Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
domingo, 15 de janeiro de 2006
Guiné 63/74 - P429: Não sopram bons ventos do Cantanhez (Pepito)
Guiné > Guileje > 1973 > Brazão do Pelotão de Artilharia. Imagem gentilmente cedida pelo José Casimiro Carvalho (ex-furriel miliciano Carvalho, de operações especiais, CCAV 8350, 1972/73)
Guiné > Guileje > 1973 > Brazão da CCAÇ 3477 (Gringos de Guileje), 1971/73.
© José Casimiro Carvalho (2006)
O nosso amigo Carlos Schwarz (Pepito) fez-nos chegar notícias que nos entristecem (e preocupam), a nós, a ex-camaradas e amigos da Guiné. Não queremos (nem devemos) interferir nos "assuntos internos" do país-irmão que é a Guiné-Bissau, mas há coisas que ultrapassam as fronteiras (físicas e políticas) de qualquer país: por exemplo, a violação dos direitos humanos ou a delapidação dos recursos naturais dos povos . O que se passa, na Guiné-Bissau, com a supressão da liberdade de expressão e os atentados à integridade da mata do Cantanhez, por exemplo, não nos podem deixar indiferentes. Daí já termos feito circular pela tertúlia a mensagem do Carlos Schwarz (Pepito) que nos chegou há dias (9 de Janeiro de 2006):
1. "Como se previa, a liberdade de expressão na Guiné-Bissau está novamente ameaçada. Depois da invasão da Rádio Comunitária de Djalicunda por militares, agora é a vez da Rádio Comunitária Kasumai de S. Domingos ter sido invadida pela polícia local, descontente com as denuncias feitas pelos seus ouvintes, dos abusos das autoridades policiais locais e nacionais.
A posição dos radialistas foi firme e de recusa deste processo de intimidação que voltou ao dia a dia do país.
"A comunidade local solidarizou-se com a equipa que dirige a sua rádio e a RENARC (Rede Nacional das Rádios Comunitárias da Guiné-Bissau) já denunciou a situação.
"Apelamos a todos que se manifestem directamente ou através dos governos dos seus países para que o Governo guineense inverta esta sua decisão de afrontar a liberdade de expressão, abrindo portas para o retorno à ditadura.
"Saudações. Carlos Schwarz.
Director Executivo da AD".
2. Por outro lado, o A. Marques Lopes fez-nois chegar a denúncia, feita na página do Didinho (Fernado Casimiro), pelo recém demitido Director-Geral das Florestas, o Eng. Constantino Correia, sobre o abate ilegal de árvores de grande porte em áreas protegidas do Sul da Guiné-Bissau, concretamente na zona de Cantanhez, em que estariam implicados os militares ao mais alto nível.
Há dias mandei mais umas imagens para o futuro museu de Guileje e aproveitei para perguntar ao Pepito: "É verdade que andam, os militares, a dar cabo da tua floresta do Cantanhez ? Se for preciso a gente mobiliza a nossa artilharia pesada... Embora eu não queira (nem deva) interferir nos assuntos internos dos nossos amigos da Guiné"...
A respoosta do Pepito:
"Obrigado por mais este documento da CCAV 8350.
Como te referi, penso ir a Lisboa em meados de Fevereiro, pelo que se ainda se mantiver o interesse que alguns tertulianos manifestaram em discutir mais de "perto" a Iniciativa Guiledje, eu estaria disponivel para um encontro mesmo que rápido pois sei que para o pessoal aí a unidade de tempo é o milésimo de segundo e para nós são as estações do ano. Este encontro poderia servir para esclarecer dúvidas e reservas em relação a esta iniciativa, dar informações sobre os avanços do projecto e identificar eventuais pontos de cooperação das pessoas interessadas.
Desde já manifesto a minha disponibilidade no que puder ser útil para a missão do Coronel Marques Lopes a Bissau, no início de Abril.
Em referência aos nossos militares é tal e qual o que foi descrito pelo ex-Director Geral das Florestas. Por eles não ficava uma árvore em pé. Razão e visão tinha Amílcar Cabral, quando propunha que em vez de termos militares, tivessemos militantes armados. Uma vez terminada a guerra voltassem a ser cívis.
Agora temos este fardo que vamos carregar às costas muito tempo, em função dos seus humores e dos novos amores na moda (tráfico de armas, droga e madeira).
abraços
pepito
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