1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, ex-Sold Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré - 1963/65 -, enviou-nos em 26 de Julho de 2010, a seguinte mensagem:
Camaradas,
Com as minhas desculpas por tão prolongada ausência, quero transmitir a todos que ainda tenho alguma coisa que contar, como este pequeno texto sobre a foto que junto e me avivou algumas recordações guineenses.
É, como habitualmente, uma história simples fruto de algumas recordações, que ainda se mantêm nas minhas vivências de um tempo ido, que, felizmente, não volta.
Recordações
Quando se olha para esta foto, com mais de quarenta anos de existência (são pouco menos que aqueles que ainda tenho!), parece que estes três “malucos” estariam, de certa forma, fora de si e aos murros uns nos outros.
Também parece que a fotografia mostra que o terceiro elemento estaria em atitude de apaziguamento.
Mas não é nada disso.
São três militares, na localidade de Ingoré que, ao que consta, hoje é um centro que evoluiu bastante, e considerado importante no comércio e turismo fronteiriço com o Senegal.
Desses três homens (um deles sou eu mesmo) e os outros são da cidade do Porto.
O mais magrinho (um autêntico “trinca-espinhas”) de seu nome completo Alfredo Mateus Freitas Martins, chegou à Guiné alguns meses depois dos restantes. Era escriturário, mas como a companhia não tinha levado nenhum, foi este que nos calhou.
O outro chegou a ser funcionário do extinto Banco Borges & Irmão, cujo nome completo é António Marcel Nunes Rema.
A imagem refere-se, certamente, a um dos intervalos em que a «guerra estava parada para descanso» e havia lugar para agradáveis momentos de cavaqueira e divertimento.
Do António Rema, que chegou a acumular funções com as de gerente do bar (que não existia), mas que nós construímos e colocamos a funcionar, tinha uma namorada que lhe chegou a enviar uma montagem fotográfica, ou então tirada mesmo de lado da ponte de D. Luís, lembrando-me eu ainda que a fotografia estava efectivamente uma maravilha... A PRETO E BRANCO (porque não havia outra maneira de a “pintar”, na altura).
Também parece que a fotografia mostra que o terceiro elemento estaria em atitude de apaziguamento.
Mas não é nada disso.
São três militares, na localidade de Ingoré que, ao que consta, hoje é um centro que evoluiu bastante, e considerado importante no comércio e turismo fronteiriço com o Senegal.
Desses três homens (um deles sou eu mesmo) e os outros são da cidade do Porto.
O mais magrinho (um autêntico “trinca-espinhas”) de seu nome completo Alfredo Mateus Freitas Martins, chegou à Guiné alguns meses depois dos restantes. Era escriturário, mas como a companhia não tinha levado nenhum, foi este que nos calhou.
O outro chegou a ser funcionário do extinto Banco Borges & Irmão, cujo nome completo é António Marcel Nunes Rema.
A imagem refere-se, certamente, a um dos intervalos em que a «guerra estava parada para descanso» e havia lugar para agradáveis momentos de cavaqueira e divertimento.
Do António Rema, que chegou a acumular funções com as de gerente do bar (que não existia), mas que nós construímos e colocamos a funcionar, tinha uma namorada que lhe chegou a enviar uma montagem fotográfica, ou então tirada mesmo de lado da ponte de D. Luís, lembrando-me eu ainda que a fotografia estava efectivamente uma maravilha... A PRETO E BRANCO (porque não havia outra maneira de a “pintar”, na altura).
O que retenho em memória é que parece que a tal dita namorada, com a ausência do António Rema, não terá esperado mais tempo por ele e deu de «frosques», isto é, debandou e deixou o meu amigo num tormento inimaginável de sentimentos de desgosto e angústia.
O rapaz andou muito tempo em baixo... deprimido!
O Alfredo chegou a fazer parte dos redactores do «Jornal da Caserna», assim como o Rema, e como era habitual nos jornais, também nós seguíamos as normas de, no cabeçalho, colocar o nome do Director (que era ele), mas com o pseudónimo de Hércules (por ser muito magrinho, como se diz na minha terra: «um pau de virar tripas»).
Eu era o Editor e, nessa qualidade, só servia para «enterrar» a todos e por isso o pseudónimo foi o de Zé Cangalheiro.
Havia ainda um tesoureiro (só de nome), porque aquilo não funcionava, como agora, com financiamentos ou receitas de assinaturas e publicidade, que não fossem apenas o “lucro” do tempo que aplicávamos na elaboração de cada número e, também, o “ganho” das inúmeras horas que nos mantinha, utilmente, ocupados.
Esse tesoureiro - José de Sousa Piloto -, era um habilidoso em desenho livre e foi o autor do primeiro emblema que foi usado e distinguia a CCaç 462. O seu pseudónimo era o «Massinhas».
Recordo ainda que, um dia, o comandante de Batalhão Caçadores 507, Tenente Coronel Hélio Felgas, quando nos visitou naquela localidade, achou muita piada aos pseudónimos e fez uma observação, procurando saber quem era o «Massinhas», ou se tinha muito prejuízo, ou coisa do género...
Memórias... quase afagadas!
Um abraço para todos,
J. M. Ferreira
Sold Ap Armas Pes da CCAÇ 462
O rapaz andou muito tempo em baixo... deprimido!
O Alfredo chegou a fazer parte dos redactores do «Jornal da Caserna», assim como o Rema, e como era habitual nos jornais, também nós seguíamos as normas de, no cabeçalho, colocar o nome do Director (que era ele), mas com o pseudónimo de Hércules (por ser muito magrinho, como se diz na minha terra: «um pau de virar tripas»).
Eu era o Editor e, nessa qualidade, só servia para «enterrar» a todos e por isso o pseudónimo foi o de Zé Cangalheiro.
Havia ainda um tesoureiro (só de nome), porque aquilo não funcionava, como agora, com financiamentos ou receitas de assinaturas e publicidade, que não fossem apenas o “lucro” do tempo que aplicávamos na elaboração de cada número e, também, o “ganho” das inúmeras horas que nos mantinha, utilmente, ocupados.
Esse tesoureiro - José de Sousa Piloto -, era um habilidoso em desenho livre e foi o autor do primeiro emblema que foi usado e distinguia a CCaç 462. O seu pseudónimo era o «Massinhas».
Recordo ainda que, um dia, o comandante de Batalhão Caçadores 507, Tenente Coronel Hélio Felgas, quando nos visitou naquela localidade, achou muita piada aos pseudónimos e fez uma observação, procurando saber quem era o «Massinhas», ou se tinha muito prejuízo, ou coisa do género...
Memórias... quase afagadas!
Um abraço para todos,
J. M. Ferreira
Sold Ap Armas Pes da CCAÇ 462
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Nota de M.R.:
(*) Vd. último poste da série em:
3 comentários:
Olá Amigo e Camarada José M.Ferreira, saudações Guinéuas.
Também estive em Ingoré mas de Maio a Julho/68, aquando a minha Companhia C.Caç.2381 ai esteve e a receber treino operacional pela C.Caç.1801.
Como curiosidade na tua foto aparece um cadeirão, no qual foi onde eu assentado tirei a 1ª fotografia na Guiné.
Com um abraço e Mantenhas
Arménio Estorninho
Ex-1º Cabo Mec. A. Rodas
Acrescentando ao meu comentário que por lapso não mencionei, de que também tenho uma foto com uma arma pesada depois desta ter sido reparada e provavelmente seria a tua.
Futuramente mostrarei, aquando narrar a minha "estória" da presença em Ingoré.
Renovadas mantenhas
Arménio Estorninho
Meu caro Arménio;
Fico muito satisfeito por verificar que, tal como tantos outros, alguns aqui da minha «parvónia», passaram e/ou estiveram em Ingoré.
Agradeço a visita que fazes a estas modestas recordações e agradeço, muito sinceramente, as manifestações de que dás público testemunho.
Quanto ao cadeirão e até à arma (Breda)não sei se serão as mesmas. Porque a arma, quando saí de Ingoré para Bula, talvez por volta de Outubro/Novembro de 1964, ia sempre connosco.
Por isso, não devia ser a mesma. Mas isso não retira qualquer valor ao acontecimento de estarmos, ambos, na Guiné. Mas o cadeirão, se não estragaram, deve ser o mesmo.
Muito obrigado pela visita,
J.M. Ferreira
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