Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Vista aérea da sede de concelho de Bafatá, elevada a cidade em Março de 1970. Vista da bela mesquita local.
Arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).
© Humberto Reis (2006).
Texto do Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 > III Parte da História do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (*)
Guiné > Bafatá > 1970 > Vista aérea em época seca, vendo-se a posição do aquartelamento do comando do Agrupamento e do Esquadrão na parte superior da foto. © Manuel Mata (2006)
Guiné > Bafatá > Vista parcial do quartel do Esquadrão. À esquerda oficina, messe de sargentos e messe de oficiais ao fundo e gabinete do Comandante, onde ocorreu o acidente do Furriel H. Sertório (vd. sinalética na foto seguinte). © Manuel Mata (2006)
Guné > Bafatá > Vista parcial do quartel. À direita depósito de géneros e caserna do pessoal de comando e serviços. Ao fundo duas casernas dos pelotões operacionais e residência do comandante junto das árvores. © Manuel Mata (2006)
O Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) era constituído por:
1 Pelotão de Comando e Serviços;
3 Pelotões de Reconhecimento, equipados com as seguintes viaturas:
- Três Auto Metralhadoras DAIMLER
- Duas Auto Metralhadoras FOX
- Um Granadeiro com blindagem lateral sendo a sua guarnição composta por atiradores.
- Um Unimog cuja secção tinha um morteiro 81.
Guiné > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 > Vista parcial. Entrada da cozinha e refeitório do lado esquerdo; viatura Fox frente à oficina e paiol ao fundo do lado direito. © Manuel Mata (2006)
Pelo Comando do Agrupamento Leste 2957 foi entregue o plano de operações Cavalo Veloz das quais faziam parte entre outras, (i) efectuar patrulhamentos de reconhecimento, (ii) manter contactos com as populações, (iii) participar na defesa próxima de Bafatá em colaboração com o Batalhão aí sediado, (iv) ter em permanência um pelotão de Reconhecimento em Piche em coordenação com o Batalhão ali estacionado, (v) realizar escoltas solicitadas pelo Comando do Agrupamento, (vi) fazer segurança à pista de aviação, (vii) assegurar a liberdade de movimento nos itinerários que irradiam de Bafatá, com destaque a estrada de Bambadinca – Bafatá – Nova Lamego, sempre em estreita colaboração com a rapaziada do Batalhão de Bafatá e de Galomaro, no sentido de controle das populações num raio considerável. Exercendo assim um esforço de acção psicológica sobre as populações, tendo sempre por objectivo uma campanha educativa e de formação social.
Guiné > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 > Vista parcial, canto da sucata e parte do ringue de futebol 5 ao fundo do lado direito. Pista de aviação ao fundo e casa do serviço meteorológico.
© Manuel Mata (2006)
Em 26 de Novembro de 1969 segue para Piche o 3º Pelotão para render o Pelotão ali destacado pelo Esq 2350 (certamente terão também estes camaradas muito para nos contar da sua passagem pela Guiné, aguardamos…), pelotão esse que veio a ser rendido em 26 de Dezembro acusando um enorme esforço pelo trabalho efectuado ao longo do mês, salientando as patrulhas efectuadas às tabancas de: Madina Bonco, Sinchã, Assumani e Tabatô, onde foram detectadas e levantadas 21 minas A/P e uma A/C. O esforço reflectiu-se particularmente nas viaturas pois algumas vieram a reboque, tal era o seu estado!
No dia 29 de Dezembro de 1969 este Pelotão, destacado em Piche, teve o seu baptismo de fogo, foi uma flagelação com certa gravidade, não tendo os nossos homens sofrido qualquer baixa ou ferido. Estes mostraram a sua garra, patrulharam activamente as picadas da tabanca de Piche, no sentido de expulsar o IN infiltrado durante a flagelação. As tropas estacionadas em Piche sofreram 3 mortes e 2 feridos graves.
Em Janeiro de 1970 recebe o Esq a missão e montar guarda permanente à ponte do Rio Colufe, perto de Bafatá, com alguma estranheza pois estava o Esq preparado e motivado para actividades mais dinâmicas.
Guiné > Bafatá > Ponte do Rio Colufe com a sua celebre estrutura em troncos de palmeira, junto da qual foram encontrados os dois dilagramas. © Manuel Mata (2006)
Dia 29 de Janeiro é rendido o Pelotão Rec. destacado em Piche, continuou a acentuar-se significativamente o esforço dispendido por homens e viaturas, assim foi continuando a vida do Esq. (mina aqui e acolá, levantada ou destruída sem estragos pessoais, patrulhas e escoltas permanentemente).
Nesta mesma data o Comandante-chefe General Spínola visita as tropas de Bafatá reunindo em formatura geral na sede do Esq. Rec. Feita a apresentação da formatura, ditas algumas palavras pelo General Spínola, de boas-vindas, juntou os militares ao seu redor e ali falou ao coração dos praças, chegando mesmo a comentar a dificuldade em homens e material de guerra para a defesa da zona. Era a decadência visível do sistema aos olhos de todos!
Lá foram decorrendo as semanas, os meses, com muitas escoltas, patrulhas, psicos, flagelações constantes na zona de Piche, felizmente continuavam os nossos destemidos homens com as viaturas a cair em pedaços, a fazer o que parecia impossível, mas sempre havia tempo para ir ao Café do Tofico, beber uma cerveja!
Quando se chagava a Bafatá, para retemperar forças lá vinha um fim-de-semana, uma folga, que era reconfortante, com uma ida ao cinema, ao café da D. Rosa, do Teófilo (1), da Transmontana, ao Bataclã, à piscina da nossa bela Bafatá que, em 12 e 13 de Março de 1970, teve as cerimónias de elevação a cidade, onde esteve presente o Ministro do Ultramar.
Guiné > Bafatá > Bataclã, um dos pontos de lazer e divertimento da rapaziada.
© Manuel Mata (2006)
(Continua)
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Nota do autor
(1) Café do Teófilo: À saída de Bafatá, na estrada para Bambadinca. Este homem era sobrevivente de um grupo desterrado para a Guiné nos anos 30. No período da guerra era apontado como sendo informador do IN. Foi pessoa com quem me dei particularmente bem, pois tinha pelos alentejanos (em especial de Portalegre) um carinho especial. Era sítio que eu visitava com alguma regularidade, tomava-se uma cerveja gelada, com alguma descrição, acompanhada de uma breve conversa. Era uma pessoa de parcas palavras.
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Nota de L-.G.
(*) Vd post anteriores:
2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DXCVII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (1)
"No ano de 1969, mês de Agosto, com a apresentação no Regimento de Cavalaria 8, em Castelo Branco, foram mobilizados, para o T.O. da Guiné, os 142 militares que vieram a formar o Esq Rec Fox 2640, mais o Pelotão Rec Fox 2175, este independente e composto por 38 militares.
"Terminado o período de organização do Q.O. da unidade, veio a I.A.O. [Instrução de Aperfeiçoamento Operacional] durante o mês de Setembro de 1969. Aí começou a guerra: o exército não tinha viaturas AM Fox, disponíveis para instrução na Metrópole, as poucas AM Daimler tinham feito Pum!!!, na última instrução de especialidade de 1969.
"Ficámos então esclarecidos da razão que levou à nossa mobilização, os 16 apontadores de Carros de Combate M47, coisa que ainda não tinha acontecido até então, em todo o período de guerra. Como não podia haver especialidade de apontador AM Fox e AM Daimler, socorreram-se dos apontadores CCM47, do RC 4, de Santa Margarida, grupo de especialidade terminada em Maio de 1969 (...)"
3 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (2)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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