrosa ao capitão.
Montada foi então a feitoria
que lucro para o reino aportaria,
Cabral, só com trê naus, regressa então...


113-Seu pai Fernão Cabral, alcaide-mor,
Gouveia, a mãe, de nome Leonor,
em terras de Belmonte foi nascido.
Lisboa o recebeu junto da corte
a capitão d´armada o leva a sorte,
p´ra achar Brasil, Cabral foi escolhido...


114-Foi Pêro Vaz Caminha, cavaleiro
da casa da balança, mestre herdeiro
d´armada de Cabral, o escrivão.
Fez carta de achamento do Brasil
onde informava el-rei de novas mil
com pormenor, rigor, exactidão...


115-Um pensador profundo, inteligente,
ourives consagrado(?), Gil Vicente,
custódia de Belém foi(?) sua lavra...
Cosrumes, língua, vida social
espelha em sua obra teatral,
burilador do ouro(?) e da palavra...


116-Na Índia se fundaram feitorias,
defesa para as ricas especiarias,
garante p´ro negócio lucrativo...
Mais tarde, vice-reis serão criados,
cidades e mil portos ocupados
que o lucro vale o esforço dispendido...


117-Servindo interesses desta lusa grei,
partiu p´ra Índia como vice-rei,
Francisco Almeida um bom perito em mar...
Chefia quize naus, seis caravelas,
milhar e meio d´homens dentro delas,
querendo novas terras conquistar...


118-Tomou Quiloa e lá fez fortaleza,
Mombaça transformou em pira acesa,
jurou vingança à morte de seu filho.
Acossa Mor-Hocém, destrói-lhe armada
prendendo Albuquerque, gera alhada,
que ofusca o seu passado todo brilho...


119-Carece a Cruz de urgência em controlar
os mares da Ásia, até poder tomar,
a Terra Santa há muito desejada.
Afonso de Albuquerque tem missão
de conquistar Malaca, Ormuz, Ceilão,
numa estratégia bem delineada...


120-Tributos passa a impor aos seus vencidos
p´ra encher os lusos cofres exauridos,
Lisboa é incontrolada e despesista
Mau grado ouro da Mina em profusão,
pimenta a abarrotar as naus de então,
não há riqueza grande que resista...


121 - Regressa ao reino após longa viagem
trazendo mil sucessos na bagagem,
daí grande importância o rei lhe dá.
Agora com Tristão da Cunha, ao lado,
partiu p´ra iniciar vice-reinado
mal chegue ao fim triénio de quem está...


122-Do mar da Arábia então capitão-mor
foi preso por Francisco, em Cananor,
que a governança nunca quis largar.
o rei, Marechal Coutinho, envia urgente
p´ra dirimir, de vez, questão candente
fazendo a entrega a Afonso do lugar.


123-Fernão de Magalhães, um transmontano,
de fidalguia baixa, não mundano,
nas armas vai catar sua ascensão...
Com D. Francisco Almeida vai zarpar
p´ra Índia em sua armada p´ra ganhar
saber consolidado, p´ra missão...


124-Castela leva ao mastro por bandeira,
da nau, a abarcar mundo, volta inteira,
vincado o desinteresse lusitano.
El-rei D. Manuel não entendera
alcance da proposta que fizera,
Fernão de Magalhães, um transmontano...


125-Negando a Magalhães, que era Fernão,
apoio p´ra circum-navegação
que Elcano haveria de acabar.
Deixou à Espanha glória pioneira
de dar a volta ao mundo, vez primeira,
que à História caberia registar...


126- Mercê do muito lucro acumulado,
estilo manuelino ´é então mostrado
na Pena, nos Jerónimos, Belém...
Riqueza e arte andaram de mãos dadas,
pois D. Manuel as quis perpetuadas,
memórias que hoje a História ´inda retém...


127-Enorme militar, Pacheco Pereira,
na Índia evidencia a dianteira,
do Portugal de então, desse momento.
Cosmógrafo de grã categoria,
esmeraldo de situs orbis, cria,
legando ao mundo seu conhecimento...


128-De Grão Pacheco e Aquiles Lusitano,
Camões o rotulou, honesto, lhano,
fautor de mil façanhas pela grei.
D´el-rei D. Manuel ganha honrarias,
do sucessor mais torpes vilanias,
injustamente o prende, João, rei...


129-Depois deste reinado glorioso
virá João Terceiro, O Piedoso,
monarca com as Letras por destino.
Colégio das Artes lhe é devido,
aos Jesuítas faz formal pedido
p´ra propagarem Fé, bem como ensino...


130-Atento à francesa vil cobiça
que o lucro da pilhagem corso atiça
el-rei colonizar irá enfim...
Impõe em Vera Cruz capitanias
que p´ra Madeira deram garantias
de ali ir implantar sistema afim...


131-Dos vice-reis da Índia, evocados,
heróicos governantes tão honrados
João de Castro é vulto relevante.
Com meia dúzia de homens corajosos
defende Diu dos Turcos belicosos
até expulsar a força sitiante...


132-Por terra estão muralhas defensivas
após as otomanas investidas
de assalto à lusa praça em DIU erguida.
Restauro é pois urgente ante a ameaça
dinheiro não tem Castro, por desgraça,
a Goa pede ajuda de seguida...


133-Em carta comovente, o vice-rei,
uns trinta mil pardaus pediu à grei,
as barbas enviando de penhor...
Edis Goeses sensiblizados,
dinheiro emprestam muito emocionados,
perante tal grandeza e pátrio amor...


134-De Montemor o Velho oriundo,
fugindo da miséria, fez-se ao mundo
na esperança de futuro por Lisboa.
Depois dos dissabores da capital,
procura o exotismo oriental
partindo em trinta e sete rumo a Goa...


135-Percorre a Índia, a China e o Japão
conhece p´rigos, medos, aflição,
perpassa cativeiros, vida dura.
Regressa para Goa decidido,
dali para Lisboa, enriquecido,
p´ra se instalar de vez, finda a aventura...


136-Do Tejo, a outra banda foi seu norte,
ali criando a prole co´a consorte
escrevendo mil viagens que encetou...
A Peregrinaçam, estranhamente,
peregrinou no prelo duplamente
os anos de Oriente que passou...

137-Na Peregrinaçam a fantasia
combina co´a verdade e a magia
para agarrar leitor que sorve as linhas...
De Fernão Mendes Pinto, há detractores
roídos por invejas, desamores,
capazes das mentiras mais mesquinhas...


138-Enorme historiador renascentista,
João de Barros seu lugar conquista,
no galarim das mais ilustres gentes...
Feitor e tesoureiro são funções
que ocupa por diversas ocasiões
com desempenhos fortes e prudentes...


139-Prudência que não tem no Maranhão,
tentado a donatário capitão,
negócio ruinoso foi desdita...
Buscava ouro amarelo, vil metal,
azar bateu-lhe à porta p´ra seu mal,
pois de ouro nem sinal de uma pepita...


140-Ao rei que acatou a Inquisição
sucede o neto D. Sebastião,
a quem a história chama Desejado.
Razão pr´o cognome está na morte
do pai pr´a quem madrasta foi a sorte,
deixando a um feto um fardo bem pesado...


141-E o velho Portugal, argamassado
com brios, honras, sangue derramado,
irá perder em breve a identidade.
El-rei Sebastião não dá ouvidos
a velhos conselheiros que aturdidos
em vão tentam travar sua vontade.


142-Fogosa juventude e galhardia,
a ânsia de mostrar a valentia,
retratam bem o seu altivo porte.
Batalha dos três reis, registo triste,
ferido o jovem tomba, não resiste,
Alcácer-Quibir foi leito de morte...


143-Camões lhe dedicou sua grande obra
que mostra o peito luso ter de sobra
a força, a coragem e ousadia
que afasta, de uma vez, velhos temores
ao galgar mar, vencer Adamastores
que o mito popular, criara um dia...


144-Nobreza empobrecida por linhagem,
as Letras de Coimbra na bagagem,
estúrdia e boémia por opção.
Das armas foi amante quezilento
Camões que causou grave ferimento,
no paço, a pajem grande rufião...

145-Não teve berço d´oiro Luis Vaz,
tão pouco a burguesia lhe subjaz,
mas Letras almejava ter por meta.
Coimbra lhe abriu portas do saber
mercê do tio Bento, chanceler,
que nele vira a aura de poeta...


146-P´ra corte se encaminha o grande vate
que cego fica em Ceuta num combate,
e é preso por ferir pajem real...
Na armada de Cabral arriba a Goa
serviu no Calabar, volta a Lisboa,
ali perece e deixa obra imortal...


147-Mau grado esta vivência desregrada,
(artista é mesmo assim, tão preso a nada...)
só Letras cultivou com forte apego.
Privou em Goa com Garcia de Horta
escrevendo-lhe uma ode onde o exorta,
na lírica atingiu grande relevo...


148-Boémia juventude do poeta
a punição na Índia lhe acarreta,
catorze anos de errância no Nascente...
Naufraga no Mekong, vadia em Goa,
esmola em Moçambique, quer Lisboa,
regresso lhe custeiam de presente...


149-Ao editar a obra genial
granjeia o estatuto d´imortal
no galarim das Letras instalado...
Partindo p´ro etéreo foge à ofensa
d´abjecta filipina vil presença,
no trono luso por si tão amado...


150-Cristovão Moura, o tal luso traidor,
irá comprar ajudas de favor
(junto à nobreza e clero português)...
Apoios p´ra Filipe que é segundo
p´ra que este venha a ser senhor do mundo,
gerindo os dois reinos de uma vez...


151-E morre o cardeal, velho regente,
ao trono é o castelhano um pretendente
por ser neto d´el-rei O Venturoso.
Receios são sentidos pela grei
que vai querer Prior do Crato a rei,
mas sai o espanhol vitorioso...

Manuel Maia

[Fixação / revisão de texto: L.G.]

__________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores:

2 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4274: Blogpoesia (43): A história de Portugal em sextilhas (Manuel Maia)

3 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4278: Blogpoesia (44): A história de Portugal em sextilhas (II Parte) (Manuel Maia)

6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4290: Blogpoesia (45): História de Portugal em Sextilhas (Manuel Maia) (III Parte): II Dinastia, até ao reinado de D. João II

1 comentário:

manuel maia disse...

CAROS CAMARADAS,

SÓ AGORA ME APERCEBI DA EXISTÊNCIA DE DUAS GRALHAS NESTE ESCRITO.

VOU REVISAR TUDO À CATA DE MAIS ALGUM,FACTO DE QUE ME PENITENCIO.

AGRADEÇO QUE NESTE POSTE CORRIJAM A SEXTILHA 115 POIS ONDE SE LÊ cosrumes OBVIAMENTE DEVERIA LER-SE COSTUMES...

NA SEXTILHA 146 EM VEZ DE calabar DEVERIA ESTAR MALABAR.

um abraço e o pedido de desculpas.