1. Mensagem enviada ontem pelo editor L.G. ao Jorge Picado, ex-Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto:
Acabo de receber, às 15h30, uma chamada da China (!) (*), de um tal Martins, José Martins, que foi Capitão da CCAÇ 16, e que terá estado contigo no Natal de 1971, na Guiné (**)...
Está na China há 5 anos... E queria falar contigo. Pediu-me o teu número de telefone... Fiquei de lhe mandar através de mensagem do telemóvel... Simplesmente não ficou registado o nº dele no meu aparelho... Nabice minha ? Não sei...
Para já preciso que me autorizes a divulgar os teus contactos... Estás a reconhecer este camarada? Não sei se era Cap Mil ou do QP. Não houve tempo para grandes conversas. Também não tenho a certeza de ter ouvido bem o nº da subunidade, mas pareceu-me ser a CCAÇ 16...
Posso pôr uma mensagem no blogue, ao canto superior esquerdo, com os teus contactos, até ele te "apanhar" e contactar... Ele soube de ti através do nosso blogue... Diz-me o que fazer... Luís
PS - Como vês, o nosso blogue é grande... e o mundo é pequeno..
2. Resposta, ensonada, do Jorge de ontem à noite:
Luís:
Não tenho qualquer ideia desse nome, mas isso é normal.
Agora que foi Capitão duma CCaç Africana e tenha estado comigo no Natal de 1971? Isso eu lembrar-me-ia, pois nessa data estava no BU...RAKO de CUTIA e era o único Cap que lá estava.
Nessa data havia 1 Pel da CCaç 15 (Balantas) comigo, além do Pel Caç Nat 61. oO Cap da CCaç 15 nessa data seria já o Cap Inf Luís da Piedade Faria que tinha transitado da CCaç 2588 (BCaç 2885) para substituir o anterior dos Balantas que tinha sido evacuado para o HMP(Lisboa) e era Nascimento.
Este José Martins podia ser outro militar (outra patente) que tivesse estado comigo em CUTIA? Talvez.
Mas agora compreendo um recado que recebi vai para 2 semanas de pessoal que tinha a fazer-me pinturas na casa da Costa Nova. Disseram-me que tinham atendido nessa minha casa um telefonema duma pessoa que queria falar comigo e dizia que estava a falar da China. Evidentemente que julguei ser engano ou brincadeira, até porque na Costa só lá estou no verão.
Mas podes deixar então o telefone + 351 234 321 519 para ver se ele me liga para Ílhavo.
Abraço
3. Segunda mensagem, alvoraçada, do Jorge, com data de hoje:
Luís:
Levantei-me da cama, porque às voltas com a resposta que te enviei antes de me deitar, não me deixava adormecer e finalmente fez-se luz cá no caco.
Respondi trocando o Natal de 71 pelo de 70.
Em 1971 passei o Natal, como disse no Poste, no Bachile na área do CAOP 1 e quem lá estava era a CCaç 16, que provavelmente tinha por Capitão o tal José Martins. Deve ser isso, por que eu não me lembrava se era uma CCaç Continental ou Africana e o camarada José Camara, que está emigrado nos USA desde 1973, é que me disse que no Bachile estava essa CCaç 16.
AB
Jorge
____
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste anterior desta série O Mundo é pequeno... > 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4215: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (7): Luís Borrega, visitante um milhão (Luís Borrega)
(**) Vd. poste de 11 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3597: O meu Natal no mato (13): De Cutia (1970) ao CAOP1, em Teixeira Pinto (1971) (Jorge Picado, ex-Cap Mil)
(...) Na segunda época [ 1971,] só me recordo das Festas Natalícias.
A noite da Consoada passei-a, em representação do CAOP 1, no Destacamento do BACHILE, situado um pouco a Norte de TEIXEIRA PINTO na estrada para o CACHEU cujos trabalhos de reabertura e pavimentação decorriam nessa altura um pouco mais a Norte.
Neste aquartelamento estava pelo menos (não tenho a certeza se havia igualmente uma CCaç Africana) uma CCaç cujo Cmdt era o Cap Mil do QC Branco (em 1974, antes do 25ABRIL, vim a reencontrá-lo na minha terra onde veio morar, enquanto esteve colocado no RI de Aveiro onde apanhou a revolução, na qual esteve enquadrado) e que não tenho a certeza se seria a 3461, mas pertencia ao BCaç 3863 que tinha chegado ao Chão Manjaco em 20H30 do dia 24 de Outubro de 1971.
Não resisto a transcrever o que o camarada António Graça Abreu [, na foto à esquerda, em Pequim, c. 1980] que chegou ao CAOP 1 cerca de 5 meses depois de eu o ter deixado, escreveu no seu DIÁRIO DA GUINÉ (***) sobre o BACHILE que visitou ao fim de 6 dias.
“O Bachile, um aquartelamento pequeno rodeado por fileiras duplas de arame farpado. Ao lado um reordenamento, isto é, umas dezenas de casas pintadas de branco com telhados de zinco destinadas aos negros que, vindos das zonas libertadas, se apresentam à tropa portuguesa. As casas não estão habitadas.
"O aquartelamento é deplorável. Logo atrás do arame farpado há dezenas e dezenas de bidões cheios de areia rodeando umas tantas tabancas. Depois há telhados em cimento armado cobrindo os tegúrios semi-afundados na terra habitados pelos nossos soldados, uns setenta a oitenta. É a protecção possível contra flagelações e bombardeamentos. E dão uma certa segurança aos homens brancos expatriados na terra dos negros comandados pelo alferes Rocha, …creio ser uma miniatura exemplar de dezenas e dezenas de aquartelamentos portugueses espalhados pela Guiné... ”. (...).
(***) Sobre o nosso camarada António Graça Abreu, reputado sinófilo, que viveu na China nos anos 70/80, tendo entre 1977 e 1983 leccionado Língua e Cultura Portuguesa nas Universidades de Pequim e Shanghai, vd. o poste de 29 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3249: Bibliografia de uma guerra (33): Memórias literárias da Guerra Colonial: Na 5ª feira, todos com o nosso António Graça de Abreu
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
Caro Luís
Obrigado pelos mails transversais.
Cheguei a Teixeira Pinto em Junho de 1972 e logo depois estive no Bachile. Confirmo completamente, havia lá uma C. Caç 16, comandada por um capitão do QP. Creio que já não era esse José Martins, agora na China. O alferes Rocha que no meu Diário ponho a comandar essa companhia, desempenhou as funções na ausência (férias?) do capitão.
Vou para Macau,(apresentação de mais um livro meu) Hong Kong e Zuhai dia 22 de Maio, regresso a Portugal a 5 de Junho.
Depois, com a minha família chinesa e meia chinesa sigo para Xangai, Pequim e mais China a 3 de Julho e só estarei de volta a Portugal no dia 3 de Setembro. Vai ser um Verão cheio de China.
Gostava de conhecer esse José Martins.
Dá-lhe as minhas coordenadas, telf 214671920 ou 933572581, ou reenvia-lhe este mail.
Um forte abraço,
António Graça de Abreu
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