sexta-feira, 8 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8068: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XIV): Nunca fui ao 10 de Junho, mas se um dia for, será no 10 de Junho de todos os combatentes

1. Mensagem do nosso camarigo Vasco da Gama, o tigre-mor do Cumbijã [, foto à direita, actual, como respeitável régulo de Buarcos]:


Data: 3 de Abril de 2011 17:32
Assunto: Comemoração do 10 de Junho


Camarigos, só agora cheguei beneficiando portanto do que vocês já escreveram, o que não me impede de fazer uma abordagem ligeiramente diferente, no que penso dever ser o texto a enviar a todos os nossos Camaradas que combateram nas diversas frentes (*).

Julgo que o texto deve ser, antes do mais, pedagógico e não encerrar apenas e só revolta face á forma como os combatentes são tratados.

Parece-me importante aglutinar todos numa mesma manifestação, mesmo os que politicamente são afastados e pensam de forma diferente.

Há camaradas nossos que partiram para a guerra plenamente convictos da existência de um Portugal uno e indivisível, capazes de dar a vida pela pátria.

Há outros camaradas que, eventualmente com outra preparação política, ou frutos de outro tipo de educação, viam na guerra e na impossibilidade de a ela escaparem, uma tremenda injustiça.

Extremei propositadamente estas duas categorias, pois outros tipos de combatentes poderíamos incluir nesta despretensiosa análise, para dizer que ao chegarmos aos matos da Guiné de Angola ou de Moçambique, por mais abissais que fossem essas diferenças trazidas de Portugal, elas esbatiam-se de imediato, comungando todos na mesma solidariedade, na mesma entreajuda, no mesmo sacrifício até nos tornarmos verdadeiros irmãos.

De outra forma não seria possível existirem todos estes encontros que vamos fazendo de sorriso aberto, de prazer sincero, que terminam com abraços verdadeiros de quem se estima como estima um familiar chegado.

Quero aparecer no dia 10 de Junho ou no 34 de Setembro, de cara lavada,  sem que ninguém nos conote politicamente com qualquer rótulo, mas mostrar aos que nos ignoram que a guerra existiu e que ceifou a vida a milhares de jovens, que destruiu imensos lares, que levou muitos de nós ao suicídio, à interrupção dos estudos, que atirou outros para arrumadores de carros, para a droga ou vivendo da caridade alheia.

É em honra destes meus camaradas que eu marcho, apenas e só em nome deles.

Vasco A. R. da Gama (**)
 ___________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 3 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8040: Carta Aberta ao Presidente da República: o 10 de Junho, Dia dos Combatentes (Joaquim Mexia Alves)


(**) Último poste da série > 3 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 – P7546: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XIII): A Companhia Maior e a Maior Companhia, partos do mesmo querer?

6 comentários:

manuelmaia disse...

Vasco,

Nao(falta o til no a)deixas de ter razao( volta a faltar o til...)
abraço
manuelmaia

Anónimo disse...

Caríssimo Vasco (Aquele capitão Vasco de Cumbidjá):

Estou plenamente de acordo contigo...de certa forma estou sempre de acordo com todos os combatentes, a menos que infrinjam estes 3 princípios (mandamentos), por esta ordem:
1º Respeito pelos combatentes mortos durante a comissão.
2º Respeito pelos combatentes que já não estão entre nós.
3º Respeito por todos os combatentes.
Um grande abraço.

Carvalho de Mampatá

Anónimo disse...

Caro Manuel Maia,
Estás outra vez com o tal problema da repetição dos acentos?
Se sim, trata-se de um vírus e terás que passar um antivírus. Caso contrário não desaparece e é uma coisa bem irritante.
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Manuel Reis disse...

Camarigo Vasco:

Bem concebido o teu texto, como sempre bem estruturado e explícito.

Destaco a parte final do mesmo pela força que encerra: o desconhecimento da guerra, vidas ceifadas, camaradas extropiados, destruição familiar,etc. Enfim, coisas que só nós, ex-combatentes, conhecemos.

Os outros passam por nós e viram a cara para o lado. A nossa resposta,como dizia um camarada, é teimar em continuarmos vivos!

Temos de sobreviver por nós, não nos adianta sonhar e esperar por um tempo que já não é o nosso.

É de facto muito pesado arcar com todo este sofrimento,durante toda a vida, e a única possibilidade de aliviar a corda, com que nos pretendem asfixiar, é mantermos o nosso círculo de amigos impenetrável ao exterior e manter o espírito de solidariedade que o Blogue nos incutiu.

Um abração.

Manuel Reis

Anónimo disse...

Por outras palavras e de forma mais elaborada, reforças tudo o que disse no meu comnetário ao poste com a publicaçlão da carta enviada pelo Joaquim Mexia Alves.
Um abraço
BSardinha

Anónimo disse...

Sem se pretender subestimar "tudo o resto"(e este "tudo o resto" näo será bem pouco!),o que, neste caso nos aproxima,e une,está a um nível valorativamente bem mais elevado que o tal....."tudo o resto"! Um grande abraco.