O embalsamador amador, por Zé Teixeira (Ex-1º cabo enfermeiro, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70)
Conheci em Buba um camarada de Vila do Conde que se dedicava a embalsamar pássaros. Procurei saber que produto químico usava. O químico era formol, produto letal, logo perigoso. Decidi requisitar um frasquinho ao Laboratório Militar e estranhamente fui atendido.
Então cacei um pássaro daqueles muito pequeninos que aparecem aos milhões e são muito coloridos. Enfiei-lhe o formol e o gajo esticou o pernil, e ficou em conserva. Mais uma arte do fermero. Encantar passarinhos que não fugiam quando os putos o tentavam assustar.
Durante cerca de quinze dias, logo de manhã lá o punha num ramo de árvore junto à enfermaria em Chamarra. Até que apareceu um gato e... záz.
O pobre passarito apareceu dois dias depois, em mísero estado de conservação, pois o gato perdeu o apetite e limitou-se a brincar com o gajo.
Valeu pelo funeral que lhe fiz com toda a pequenada.
José Teixeira
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Nota do edito
Último poste da série > Guiné 63/74 - P1042: Estórias do Zé Teixeira (10): camaleões, putos e cobras (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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