sábado, 25 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3355: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (9): Ainda falando do Sarg Pil Av Honório (Rui Silva)


Mensagem do nosso camarada Rui Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67, com data de 1 de Outubro de 2008:

Caros Luís Graça, Carlos Vinhal e Virgínio Briote:

Cumprimentos e um abraço.

Tenho lido, como é habitual todos os dias, o nosso Blogue e tenho ultimamente visto várias referências ao piloto cabo-verdiano Honório. Por achar alguma controvérsia e também por ver indicações que julgo não serem as mais correctas, vi-me em consciência e na parte que me toca, dizer o seguinte.

Fui, como sabem (estou na Tertúlia) Fur Mil da CCAÇ 816 que operou sempre no Oio, no triângulo Bissorã-Olossato-Mansoa, no biénio 1965/67, sempre em campanha, isto é, sempre no mato e conheci pessoalmente o Honório no Café Bento e conheci-o no seu melhor: a pilotar os bombardeiros T6 (os Fiat vieram mais tarde e não sei se ele pilotou algum) e devo dizer que a 816 tinha a melhor impressão deste destemido e insuperável piloto.

Fizemos várias operações com ele a pilotar um dos bombardeiros (normalmente o apoio era de 2) e quando sabíamos que ele estava connosco, nascia-nos outra alma, pois sabíamos que tínhamos uma protecção aérea superior. Quando víamos um T6 picar até às copas das palmeiras nem precisávamos de saber quem era o piloto. Se não era ele que resolvia muitas vezes uma operação lá que ele dava uma grande ajuda isso dava.

Sem desprimor para outros pilotos que por lá andaram, e que concerteza eram também audazes. Conhecíamos também um piloto Tenente Coronel que agora não me ocorre o nome, que também era muito bom, operacionalmente falando. Chamávamo-lo de voz de aguardente, devido à sua voz rouquenha.

Apenas é meu intuito e só (no que me toca), ajudar a um possível melhor esclarecimento dos factos.

Lembro-me ainda do meu querido amigo e camarada também Fur Mil da 816, José Baião, falecido há pouco tempo, ter tido uma boleia dele numa DO e jurar para nunca mais, pois fez com ele uma viagem Bissau-Mansoa e o Honório pilotou sempre sobre a estrada (Bissau-Mansoa), como ele gostava, fazendo gincana com as asas do aparelho a passar por entre os postes que marginavam a estrada que, no dizer do Baião, não tocava nestes por milagre. O Baião disse que viu a morte várias vezes à frente dele.

Um abraço para todos os tertulianos.
Rui Silva
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Nota de CV

Vd. último poste da série de 24 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3351: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (8): Homenagem à memória do Honório e do Manso (Victor Barata)

3 comentários:

Anónimo disse...

Não resisto, tenho mesmo que falar desse Glorioso Maluco das Máquinas Voadoras. Como muitos, entre 65/66,conheci o Honório. Deu-me apoio e boleias mais que uma vez. E com ele também estive sentado às mesas do Bento e do Hotel Portugal. Recordo dele a forma descontraída e algo excêntrica como encarava a guerra. E um Companheiro que ficou nas minhas memórias, dos alvoreceres fumarentos nas matas do Oio, de Buba e Galo Corubal aos tranquilos fins de tarde do Bento. Honra ao Honório.

Luís Graça disse...

Camarada anónimo:

Já agora gostávamos de saber quem tu eras, a que unidade pertenceste, e por onde andaste, além das matas de Óio, Buba e Galo Corubal (Xitole)...
Luís Graça

Anónimo disse...

Omiti o meu nome, por lapso. O importante é não deixar passar a oportunidade de nomear o Honório e os Camaradas "Gloriosos Malucos dquelas incríveis máquinas voadoras", que tantas alegrias e alento nos trouxeram. Nas paragens mais escondidas ou nas matas e bolanhas, houvesse ou não "fumos" cá em baixo, a passagem dos Dorniers, dos T-6 ou dos Al-II e III davam-nos força naqueles anos.
Não posso deixar também de recordar o então Maj Mendonça, o Ch. da esquadrilha dos AL-III em 1966, o Velez Caldas, então Tenente, o Alf Barreto (?), nomeado, entre nós, vezes sem conta por ser casado com uma filha do Otto Glória e, sei lá tantos outros que a minha memória não reteve. Em todas as situações, em simples (?)transporte, em evacuações a "quente" ou nas heliportagens de assalto a ferver, sempre vi uns profissionais que nem sempre vi nos quadros profissionais do Exército. Havemos também de abrir uma série sobre os nossos Camaradas da Marinha.
vb (Briote)