quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1049: O destacamento de Mato Cão (Paulo Santiago)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Mato Cão > O Ten Cor Polidoro Monteiro, último comandante do BART 2917, o Alf Médico Vilar e o Alf Paulo Santiago, "vendo a dentadura do crocodilo"...

Foto tirada em Novembro ou Dezembro de 1971 no Mato Cão, após ocupação da zona com vista à construção de um destacamento, encarregue de proteger a navegação no Geba Estreito e impedir as infiltrações na guerrilha no reordenamento de Nhabijões, um enorme conjunto de tabancas de população balanta e mandinga tradicionalmente "sob duplo controlo".

Foto: © Paulo Santiago (2006)


Texto do Paulo Santiago (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72) (1),

Luís

Vi o pedido do Beja Santos ao Mexia Alves (2), resolvi dar uma achega.

1- Tive um click ao ler a mensagem do Tigre de Missirá, quando menciona o nome do substituto, Nelson Wahnon Reis.Não tivemos grandes contactos, mas o Alf Mil Reis aparecia, por vezes, em Bambadinca, durante os meses que lá permaneci, Outubro de 71 a Março de 72. O Pel Caç Nat 52 estava em Fá. Recordo agora, outro click, ouvir a história do cajado [em substituição da G-3] ao Reis, não referindo-se ao Beja Santos, mas sim ao Cabral do 63.

2- O Mato Cão foi ocupado em Novembro de 71 - posso precisar a data-, com o objetivo de protejer a navegação no Geba Estreito e também evitar as infiltrações no Reordenamento dos Nabijões (3). Dizia-se em Bambadinca, meio a sério, meio a brincar, que à noite nos Nabijões cruzava-se um militar de G3 com um turra de Kalash, que vinha reabastecer-se. Penso, sem certezas, que o Pel Caç Nat 63 estava nos Nabijões.

3- Será que no Mato Cão, quando lá fui com o Polidoro e o Vilar [vd. foto acima], estava um grupo de combate da CCAÇ 12 ou era o Pel Caç Nat 63 ? Inclino-me para a última hipótese.

4- Quando lá fui de visita, em Novembro ou Dezembro de 71, as condições eram do pior. Não havia qualquer construção, por mais rudimentar que fosse, não havia valas nem arame farpado. Tinham desmatado uma zona junto ao rio,onde tinham aberto uns buracos para caberem os colchões, protegidos pelos mosquiteiros.

5- As flagelações e ataques eram quase diários e ferozes. Recordo um ataque num Domingo, durou mais de 30 minutos, em que o IN retirou abandonando vários mortos, incluindo um guerrilheiro com uma pistola Tokarev à cinta.

6- Alguém sabe dizer-me como se chamava o comandante do 63 ?

Um abraço a todos

Paulo Santiago


__________

Notas de L.G.

(1) Vd. post de 26 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P914: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53)
(1): Bissau


(2)Vd. post de 5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1045: Pedido ao Joaquim Mexia Alves (Pel Caç Nat 52) para ajudar a desvendar o passado (Beja Santos)

(3) Sobre Nhabijões, ver entre outros os seguintes posts:

28 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXCIV: Nhabijões: quando um balanta a menos era um turra a menos

2 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXIX: E de súbito uma explosão (Luís Graça)

21 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCII: O reordenamento de Nhabijões (1969/70)

23 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCV: 1 morto e 6 feridos graves aos 20 meses (CCAÇ 12, Janeiro de 1971)

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