Fonte: © Armor Pires Mota (1965-2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
Continuação da publicação de Tarrafo; crónica de guerra, de Armor Pires Mota, 1ª ed., Aveiro, 1965. Parte 2 (Ilha do Como, Jan / Mar 1964), pp. 52-55. (*)
Segundo o nosso camarada Mário Dias, outro cronista da Op Tridente (**), a luta pela reocupação da Ilha do Como travou-se entre 14 de Janeiro e 24 de Março de 1964. A ilha, onde não havia qualquer autoridade administrativa portuguesa, fora ocupada pelo PAIGC logo em 1963.
"Não tinha estradas. Apenas existia uma picada que ligava as instalações do comerciante de arroz, Manuel Pinho Brandão (na prática, o dono da ilha) a Cachil. A partir desta localidade o acesso ao continente (Catió) era feito de canoa ou por outra qualquer embarcação. A casa deste comerciante era, se não estou em erro, a única construída de cimento e coberta a telha". (...)
Croquis da Op Tridente (Jan/Mar 1964) (Fonte:© Mário Dias, 2005. Todos os direitos reservados)
Planeada pelo Com-Chefe, a Operação Tridente envolveu numerosos efectivos, divididos em 4
Agrupamentos, conforme nos explica o Mário Dias (que ia integrado no grupo de 20 comandos do Alf Saraiva, enquanto o Alf Mil Mota fazia parte do CCAV 488, do Dest B)
AGRUPAMENTO A: (Cmdt Major Cav Romeiras)
CCAV 487 (Cap Cidrais)
7º Dest de Fuzileiros Especiais (1º Ten R. Pacheco)
AGRUPAMENTO B: (Cmdt Cap Cav Ferreira)
CCVA 488 (Cap Arrabaça)
8º Dest de Fuzileiros Especiais (1º Ten Alpoim Calvão)
AGRUPAMENTO C: (Cmdt Cap Cav Cabral)
CCAV 489 (Cap Pato Anselmo)
AGRUPAMNETO D: (Cmdt 1º Ten Fuz Faria de Carvalho)
2º Dest de Fuzileiros Especiais (1º Ten Faria de Carvalho)
AGRUPAMENTO E: (Cmdt Cap Aires)
CCAÇ 557
(Nota: salvo erro, este agrupamento fazia a segurança imediata da Base Logística)
OUTRAS FORÇAS:
1 Grupo de Combate / BCAÇ 600
Grupo de Comandos (20 homens) (Cmdt Alf Saraiva)
1 Pelotão de Paraquedistas
1 Pelotão de Caçadores Fulas
Pelotão de morteiros / BCAÇ 600
2 Bocas de fogo de obus 8,8 do BAC (Cmdt Alf Carvalhinho)
Equipas de Sapadores (distribuídas pelos vários agrupamentos)
Elementos do Serviço de Intendência
73 carregadores indígenas.
Tudo somado eram aproximadamente 1000/1200 pessoas.
Estima-se que o PAIGC tivesse 300 combatentes, incluindo alguns militares da Guiné-Conacri.
Comandante das Forças Terrestres: Ten Cor Cav Fernando Cavaleiro. (Cmdt do BCAV 490)
DA MARINHA:
Fragata Nuno Tristão.
4 lanchas de fiscalização
4 LDP
2 LDM
Havia ainda várias embarcações civis pertencentes aos Serviços de Marinha da província que transportavam víveres, água e demais material necessário.
DA FORÇA AÉREA:
Aviões T6 – Aviões F86 – PV2 e PV2-5 (Apoio de combate)
Helicópteros Alouette (transporte e evacuações)
Aviões Auster e Dornier (transporte e reconhecimento)
Sem se conhecerem pessoalmente, Mário Dias e Armor Pires Mota ficaram perto, na zona de Cauane, como de depreende do relato do Mário;
AGRUPAMENTO A: (Cmdt Major Cav Romeiras)
CCAV 487 (Cap Cidrais)
7º Dest de Fuzileiros Especiais (1º Ten R. Pacheco)
AGRUPAMENTO B: (Cmdt Cap Cav Ferreira)
CCVA 488 (Cap Arrabaça)
8º Dest de Fuzileiros Especiais (1º Ten Alpoim Calvão)
AGRUPAMENTO C: (Cmdt Cap Cav Cabral)
CCAV 489 (Cap Pato Anselmo)
AGRUPAMNETO D: (Cmdt 1º Ten Fuz Faria de Carvalho)
2º Dest de Fuzileiros Especiais (1º Ten Faria de Carvalho)
AGRUPAMENTO E: (Cmdt Cap Aires)
CCAÇ 557
(Nota: salvo erro, este agrupamento fazia a segurança imediata da Base Logística)
OUTRAS FORÇAS:
1 Grupo de Combate / BCAÇ 600
Grupo de Comandos (20 homens) (Cmdt Alf Saraiva)
1 Pelotão de Paraquedistas
1 Pelotão de Caçadores Fulas
Pelotão de morteiros / BCAÇ 600
2 Bocas de fogo de obus 8,8 do BAC (Cmdt Alf Carvalhinho)
Equipas de Sapadores (distribuídas pelos vários agrupamentos)
Elementos do Serviço de Intendência
73 carregadores indígenas.
Tudo somado eram aproximadamente 1000/1200 pessoas.
Estima-se que o PAIGC tivesse 300 combatentes, incluindo alguns militares da Guiné-Conacri.
Comandante das Forças Terrestres: Ten Cor Cav Fernando Cavaleiro. (Cmdt do BCAV 490)
DA MARINHA:
Fragata Nuno Tristão.
4 lanchas de fiscalização
4 LDP
2 LDM
Havia ainda várias embarcações civis pertencentes aos Serviços de Marinha da província que transportavam víveres, água e demais material necessário.
DA FORÇA AÉREA:
Aviões T6 – Aviões F86 – PV2 e PV2-5 (Apoio de combate)
Helicópteros Alouette (transporte e evacuações)
Aviões Auster e Dornier (transporte e reconhecimento)
Sem se conhecerem pessoalmente, Mário Dias e Armor Pires Mota ficaram perto, na zona de Cauane, como de depreende do relato do Mário;
(...) "Ao nascer do dia 15 [de Janeiro de 1964], surgiram os aviões de ataque ao solo ao
mesmo tempo que as peças de bordo [dos navios da marinha] e artilharia de Catió bombardeavam os locais
de desembarque cobrindo o avanço das tropas que iam ao assalto das praias para
instalarem testas de ponte que permitissem a chegada do grosso dos efectivos e
instalação da logística.
"O Grupo de Comandos não fez parte desta 1ª vaga. Como disse
o alferes Saraiva, estávamos guardados para outras missões. Nem fazíamos uma pequena
ideia de como elas se viriam a revelar tão difíceis.
"(…) Finalmente. Chegou a nossa vez. No bojo de uma LDM
rumámos a terra. Alcançada, baixada a rampa de desembarque, pisámos a areia do
Como. Nada de tiros. O IN, naquele local, já não mandava nada. Populações e
guerrilheiros que se encontravam na orla do mar já se haviam refugiado na densa
mata do interior. Não fora a azáfama da tropa e dos carregadores a amontoar
caixas de ração de combate, cunhetes de munições e de granadas, jericãs de
plástico com água, barris de vinho, grades de cerveja – que tanto jeito deu
para compensar a tremenda falta de água potável naquela ilha - não fora essa
azáfama, e julgaria estar numa paradisíaca ilha do Pacífico. Linda praia… local
de sonho.
"Rajadas, não muito longe, acordaram o meu devaneio. Era em Cauane, disseram, onde se encontrava a CCAV 488 e o 8º Dest Fuz na tabanca que era o posto mais avançado e próximo do IN e que viria a ser o local de maior resistência à nossa penetração na mata. Era para lá que iríamos. (…)
"Rajadas, não muito longe, acordaram o meu devaneio. Era em Cauane, disseram, onde se encontrava a CCAV 488 e o 8º Dest Fuz na tabanca que era o posto mais avançado e próximo do IN e que viria a ser o local de maior resistência à nossa penetração na mata. Era para lá que iríamos. (…)
"Um pouco mais à frente surgiu um braço de ria, na altura com
pouca água por ser baixa-mar, com o indispensável e habitual lodo e tarrafe.
Para atravessar, bem no fundo daquela vala, um tronco de árvore já muito gasto
pelo uso e que só permitia passagem na maré vazia. Devido a esse inconveniente,
mais tarde, juntamente com os fuzileiros, cortámos alguns troncos de palmeira –
abundantes nas margens desse e de outros cursos de água – e com eles foi
improvisada uma ponte que permitia a passagem a qualquer hora. Mais tarde
ainda, essa ponte foi substituída por outra construída por pessoal da
Engenharia com tubos de andaime e madeira.
"Atravessado sem percalços este obstáculo natural, eis – nos na extensa bolanha que se estende até Cauane e à mata de Cachil mais a Norte. Aí, só era possível andar sobre os estreitos ouriques pelo que lá vamos nós em coluna por um (a célebre "bicha de pirilau", na gíria militar) nada aconselhável em terrenos descobertos" (...)
"Atravessado sem percalços este obstáculo natural, eis – nos na extensa bolanha que se estende até Cauane e à mata de Cachil mais a Norte. Aí, só era possível andar sobre os estreitos ouriques pelo que lá vamos nós em coluna por um (a célebre "bicha de pirilau", na gíria militar) nada aconselhável em terrenos descobertos" (...)
_________________
Notas do editor:
(*) Vd. poste anterior da série > 14 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8905: Antologia (68): Tarrafo, crónica de guerra, de Armor Pires Mota, 1ª ed, 1965 (1): Ilha do Como, 15 de Janeiro de 1964
(**) Vd. I Série, postes de: 15 Dezembro 2005 > Guiné
63/74 - CCCLXXII: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): Parte I (Mário
Dias)
1 comentário:
Chamo-me Dulce Vilas Boas, tenho 39 anos e sou filha do soldado António Mário Gomes Vilas Boas ("Vilas") de Barcelos. O meu pai foi o soldado da Polícia Militar n°. 23884, da Companhia 1751, que esteve na Guiné entre 1967 e 1969.
Por favor, gostaria muito de saber o seguinte:
- Conhecem companheiros da mesma companhia do meu pai? Têm contactos?
- Sabem se há encontros onde o meu pai possa encontrar os seus companheiros?
O meu pai teve um colega de Ferrel/Peniche que se chamava António José Jesus Dias que, presume o meu pai tenha emigrado para França...
Muito obrigada,
Dulce Vilas Boas
dulce.vilasboas@gmail.com
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