quarta-feira, 20 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8578: BCAÇ 1860 (Tite, 1965/67): Balanço da actividade logística, em banda desenhada: 22.5 toneladas de cartas e encomendas, 3 t de medicamentos, 12 t de frescos, 820 t de géneros alimentícios, 123 t de artigos de cantina, 2.5 t de rações de combate, 31 t de munições... (Santos Oliveira)


Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (1965/67) > Resumo, ilustrado, da actividade logística (reabastecimentos) do batalhão, entre Abril de 1965 e Abril de 1967. Por mar, por terra e  por ar... (*).

Total: cerca de 82 mil toneladas movimentadas (71 mil carga grande; 11 mil carga pequena)...




Transportes aéreos (Tite, Bissau, Jabadá, Fulacunda, São João, Empada) >

Passageiros transportados: 1068 militares; 209 civis;
Evacuações:  A=6; B=28; Y=10;
Frescos (peixe, frango...): 12 toneladas;
Correio: Cartas: 2,5 t; Encomendas: 20 t;
Medicamentos: 3 t.




Transportes marítimos (porto de Enxudé, por LDM e barcos civis): 

Combustíveis: 350 toneladas;
Artigos de cantina: 123 t;  
Munições: 31 t;
Géneros alimentícios (farinha, batatas, etc.): 820 t;
Rações de combate: 2,5 t;
Materiais de construção (ferro, madeira, cimento...): 475 t;
Material de aquartelamento: 4 t;
Material de transmissões: 2,5 t;
Material de guerra: 3 t;
Sobresselentes para viaturas automóveis: 4 t;
C. A. [ Contabiliddae e Administração ?] 1 t;
Veículos automóveis + buldozzer: 13 + 12 t

Movimentação e transporte de terra, saibro e pedra > c. 80 mil toneladas

Foto: © Santos Oliveira (2008). Todos os direitos reservados.

[Edição de imagem, legendagem e título: L.G.]

Fonte: História da unidade, conforme documentos digitalizados pelo nosso camarada Santos Oliveira (2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66). Material em arquivo, enviado pelo Santos Oliveira  por mail em 2008...




Guiné > Região de Quínara > Carta  de Tite  (1/50000) (1955) (Pormenor) > Posição relativa de Tite, Enxudé e Jabadá.

Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2011)

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Nota do editor:

(*) Vd. poste anterior relacionado com o BCAÇ 1860 > 20 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8575: BCAÇ 1860 (Tite, 1965/67): Balanço da actividade não-operacional, em banda desenhada... (Santos Oliveira)

15 comentários:

Luís Graça disse...

Se as minhas contas estão certas, o soldado português é frugal: num batalhão (=4 companhias, sendo uma CSS, ou sejam 600 homens), gastam-se em tempo de guerra, num teatro de guerra tropical, agreste, difícíl para um europeu, mais ou menos mil toneladas de géneros alimentícios, artigos de cantina, rações de combate, medicamentos, e coisas equivalentes... Com menos de uma tonelada e meia "per capita", teremos feito a guerra da Guiné... Tonelada e meia era quanto consomia o valente soldado tuga durante toda a sua comissão (à parte o ferro e o fogo)... Em meados dos anos 60... Vivia-se com tão pouco...

Luís Graça disse...

Já agora, alguém sabe "converter" 2500 kg de cartas, transportadas em dois anos ? Quantas cartas são precisas para pesar um quilo ? Quantas cartas recebia e escrevia o homem de Tite ?

Luís Graça disse...

1 kg = 50 cartas e aerogramas (20 gramas / unidade, podendo as carta levar uma ou mais fotos) ?

2500 kg de correio x 50 = 125 mil cartas e aerogramas / 600 homens = 200 cartas, em média, por homem... A dividir por 100 semanas (2 anos), dá duas cartas/aerogramas por semana... em média... É capaz de bater certo... Havia os que escreviam muito, outros bastante, outros pouco e outros nada...

Luís Graça disse...

Já em matéria de chouriços, salpicões, nacos de presunto e, os mais afortunados, bacalhau..., a coisa piava mais fino: 20 toneladas, 20 mil quilos (de encomendas)... A dividir por 600 homens, dá 33 quilos (é quase meio porco)...

Isto, para uma comissão de 2 anos (Abril de 1965/Abril de 1967)...

Em suma, o homem de Tite, nortenho (de Portugal), estafava a salgadeira e o fumeiro dos "velhotes"...

Juvenal Amado disse...

HUF...Grande trabalho do camarada Santos Oliveira.

Um abraço

Torcato Mendonca disse...

MANGAS DE ALPACA
E
O
FEIJÃO.

BRANCO,ENCARNADO,MANTEIGA,CATARINO,FRADE E O RAIO QUE PARTA QUEM ALIMENTAVA ,NUM CLIMA DAQUELES,GENTE.

rações de combate que eram uma bestealidade. eh

Ab T

Luís Graça disse...

Agora vejamos os frescos: quantas asas de frango comeu o homem de Tite, de Abril de 1965 a Abril de 1967 ?

12 mil quilos (frango, peixe, ovos...)/ 600 homens= 20 quilos / 100 semanas = 200 gramas de "frescos" por semana (em média)...

A base da alimentação: arroz, conservas, alguma (pouca e má) carne local...

Torcato Mendonca disse...

Eu pensava que estavas a gozar.Li o que escreveste á Amiga Felismina e vi que recordavas. De máquinas de "stencil" não sei, nem recordo nada, Agora de escrever ou calcular isso sim.As de escrever eléctricas, Os cartões perfurados da IBM.
As máquinas de calcular eram Facit de manivela, depois vieram electricas, Para calculares um seno, um coseno ou tangente eram por Livros de Tabelas,com os logaritmos igual e levavas uma eternidade. Se tem enganavas num sinal, mais ou menos, eras um homem "morto". Repetias tudo...depois vieram máquinas com funções, de "Anotação Polaca ou já Algébricas" que foram evoluindo. Faltavam ainda as réguas de calcular, grandes ou de bolso.
Não há tanto tempo assim apareceram os computadores, os P C's, com capacidade inferior a uma mini pen que ali está, já não digo as outras duas de 4 e 8, ou as máquinas fotográicas...um espectáculo a mudança dos espelhos com a quadricula da Nikon. O trabalho para fotografar vários slides e servirem para marcar as escavações dos túneis. Mas aí já levavas máquinas de calcular com dados armazenados e programas feitos.
Hoje quase se faz um gaiato com um click...está a perder a graça.
Pois é caro amigo Luís Graça um Ab T ainda devo ter algumas preciosidades de que falei. Ainda os primeiros faxes ligados ao telefone con número próprio e enormes...lá ia ou vinha a planta corrigida...

Luís Graça disse...

Agora vamos às munições: 31 toneladas... O homem de Tite quantou gastou, em média, por semana, no espaço de dois anos ?

31 000 kg / 600 homens = 51,7 kg "per capita"... A dividir por 100 semanas, equivale a meio quilo de munições em média... (by week)...

Luís Graça disse...

Claro que a estatística é muitas vezes enganadora e pode servir (também) para a gente mentir (os políticos, as empresas de marketing, as agências de rating, os institutos de estatística, os cientistas, etc.)...

Alguém definiu a média (uma das medias da tendência central) nestes termos "absurdos": se um homem tiver os pés numa fornalha e a cabeça no congelador, o seu corpo sentir-se-á medianamente confortável do ponto de vista térmico...

Anónimo disse...

DECLARO E ATESTO SOLENEMENTE QUE OS CAMARADAS COMENTADORES, NOMEADAMENTE O LUIS GRAÇA...ESTÃO COMPLETAMENTE APANHADOS DA "MONA" OU QUIÇÁ INSANIDADE MENTAL, MAIS DECLARO QUE TODOS FICAM PROÍBIDOS DE LER AS CONTAS E CONTINHAS DO LUIS GRAÇA SOB PENA DE FICAREM TAMBÉM CONTAGIADOS.
DO ALTO DA MINHA DOUTA COMPETÊNCIA, ESTE QUE ASSINA

C.MARTINS

Hélder Valério disse...

Caros camarigos

É um trabalho de fôlego do nosso camarada Santos Oliveira.
E muito interessante.
E também com muita matéria para se especular, como as 'contas' que o Luís Graça avançou parecem querer demonstrar.
Parabéns!
Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Nunca imaginei, que tantos anos depois, vinha a saber tanta coisa, dum tempo em que pouco ou nada compreendia.
Lembro-me, apesar da pouca idade e conhecimento 0 sobre o conflito, de pensar assim: "Se são nossas as possessões e lutamos contra os seus habitantes, então estamos a viver uma guerra civil"...mas...isso não foi declarado, pois não?
Quanta ignorância a minha!..
Peço desculpa meus senhores.

Felismina Costa

Anónimo disse...

Luís,
Não há aqui na Tabanca um vagomestre que pudesse falar um pouco sobre a alimentação das NT? Julgo que não, pelo menos não me lembro de ter lido aqui nada sobre isto.
Falei há dias com um amigo que foi vagomestre na Guiné (63/65, julgo). O que me disse foi que, em termos de quantidade de géneros (feijão, massa, polvo seco, dobrada, sei lá que mais) era até excessiva, pois eram calculados os gramas para cada militar exageradamente. Os frescos é que era complicado. Conseguia comprar ovos à população, mas era muito difícil comprar animais, ainda que - afiançou-me - o preço tabelado pelas autoridades fosse muito justo para o custo de vida local. Quando conseguiam comprar um animal que não dava para toda a gente, iam acumulando a carne na arca frigorífica até ter a quantidade necessária. Perguntei-lhe por salsichas, e respondeu-me que no seu tempo não era refeição habitual.
É evidente que isto não pode ser aplicado a todo o tempo de guerra e muito menos a todas as unidades. Disse-me que a companhia que foi substituir a sua ficou com a arrecadação cheia de géneros das sobras, pois se mandasse cozinhar as quantidades estipuladas ira muita comida para o lixo.
Repito: cada caso foi um caso e, portanto, não se pode generalizar. Foi o que me contou.
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Pois..
Uns com tanto e outros com tão pouco...
Um dia..um furriel ao olhar para o prato...era mais uma vez "papa de arroz com estilhaços, perdão, peles de salsicha".. olhou em frente e quem é que viu.. o vago-mestre..levantou-se repentinamente e apertou com ambas as mãos e com quanta força tinha o pescoço do dito cujo..enquanto gritava.."eu mato-te meu cabrão..eu mato-te".
Foi com dificuldade que se conseguíu retirar as mãos do pretenso assassino do pescoço do vago-mestre...este ainda arroxeado e com voz rouca devido ao apertanço...balbuciava.. eu não tenho mais nada para vos dar...mais nad..vos dar..vos dar..e chorava compulsivamente.

C.Martins