Cartaz publicitário > Foto do mural da página do filme no Facebook (na imagem a nossa camarada Giselda Pessoa)
1. Três apreciações do filme > Publico > Cinecartaz > Críticas dos leitores (Aqui reproduzidas, com a devida vénia) (*)
Quem vai à Guerra
De: Marta Pessoa
M/12
Carlos Vinhal > Quem vai à Guerra
Filme recomendado principalmente às gerações pós-guerra colonial que, já não tendo de participar nela, felizmente, a ignoram completamente. Este filme deveria ter incidido mais no que passaram as mulheres na retaguarda, as que ficaram cá, já que as que acompanharam os maridos foram uma minoria e raramente para a frente de guerra. As mulheres dos ex-combatentes sujeitos ao stress pós-traumático de guerra são umas heroínas. O mesmo podemos dizer das nossas Enfermeiras Pára-quedistas, as únicas no mundo que faziam evacuações a partir dos locais de flagelação.
Os meus parabéns à jovem Marta Pessoa.
Carlos Vinhal
Ex-Fur Mil
Guiné, 1970/72
Publicada a 16-06-2011 por Carlos Vinhal
Afonso Braz > Essa outra guerra
Documentário sensível sobre a experiência das mulheres na guerra colonial (e na ditadura de Salazar). A partir dos testemunhos de dezenas de senhoras num cenário de devastação (e coisa inacabada), de fotografias pessoais e imagens de arquivo, o filme oferece-nos uma ideia feminina da guerra. Um olhar subtil e generoso, que nos leva do sorriso ao nó na garganta. Um filme despojado, sobre os despojos da guerra colonial portuguesa.
Vale a pena ver!
Publicada a 20-06-2011 por Afonso Braz
Luis Graça & Camaradas da Guiné > O luto da guerra colonial
Portugal nunca fez (ou está agora a fazê-lo, tardia e lentamente) o balanço (global) de uma guerra que, contrariamente a outras (invasões estrangeiras, guerras civis...) se passou a muitos milhares de quilómetros de distância da Pátria, em regiões tropicais. Portugal nunca fez o luto da guerra colonial (ou está agora fazê-lo, tardia e lentamente). Mas o mesmo se passa com os novos países que combateram o exército colonial português e que, depois das suas independências, se viram envolvidos em guerras civis (Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Timor)...
Cinquenta anos do início da guerra colonial (em 1961, em Angola), tem vindo a aumentar a literatura memorialista, a produção ficcional, a produção bloguística, a investigação científica, o interesse dos media (cinema, televisão, imprensa escrita) pela guerra colonial...
Também por isso este filme merece ser visto... São vozes e olhares femininos, os das nossas mulheres que "foram à guerra", de muitas maneiras... Além do mais, é um filme independente, documental, português, nosso...
Publicada a 21-06-2011 por Luis Graça & Camaradas da Guiné
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Nota do editor:
Último poste da série > 16 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8429: As mulheres que, afinal, foram à guerra (16): Em dia de estreia do filme Quem Vai à Guerra, em Lisboa, Porto e Aveiro: Pequenas histórias da História com H grande (Marta Pessoa / Clementina Rebanda / José Martins)
3 comentários:
Camarigos,
Fui ver com a minha mulher e gostámos, gostámos muito. Gostei da ideia de apresentar a visão das mulheres e o seu envolvimento, do suporte fotográfico, dos filmes da época, dos cenários, dos depoimentos, da dinâmica. Um pouco mais de 2Horas, mas, não se dá por isso. Dá para pensar muito, desde que não foram só os Combatentes que foram à Guerra, foram também as suas Mães, os seus Pais, as suas Irmãs, os seus Irmãos, os seus Avós, as suas Mulheres, as suas Namoradas, as suas Filhas, os seus Filhos, as suas Amigas e os seus Amigos, enfim, as famílias, até à determinação e rebeldia de algumas jovens da época que nessa altura já estavam prontas a desafiar e a assumir a ida para terras longínquas e cheias de perigos, passando pelo sofrimento presente até aos dias de hoje e a incontornável coragem e altruísmo das nossas queridas enfermeiras pára-quedistas, tão bem representadas. Eu sinceramente noto que cada vez mais se vai falando da Guerra Colonial, que cada vez mais aparecem alguns jovens com genuíno interesse pelo assunto e a Marta Pessoa é o exemplo perfeito. Não, não vai ser esquecido, não vai ser ignorado enquanto todos tiverem forças para irem passando o seu testemunho e sem medos exigirem o respeito que merecem. Os jovens estão aí, são inteligentes e sensíveis e vão saber assimilar a história recente, se calhar não no momento que gostaríamos, e irão honrar e lembrar esta geração. Não quero falar agora aqui dos esquecimentos e das injustiças e se tudo o que refiro não virá tarde demais. Hoje quero ser optimista e acreditar. Não se pode desistir. Aconselho vivamente a que vejam, aliás é preciso que vejam e que se saiba.
Saudações Especiais,
João Carlos Silva
Venho do Cinema City Classic Alvalade. Fui rever o filme. Havia 5 espectadores na sala. Sei que o cinema é um luxo para muitos portugueses que estão a passar dificuldades. Sei que este também não é o tipo de filme ideal para, na véspera de um feriado, se levar a/o namorada/o ao cinema, e comer pipocas. Mas gostaria que os jovens do meu país tivessem oportunidade de ver este filme, agora ou mais tarde em DVD, filme esse que a realizadora dedicou "à geração dos seus pais"...
Não, não me compete a mim, que sou da mesma geração, fazer a sua "hagiografia"... Não fomos santos nem pecadores. Não fomos heróis nem cobardes. Nascemos e vivemos numa época rica de acontecimentos, mudanças e contradições. Mais importante: não fomos meros figurantes, fomos actores (bons ou maus, não interessa) dos acontecimentos...
Sobretudo as mulheres portuguesas dessa época, do pós-guerra, as mulheres da minha geração, eu não posso deixar de admirá-las, pela sua sabedoria, coragem, generosidade e capacidade de lidar com um turbilhão de mudanças, a começar pelos conhecimentos, valores, atitudes e comportamentos...
Como este país mudou, meu Deus!... Como este país mudou (para o melhor e para o pior), quando olhamos para trás, para a nossa infância e adolescência...
Estas mulheres, as nossas mulheres, as mulheres que entram neste filme, e naturalmente a equipa de produção e realização deste filme, têm sobretudo o mérito de nos ajudarem, a nós, combatentes, a melhorar a nossa própria "alfabetização" da memória... Este país sofre, tragicamente, de falta de literacia da memória...
PS - Não fiquei indiferente ao facto de a realizadora, no final, na lista dos agradecimentos, ter mencionado o meu nome... Mas ficaria muito mais feliz se ela tivesse agradecido, não à minha pessoa, mas ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné que, esse, sim tem feito alguma coisa no âmbito da "campanha de alfabetização da memória"...
Luis, como este não é um filme de aventura, nem de acção, dificilmente terá sucesso de assistência.
Quando o "Dia mais longo" que foi o desembarque da Normandia com os maiores astros do cinema mundial, foi feito, já tinham passado 17 anos (1962) desde o fim da II grande guerra.
Mas para ter o enorme sucesso de bilheteira que teve, evitaram qualquer drama pessoal e familiar, tanto do lado alemão como aleado.
E, embora aparecessem filmes do Rambo logo a seguir ao Vietname, e os mercenários do Katanga, da Argélia, e mais umas literaturas em cima quase dos acontecimentos, embora desse para compreender a política que motivava a guerra, fugiram a todo o drama pessoal e familiar das desgraças que foi, e é, aquilo tudo.
Apenas vi um filme inglês, nos anos 60´s, que foi, se me lembro corretamente, "A Joia da Coroa", em que retratam a independência da India, quase com a crueza que nós às vezes lemos neste enorme blog.
Se nós, tivessemos gente de cinema e governantes com coragem e dinheiro para fazer uma coisa semelhante a ese filme, acabavamos com todos os tabús e discussões e até muitos traumas.
Aquilo tambem foi a doer, mas o cinema inglês foi bem ao cerne do problema.
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