sábado, 16 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4362: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (19): Não nos remetamos ao silêncio... (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, (1972/74), com data de 15 de Maio de 2009:

Assunto: Não nos remetamos ao silêncio... ainda e sempre, até que a voz me doa...

Estou certo que o Mário Fitas nunca conseguirá obter uma resposta à questão colocada a Almeida Bruno nos comentários ao meu poste anterior, no entanto devemos alimentar a esperança de que um pingo de vergonha possa, quem sabe, tocar ao de leve no homem e levá-lo a uma postura mais digna.


Buscando a semelhança no rei Huno,
qual Átila moderno, Almeida Bruno,
a ferro e fogo pôs Guiné-Bissau...
Montagem fez da guerra numas salas,
com mapas, pionais e mesmo balas,
soldados, uns de chumbo outros de pau...

Seus pretos vão p´ro mato, onde elas cantam
ganhar batalhas que a todos espantam,
a fonte das medalhas da trapaça...
Com dólmen reforçado, a criatura,
no peito/passerelle,toda a largura,
expõe a lataria p´ra quem passa...


Manuel Maia
__________

Vd. último poste da série de 14 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4342: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (18): Devemos manter o dedo no gatilho (Manuel Maia)

2 comentários:

Julio Vilar pereira Pinto disse...

Amigo Maia, receba as felicitações de um ex-combatente de Angola que não passa um dia sem ver a página da Tabanca e que sinto uma revolta tamanha por estes passeadores de metal não mostrarem um mínimo de respeito pelos valentes combatentes de Portugal e em especial os da Guiné.
Quando foi do jornalista da Visão, toda a gente malhou no gajo, agora parece que anda tudo comreeceio do Sr. General. Força amigo

Anónimo disse...

Amigo Pinto,
Creio sinceramente que o motivo do silêncio da maioria dos nossos camaradas, não é o receio, pois também creio bem, que o Sr. Gen. A.B. não mete medo a ninguém, nem é essa a intenção dele.
O Sr. Gen. A.B. soube ganhar o nosso respeito e admiração, pelo que muitos de nós, só pela decepção, desgosto e revolta de tão tamanha calinada e afronta, nem “piamos”.
Outros ainda se encontrarão em estado de choque.
Muitos nem reagirão porque pensam que ele nem resposta merece, se mantiver a tão incorrecta e falsa afirmação.
Outros se encontram aguardando, ainda, um eventual esclarecimento, esfriando a "mmoleirinha" e retardando a sua hipotética reacção.
É obrigação moral e da ética militar que se o Sr. Gen. A.B. sabe de casos de “bandos”, que se acoitaram atrás do arame farpado, pode e deve ser objectivo, especificando e chamando os “bois” pelos nomes.
Generalizar tão traiçoeira e aberrante acusação a todos aqueles, que nem sequer tiveram direito aos célebre arame é ofensa GRAVÍSSIMA, à honra, ao sacrifício, às doenças e ao sangue dos feridos, estropiados e mortos.
Na minha ignorância do facto, interrogo-me permanentemente de que nos protegia o arame farpado?
Se até os mosquitos por ele passavam e nada lhes acontecia!
Se nem as balas travava!
Se nem as morteiradas desviava!
Se nem as canhoadas evitava!
Se nem as granadas segurava!
Se nem os SAM7 detinha!
Por isso, falando em segurança e invulnerabilidade, digo eu, o arame farpado nem sequer era um protector 100% fiável! Nem 50%! Zero!
Penso eu que os ex-Combatentes continuam calmamente a aguardar uma explicação.
O respeito e admiração ganham-se com honra e dignidade, mas também se perdem.
E se ganhá-los pode demorar uma vida, perdê-los pode ser assim… em segundos!
Uma vez perdidos... recuperá-los pode ser... nunca mais!
Estou em crer que o Sr. Gen. A.B. se há-de pronunciar, mais dia, menos dia, sobre esta matéria.
Até lá aguardemos, com serenidade.
Sem esquecer, pelo pó que muitos morderam, pela lodo onde muitos chafurdaram, pelas noites que muitos dormiram ao relento, pelos muitos combates nas bolanhas, pelas minas e armadilhas nos trilhos, nas estradas e picadas, pelas milhentas emboscadas, etc.
MR