quinta-feira, 30 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8492: Doenças e outros problemas de saúde que nos afectavam (6): A Doença do Sono (Rui Silva)

1. Mensagem de Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67), com data de 16 de Abril de 2011:

Caros Luís e Vinhal
Envio em anexo o meu último capítulo da série “Doenças e outros problemas de saúde…”, desta feita tratando-se da Doença do sono.


Recebam um grande abraço extensivo ao nosso querido amigo Magalhães Ribeiro e a outros co-editores e colaboradores do Blogue.

Para toda a Tertúlia também.
Rui Silva

2. Como sempre as minhas primeiras palavras são de saudação para todos os camaradas ex-Combatentes da Guiné, mais ainda para aqueles que de algum modo ainda sofrem de sequelas daquela maldita guerra.

DOENÇAS E OUTROS PROBLEMAS DE SAÚDE (ou de integridade física) QUE A CCAÇ 816 TEVE DE ENFRENTAR DURANTE A SUA CAMPANHA NA GUINÉ PORTUGUESA (Bissorã – Olossato – Mansoa 1965/67)

(I) Paludismo (P7012)
(II) Matacanha (P7138)
(III) Formiga “baga-baga” (P7342)
(IV) Abelhas (P7674)
(V) Lepra (P8133)
(VI) Doença do sono

Não é minha intenção ao “falar” aqui de doenças e outros problemas de saúde que afligiam os militares da 816 na ex-Guiné Portuguesa imiscuir-me em áreas para as quais não estou habilitado (áreas de Medicina Geral, Medicina Tropical, Biologia, etc.) mas, tão só, contar aquilo, como eu, e enquanto leigo em tais matérias, vi, ajuizei e senti.

Assim:

As 4 primeiras, a Companhia sentiu-as bem na pele (ou no corpo). As 2 últimas (Lepra e Doença do sono), embora as constatássemos - houve mesmo contactos directos de elementos da Companhia com leprosos (foram leprosos transportados às costas, do mato para Olossato nas tais operações de recolha de população acoitada no mato para as povoações com protecção de tropa) –, não houve qualquer caso com o pessoal da Companhia, ou porque estas doenças estavam em fase de erradicação (?), ou porque a higiene e a profilaxia praticadas pela Companhia eram o suficiente para as obstar.


DOENÇA DO SONO - VI

Era uma das doenças mais faladas, sempre que vinham à conversa as doenças na Guiné, quer ainda em Santa Margarida aonde estivemos algumas semanas antes de embarcar, quer durante a viagem no Niassa. Sabíamos também que era a mosca Tsé-Tsé (mosca já ouvida e falada nos bancos da escola) o portador do parasita que provocava a doença.

Pessoalmente não conheci caso algum na Companhia, mas, já na população indígena deparávamo-nos com situações que nos diziam serem portadores daquela doença. Em Olossato apercebemo-nos de um ou outro caso de nativos, alguns já com alguma idade, sentados às portas das suas moranças, muito magros e de cor amarelecenta e quais múmias, e que, pelo menos, e por si só, indiciavam logo doença grave. Dizia-se então por ali que tinham a Doença do Sono. O aspecto…

Sabíamos também que era a mosca Tsé-Tsé que a provocava e, ao princípio, quando víamos uma mosca poisada na nossa pele, principalmente uma que fosse diferente das conhecidas, ficávamos a temer por tal. A fase de “Periquitos” era de receio em tudo quanto mexesse…

Com o tempo só um crocodilo, e tinha que ser grande, é que nos assustava.

Lembro-me em Bissorã e estávamos ali à meia dúzia de dias (JUN65), uma vez sentir uma picada forte no braço e ao olhar ver uma mosca estranha, comprida, a picar-me. Como era uma mosca de fisionomia diferente das comuns fiquei apreensivo (pensei logo ser a Tsé-Tsé), mas ao ver a malta passar com a bola esqueci logo. Que a mosca deixou uma boa marca lembro-me bem!

A Mosca Tsé-Tsé (Glossina palpalis) causadora da Doença do sono

Mas depressa habituaríamo-nos a ver moscas e outros insectos voadores das mais variadas espécies.

Insectos voadores, terrestres, rastejantes, anfíbeos, passando por aquela formiga grande e avermelhada que numa fase da sua metamorfose ganhava e perdia as asas (eram às milhares à volta de tudo que fizesse luz na escuridão da noite e quando ainda tinham asas), cobras e lagartos e passarada, Santo Deus havia ali de tudo e parecia que tudo estava ali na Guiné.

Quando nos deitávamos no mato e em qualquer sítio e na mais completa escuridão a fazer tempo para o assalto a uma casa-de-mato, que era ao alvorecer, nem nos lembrávamos do que poderia estar por baixo.

A cada passo surgia um novo e estranho ser vivo, para curiosidade da malta, que se juntava logo ao alerta deste ou daquele. Consoante o porte e as características do animal aproximávamo-nos mais ou menos para ver aquele pequeno monstro. Mexia-se virava-se e… logo também aparecia alguém de máquina fotográfica na mão.

Os nativos sabiam como ninguém se o bicho era de brincar ou se era de pormo-nos à “distância regulamentar de nove metros e quinze, como dizia muitas vezes o Sargento Correia, camarada da 816, o do “Mar Eterno” (passava o tempo a cantar isto), já falecido. Paz à sua alma!

Mas o que mais nos atacava, e logo cedo, eram as alergias, bem denunciadas na pele.

Alergias também para todos os gostos: borbulhas, manchas, rosetas maiores ou menores, com ou sem cor e outras erupções cutâneas; era no peito, nos braços, na cara, ou em todo o corpo.

Lá funcionava a maior parte das vezes o Cálcio-Luvistina em forma de pomada e, julgo, para actuação mais rápida, em injectável também, nas veias. Sei que em situações mais agressivas (naquelas que parecíamos um Cristo era-nos dado um injectável nas veias pareceu-me com o mesmo nome daquele medicamento.

Quando vim da primeira vez de férias com os meus amigos, também Furrieis Milicianos da 816, Coutinho, Piedade e Baião, passamos grande parte da véspera do embarque a esfregar as virilhas de uma irritação assanhada que nos fazia andar de pernas abertas. Diziam que aquela vermelhidão, que a muitos poucos poupava, era da água das bolanhas - não raras vezes andávamos nela e com ela bem acima das virilhas. Molha, seca; molha, seca…, havia quem lhe desse o nome de "flor do congo", e via-se por ali muito militar do mato de perna aberta.

Flor do Congo
Certamente que há em Angola muitas e variadas flores, tudo floresce naquela terra tão fértil. Esta foto com três lindos malmequeres foi tomada em 1972 no Luvo, no jardim da Casa do Administrador de Posto.

Mas hoje quero falar de outra flor, a denominada “flor do congo”, uma flor que dura muito, que porventura só os militares conhecem, porque muitos ainda hoje a possuem passados tantos anos desde que a “colheram”.

Aquilo a que os militares chamam “flor do congo” é uma doença de pele (micose) que ataca as virilhas e partes genitais, fruto do suor acumulado por longas caminhadas e dormidas no mato sem possibilidade de tomar banho.

É mais uma das muitas sequelas que muitos carregam para o resto da vida, e então depois comer umas azeitonas ou beber um digestivo é certo e sabido que  a dita clama por  “carícias”.
Mário Mendes
In http://cc3413.wordpress.com/2009/12/07/flor-do-congo/

Aplicávamos então o Astérol em líquido (o 1214 pouco servia) e aquilo ardia que nos fazia saltar, mas a vontade de chegar à metrópole sem aquele incómodo era grande. Daí, cada um saltava para o seu lado.
Foi assim no princípio e pela noite dentro no Hotel Internacional em Bissau onde estávamos alojados.

Voltando à Doença do Sono esta tinha alguma assistência nas chamadas “Missões de Sono”.














Foto da esquerda - Crianças vítimas da doença do sono. Foto extraída de Jornal de Angola, com a devida vénia.
Foto da direita - O gado (principal hospedeiro do parasita) também era vítima da doença. Foto extraída da página BBC Brasil.com.

Soube mais tarde que havia uma Missão em Bissorã que também dava assistência a leprosos e houve militares que recorreram àquela instituição para resolver algum problema sanitário, não soube se por falta episódica do clínico militar na altura, se o problema que o militar enfrentava era do foro daquele estabelecimento.

Selo de S. Tomé e Príncipe emitido em 1966 por altura também que o Clube Militar Naval comemorava 100 anos da sua existência, referindo a erradicação da Doença do Sono naquela também província ultramarina. Na Guiné não terá sido assim…


Doença do sono
(transcrito, com a devida vénia, do site www.medipedia.pt)

CAUSAS
A doença do sono é provocada pelo Trypanosoma brucei gambiense e pelo Trypanosoma brucei rhodesiense, protozoários presentes no organismo de diversos animais mamíferos e de seres humanos parasitados. Estes protozoários desenvolvem parte do seu ciclo biológico no aparelho digestivo das moscas do género Glossina, conhecidas como moscas tsé-tsé, que vivem em habitats húmidos e nos bosques da África tropical, onde a doença do sono é endémica. O contágio ao ser humano efectua-se através das picadas das moscas tsé-tsé, que actuam como vectores dos agentes causadores.

MANIFESTAÇÕES E EVOLUÇÃO
Uma ou duas semanas após o contágio, começa a evidenciar-se uma lesão característica na zona da pele por onde os tripanossomas se inocularam: uma elevação ou pequeno tumor vermelho, muito doloroso, que desaparece espontaneamente ao fim de alguns dias ou semanas. Todavia, na maioria dos casos, esta lesão inicial cutânea acaba por não se manifestar ou até passar despercebida. De qualquer forma, algumas semanas após a produção do contágio, começa a manifestar-se febre, com uma notória subida da temperatura do corpo acompanhada por intensos arrepios e suores que, embora de início se repitam várias vezes ao longo de cada dia, posteriormente adoptam um padrão mais irregular. Uma outra manifestação muito habitual desta fase inicial do problema é a inflamação dos gânglios linfáticos, particularmente evidente nos que se situam na nuca e na região supraclavicular.

Numa segunda fase, normalmente ao fim de alguns meses, evidenciam-se as típicas manifestações neurológicas que designam a doença: alterações no comportamento e personalidade, indiferença face ao que o rodeia, debilidade, tremores, dificuldade em realizar os movimentos mais comuns, como a locomoção, dificuldades na linguagem, alterações de humor, intensa sonolência e letargia. Caso não se proceda ao devido tratamento, os casos mais graves evoluem para um estado de coma, que muitas vezes provoca a morte do paciente por paralisia respiratória.

TRATAMENTO
O tratamento baseia-se na administração de medicamentos activos contra os protozoários responsáveis pela doença e, caso se proceda ao mesmo na fase inicial, consegue-se obter a eliminação dos protozoários em poucos dias, enquanto que nas fases avançadas é necessário uma terapêutica mais prolongada. Para além disso, deve-se igualmente administrar outros medicamentos que aliviem os eventuais sinais e sintomas e, caso seja necessário, deve-se proceder à hospitalização do paciente para prevenir ou tratar as complicações das fases mais avançadas.

PREVENÇÃO
Dado ainda não existir uma vacina eficaz contra a doença do sono, a prevenção consiste na eliminação da mosca tsé-tsé através da fumigação e em evitar as suas picadas através da utilização de mosquiteiras e repelentes ambientais ou de aplicação local. Por outro lado, as pessoas que habitam nas zonas endémicas e as que planeiam viajar para as mesmas devem proceder à administração de medicamentos antiparasitários específicos. Como é óbvio, a prescrição deve ser efectuada por um médico e rigorosamente cumprida, pois caso não o seja, essas pessoas correm o risco de não estarem devidamente protegidas contra um eventual contágio.
Interessante o ciclo Tsé-Tsé-homem, homem Tsé-Tsé, com o parasita pelo meio, e há semelhança do que acontece com o mosquito Anopheles causador do Paludismo, observado na figura seguinte:

Com a devida vénia, figura transcrita do site www.dpd.cdc.gov/dpdx


Depois de tudo isto e como já aconteceu com o Anopheles (o tal que provoca o Paludismo) constata-se que o insecto infecta o homem mas também pode ser o homem a infectar (?) o insecto. Afinal quem infecta quem? Ressalvando, no entanto, alguma ingenuidade no assunto, isto faz-me lembrar a história do ovo e da galinha.

Rui Silva
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 – P8354: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (12): Baile de Fim de Ano na Associação Comercial, mesmo ao lado do Palácio do Governador

Vd. postes da série de:

20 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7012: Doenças e outros problemas de saúde que nos afectavam (1): Paludismo (Rui Silva)

17 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7138: Doenças e outros problemas de saúde que nos afectavam (2): Matacanha (Rui Silva)

26 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7342: Doenças e outros problemas de saúde que nos afectavam (3): Formiga baga-baga (Rui Silva)

26 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7674: Doenças e outros problemas de saúde que nos afectavam (4): As abelhas (Rui Silva)

19 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8133: Doenças e outros problemas de saúde que nos afectavam (5): A lepra (Rui Silva)

19 comentários:

Luís Graça disse...

Também em Bambadinca, terra de pastores e de grandes manadas de vacas, havia uma "missão do sono", embora já desactivada: tratava-xse de um antigo serviço de saúde, na área do combate e prevenção do doença do sono... Ficva em Bambadincazinho, tabanca do lado sul, na estrada Bambadinca - Mansambo - Xitole.

Nesse edifício "dormi" muitas vezes...ou "passei pelas brasas" -... Por lá passaram todos os os grupos de combate da CCAÇ 12, montando segurança próxima, de noite, para que os senhores de Bambadinca pudessem dormir descansados...

Torcato Mendonca disse...

(I) Paludismo (P7012)
(II) Matacanha (P7138)
(III) Formiga “baga-baga” (P7342)
(IV) Abelhas (P7674)
(V) Lepra (P8133)
(VI) Doença do sono
---
-EU apanhei cinco ou seis ataques de paludismo lá e um cá,
- Matacanha, extraída por africanos,
- mordido, até nos tim-tins (tenho dois), pelas formigas...
- abelhas - pior que um bi-grupo de paigc´s com chefia cubana...baguera,baguera e acaba tudo...ala que se faz tarde ou aguenta e deita água no chão...
- bebi água em tabanca de leprosos. Havia disso lá. Foram depois levadas para tratamento, creio eu. Terrível.
- sono dava-me depois de almoço.

Mas gosto e tenho lido com interesse os teus escritos. Devem estar guardados no "disco externo" com outros assuntos de interesse.

Abraço do T

Rui Silva disse...

Caro Torcato (gente do alto) que eu tive o maior prazer de conhecer e cumprimentar pesoalmente em Monte Real:
Afinal tu é que tens muito que contar das vicissitudes demoníacas (leia-se doenças)da Guiné.
Tens muito que contar.
Obrigado pela atenção.
Rui Silva

Anónimo disse...

"sono dava-me depois de almoço".
Agora não dá, caro Torcato?
Ou será que estou com a doença do sono?

Grande abraço,
Carlos Cordeiro

Eduardo J.M. Ribeiro disse...

Amigo Mansoanca Rui,

Agradeço e retribuo o abraço e espero que, em breve, possamos trocar algumas fotos do "nosso" quartel de Mansoa.

Até um destes dias, com um abraço Amigo do Magalhães Ribeiro

Luis Faria disse...

Caro Rui silva

Lá nessas ( e noutras) coisas fui um felizardo.Nem paludismo,nem matacanha,nem baga-baga,nem lepra,nem mesmo abelhas(passeavam-se por mim ...`somente!)nem sono,(tirando o próprio e natural,que por vezes era muito)me pegaram.Talvez fosse por causa do uisquisito diario que o Dr cruz,nosso médico miliciano do Porto,dizia que só faria bem,ao mosquito e a tudo que era bicheza(digo eu)
Passei no entanto uns meses em Binar,onde havia o sanatório,a Mansão do sono" como chamavamos,desactivado.Por aqui e em contradição, passei muitas noites sem sono...a jogar "poker" até ao içar da bandeira!!! Nunca vi ninguem com essa do sono.

Vi muitos foi com elefantiase,na zona de Teixeira Pinto.Alguns(mas) impresionaram-me!

Já vai longo
Um abraço
Luis Faria

Anónimo disse...

Calma rapaziada
Se tivessem sido contagiados e como não fizeram tratamento já estavam todos mortos de sono, perdão falecidos.
Sobre o paludismo não é o "O" mas sim a "A".
A gaja é que vos injectava um anticoagulante juntamente com o plasmodium "se estivesse contagiada" para vos sugar o vosso precioso sangue e que "ela" tanto necessita quando está na fase da desova.
O contrário também é verdadeiro, "ela" ao sugar o vosso etc. e tal.. se vocemecêses estivesse palúdicos ficava contagiada, mas não tinha ataques de paludismo, ía depois contagiar outros...
Sobre a doença do "dito cujo" dizimava grandes quantidades de gado , obrigando as populações a sairem das regiões endémicas.
Na Guiné a doença da preguiça, perdão, do sono, estava controlada.
Bem pior era essa tal de "micose" que não matava mas que nos dava "cabo do juizo".. neste caso até se podia dizer.. "apanhados da micose por causa do clima" e também por falta de alguma higiene, o que era imperdoável, pois toda a gente sabe que na grande maioria dos casos, principalmente os que estavam no mato,tinham instalações ao nível de um hotel de 5 estrelas..ou mais.
Não quero abusar da vossa paciência comigo, pois a minha profissão é precisamente tratar doenças,e tenho até uma pós-graduação em "das respectivas tropicais".
Por hoje é tudo... despeço-me com um alfa bravo... AH.. PARABÉNS AO RUI SILVA.

C.Martins

Anónimo disse...

PS
ESCLARECIMENTO...ESCLARECEREI..QUE A "GAJA" É O MOSQUITO "ANOPHELES" FÉMEA.OS MACHOS NÃO PICAM, SÃO (MARICONÇOS" E A FÉMEA SÓ PICA QUANDO ESTÁ PARA DESOVAR.
IMAGINEM QUE PICAVAM AMBOS E EM QUALQUER ALTURA ..ENTÃO É QUE ERA PALUDISMO A SÉRIO.. O SEU RAIO DE ACÇÃO É CERCA DE 100 METROS DESDE O LOCAL DE NASCIMENTO, MESMO COM DEPÓSITOS DE COMBUSTIVEL SUPLEMENTAR..O SEU TEMPO MÉDIO DE VIDA É DE 20 DIAS.

VÁ LÁ CONFESSEM.. FORAM UNS SORTUDOS.. E EU TAMBÉM..SÓ TIVE QUATRO VEZES .. E JÁ CÁ.. SÓ TIVE UMA RECAÍDA.
PORTUGAL JÁ FOI UMA REGIÃO ENDÉMICA DE PALUDISMO..ERA CHAMADO "MALEITAS" OU "FEBRES TERÇANS OU QUARTANS" PELO ZÉ POVINHO TUGA.

C. MARTINS

Rui Silva disse...

Caro C. Martins:
Já calculava que fosses médico mas agora tenho a certeza e que também estiveste em Monte Real.
Pena foi não te conhecer pessoalmente para te cumprimentar e agradecer o teu comentário ao meu Post sobre a Lepra.
Fica para a próxima.
Agradeço-te também o comentário personalizado e avalizado que te dignaste fazer neste Post.
Fiquei mais rico de conhecimentos o que, mesmo para um leigo, é sempre bom.
Espero que não leves a mal a ousadia de tratar-te por tu, pois apenas faço-o atendendo às regras do Blogue.
Passa bem e recebe um grande abraço
Rui Silva

Anónimo disse...

Oh meu caro Rui Silva
Claro que estive em Monte Real,fui eu que comprei o quadro e apresentei-me como catedrático...eh..eh de artilharia.
Os teus artigos sobre doenças tropicais são bem-vindos,os quais estão correctos cientificamente.
Provavelmente se fosse eu a escrevê-los teria mais dificuldade em explicar aos camarigos, porque nós médicos temos sempre tendência em empregar os termos científicos com receio de incorrecção cientifica.
Quando estive na Guiné ainda não era médico,alguém teve a amabilidade de me expulsar da faculdade e malhei com os costados na tropa.
Já agora deixa lá essa treta do tratamento por tu...somos todos ..apenas e só CAMARADAS
Um alfa bravo

C.Martins

Anónimo disse...

Camarigos Rui Silva e C.Martins, Saudações.

Penso que foi feito um bom levantamento sobre as descrições dos dois vectores com nomes muito sonantes e que ainda perduram nas memórias dos nossos Camaradas. Eles fugiam da sua presença como o diabo foge da Cruz, havia que ter muito cuidado e senão era cara ou corôa!

Quanto ao Camarigo C. Martins deu-nos uma consulta sobre o tratamento, (Penso que não é de Saúde Pública, Prevenção na Saúde)e a qual poderá vir a dar-nos algumas orientações de emergência.

Contudo fiquei com uma dúvida porque não encontrei nos meus canhenhos, o tal raio de ação do mosquito fêmea anofeles ser de "100 metros do local de nascimento" e me parece ser muito reduzido.

Com todo o respeito pela transcrição do bom trabalho apresentado e também aos comentários havidos.

Arménio Estorninho
Técnico de Saúde Ambiental

Anónimo disse...

Camarada
Arménio Estorninho
Eu apenas fiz um esclarecimento em tom irónico para não entediar os camarigos.
Sou clínico geral.Fiz o internato geral no H.Egas Moniz e uma pós graduação em Medicina Tropical no I.H.M.T.Fui voluntário da A.M.I. e estive em 1998 durante a guerra civil na Guiné, mais propriamente na região de Gabu (Nova Lamego).
Sobre as doenças tropicais os camarigos fiquem descansados porque se tivessem sequelas das "ditas" que eventualmente tivessem contraído na Guiné já se teriam passado para o outro lado, com excepção de uma forma de paludismo que é o "plasmodium ovale" que pode dar recaídas até 60 anos depois.
Como há muitos camarigos que voltam à Guiné ,aconselho-os a irem a uma consulta de medicina do viajante antes de partirem.A única vacina obrigatória é a da febre amarela.Esqueçam aquilo que aprenderam na altura ou que ouviram falar nomeadamente sobre paludismo, porque hoje a realidade é completamente diferente.. por exemplo a cloroquina não faz qualquer efeito devido à resistência do plasmodium nomeadamente o falciparum que é o que provoca o chamado "paludismo cerebral".
Hoje as condições sanitárias na Guiné não têm nada a ver com as do nosso tempo, são simplesmente horriveis ou inexistentes (infelizmente).Na altura vi morrer um jovem com raiva e digo-vos que apesar de ser médico fiquei horrorizado por não poder fazer nada e a fase terminal é tal e qual como vem nos livros.. um horror de sofrimento do doente e também para quem assiste.
Estou ao dispor dos camarigos para qualquer esclarecimento
Sobre o raio de acção de voo do mosquisto "fêmea" anopheles.. ser de 100 metros.. é o que dizem os estudiosos do assunto..porque eu nunca medi..ah..ah
um alfa bravo

C.Martins

Joaquim Mexia Alves disse...

Caros camarigos

Uma curiosidade, que até me deu alguma "água pela barba".

Quem estudou a alinea F, (medicina), no antigo 7º ano, (o que eu fiz), "teve que levar" em Biologia, com o ciclo de vida do Plasmodium vivax, (causador do paludismo/malária), e com o ciclo de vida do "seu amigo", Trypanosoma gambiense, (causador da doença do sono).

É apenas uma curiosidade!

Um abraço para todos

manuelmaia disse...

Caro Silverio Lobo,

Sei que estou atrasado,mas que diabo, so hoje,depois de tres semanas de afastamento desta infernal maquina,tive reunidas as condiçoes para reaparecer.
Prometo ser mais pontual para o ano.
Ate la recebe um grande abraço de tardios mas sinceros parabens.
manuelmaia

Anónimo disse...

Camarada
Mexia Alves
A alínea f não dava só para medicina mas para todos os cursos de ciências.
Aquilo em biologia do 7.º era o ciclo reprodutivo resumido, porque é muito mais complexo na realidade.
Existem três tipos de plasmodium : falciparum,vivax ou malariae e ovalae., isto são as designações cientificas e como tal são em latim.
No meu tempo de faculdade tinhamos que decorar na ponta da língua todas as doenças tropicais o que depois na prática não fazia qualquer sentido a não ser para quem fosse exercer clínica nos trópicos(isto já depois de abril de 1974).
Hoje tanto o I.H.M.T. como o I. Zoológico em Oeiras ainda são reconhecidos a nível mundial como instituições de referência no que diz respeito ao estudo e tratamento de doenças tropicais respectivamente nos humanos e plantas.
Para que os camarigos tomem conhecimento...publique-se "na ordem de serviço".
O nosso camarada Luis Graça é Professor no I.Ricardo Jorge escola de Saúde Pública com renome internacional..para que conste..
Temos cá coisas nas diferentes áreas do saber que não ficam nada atrás do que existe na "estranja" e para quem está sempre a dizer mal de tudo.. que fique bem claro que não somos tão "merdas" assim.
Desabafei...uff

C.Martins

Anónimo disse...

Caro Rui Silva:
Gostei, como já tinha gostado de outros do mesmo autor. Parabéns.
Quanto à flor do Congo padeci alguma coisa com ela mas, os quarenta e tal anos já passados, ajudam a esquecer a “coisa”. Há a propósito, uma “estória” que gostaria de partilhar, atenção, é verídica. Estávamos a conversar na messe, entre outros, o meu Cmdt de Companhia, eu, dois representantes da Nocal (marca de cerveja angolana) que de tempos a tempos por lá passavam, e, finalmente, o médico do Batalhão, homem casado e com viagem marcada para vir ao “puto” de licença. Pois o médico encontrava-se atacadíssimo de flor do Congo, não passou despercebido aos homens da Nocal. Um deles, vira-se para o médico e diz-lhe: “Dr, isso é flor do Congo, não é”? Perante a confirmação, logo continuou, “o tratamento é simples, aplique-lhe um after-shave, vai dar uns saltos mas isso passa”. Bom, rapidamente o nosso médico estava de licença, curado, e curados estava eu e todos os outros da minha companhia. A título de curiosidade, o after-shave usado foi uma bisnaga de 444, penso que marca única na pobre cantina. Também dei saltos … e que saltos.
Quanto ao paludismo, apenas tive um ou dois ataques virtuais, é que eu tinha um compromisso com a minha namorada, hoje minha cara-metade, de escrever todos os dias, exceptuando evidentemente os dias em operações. Houve uma ou duas vezes que fui atacado de “preguicite aguda” uma das vezes justifiquei com uma operação de 6 dias à Serra da Canda, a outra foi mesmo com o paludismo, o tal virtual pois o verdadeiro nunca me tocou. Quando regressei, o meu pai disse-me, a propósito de paludismo, que essa doença existia no Alentejo e que lhe davam o nome de cesões, ou coisa parecida.
Sobre a formiga e abelhas, também se podia dizer algo, ficará para outra altura.
Um abraço,
António Brandão Ccaç 2336

Rui Silva disse...

Caro António Brandão:
Muito agradecido pelos parabéns e sobretudo pela achega que dás sobre a célebre "Flor do Congo" e pelo que vejo terão sido poucos(se os houve) aqueles que não foram atingidos.
Não és o primeiro a falar do 444, pois alguns contam-me que foi a solução.
Eu curei-a com Astérol (uma espécie de tintura) e depois cá, também, com o Lauroderme. Pouco tempo passado tinha tudo desaparecido.
Passa bem.
Um abraço.
Rui Silva

Anónimo disse...

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