Texto do Jorge Cabral (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71)
Amigo Luís,
Então essas férias? Certamente óptimas! Por mim, cá estou, preparado para mais um ano de trabalho duro, e às vezes frustrante. Escrevi muito na Guiné, principalmente poesia, tendo deixado todo o material no Biafra, como já relatei. O Blogue porém deu-me força para tentar recuperar alguns escritos, que havia enviado a familiares e amigos. Assim, descobri mais um poema, que ora envio acompanhando um Grande Abraço.
Jorge
P.S.
1) Também eu não entendo as razões que ditaram a implementação do destacamento do Mato Cão, talvez em Setembro de 1971 (1).
2) O Pel Caç Nat 52, comandado na altura pelo Nelson Wahnon Reis, voltou a Missirá em Julho de 1971, ficando o Pel Caç Nat 54 em Fá, e o Pel Caç Nat 63 na Ponte do Rio Udunduma.
3) Quando cheguei em Junho de 1969, dependiam de Bambadinca, apenas dois Pelotões de Caçadores Nativos, o 52 e o 63.
4) O Pel Caç Nat 54, pertencia a Mansoa e o Pel Caç Nat 53, andava pelo norte, tendo vindo para o Saltinho, substituir o 63. Era então comandado pelo Alferes Mota, que conheci muito bem, e que infelizmente já faleceu.
Uma Mina em Sancorlá
Segundos? Um Minuto?
O Tempo desta Morte
Meio corpo evaporado
Só resiste o olhar
Quem a terá pisado?
Fui eu que tive sorte
Ou ele que teve azar?
Depois a Raiva, o Medo
Sim, Beber
(Chorar só em Segredo)
E para sempre o Luto!
Missirá, 14/02/71
J. Cabral
_____________
Nota de L.G.
(1) Vd. posts de:
6 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1049: O destacamento de Mato Cão (Paulo Santiago)
5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1045: Pedido ao Joaquim Mexia Alves (Pel Caç Nat 52) para ajudar a desvendar o passado (Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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