Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Mato Cão > O Ten Cor Polidoro Monteiro, último comandante do BART 2917, o Alf Médico Vilar e o Alf Mil Paulo Santiago, instrutor de milícias, com um jacaré do rio Geba...
Foto tirada em Novembro ou Dezembro de 1971 no Mato Cão, após ocupação da zona com vista à construção de um destacamento, encarregue de proteger a navegação no Geba Estreito e impedir as infiltrações na guerrilha no reordenamento de Nhabijões, um enorme conjunto de tabancas de população balanta e mandinga tradicionalmente "sob duplo controlo".
Foto: © Paulo Santiago (2006). Direitos reservados
1. Comentário do Paulo Santiago, ex-Comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72, ao poste do J. Mexia Alves (*):
Não conheci o Mato Cão com as óptimas instalações de que fala o Mexia Alves. Fui lá um dia de Sintex com motor, para lá com a descida da maré,para cá com a subida.Foi para aí em Dezembro de 1971,tinha sido aquela estância de férias ocupada pouco tempo antes, e no barco de recreio ía, além do soldado barqueiro,o Ten-Cor Polidoro Monteiro, comandante do BART [2917], de Bambadinca, o Alf Mil de Armas Pesadas e o Alf Mil Médico Vilar.
As instalações na altura estavam bem implantadas,com todo o respeito pelo ambiente,nada de agressões ambientais. Dispondo-se em semi-circulo,havia uns 40 bu...rakos com as dimensões de um colchão,em cada canto um pau (de 1 metro) ao alto para suster a rede mosquiteira. Depois havia a cozinha, a céu aberto, que consistia num estrado de ferro, sob o qual se acendia a fogueira. Era um camping funcional e barato.
Fogachal?... Muito. No Domingo a seguir à visita brincaram à guerra durante 1 hora... Ouvia-se bem em Bambadinca, e um dos atacantes ficou lá com a pistola à cinta.
Acrescento,o Ten-Cor Polidoro ficou lá naquele campo de férias, não regressou,ao fim da tarde, connosco à sede do batalhão. Tinha tomates. (***).
O Ten-Cor que foi lá, em 72,de heli, deverá ter sido o Tiago Martins, comandante do Mexia.
Era o Pel Caç Nat 63, comandado pelo Alf Mil Manuel Coelho, que lá se encontrava quando visitei tão parasídiaco local.
Paulo Santiago
_____________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 11 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4317: Os Bu... rakos em que vivemos (8): Estância de férias Mato de Cão, junto ao Rio Geba (J. Mexia Alves)
(**) Vd. poste de 6 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1049: O destacamento de Mato Cão (Paulo Santiago)
(...) "Quando lá fui de visita, em Novembro ou Dezembro de 71, as condições eram do pior. Não havia qualquer construção, por mais rudimentar que fosse, não havia valas nem arame farpado. Tinham desmatado uma zona junto ao rio, onde tinham aberto uns buracos para caberem os colchões, protegidos pelos mosquiteiros" (...).
(***) Vd. poste de 9 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3189: Memórias de um comandante de pelotão de caçadores nativos (Paulo Santiago) (17): Instrutor de milícias em Bambadinca (Out 1971).
Vd. também I Série do nosso blogue > Poste de 26 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXVI: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (6) (David Guimarães / Luís Graça)
(...)A CART 3492 (Xitole, Janeiro de 1972 / Março de 1974) foi exactamente a Companhia que rendeu a CART 2716 a que eu pertenci e fomos nós que fizemos a sobreposição (...).
Muito gostaria de ter narrações do que se passou no Xitole, mais concretas, por que eu sei que houve para lá muita porrada com eles, segundo me soou aos ouvidos....
Um dia o Comandante do BART 2917, já na sobreposição, apareceu no Xitole. O Luís Graça e o Humberto Reis conheciam-no. Era o Tenente Coronel Polidoro Monteiro... Conto-vos uma peripécia passada com ele.
Perguntava eu, bem perfilado, ao Polidoro Monteiro:
- Meu comandante, a nossa missão é ir ensinar o caminho a esta gente...Proponho que ensinemos o início dos caminhos por onde passamos tantas vezes....
Resposta:
- Vai-te foder, seu caralho, quero que lhes ensinem a toca! (...)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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