sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8784: (De) Caras (9): Nunca desarmei os meus homens nem deixei que andassem desarmados (Vasco da Gama, Comandante da CCAV 8531, Os Tigres do Cumbijã, 1972/74)

1. Comentário do Vasco da Gama (ex-Cap Mil da CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74)  ao poste P8772 (*):


Camaradas, é válida a opinião de todos e cada um terá tido a sua vivência!


Se aqui entro é apenas e só porque se fala no Cumbijã! O Cumbijã, sim, também conheço!


Nunca a CCav 8351,  que tive a honra de comandar,  andou desarmada!


A minha Companhia saiu do Cumbijã a 25 e 26 de Junho de 1974 para Buba de onde embarcou na LDG Bombarda com destino a Bissau.


Em Maio o milícia nº 79173 Selo Baldé pisou uma mina na região de Nhacobá e a minha Companhia, a  8351,  fazia diariamente a coluna Cumbijã-Aldeia Formosa-Cumbijã.


Segundo o escrito pelo alferes encarregado de registar a "história" da minha Companhia,  em Junho - e passo a citar - "a actividade foi bastante reduzida... no entanto foram efectuadas todas as patrulhas que vinham sendo feitas do antecedente, muito embora não se realizassem contra-penetrações".


E mais à frente: "(...) Vários grupos IN, andaram nas proximidades da estrada... tendo as nossas colunas de reabastecimento, por duas vezes, avistado elementos do PAIGC,  que acenavam amigavelmente para as nossas tropas"


Nunca o Batalhão de Aldeia Formosa me deu qualquer ordem para desarmar os meus homens ou contactar com o ex-IN e nunca nenhum elemento do PAIGC entrou no arame farpado do Cumbijã até ao dia 26 de Junho de 1974! (ou pediu para entrar)!


Cada um penou o que penou!


Agora fazer colunas diárias do Cumbijã a Aldeia desarmado, onde embrulhei tantas vezes, olhem,  não era capaz, ou se preferirem, não tinha coragem!


Referir que procedemos ao levantamento das nossas minas em Maio e parte de Junho em Nhacobá, Lenguel, Galo Cumbijã e rio Habi, cumprindo ordens. (**)


Um abraço para todos
Vasco A. R. da Gama


2. Comentário do editor:

Recorde-se, aqui,  as andanças da CCAV 8351, Os Tigres de Cumbijã  (1972/74) por terras da Guiné, e em especial na Região de Tombali, através das memórias do seu próprio comandante:



(i) Cumeré (de 27 de Outubro a 15 de Novembro de 1972);


(ii) Aldeia Formosa (desde Novembro de 1972 até inícios de 73);


(iii) A partir daqui, "dormíamos no mato na zona de Colibuía (desértica) quatro vezes por semana";
(iv) "Ocupámos o Cumbijã em Março de 1973 e ficámos lá até finais de Junho de 1974";


(v) Os Tigres do Cumbijã ainda estiveram em Nghacobá ("Depois de ter assaltado este local em 17 de Maio de 1973, estivemos lá, dia sim dia não, recebendo ordens para aí nos fixarmos em definitivo a 23 de Maio, e tendo abandonado esse local às 22h00 do dia 24 de Maio após ordens superiores");

(vi) Finalmente em Bissau, em Julho e Agosto de 1974, e depois regresso a casa.

__________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 13 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 – P8772: Memórias de Gabú (José Saúde) (1): No declinar da nossa presença em terras guineenses… A despedida!



(**) Último poste da série > 15 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8777: (De) Caras (8): As relações entre o PAIGC e as NT, depois de 26 de Junho de 1974, em Cumbijã (Manuel Reis, ex-Alf Mil, CCAV 8350, 1972/74)

19 comentários:

Anónimo disse...

Pelo que diz, parece que, além de a sua Companhia ter tido essa atitude distinta, teve ainda o privilégio de estar integrada num Batalhão comandado.

Os meus cumprimentos.

(se me permite, gostava mais de ver este seu artigo sem a ressalva inicial; 'não carece...')


SNogueira

Luis Faria disse...

Caro Vasco da Gama

Depreendo pelo que escreves e por outros escritos que afinal o desarmar e "aceitar" dependeria dos Comandos das unidades e não era uma directriz das "altas esferas".

Será que,como em comentário anterior referi,a questão do desarme e o "aceitar" teve a haver com datas,quero dizer,depois do 25 ou após independência (o que se compreenderia)?

Um abraço
Luis faria

Manuel Reis disse...

Amigo e camarada Vasco:

É evidente que não vou contestar o que quer que seja e levantar polémica, muito menos contigo, sobre um tema, já um pouco gasto. Seria chover no molhado, quando a data do cozido se aproxima!

Apenas 2 rectificações:

1. Estes encontros com os guerrilheiros do PAIGC, foram concretizados no pós-25 de Abril e como tu dizes, nunca antes de 26 de Junho de 1974. Não recordo as datas, mas talvez 27, 28, 29... ou até em Julho ou Agosto.

2. Nestes encontros estiveram presentes militares da C.CAV. 8350,acompanhados pelo seu Comandante de Companhia.
Confirmo que a C. CAV. 8351 não esteve presente nestes encontros, já nem sequer se encontrava no local.


Julgo que depois desta rectificação, está reposta a verdade histórica sobre o tema em causa e de modo especial sobre Cumbijã.

Um abraço amigo

Manuel Reis

Anónimo disse...

Grande Manel, Amigo meu

Apenas e só para concordar, em absoluto, com o que dizes e que é sem tirar nem botar aquilo que eu disse:

1. Os encontros com o P.A.I.G.C., no Cumbijã, foram feitos após a saída da minha Companhia, C.Cav. 8351!

2. O que foi dado à estampa tendo como título o 25 de Abril,( título que não é da tua autoria) foi corrigido para 26 de Junho, o que repõe a verdade. Talvez esta mudança merecesse um "ligeiro" esclarecimento!

3. Se as situações e datas se houvessem invertido, como procederia eu? Se calhar como o comando da tua Companhia! Como disse há alguns meses fui poupado a esse grande pesadelo. Não entenderam alguns? Culpa minha!

4. Ao nosso camarigo Luis Faria dizer-lhe que nunca recebi ordens para desarmar a minha Companhia nem a Milícia que me apoiou e que entendi por bem continuar a marcar a minha posição no terreno de igual para igual. A minha Companhia era independente às ordens do Comando Chefe e recebia ordens "extraordinárias" do Batalhão de Aldeia Formosa! O dia a dia era definido por nós que conhecíamos o terreno o In e o ex-In.

5. Desarmados fomos em coluna para o aeroporto ( desde o BIG) de regresso a casa e ouvimos alguns insultos e vimos algumas cuspidelas para o chão. Coisa pouca para um povo que terminava uma guerra e embarcava num sonho que se transformou em...sei lá eu o quê...desilusão...realização...

Um abraço para todos os combatentes da Guiné.

Pedir desculpa apenas pelo meu atrevimento final, ao meter foiçe em seara alheia, mas seria importante que este Blogue conseguisse fazer a "história seguida" das diferentes zonas de combate da Guiné! Zonas que em 1970 seriam lugares de terror e em 1974 locais de férias e o contrário, eventualmente!

Mais um abraço
Ao dispor de todos
Vasco A. R. da Gama

manuelmaia disse...

Vasco,

As companhias velhas não costumavam ser "assediadas" pelo in para confraternizar,daí concordar em absoluto contigo( até porque haviam tido baixas).
Falo por mim e pela minha,obviamente, pois se aparecessem ...era o cabo dos trabalhos!!!
abraço
manuelmaia

Anónimo disse...

Caro Vasco da Gama,
Ouviste insultos e viste cuspidelas, mas da parte do inimigo. Pior sofreram algumas unidades que eram recebidas do mesmo modo mas... em Portugal e até por "camaradas" em quartéis "progressistas" onde iam fazer o espólio, etc... Isto foi dito com emoção numa sessão pública realizada há tempos por aqui. Felizmente as "tropas colonianistas" regressavam desarmadas: uns sopapos e mais nada.
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Carlos Cordeiro, a propósito do teu comentário deixa-me dar duas notas, uma das quais me faz corar aos sessenta e cinco anos, mas sorrir ao mesmo tempo que solto um "ai quem me dera ter ao menos trinta anos"....

1. O espólio da minha C.Cav.8351 decorreu sem qualquer incidente.

2.Corria o boato em Bissau de que a malta era mal recebida em Lisboa com insultos por parte de alguns manifestantes. A viagem de regresso foi feita de avião com o pessoal eufórico a derrubar umas cervejas e uns whiskys e quando essa conversa veio à baila logo camaradas mais "alegres" começaram a rondar o meu assento e perguntavam: Ó capitão o que é que a malta faz se os gajos nos chatearem? Lembro-me da "ordem" que me saíu do cérebro também já bem aquecido:

"Porrada e água à jarra". " Morra quem se negue".

Chegámos de madrugada e muito poucos familiares presentes pois o nosso embarque foi-me comunicado com pouca antecedência.Dos "outros" nem sombra e ainda bem para todos...

Aluguei um táxi dei boleia a três vizinhos, o Preto da Tocha, o Lopes e o Piscas das Alhades e avisei os meus pais e a minha mulher cerca de meia hora antes de chegar a casa...

"Ai quem me dera ter ao menos quarenta anos"

Abraço Carlos Cordeiro e dizer-te que fiz quatro meses no Leste de Angola numa Companhia de Açorianos, no âmbito do estágio do C.C.C.

Outro abraço para todos os Camaradas da Guiné.

Vasco A. R. da Gama

Antº Rosinha disse...

Tambem se contam histórias de fardas e armas lançadas borda fora antes do desembarque em Lisboa, no regresso de Bissau.

Os praças que contam e participaram desse feito ou outros semelhantes, nem atribuem qualquer responsabilidade às hierarquias, pois ficou tudo em roda livre.

Quando a guerra começou tambem os comandantes deixaram tudo em roda livre.

Conheci praças com mais qualidades de comando em operação do que oficiais ou sargentos.

O princípio e o fim foi o descalabro e não vale a pena dizer que foi melhor ou pior, foi tudo igual a nós, quando toca a desorganizar.

Anónimo disse...

Caro Camarada e Amigo António Rosinha. "Foi tudo igual a nós".Frase que,genial mente,tudo resume. Um abraço.

Luís Dias disse...

Camarigo Vasco

Há comandantes em todo o sentido do termo, responsáveis e de carácter e há os "comandantezecos". Como diz o SNogueira: "além de a sua Companhia ter tido essa atitude distinta,(que muito o honra) teve ainda o privilégio de estar integrada num Batalhão comandado."
Comungo também das palavras do Manuel Maia quanto a confraternizações e essa de serem recebidos dessa maneira imprópria só poderia dar no que o Vasco refere, connosco teria sido o bom e o bonito.
Também um abraço para o António Rosinha e as suas sábias palavras: "O princípio e o fim foi o descalabro e não vale a pena dizer que foi melhor ou pior, foi tudo igual a nós, quando toca a desorganizar."
Um abraço
Luís Dias

Anónimo disse...

Bom camarigos, parece que estamos todos mais ou menos de acordo, de que, quanto à passagem do testemunho(soberania)no terreno, "lá
onde canta a rola", terá corrido mais ou menos bem, aparte uns episódios, de armados/desarmados, que felizmente não provocaram grandes "mossas", e que, eu, não sendo co-protagonista, nem testemunha presencial, dado que eu, e a minha Açoreana C.Caç.2753regressámos em Jul/72, diria que, apesar de tudo, "missão cumprida". Já quanto às "cuspidelas e slogans anticolonialistas" na chegada ao Figo Maduro, coisa a que também, felizmente, fomos poupados em 1972,quero dizer o seguinte:
Já repararam quantos(é preciso dizer nomes?) dos que povoam, co-habitam, preenchem "al rededor" como dizem nuestros hermanos, do actual, próximo passado, e se calhar próximo futuro, "núcleo do poder"?.
E não só, deixem-me recordar-lhes, não só slogans e cuspidelas, também recusas e manifs. de Companhias prontas para embarque, se calhar para render aquelas que, acredito,estavam a terminar a sua comissão, e com as dificuldades acrescidas, aqui já sobejamente relatadas, da, sempre difícil e problemática transmissão de soberania."Nem um soldado mais para as colónias", era um dos slogans mais populares e mais mediáticos.
E gritado a plenos pulmões por muita gente, alguma que hoje em dia, está no patamar da "estratosfera política e económica", e não só neste "cantinho à beira-mar plantado".
"Só não muda quem é burro, já ouvi, li, algures..., se calhar aqui".
Eu, assisti, e ainda não me esqueci. E vocês já esqueceram?
Abraços camarigos

Francisco Godinho

Anónimo disse...

Relendo o meu comentário(o anterior a este)reparo que não explicitei bem um dos parágrafos, que agora completo:
-"Já repararam quantos(é preciso dizer nomes?)...etc., etc. estavam nas primeiras filas ou encabeçavam essas manifs.?
O seu a seu dono!.
Abraços, sempre, camarigos

Francisco Godinho

Juvenal Amado disse...

O F. Godinho põe o dedo na ferida.

Nós Desembarcamos em Lisboa no dia 4 de Abril 1974.
Esperamos largo tempo dentro do Angra do Heroísmo por um representante do Governo que como da praxe nos daria as boas vindas. Ninguém apareceu.
Faltaram-nos ao respeito.
Já na Madeira não nos permitido pôr o pé em terra por não sermos considerados gente.
Faltaram-nos ao respeito.
Fiz espólio no RALIS e depois de 27 meses tive que pagar 5$00 a um 1º sargento para me receber os restos mortais da farda. Foi uma falta de respeito?
Discute-se aqui uma situação de respeito e não querendo faltar ao a ninguém, só digo que se estivesse na Guiné a seguir ao 25 de Abril, ninguém me faria pegar numa arma e assim de forma irresponsável provocar piores males do que já tínhamos sofrido.
Passados dezenas de anos não me esqueço das notícias que lá chegavam de que batalhões se negavam a embarcar.
Iríamos assim combater por nossa conta e risco e prolongar aquela mentira?
Abraços

manuelmaia disse...

AINDA SOBRE A NOSSA CHEGADA E OS COMPORTAMENTOS DA POPULAÇÃO, (COMO O JUVENAL REFERE)RECORDO QUE NO CAMINHO ENTRE O AEROPORTO E O QUARTEL DOS ADIDOS PARA O PESSOAL FAZER O ESPÓLIO EM 19/7/74,FOMOS ASSOBIADOS POR UNS QUANTOS ENERGÚMENOS, A QUEM COSTUMO TAMBÉM CHAMAR MONTES DE JORDA, MAS TAMBÉM HOUVE PORTUGUESES,FELIZMENTE, QUE NOS OVACIONARAM.

Anónimo disse...

Espanto meu
Nenhuma virtude (minha).
Cada um com a sua história.

A MINHA:
Em Gadamael
Em 27 de Abril, apareceu um comissário político....história já contada no blogue.
Nos primeiros dias de Maio,acordo de cessar-fogo bilateral, sem autorização de Bissau.
Foram efectuados três disparos de obus 14, com prévio conhecimento do paigc, para os descarregar.
Efectuados muitos contactos bilaterais,sempre com a maior lisura de parte a parte.
Aguardava-se com expectativa as conversações em Argel.
Tivemos conhecimento que ainda havia em várias regiões da Guiné combates,e ao serem questionados os elementos do paigc sobre este assunto estes acabaram por confessar que havia bastante descoordenação entre os vários sectores de T.O.
Pessoalmente deduzi que a hierarquia não era lá muito respeitada,estando muitos sectores por sua conta.
Em junho passagem de poder para o paigc,respeitando todas as regras militares, e retracção de todo o dispositivo militar para Bissau.
Regressei de avião em 2 de setembro, juntamente com parte de um batalhão sediado em S.Domingos.
No trajecto entre Figo Maduro e o quartel no Campo Grande, fomos aplaudidos pela população.
Tive que me dirigir ao Quartel dos Adidos porque era aí que tinha que fazer a passagem à disponibilidade, visto ser de rendição individual.
O taxista não quis cobrar a "corrida".
Ao sair dos Adidos, ainda fardado, um senhor, já com uma certa idade, queria ajudar-me a levar as malas.

FIM

C.Martins

Anónimo disse...

Caros amigos,

Patriotismo, coragem e honestidade não são palavras apenas para serem usadas em ocasiões julgadas convenientes. Bem pelo contrário definem o carácter de um povo, se quisermos definem uma nação.

Pelo que se tem lido e ouvido houve unidades que, no período a seguir ao 25 de Abril, nunca desarmaram naquilo que deveria ter sido o princípio máximo de todas elas: ética militar. Nos seus procedimentos, umas fizeram-no com classe e outras nem por isso.

Não julgo os militares dessas unidades que, em minha opinião, falharam na altura. Deixo isso para a história. Temo que esta, pelo menos em termos militares, não lhes venha a ser muito benévola.

O Juvenal no seu comentário queixa-se de ter pago 500$00 quando fez o espólio do seu fardamento. Eu, nas mesmas circunstâncias, também teria protestado, pior que o meu proteso, também teria pago como ele.

Mas cada caso é um caso e a classe era de quem a tinha. Daí que nem todas as companhias procediam da mesma maneira.

Os militares da CCaç. 3327 fizeram o seu espólio no RAL1 (julgo que era assim que se chamava). Do lado de dentro do balcão estavam um primeiro sargento e alguns soldados a ajudá-lo nesse procedimento.

O nosso comandante de companhia, o Sr. Cap. Rogério Alves, ao aperceber-se do que se ia passar deu ordem aos nossos soldados para mandarem os pertences militares para o lado de dentro do balcão fazendo um monte.

Perante o veemente protesto do sargento responsável pelo espólio, o nosso capitão, com aquele sorriso que o caracterizava, lá foi dizendo:
- Oh nosso primeiro não se preocupe com isso e mande a conta para o BII17!

Para quem não sabe, o espólio das companhias açorianas feitos na metrópole era encaixotado e mandado para as respectivas unidades mobilizadoras. Estas unidades é que abatiam o material recebido.

Um abraço amigo,
José Câmara

Anónimo disse...

Errata...
5$00 e não 500$00 como escrevi.
José Câmara

Anónimo disse...

Quanto a espólio:

Estava no BII 18 quando fui mobilizado em rendição individual. Teria que entregar o fardamento (fazer o espólio) de praça (cabo miliciano) porque a classe de sargentos é que comprava o seu fardamento ou descontava por ele. No 18 não quiseram receber o espólio. Apresentar-me aos Adidos e lá também não quiseram receber (como será que arranjei o camuflado? Meu irmão deu-me um, mas em Angola. Terei ido para lá sem camuflado? Não me lembro).
Quando regressei nem os Adidos nem o 18 quiseram fazer o meu espólio.
Só me lembro de não ter feito o espólio do fardamento que recebi em Tavira e durante algum tempo ter ficado preocupado com isto.
Um abraço,
Carlos Cordeiro

JD disse...

Camaradas:
Quer do texto do Vasco, quer dos sucessivos comentários, resulta óbvio que os acontecientos imediatos ao 25 de Abril, ainda no teatro da guerra, foram tão contraditórios, quanto as diferentes personalidades e educações permitiram, mas, principalmente, reflectem a desorganização, a ausência de uma linha de rumo responsável, que tivesse por preocupação, não só a mudança do governo e do regime, mas, também, a garantia da transformação e incremento de sociedades harmoniosas, o que infelizmente não aconteceu. Por isso, o Rosinha merece um prémio de locacidade, pois a história desse período tem sido tão mal contada, que ainda há gente convencida a prestar homenagens aos "libertadores".
Abraços fraternos
JD