Caros amigos,
Vivemos tempos difíceis, tão difíceis que fazem pensar na descrição bíblica dos tempos derradeiros quando o irmão se vira contra o irmão e o filho contra o pai.
Tenho estado a tentar levar a minha vida normal, apesar dos sobressaltos à volta, com o seu rasto de medo e de angústia.
Tenho acompanhado diariamente o nosso blogue, inserindo de quando em vez um pequeno comentário a fim de marcar presença.
Mas a minha atenção estava concentrada na leitura do livro com que (vocês) nos premiaram, do Idálio Reis, um testemunho pungente e de altos brados que nos incomoda pela sua franqueza, lealdade e sofrimento.
Também, no ar, sopra um ar insano e maquiavélico que nos quer empurrar para a arena do ódio e da incompreensão, de Guineenses contra Guineenses ou Guineenses contra portugueses, caboverdianos, etc.
Mas, quem acredita em Deus, também pode e deve acreditar em milagres e pode ser que, depois da tempestade, venha a bonança pois a esperança é sempre a ultima a morrer. Eu acredito.
Também estou solidário com a sociedade civil e com a plataforma das ONG da Guiné-Bissau, embora pense que deviam assumir uma postura mais neutral e apolítica.
Um grande abraço,
Cherno Baldé
2. Mais um "poema da juventude", escrito pelo Cherno em Kiev, em novembro de 1988 (**)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 15 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10674: (In)citações (44): Imagens da minha terra, tão bela e tão sofrida (Cherno Baldé)
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 15 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10674: (In)citações (44): Imagens da minha terra, tão bela e tão sofrida (Cherno Baldé)
8 comentários:
"Sagrada Esperança" é uma expressão que ainda hoje se ouve em Angola, mesmo se já ninguém se lembra que é o título de um coletânea de poemas do [António] Agostinho Neto (recolha essa publicada em Portugal, já em 1985, se não me engan0)...
Há, em Luanda, pelo menos uma Clínica Sagrada Esperança, e um dos aviões da TAAG tem ou tinha esse nome (acho que já viajei nele, há uns anos).
Cherno e Torcato, a esperança, se calhar, não se deve adjetivar...
Meu caro Torcato: Por lapso, inadvertidamente, eliminei o teu comentário!... Volta a repô-lo!... Ia a sair, a correr... LG
O comentário para um amigo é o sentimento de um impulso. Ele merecia, para mim, o envio de um abraço fraterno.
Sei lá repor e por onde andarão as palavras então escritas.
Ab T.
Torcato:
Estás lista dos "privilegiados" grã-tabanqueiros que recebem automaticamente os comentários inseridos no blogue...
O número desses "privilegiados" não excede os 10 (os nossos editores + mais os colaboradores permanentes)... Eu perdi mesmo o teu comentário, automaticamente, ao eliminá-lo do sistema... Mas tu, o Carlos Vinhal ou o Helder Sousa, por exemplo, todos vocês devem ter ficado com um registo na vossa caixa de correio...
Vamos recuperá-lo, prometo!
Torcato, afinal aqui nada se perde, tudo se transforma... Eis o teu comentário, que eu fui "recuperar ao caixote do lixo" (onde eu deveria ter ido logo, diretamente)... Só não consigo é pôr-te todo janota, no passepartout, com a pose de grave pensador... Desculpa a maçada, tu e o Cherno. LG
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Li e senti a preocupação a entrar.
Os tempos, este nosso tempo, não está fácil, não se vive no lado correcto da vida. Nunca perder a esperança, o sonho, o acreditar que os dias melhores virão.
Aí ou cá e ainda mais acolá, onde tudo devia estar bem, onde tudo devia estar correcto, é onde se acoita mais o mal.
Dizes "desgraçada esperança", juntas poema de tempos certamente difíceis de Kiev e, mais difíceis hoje aí (ou cá) em ódios fratricidas, em desrespeito pela condição humana.
O Homem é forçoso que não perca a esperança. Acreditar que não pode viver abaixo ou no limite da dignidade é preciso pois a razão, mesmo que isso custe muito e gere fortes perturbações, deve estar a querer, em breve,a aparecer por aí.
Mando-te um abraço fraterno,
Ab. T.
Olha Luís já não tens idade para correr ou acabas como eu. Menos ainda para te preocupares assim devido a um "acidente". Nem eu, nem o Cherno ficávamos tristes. Somos amigos e eu tenho estima por ele, por ti e pelo Carlos Vinhal que encontrou as palavras desaparecidas. Ponto final, tudo bem -nunca esteve mal -tudo como dantes quartel general...puseram-me como "X??" á esquerda (sou homem de esquerda) com foto (tirada por ti)no Blogue. Recebo o correio sim senhor leio e faço logo a triagem.Tenho andado um pouco afastado da escrita e etecetera por óbvias razões...mas não me sinto "privilegiado". Sou efectivamente algarvio por nascimento, alentejano por vivência, pensamento e todo o resto.A residência no Fundão, oficialmente desde 1998.
"Filho do vento", Português até ao tutano. Escrevo assim em aberto e um dia vos conto o que quero fechado. Bom resto de fim de semana e um Abração, T.
A 1ª. edição do livro de Agostinho Neto, "Sagrada Esperança", é da União dos Escritores Angolanos, Luanda, 1977.
À edição de 1977, logo se sucedeu uma 2ª. edição, a da Livraria Sá da Costa (Lisboa, 1979). Só mais tarde vem a edição brasileira da Editora Ática (São Paulo, 1985).
Estão disponíveis aqui os poemas do Agostinho Neto:
http://agostinhoneto.org/index.php?option=com_content&view=section&id=14&Itemid=233
Já cá canta, nos "favoritos" a poesia de Agostinho Neto. Parece-me que os Russos não gostaram dela...outros tempos e, com tempo, vou dar uma vista de olhos. Já li poesia?, não sei, escritos dele sim.
Obrigado Luís Graça e Ab. T.
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