Jangada para travessia do Rio Corubal, no Che-che.
© Foto de José Azevedo Oliveira, com a devida vénia.
1. Notícia da Agência Lusa sobre a Missão da Liga dos Combatentes no resgate de corpos de camaradas vítimas da tragédia do Cheche, enviada pelo nosso camarada Mário Beja Santos em mensagem de 26 de Fevereiro passado:
Guiné-Bissau: Missão da Liga dos Combatentes resgata corpos da "Tragédia de Cheche"
Coimbra, 18 Fev (Lusa) - Uma equipa da Liga dos Combatentes parte segunda-feira para a Guiné-Bissau para proceder à exumação de corpos de soldados falecidos na guerra colonial e visitar novos locais onde poderá haver mais sepulturas.
O general Chito Rodrigues, presidente da Liga, adiantou à Agência Lusa que a primeira parte da missão compreende o reconhecimento de algumas áreas onde poderá haver alguns corpos.
A equipa técnica, coordenada pela antropóloga Eugénia Cunha, ligada ao Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) e à Universidade de Coimbra, parte no dia 26 de Fevereiro e regressa a Portugal a 06 de Março.
Desta vez, a equipa técnica, que integra ainda as estudantes de doutoramento Teresa Ferreira e Sónia Godinho, bem como o técnico de antropologia forense do INML Gonçalo Carnim, terá por missão o resgate de corpos na margem do rio Corubal, enterrados na sequência do naufrágio que vitimou cerca de meia centena de combatentes a 06 de Fevereiro de 1969, e que ficou conhecido como “a tragédia de Cheche”.
Segundo relatos de antigos combatentes, nesse naufrágios perderam-se ainda grandes quantidades de equipamentos, e aconteceu na sequência da retirada de Madina do Boé, cercada pelo PAIGC, que simbolicamente consideram como o começo do fim da guerra colonial na Guiné, e o local onde foi proclamada unilateralmente a independência a 24 de setembro de 1973.
Eugénia Cunha disse à Agência Lusa que esta quinta missão que realiza na Guiné-Bissau para resgate de corpos torna-se mais complexa do que as anteriores por se tratar de uma vala comum e não se saber como nela foram depositados os corpos.
“É uma incógnita”, referiu, afirmando que nesta vala em Cheche devem estar “não mais de 15 ou 17” corpos, de acordo com testemunhos recolhidos.
Em Novembro de 2009 foi realizada uma prospeção geofísica no local onde agora será escavada a vala, que poderá trazer outras surpresas em termos de conservação, por se encontrar numa zona húmida próxima do rio Corubal.
Após a abertura e exposição dos restos mortais na vala, a equipa técnica procederá à elaboração da ficha antropológica individual, com a indicação do sexo, se era jovem ou não, a estatura, e se a morte foi traumática ou não.
Após o resgate dos restos mortais, eles serão depositadas num ossário numa capela recuperada na cidade de Bissau, junto ao cemitério onde estão sepultados 325 combatentes. Dos 50 recuperados nas quatro missões anteriores, 41 encontram-se depositados naquele ossário, e nove foram trasladados para Portugal a pedido das respetivas famílias.
No entendimento do general Chito Rodrigues, na zona de Cheche poderão encontrar-se “oito ou nove” restos mortais, porque se trata de uma zona junto ao rio, cujas margens são hoje diferentes, tendo sofrido o efeito da erosão ao longo dos anos, e por essa razão alguns poderão já ter-se perdido.
Eugénia Cunha disse que esta poderá ser a última missão que realiza na Guiné-Bissau se não forem identificados outros locais onde se encontrem restos mortais de combatentes.
O general Chito Rodrigues adiantou que será erigido, em Bissau, um monumento ao combatente, de partilha de memórias portuguesa e guineense.
Em 2011, a Liga dos Combatentes poderá dar início à recuperação de restos mortais de soldados em Moçambique.
Lusa/fim
Com a devida vénia à Agência Lusa
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de22 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5866: Ainda o desastre de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (5): uma versão historiográfica (?) (Luis Graça)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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