sábado, 16 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4360: História do BCAÇ 4612/72 (Jorge Canhão) (2): Actividade no T.O. do C.T.I.G.


BATALHÃO DE CAÇADORES 4612/72
CAPÍTULO II
ACTIVIDADE NO T. O. DA GUINÉ
Fascículo I
(Período de 28SET72 a 31JAN72)

INSTRUÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO OPERACIONAL
Todos os militares desembarcados ficaram instalados no Campo Militar de Instrução do Cumeré, aguardando o início da Instrução de Aperfeiçoamento Operacional. Esta instrução com a duração de 04 semanas teve o seu início em 06OUT72 e o seu termo em 02N0v72.
Durante toda a IAO o BCAÇ teve presente em instrução num total de 506 instruendos, distribuídos do seguinte modo:
CCS 1ªCCAÇ CCAÇ CCAÇ TOTAL
Cabos 42 32 32 35 141
Sold. 61 98 97 99 365
Total 103 130 129 134 506
A instrução decorreu segundo os programas em vigor.
Pela inexperiência quer dos instrutores quer dos monitores e ainda pela sua falta pois o Q. O. não vinha completo nem em instrutores nem em monitores, notaram-se muitas deficiências.
A instrução de especialidades decorreu nos locais e nas datas que haviam sido previstas e de modo a satisfazer, embora com o inconvenien­te de muitas vezes essa instrução ser dada fora do CMI.
Todas as Companhias do BCAÇ, executaram o tiro programado e nos quantitativos autorizados, se bem que os condicionamentos provocados pela falta de alvos, falta de um Oficial de tiro e pela existência de uma carreira de tiro, tenham afectado o rendimento desta instrução.
Na instrução de combate, as CCAÇ atingiram um nível que pode considerar-se razoável, conseguindo-se também o necessário contacto com o terreno e clima, com vista a melhor adaptação possível.
Como apreciação final poderá dizer-se que o aproveitamento na IAO por parte do BCAÇ 4612/72, foi bom e fundamental para o cumprimento da missão que lhe cabe desempenhar.
VISITAS IMPORTANTES DURANTE A I.A.O.
GENERAL ANTÓNIO DE SPÍNOLA - Comandante-chefe do C.T.I.G.
Visitou o Cumeré no dia 17OUT72 em cerimónia de boas vindas, que constou de passagem de revista às tropas em parada, seguindo-se discurso no qual exortou todos os militares presentes, ao melhor cumprimento da sua missão, terminando com um desfile das tropas ao qual presidiu, numa tribuna montada para o efeito. Em seguida hou­ve uma reunião com todos os Oficiais e Sargentos do Batalhão, ten­do Sua Ex.ª falado sobre as normas que devem nortear a conduta da­queles que comandam, respondendo depois às perguntas que lhe foram postas.
BRIGADEIRO SILVA BANAZOL - 1° COMANDANTE MILITAR DO G.T.I.G.
Visitou o Cumeré no dia 07OUT72 em cerimónia de boas vindas com programa idêntico ao da visita de Sua Ex.ª o General Comandante-chefe.
CORONEL TIROCINADO GALVÃO DE FIGUEIREDO – 2º COMANDANTE MILITAR E DIRECTOR DE INSTRUÇÃO
Visitou duas vezes o Cumeré. A primeira vez para orientação ge­ral da I.A.O., tendo-se reunido com os Oficiais e Sargentos, a segunda em visita de inspecção.
RENDIÇÃO DO BATALHÃO DE CAÇADORES 3852
Após a última fase da I.A.O., o BCAÇ 4612/72, deslocou-se em 03N0V72 para o Sector 04, a fim de render o BCAÇ 3832. Para o efeito fez deslocar as suas subunidades, segundo as ordens recebidas, para as seguintes localidades:
CMD/BCAÇ4612/72 MANSOA
CCS MANSOA
1ªCCAÇ PORTO GOLE
CCAÇ JUGUDUL
3ªCCAÇ MANSOA
- A rendição processou-se em 2 períodos distintos:
Treino operacional (04 a 17NOV72)
Sobreposição (18 a 28NOV72)
TREINO OPERACIONAL
Decorreu em conformidade com o planeamento e sob a responsabilidade do BCAÇ 3832, tendo constituído complemento valioso da instrução de aperfeiçoamento.
Durante o treino operacional as subunidades foram passando gradualmente do contacto possível ao provável até ao muito provável possibilitando às CCAÇ um razoável conhecimento das respectivas ZA, não tendo havido, porém, qualquer contacto com o IN.
Neste período foi possível intensificar a actividade operacio­nal dentro do Sector, pelo aproveitamento dos meios à disposi­ção do BCAÇ 3832.
Foi feito quando possível um desfasamento para garantir a se­gurança afastada aos trabalhos da estrada Jugudul - Bambadinca.
Foi mantida uma continuidade de esforço e de acção do modo a evitar quebras após o período de rendição.
SOBREPOSIÇÃO
Durante este período de rendição, que se processou da melhor forma, sem problema que não pudessem vir a ser resolvidos, foram alcançados os objectivos seguintes.
Conhecimento específico da ZA tendo sido recebidos todos os elementos de arquivo e instrução.
Conhecimento tanto quanto possível dos terrenos e de quase todas as particularidades relativas à ZA.
O BCAÇ 4612/72 assumiu a responsabilidade do Sector 04 em 280001NOV72, tendo o BCAÇ 3832 deixado o Sector nas seguintes datas:
CMD/BCAÇ, CCS, CCAÇ3304 (JUGUDUL) e a CCAÇ3305 (MANSOA) 28NOV72
CCAÇ 3303 (PORTO GOLE) 29NOV72
SECTOR 04
Ref.ª Carta 1/50.000
BINTA FARIM
MANSOA MAMBONCO BAMBADINCA
TITE FULACUNDA
1. GENERALIDADES
O Sector 04 ocupa actualmente uma área aproximada de 1350 quilómetros quadrados, cuja extensão máxima mede cerca de 50 km no sentido SO - NE e 45 km no sentido E-O (paralelos de ENCHEIA e Foz do R. BARADOULO).
A localização dos núcleos IN na área de responsabilidade do Bata­lhão e a situação dos que se encontram sediados na nossa área de interesse, influenciaram decisivamente a actuação das NT e inclu­sivamente o seu próprio modo de actuar.
A grande dispersão dos efectivos do Batalhão pelos seus 11 aquartelamentos condicionou muito a actividade operacional, requerendo sistematicamente a manobra dos seus meios.
2. DESCRIÇÃO GERAL DA AREA
a. Aspecto geográfico - militar
(1) Condições climáticas e meteorológicas
(a) Durante o ano existem duas estações que se caracterizam pela existência ou não de chuvas, pela temperatura média durante o dia e a noite e ainda pela percentagem de humidade.
Deste modo a época seca, estende-se de meados de OUTUBRO a meados de JUNHO, e a época das chuvas preenche os res­tantes meses. A temperatura média anual é de aproximada­mente 26ºC sendo os meses mais quentes os de MAIO e OUTUBRO e os mais frescos, sobretudo de noite, os de DEZEMBRO e JANEIRO.
A precipitação anual situa-se entre os valores de 1550 e 1850mm. A humidade relativa chega a atingir percentagens que rondam os 100%. A amplitude térmica chega a atingir valores que rondam os 25° C.
O calor afecta extraordinariamente o rendimento das NT em operações, chegando a haver necessidade, muitas das vezes, de se efectuar o reabastecimento de água as for­ças empenhadas, sobretudo no período seco. Do mesmo modo este facto exerce influência sobre o IN e sobre as populações que colhem os seus locais de refúgio em regiões onde a água não chega a desaparecer.
A época das chuvas especialmente nos meses de AGOSTO e SETEMBRO, condiciona os movimentos apeados a algumas regiões do Sector sendo de difícil trânsito a estrada JUGU­DUL - BINDORO. O rio MANSOA e os seus afluentes BRAIA e OLOM, não são vadeáveis durante os meses de AGOSTO a JA­NEIRO. As bolanhas, ficam alagadas entre os meses de AGOSTO e OUTUBRO.
Dificultando e impedindo os movimentos apeados. O destacamento de BISSÁ, rodeado de uma grande bolanha fica isolado durante o período que se estende de JULHO a OUTUBRO, tornando-se necessário efectuar o seu reabastecimento, para aquele período, antes do período das grandes chuvas.
(b) Influência sobre o IN
Época seca
Maior facilidade nos deslocamentos não só porque as bolanhas se encontram secas e os rios ficam com um caudal menor, mas também porque o capim e a vegetação rasteira acabam por secar, podendo ser queimadas.
Maior facilidade na realização de colunas de reabaste­cimentos.
Maior facilidade na obtenção de alimentos, após as co­lheitas, e na recolha da fruta da época.
Maior dificuldade na obtenção de água potável, sobretu­do nos últimos meses da época seca.
Maior possibilidade na obtenção de notícias sobre as NT, em virtude do maior afluxo das populações controladas pelo IN, às povoações onde estão aquarteladas.
Faculta ao IN maior número de bases de fogos, para as suas flagelações às populações e aquartelamentos.
É normalmente nesta época que o IN exerce a sua maior actividade.
Época das chuvas
Maior dificuldade nos deslocamentos, em virtude das bolanhas se encontrarem alagadas, do caudal dos rios aumentar e do aparecimento do capim e da vegetação rasteira.
Maior dificuldade na realização das colunas de reabas­tecimento.
Maior dificuldade na obtenção de alimentos.
Limitação dos campos de tiro e de observação.
Maior rentabilidade na implantação de minas e armadilhas sobre os trilhos e caminhos tradicionais, em virtude dos deslocamentos das NT ficarem mais condicionados a sua utilização.
Bases de fogos limitadas aos terrenos que não ficam alagados.
Maior necessidade de construção de casas de mato para pernoita.
Necessidade de concessões de licenças a diversos elementos combatentes para ajudarem os seus familiares nos trabalhos agrícolas.
É normalmente nesta época que existe uma redução sensível na actividade IN.
(c) Influência sobre o rendimento da nossa missão
De um modo geral a época seca facilita o cumprimento da nossa missão, ao contrário do que acontece na época das chuvas em especial porque:
Condicionam grandemente os nossos deslocamentos apeados, obrigando muitas vezes as NT a utilizarem os trilhos existentes.
Condicionam os deslocamentos auto na estrada JUGUDUL – BINDORO, muito embora se mantenha transitável todo o ano.
Dificulta-nos a travessia da maioria dos rios.
Condiciona e limita o emprego dos meios aéreos devido às más condições atmosféricas.
Dificulta a execução de acções prolongadas.
O clima piora depauperando as NT reduzindo a sua capacidade combativa.
(2) TERRENO
Definição da ZA
A DOP "VONTADE ENÉRGICA" de 15AG072, do CCFAG, fixou os se­guintes limites ao sector 04
MANSOA 6 C6.49-Lim Administrativo - MANSOA 9 E3.66 - BINTA 7 D8.20- BINTA 7 G6.50 BINTA 7 H6.70 bolanha a O de BISSANCAGE- FARIM 2 B4.34- FARIM 2 E2.52 - RMANJAMPOTO-RIONFARIM --FOZ RIONFARIM RCANJABARI - FOZ RCAMBAJU - BANJARA 2 D0.60 Lim Administrativo-RGAMBIEL-BAMBADINCA 3 H2.47 RMANCURRE – Lim. Administrativo - MAMBONCÓ 9 A9 -34- MAMBONCÓ 8 G.45 Lim. Administrativo-MAMBONCÓ 8C2.25- MAMBONCÓ 7 C1.88 - RBARADOULO RGEBA - TITE 6 C5.20 - Lim. Administrativo - RMANSOA-MANSOA 1 H5. 90 - Lim Administrativo - MANSOA 6 C6.49.
(Jorge Canhão – Ex-Fur. Milº da 3ª Cia do BCAÇ 4612/72)
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Nota de M.R.:

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