1. Mensagem Manuel Sousa* (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74, Sargento-Ajudante da GNR na situação de Reforma), com data de 9 de Abril de 2011:
Camarada Carlos Vinhal:
Para completar a minha biografia, tenho a dizer-te que sou natural de Folgares, freguesia de Freixiel, concelho de Vila Flor, distrito de Bragança.
Foi de lá que parti para terras da Guiné.
Vivo em Vila do Conde desde 1978, que é, portanto, a minha terra adoptiva e de que eu gosto muito.
De tal modo, que lhe fiz um poema que ilustrei com imagens em PPS, que tenho o prazer de te enviar em anexo, depois de saber que és natural de cá.
Oportunamente mandar-te-ei outros trabalhos que fiz das terras da minha naturalidade.
Cumprimentos
Manuel Sousa
Vila do Conde é um poema!
Vila do Conde, princesa do Ave!
Aguarela de cores em tom suave,
Em tela pincelada de céu e de mar!
Santa Clara com arte a pintou
E no sobranceiro mosteiro ficou,
Para do alto a sua obra contemplar!
Imponentes arcos encadeados,
Em alinhamento e serpenteados,
Adorno granítico único, singular;
São como fina cadeia de filigrana
Que orna elegante decote de dama,
Dando-lhe graça e beleza sem par!
Espelhada no estuário do rio,
Fascina em dobro o seu brilho,
De estrela a cintilar no espaço!
É o Ave que não entra no mar
Sem pela última vez a olhar,
Cingindo-a num terno abraço!
Cantada em ancestrais cantigas,
Que o povo entoa nas romarias,
Com alma, sentimento, devoção!
Bela sereia que saltou do mar,
Para na Praça e no Monte cantar
Nas longas noites de S. João!
Terra de rendilheiras e pescadores,
Marinheiros, poetas, doutores,
Fiéis defensores da sua nobreza!
Gente com raça e arreigado fervor,
Que a enaltecem com o seu labor;
Dignos súbditos de “Sua Alteza”!
Oh bela
Vila do Conde!
É azul o teu
Horizonte,
Onde se tocam o
Mar e o céu!
É de lá que o escarlate
Sol-pôr
Realça todo o
Esplendor
Que a natureza
Te deu!
Manuel Sousa
Sargento-Ajudante da GNR
Ex-Comandante de Vila do Conde
Junho/2010
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 8 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8065: Episódios da Guerra na Guiné (Manuel Sousa) (4): Não cheguem tarde como eu
Vd. último poste da série de 10 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8075: Blogpoesia (142): O que me fizeste Guiné (Albino Silva)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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3 comentários:
Caro Manuel Sousa!
Parabéns pelo bonito poema que escreveu à sua Terra adoptiva e Terra
Natal do nosso Editor Carlos Vinhal!
Como diz, para além de bonita é inspiradora de poetas e escritores: deixe que saliente José Régio, escritor e poeta que tanto aprecio, com redobrada razão, porque ele também amou o meu Alentejo, onde viveu a maior parte da sua vida:
Em sua homenagem e ao nosso Editor Carlos Vinhal, permita-me que trans creva um texto desse grande poeta:
A Corda Tensa
«Deixem-me! deixem-me ser tantos quantos sou...»
Deixem-me! deixem-me ser tantos quantos sou.
Cada um de vós agarrou uma das minhas faces--a que mais lhe agradava ou era mais sua; e começou a negar as outras do prisma.
Ou eu sou o prisma de não sei quantas faces...não sei.
Bem me basta ser tantos, que já nem posso,às vezes, com tantos que sou!
Mas deixar de ser tantos também o não posso. Também não posso fechar todas as mais janelas, ficar-me a olhar só por uma.
Sei que o não posso porque já o tentei. «Será um descanso»- pensava. Mas vinha o vento, vinha a lua, vinha a chuva, vinha o sol...até a poesia vinha. tudo batia nas janelas fechadas, e entrava pelas frinchas. Descanso?
Não tinha nenhum.
Abri todas as janelas! entre o que quiser.
E agora sois vós a querer, na mesma, fechar todas menos uma, cada um a que mais lhe agrada ou tem por mais sua.
Como poderei eu satisfazer a cada um de per si e a todos?
Prefiro satisfazer a todos e a mim próprio sem agradar a nenhum.
Cordialmente
Felismina Costa
Ofereço à D. Felizmina Costa, a comentadora que me antecede, uma estrofe de um poema de José Régio sobre a sua terra Natal, Vila do Conde.
Os meus cumprimentos.
Manuel Sousa (autor do poema "Vila do Conde é um Poema"
Vila do Conde, espraiada
Entre pinhais, rio e mar ...
- Lembra-me Vila do Conde,
Já me ponho a suspirar.
José Régio em " O Fado"
Obrigada Sr. Manuel Sousa!
Dizer os nossos poetas, é um orgulho muito justamente sentido, e já agora deixe-me acrescentar mais uma estrofe a essa que me oferece:
(...Vento norte, ai vento norte,
Ventinho da beira mar,
Vento de Vila do Conde,
Que é minha terra Natal,
Nenhum remédio me vale
Se me não vens cá buscar,
Vento norte, ai vento norte,
Que em sonhos sinto assoprar...
Que bom é reviver os sentimentos de quem, de forma escrita no-los deu a conhecer!
Cordialmente
Felismina Costa
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